MERLIN & NIMÜE
Capítulo XII
MERLIN & NIMÜE
Ao aparatarem na casa dos Granger, Hermione e Rony foram recebidos por Bichento que olhou para o rapaz com uma cara desconfiada. Afinal, ele era um gato extremamente inteligente. “O que será que aquele trapaceador de tarefas escolares fazia com sua dona?” – pensou o gato – “Eu, hein?” – enroscou-se nas pernas de Hermione que o afagou e depois foi se enrolar no sofá mais próximo. Rony fez uma careta para ele. Nunca fora com a cara do gato, mas teve que dar o braço a torcer quando ele descobriu que Perebas não era um rato de verdade e, sim, o animago de Pedro Pettigrew, o traidor que entregou os Potter a Voldemort. Talvez o verdadeiro fato de Rony não gostar de Bichento era que ele possuía todos os afagos e mimos de Hermione. Ciúmes do gato!
Hermione colocou as compras sobre um sofá da sala de visitas e pediu a Rony que a acompanhasse até a cozinha, pois ela precisava beber alguma coisa... Em seguida, ela o levou para uma sala mais aconchegante, onde havia um imenso tapete persa “Isfahan” e, sobre ele, muitas almofadas de vários tamanhos e cores. Ali também havia uma série de aparelhos trouxas ultramodernos que Rony nunca tinha visto antes. Hermione ligou a televisão. “O único jeito era esperar que aquelas malditas algemas se abrissem.” – pensou, convidando Rony a sentar-se com ela no tapete. Colocaram algumas almofadas encostadas no sofá e recostaram-se sobre elas. Entre eles, Hermione colocou uma pequena almofada para que pudessem repousar os braços que estavam algemados e que servisse também para mantê-la a certa distância do ruivo.
Como Rony estava bastante curioso, Hermione ensinou-o a usar o controle remoto da televisão. Era divertido vê-lo tentar mexer no aparelho com a mão esquerda. Ele ficara totalmente atrapalhado. Por fim, decidiram-se por assistir a um filme.
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Enquanto isso, Aeshma e Lisa aparatavam nos jardins da Toca. Harry e Gina ainda estavam lá, no maior amasso de todos os tempos.
_ Desculpem a invasão repentina, mas preciso falar com vocês. É urgente! - disse Aeshma sem sair do lugar onde se encontrava.
Gina e Harry se assustaram e olharam rapidamente para o lugar de onde vinha aquela voz. Harry pigarreou ao olhar para aquela mulher. Era muito mais bonita que a foto que tinha visto na sala de Dumbledore. Tinha as feições serenas, porém parecia ser fria e séria. Havia bondade em seu olhar e também um quê de mistério. “Detesto enigmas” – pensou – “E essa mulher é um deles”. Harry não conseguiu manter os olhos sobre ela. Estava um pouco envergonhado por ter sido surpreendido num momento tão íntimo com Gina.
_ Olá, Aeshma! Olá, Lisa! Este é Harry Potter, meu namorado e futuro noivo – apresentou-os Gina já recomposta, aproximando-se das duas visitantes – A que devemos a honra da sua visita? Vejo que está preocupada...
_ Agora, nem tanto – falou Aeshma suspirando levemente e observando que o casal não estava usando as algemas, mas não desviou de seu objetivo ali – Precisamos conversar sobre o par de algemas que dei hoje a você, Gina.
_ Pois não, Aeshma. Vamos entrar – falou Gina, conduzindo-as para a porta principal de entrada da Toca.
Aeshma e Lisa entraram na Toca e acomodaram-se no sofá que Gina lhes indicou. Não havia sinal de Molly e Arthur Weasley; provavelmente já haviam se recolhido. Aeshma começou a falar. Gina, Harry e Lisa a ouviam atentamente.
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Na casa dos pais de Hermione, Rony assistia a um filme e brincava com o aparelho de controle remoto nos intervalos. Ele estava achando o máximo ficar apertando aqueles botões e vendo as várias imagens e sons que apareciam na tela daquela caixa inventada pelos trouxas. Em seguida, ele olhou para o lado em busca de ajuda pela n-ésima vez a fim de voltar ao filme e viu que Hermione estava dormindo. Sorriu, pensando em como não resistia a tocar seus cabelos. Ela estava virada para Rony, deitada sobre o braço que estava algemado ao dele.
