Capítulo Sete

Esse Potter acha que só porque é da nobreza, da família real, ele pensa que pode tudo.Isso me irrita, pois todos os humanos são iguais, todos sentem as mesmas coisas, todos podem ficar feliz ou magoados, não importa seu sangue,sua cor, sua etnia, você sempre será igual mentalmente aos outros.Certa vez, quando eu tinha 10 anos, eu fui em uma mercearia em Little Castle e enquanto estava esperando a mulher me entregar os pães e pagá-los, havia um homem esperando a mesma mulher entregá-lo a mercadoria.Eu estava observando-o, ele não parecia ser de Little Castle pois usava uma roupa extremamente sofisticada, pelo menos aos meus olhos de camponesa.O sotaque dele era diferente, como eu nunca havia visto antes... Mas ele... Ele sustentava um ar de extrema elegância, tanto que olhava ao redor e torcia o nariz, como se estivesse insatisfeito com alguma coisa.

Algum tempo depois, ele me olhou inteiramente, de cima a baixo, como se estivesse me analisando, me examinando e isso fazia sentir demasiadamente inferior a ele.Ele tossiu e logo perguntou com toda arrogância e pompa:

-Olá garotinha, será que você poderia me ajudar com as sacolas de pães?

Eu o olhei, sem mover um músculo.Ele perguntou novamente.

-Garotinha, você pode me ajudar com as sacolas de pães?

Eu balancei a cabeça negativamente.Eu estava me sentindo inferior demais para carregar sacolas de pães e... Quem é ele para achar que sou sua criada particular?

Ele pareceu incomodado e me olhou com puro desprezo.

-Parece que você não está acostumada com autoridades, garotinha-Comentou ele pegando as sacolas de pães.

-Eu estou perfeitamente acostumada com autoridades,senhor, apenas não seguirei a sua.Não vejo motivo para ajudar um senhor tão elegante que pode muito bem pagar uma criada para esse tipo de serviço-Disparei impacientemente.Toda a pompa daquele homem de meia-idade me deixava enjoada.Eu peguei minha sacola de pães e paguei a mulher, que me olhava chocada, e dei as costas para o homem pomposo, que mantinha uma expressão de desprezo.

Foi daí que eu comecei a ter um certo ódio e desprezo por essas pessoas que julgam-se superiores, mas também foi daí que começou a confusão desse homem pomposo me seguir por toda aldeia e encontrar meu pai, que era um cavaleiro (E agora descubro que sou bastarda), e o último enfurecendo-se e expulsando o tal homem pomposo da aldeia.Sim, eu sou má, eu que fiz a confusão acontecer, mas... eu não gostava do homem mesmo.

Isso é o mesmo que eu senti do Potter e seus amiguinhos perfeitinhos.Sempre perfeitos.São bonitos, sedutores e ricos.Também corajosos o bastante para serem cavaleiros... Isso eu admito, relutantemente, mas admito.Mas bem, resumindo tudo que eu falei, não gosto de me sentir inferior a ninguém.Isso é o bastante para quem quiser me irritar.

Eu fui para a cabana improvisada de Potter e deitei na cama mais fofa ali.Eu sei, eu só quero irritá-lo, para ele dormir no chão.Eu me embrulhei e pouco tempo depois ele chegou e senti que ele estava olhando para mim.Eu ouvi um suspiro cansado, ou melhor, exausto e comecei a ouvir barulhos de pano sendo colocado no chão.Sim, ele iria dormir no chão.Agora sim estou satisfeita.

Eu sei que dormiria na mesma cabana improvisada que ele, mas não estava com medo.Potter não seria sem-juízo o bastante para tentar me violar enquanto o Rei me espera na Corte.Ninguém em seu juízo perfeito faria isso.E eu que estava achando que Potter era,de fato, um cavaleiro justo, que ajudava os outros, mas não... Ele é apenas um nobre arrogante, que acredita em antropocentrismo.Ridículo, embora eu seja a única que não acredita nisso.Nós não somos o centro de tudo, nós somos apenas seres vivendo em um planeta e não centro de tudo que acontece no universo.Esse pensamento me causa náuseas.

Uma taça de vidro quebrou, assim, do nada, na cabana que eu e Potter estávamos.Eu levantei assustada e Potter também teve a mesma reação.O copo quebrou do nada, sem nenhum indício de que alguém o jogasse no chão, ou atirasse alguma coisa nele.O copo estava do lado de Potter, causando um ferimento em sua mão.O ferimento não era muito grande, mas um caco enorme estava preso ali contra a pele dele, deixando o sangue escorrer pelo manto bege que ele dormia.

Eu o olhei confusa e ele revidou o olhar, também confuso.

Isso realmente não era normal...Mas... o que era normal ali na vida que eu estava tendo?

Isso Lílian Evans, acostume-se com esse tipo de anormalidade.Parece que sua vida irá ser idiotamente anormal.

Pensando isso, eu suspirei e revirei os olhos enquanto pegava água e um pano para cuidar do ferimento de Potter.

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