Rony olhou para o relógio na estante. Eram 20h48min. Faltava pouco mais de uma hora para que o encanto das algemas acabasse e os libertasse. Suspirou, não por ansiedade de livrar-se da algema, mas porque queria estar ali com ela de outra forma, algo que não tivesse sido forçado. Naquele momento, a liberdade não estava parecendo algo bom para ele. Queria continuar preso, só para poder passar mais tempo ao lado dela. Deitou-se também, de frente para ela, e colocou sua mão livre sobre a mão direita dela que repousava sobre o braço algemado. Passou, ainda, um longo tempo contemplando-a. Sentia-se muito bem assim. Tratou de aproveitar os poucos minutos que ainda lhe restava sem que ela o estivesse rejeitando. Pouco tempo depois, adormeceu. As algemas douradas brilhavam intensamente agora.
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E na Toca:
_ Gina, vim pedir-lhe que me devolva as algemas que dei a você esta tarde – dizia Aeshma – Quero que você me desculpe, mas foi um engano. Mandarei deixar outras para você. Essas algemas que estão em seu poder não são de brinquedo, são algemas encantadas verdadeiras, feitas de ouro puro e possuem um símbolo mágico na parte interna que as diferencia das outras. Seu poder é muito mais abrangente e perigoso. Elas eram usadas em nosso mostruário.
_ Como você pode ter certeza que me entregou algemas verdadeiras? – perguntou Gina, já preocupada.
_ Gosto de arrumar a loja pessoalmente algumas vezes por semana e, então, verifiquei que as algemas verdadeiras não estavam no nosso mostruário. Lisa, ao efetuar uma limpeza, dias antes, trocou a verdadeira por uma de brinquedo. Foi um erro gravíssimo da parte dela – ante esse comentário, Lisa baixou a cabeça sabendo que depois ela e Aeshma ainda iriam continuar uma conversa que se iniciara ainda na loja onde ela a repreendera severamente – Você pode pegá-las para mim? – Aeshma perguntou olhando para Gina.
Gina e Harry trocaram olhares perturbados e preocupados. Gina inspirou profundamente e arriscou-se a perguntar:
_ Você pode nos falar dos poderes dessas algemas, Aeshma?
_ Percebo que vocês não estão muito bem depois do que lhes falei – disse Aeshma olhando de Harry para Gina – Querem me dizer alguma coisa?
Harry não pôde deixar de pensar que a experiência era bem melhor que muitos feitiços e magias. Aeshma tinha um brilho de sabedoria no olhar e uma sagacidade que ele só conhecera em Dumbledore.
Gina levantou-se torcendo as mãos nervosamente. Olhou fixo para Aeshma e disse-lhe:
_ Sinto muito, Aeshma, mas as algemas não estão aqui...
_ Não?! – perguntou Aeshma arregalando seus olhos cor de violeta – E onde estão?
_ Eu... Eu prendi meu irmão a uma amiga nossa, a Hermione. Ela estava comigo na loja hoje, lembra-se? Eles estão algemados há mais de 2 horas agora – Gina suspirou antes de continuar. Ela sentiu que havia algo muito ruim naquela história, pois Aeshma não iria querer as algemas de volta se não fosse sério – E agora, Aeshma? O que vai acontecer com os dois?
_ É, Aeshma. Por favor, conte-nos. O que vai acontecer com os dois? – insistiu Harry aflito.
Aeshma olhou para o casal e pensou que eles eram bem jovens ainda e não entendiam de muita coisa, mas também não eram mais crianças; já haviam passado por perigos reais. A compreensão nunca é perfeita e nem sempre bem vinda. Normalmente queremos que os mistérios que nos cercam se vislumbrem em nosso próprio benefício. E abdicar disso, às vezes causa dor, sofrimento e até a morte... Balançando a cabeça, Aeshma resolveu narrar o que sabia sobre as algemas encantadas.
_ É uma longa história – falou Aeshma para eles.
_ Não tem problema. Conte-nos – disse Gina – Temos tempo.
Aeshma, então, iniciou sua narrativa.
_ Como vocês sabem, Merlin foi um mago e grande profeta da Idade Média, muito famoso por causa do Rei Arthur. Seu ano de nascimento é incerto. Ele era filho de uma freira com um íncubo.
_ Íncubo? – perguntaram Gina, Harry e Lisa.
_ Íncubo – continuou Aeshma – ou Inccubus, do latim incubare, foi um demônio de forma masculina da Idade Média que possuía mulheres que se encontravam dormindo, preferencialmente virgens. A relação sexual alimentava o demônio que através dela, drenava toda a energia da vítima deixando-a morta ou até viva, mas em condições muito frágeis.
_ Que horror! – disse Lisa.
_ Continue, Aeshma – pediu Harry, completando – A Idade Média foi a Era das Trevas, o mundo estava povoado por demônios, Lisa.
_ Isso mesmo, Harry – assentiu Aeshma – Apesar dessa origem ruim, Merlin herdou a bondade da mãe e os poderes e a esperteza do pai. Merlin previa o futuro, tratava de doenças e outros males e até resolvia problemas amorosos e conflitos conjugais; foi também conselheiro de diversos monarcas bretões, entre eles, Vortigern, Uther - o Pendragon, pai de Arthur - e Arthur. Merlin tinha uma propriedade conhecida como Avalon ou Glastonbury ou Ynys Wydryn. Em Avalon, ele tinha seus sacerdotes e sacerdotisas, fazia seus feitiços e recebia sonhos em sua torre conhecida como Tor ou Colina de Glastonbury. Um sonho de Merlin era expulsar os saxões e cristãos da Bretanha, atual Inglaterra, e isso só poderia ser feito se ele encontrasse o Caldeirão de Clyddno Eidin.
_ Caldeirão de Clyddno Eidin? – perguntou Gina. Acho que já li alguma coisa sobre ele em História da Magia.
_ Esse caldeirão fazia parte dos Treze Tesouros da Bretanha. Eram objetos normais, dados pelos deuses britânicos aos humanos em tempos antigos, entre eles estavam a espada Excalibur, o Manto de Invisibilidade de Arthur, a Pedra de Amolar de Tudglyd, as Algemas do Amor, entre outros. Os tesouros reunidos teriam o poder de prolongar a vida e de trazer os deuses antigos para junto dos humanos, porém nenhum dos doze tesouros teria real importância caso Merlin não possuísse o mais poderoso tesouro: o Caldeirão de Clyddon Eidin.
Aeshma fez uma pausa e Gina convidou a todos para que fossem à cozinha, pois ela iria preparar um chá e assim poderiam continuar conversando sem maiores interrupções. Já acomodada à mesa da cozinha dos Weasley, Aeshma prosseguiu:
_ Na Dumnonia, o maior reino da Bretanha, Merlin convocou guerreiros e, a partir de Avalon partiu em busca dos treze artefatos para expulsar os invasores saxões do leste da Bretanha e também os cristãos, que ele tanto odiava e ameaçavam a antiga religião dos deuses britânicos. No reinado de Uther, Merlin encontrou alguns desses artefatos, entre eles as Algemas do Amor. É aqui que entra em cena o bardo Merlin, que, graças a sua magia, ajudou ao rei Uther Pendragon em suas conquistas, tanto nas bélicas como nas amorosas. Uther decidiu um dia firmar a paz com um de seus mais ferozes inimigos: o duque da Cornuália. Para isso convidou o duque e a sua esposa a seu castelo. Quando Uther conheceu a duquesa Igraíne, apaixonou-se. E ela por ele. Ao se dar conta desta situação, Gorlois, o marido de Igraíne negou-lhe o divórcio e a trancafiou numa torre enfeitiçada que só abria as portas para ele. O amor de Uther pela duquesa era tão grande que ele adoeceu e buscou a ajuda de Merlin, o mago da corte. Este lhe disse que o que sofria era "Mal de Amores" e que podia ajudá-lo com uma condição: o filho que tivesse com Igraíne lhe seria entregue (a Merlin), para educá-lo e prepará-lo para cumprir seu destino, que não era outro que não ser o maior rei da Inglaterra. Com a ajuda das Algemas do Amor, Merlin fez com que Uther assumisse a forma de Gorlois o que permitiu que ele passasse uma noite com a duquesa e se algemasse a ela. Deste estranho adultério nasceu Arthur.
_ E qual foi a função real das algemas nesse caso? – perguntou Harry, enquanto sorvia um gole de um fumegante chá Darjeeling. Ele o preferia com gotas de limão. Já os outros o bebiam com leite.
_ Como você deve ter percebido Harry, as algemas tinham um poder muito simples até esse romance de Uther. Serviam apenas para ajudar alguns apaixonados a ficarem juntos, caso o amor fosse verdadeiro, lógico. Os poderes verdadeiros e maiores só viriam após Merlin encontrar o Caldeirão de Clyddon Eidin. Então, após o nascimento de Arthur, Merlin passou a ser o seu tutor e prosseguiu durante anos com sua busca pelo precioso artefato.
_ Então as algemas adquiriram algum poder maléfico? O cadeirão foi encontrado? – perguntou Gina preocupada.
_ Calma, Gina, chegaremos lá. Preciso narrar os detalhes dos fatos, senão vocês não entenderão o porquê dos acontecimentos – disse Aeshma.
_ Então continue, por favor – pediu-lhe Harry abraçando a namorada. Aeshma prosseguiu:
_ Antes do reinado de Vortigern, Merlin conheceu Nimüe (alguns a chamavam de Vivien). Vivien, "A Dama do Lago", vivia próxima a ilha de Avalon e era irmã de Mab (A Rainha das Trevas), mas apesar disso tinha um espírito gentil e bondoso. Era guerreira, porém dócil. Foi aluna e única amiga de Merlin, tornando-se sua conselheira, e sempre esteve pronta para ajudá-lo em todos os momentos. Nimüe foi o grande amor da vida de Merlin, conheceram-se quando ainda eram jovens e apaixonaram-se no primeiro olhar, destino ou não, o fato é que o sentimento que brotou naquele instante iria permanecer presente para sempre. Entre eles existia uma grande paixão, mas o que se sabe é que entre o amor e a amizade havia uma grande dificuldade deles entenderem qual caminho deveriam escolher, apesar de cada um sentir que eles deveriam permanecer juntos...
_ Que coisa, hein? Parecem duas pessoas que conhecemos, Harry! – disse Gina impressionada.
Aeshma observou o comentário, mas não falou nada. Preferiu continuar com sua história.
_ Juntos, Merlin e Nimüe enfrentaram as mais difíceis barreiras que um amor poderia suportar. Na luta pela conquista de seu cruel reinado, Vortigern prendeu Nimüe, como forma de subornar Merlin, a auxiliá-lo com seu exército contra Uther, cujo pai, o Rei Constant, Vortigern havia assassinado. Depois o tirano partiu para construir sua fortaleza, e capturou o mago, pois um profeta havia dito que ele só edificaria seu castelo, se fossem misturados as pedras e o sangue de alguém que não tivesse um pai mortal. Depois Mab tentou matar Nimüe, mas Merlin conseguiu salvá-la, embora com o rosto queimado, deixou-a em um mosteiro na ilha de Avalon. Mab prometeu devolver sua beleza, mas em troca, Merlin nunca mais poderia vê-la. Nimüe foi levada para um lugar encantado, e permaneceu prisioneira. Em meio a todos esses acontecimentos, Merlin encontrou Uther, e teve nele seu grande aliado na sua batalha pela destruição de Vortigern. Partiram, então, em busca dos Treze Tesouros da Bretanha.
_ Que coisa! E eles não se reencontraram mais? – perguntou Lisa que até então permanecera calada.
_ Ainda vem muita coisa, Lisa! – disse Gina com um semblante misto de preocupação e incredulidade – Continue, Aeshma.
_ Muitos anos depois, Merlin ficou sabendo que Nimüe havia se libertado e partiu, então, com seu cavalo "Sir Rupert" para a última jornada ao encontro de seu amor. Nimüe era a legítima guardiã de Excalibur, e teve em Merlin o único a quem ela confiou e entregou a poderosa espada, ajudando-o assim a traçar o seu próprio destino. Merlin usando a espada, matou Vortigern entregando Excalibur a Uther, na esperança de que ele pudesse finalmente reinar com dignidade. Mas, novamente o destino armou uma cilada, pois Uther conheceu Igraine conforme já lhes disse antes e Merlin decepcionado com Uther, enterrou Excalibur numa rocha sólida, protegendo a espada até o dia em que somente um homem com o coração puro e a alma limpa, pudesse finalmente retirá-la, para reinar com bondade e sabedoria.
_ E o que foi que aconteceu de ruim? – perguntou Harry.
Aeshma percebeu o quanto ele era perspicaz e estava acompanhando a história com atenção.
_ Apesar de Nimüe ser uma bruxa bondosa e ter entregado Excalibur a Merlin ela estava amargurada e decepcionada por ele a ter abandonado naquele mosteiro. Ela só conseguia pensar que, apesar dele ter voltado, nunca assumira uma relação com ela. Continuando a busca pelo último artefato, já nos tempos de Arthur, Nimüe acompanhava Merlin nessa jornada. Quando, finalmente, encontraram o caldeirão, a traição veio de onde menos Merlin esperava. Nimüe, seduzindo-o, prendeu-o numa árvore com as Algemas do Amor e fugiu com o objeto que tanto Merlin desejava. Este, traspassado de ódio e rancor, lançou uma maldição sobre as algemas, assim que estas o libertaram. Como os treze objetos do poder já haviam sido encontrados o poder dessas algemas tornou-se muito perigoso e duvidoso.
_ E qual foi a maldição? – perguntou Gina, já desesperada.
_ “Eu as amaldiçôo com a morte, algemas malditas! Ao serem lançadas nos braços de dois apaixonados estes estarão submetidos ao seu poder para sempre e por toda a eternidade. Tornareis-vos invisíveis aos olhos, mas não ao coração. Mesmo um amor verdadeiro caso não se resolva está condenado a fenecer. E se um dos dois quiser se libertar, o mais fraco irá morrer”.
_ Rony! – sussurrou Gina e começou a chorar – Eu sacrifiquei meu irmão, Harry.
_ Calma, meu amor. Você não sabia. Não há de acontecer nada grave, eu sei. Eles irão se resolver - Harry a abraçou apesar de não acreditar muito no que ele próprio tinha dito – Aeshma, como você pode ter certeza que essas algemas são aquelas que foram amaldiçoadas por Merlin?
_ Existe uma marca divina nelas, Harry, o PHI, além dos símbolos do masculino e do feminino. Elas foram encontradas por uma equipe de arqueólogos há 79 anos, próxima ao local onde supostamente Merlin encontrou o caldeirão e mais tarde construiu Stonehenge. Vocês sabem de Stonehenge, não?
Todos concordaram. Stonehenge, o famoso círculo de pedras da Inglaterra havia sido construído por Merlin e seria ali que o corpo do mago estaria sepultado. Aeshma continuou:
_ Quando a peça foi considerada um artefato de valor insignificante e colocada a leilão para colecionadores, minha mãe a comprou e está na minha família desde então. Sempre tive curiosidade sobre ela. Após fazer várias pesquisas, concluí ser absolutamente verdadeiro o fato de que elas são as Algemas do Amor perdidas e amaldiçoadas por Merlin. Existem vários livros falando sobre o fato.
_ E o que aconteceu a Merlin e Nimüe? – quis saber Lisa.
_ Alguns dizem que eles se reencontraram e se perdoaram; ficaram jovens novamente usando o poder dos artefatos e viveram ainda por muito tempo, felizes e apaixonados. Outros dizem que Nimüe morreu tentando usar de forma errada o Caldeirão de Clyddon Eidin.
_ O que irá acontecer a Rony e Hermione, Aeshma? Eles estão presos a essas algemas. Eles conseguirão se soltar? – perguntou Gina, enxugando as lágrimas de seus olhos – Deve existir alguma maneira de ajudá-los.
_ Não existem relatos do uso das algemas depois da maldição, Gina. E não podemos interferir. É muito perigoso mexermos com objetos amaldiçoados. Podemos prejudicá-los ainda mais. Faremos algumas pesquisas e vamos observar como os dois se comportam, ok? Ficaremos vigilantes. Vocês sabem onde eles estão?
_ Deixamos os dois em Hogsmeade, no “Três Vassouras” – disse Harry olhando para seu relógio de pulso – NOSSA! Já é mais de meia-noite e Rony ainda não retornou. Droga! O que será que aconteceu?
_ Veja Harry, o relógio da família indica que Rony está dormindo – disse Gina tratando de subir correndo as escadas que levavam ao quarto do irmão.
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Rony acordou um tanto confuso e sem saber onde estava. Aos poucos seus olhos foram se acostumando à luz do ambiente e ao som que vinha da televisão ainda ligada. Então, percebeu que Hermione estava ali, dormindo ao seu lado e, como se um raio o atingisse, lembrou-se do que ocorrera. Correu os olhos pelo seu braço e notou que ainda estava algemado a ela. “Que horas são?” – pensou enquanto procurava o relógio da sala com o olhar. “MERLIN! Já passa da meia-noite e ainda estamos algemados! O que vamos fazer?” Fixou o seu olhar em Hermione que ressonava suavemente e lhe veio uma ruga de preocupação. “Por todos os bruxos e bruxas, ela não vai gostar nada disso. E eu também não estou gostando nada, ainda mais agora que estou apertadíssimo para ir ao banheiro. Maldição!”
_ Inferno! – resmungou enquanto passava aos mãos pelas algemas na tentativa de encontrar alguma coisa que a reabrisse. Seu gesto movimentou o braço de Hermione e fez com que ela se mexesse inquieta e pronunciasse alguma coisa que ele não conseguiu entender direito o que era...
_ Hermione? – Rony sussurrou ao ouvido dela para saber se ela acordara, mas ela não respondeu – Hermione? – sussurrou novamente.
Após alguns segundos ela se mexeu e falou com os olhos fechados:
_ Eu te amo, Rony! – o som era quase imperceptível, um sussurro, mas dessa vez ele escutou.
“É uma pena que ela esteja inconsciente. Se estivesse acordada não me diria isso” – pensou Rony infeliz. No entanto, ele respondeu a ela falando baixinho ao ouvido de Hermione:
_ Eu também te amo, meu amor! Você não sabe o quanto!
Hermione sorriu em seu sono e as algemas briharam tão intensamente que Rony teve que fechar seus olhos. Quando ele os abriu novamente, as algemas haviam desaparecido! Rony ficou estupefato e passou a mão em seu pulso pensando: “Por Merlin! Eu achei que elas fossem simplesmente se abrir ou se quebrar, sei lá... mas sumir?...” Continuou passando a mão no pulso e estranhando o fato do ardor e do peso que ainda sentia. “Deve passar. É a sensação do hábito”. E tratou de procurar um banheiro.
Ao retornar à sala, Rony resolveu pegar Hermione nos braços e levá-la para a cama. Ela dormia o sono dos anjos. Nada a perturbaria. Empurrou a porta do quarto dela com o pé e colocou-a suavemente na cama. Cobriu-lhe com um lençol, beijou-lhe suavemente as faces e disse-lhe: “Durma bem,meu anjo! Espero ver você de novo em breve”. E desaparatou.
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Na Toca, Gina descia as escadas quando Harry chamou-lhe para mostrar novamente o relógio.
_ Venha, Gina! Veja! O relógio indica que Rony está viajando agora.
Mal Harry fechou a boca, Rony aparatou na sala. Gina e Harry correram para ele e choveram perguntas. Queriam saber se ele estava bem. Onde ele tinha estado. Como as algemas tinham sido abertas, essas coisas. Rony nem conseguia responder e estranhou o fato de ver pessoas estranhas na casa de seus pais àquela hora da madrugada.
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