A DOR DE RONY



Capítulo XI


 


A DOR DE RONY


 


      Enquanto Hermione chorava convulsivamente em seus braços, Rony não tinha coragem de se mexer. Na primavera do ano passado, nesse mesmo mês tudo era bem diferente: eles estavam namorando nos jardins da Toca, de vez em quando sendo interrompidos pelas brincadeiras dos gêmeos. “E poderia ter permanecido assim se ele não fosse tão burro!” Hermione fora almoçar com seus pais e depois voltou para a casa dele.  Após o jantar voltaram para Hogwarts. Naquele domingo, à noite, passaram um bom tempo conversando no Salão Comunal da Grifinória antes de subirem cada um para seus aposentos. Passaram o resto dos dias anteriores ao baile estudando bastante para os exames finais, mas sempre dando um jeitinho de ficarem juntos.


 


      Lembrou-se, sorrindo, do dia em que eles começaram a namorar e de como eles voltaram apressadamente para o acampamento. “Ela ficara muito encabulada porque ele a tinha visto de camisola, mas não só por isso, a camisola estava toda molhada e deixava ver certas partes de seu corpo” - suspirou. Ele fez o que era mais sensato fazer. Enrolou-a em um cobertor para aquecê-la e protegê-la dos olhares de algum curioso. Ao chegarem ao acampamento ninguém ainda havia levantado e eles trataram de entrar cada um em sua barraca, mas não voltaram a dormir, apenas trocaram de roupa e se encontraram novamente a fim de prepararem o café da manhã, tarefa para a qual estavam escalados.


 


      Cozinharam juntos e preparam as mesas para todos. Num dado momento, Hermione mexia uma enorme caçarola e preparava uma deliciosa omelete quando Rony, num impulso, abraçou-a por trás e beijou-lhe o pescoço. Foram surpreendidos por Tonks.


 


      _ Perdi alguma coisa? – disse ela arqueando uma das sobrancelhas e mudando a cor de seus cabelos rosados para um verde-musgo super esquisito.


 


      Rony imediatamente soltou Hermione e os dois a olharam assustados não por estarem fazendo algo errado, mas por terem sido “flagrados” num momento de intimidade. Então confessaram.


 


      _ Estamos namorando – disse Rony estufando o peito, orgulhoso e segurando a mão de Hermione que assentiu com a cabeça.


 


      _ Demorou! – disse Tonks abrindo um largo sorriso e seus cabelos adquiriram um tom lilás - E eu fui uma das ganhadoras da aposta. Quantos sicles será que eu ganhei?


 


      _ APOSTA? Que aposta? – perguntou Hermione sem entender nada que Tonks dizia.


 


      _ De que aposta você está falando professora? – perguntou Rony.


 


      _ O colégio inteiro está participando da aposta que começou no 6º ano e tem o seguinte título: ATÉ O FINAL DO 7º ANO RONY E HERMIONE ESTARÃO NAMORANDO? SIM OU NÃO? Eu fui uma das que marcou sim – Tonks olhava cinicamente para os dois que estavam totalmente abismados – Ah! Tem outra aposta deste ano: RONY E HERMIONE – NAMORO OU AMIZADE? Acho que ganhei uma bolada. Vou verificar assim que voltarmos para Hogwarts... Ah! Meus parabéns! – e saiu rindo sob o olhar espantado dos dois.


 


      Rony e Hermione se olharam e desataram a rir. Daí em diante eles assumiram o namoro. Os dias que se seguiram no acampamento foram maravilhosos e, vira-e-mexe, eles davam um passeio pela fonte para ver se viam Flidias. Porém, isso era algo pouco provável de acontecer.


 


      Na última noite de acampamento eles retornaram ao local em que começaram a namorar, levaram cobertores, alguns petiscos e também o aparelho de som de Hermione que ficou sintonizado numa estação de rádio trouxa. Tiveram intensos momentos de amor e de carinho. Adormeceram novamente um nos braços do outro. Ao fundo tocava a música You're the inspiration de uma banda trouxa, chamada Chicago. A letra dizia:


  You know our love was meant to be


The kind of love that lasts forever


And I want you here with me


from tonight until the end of time


You should know, everywhere I go


You're always on my mind, in my heart, in my soul


Baby, you’re the meaning in my life


You're the inspiration


You bring feeling to my life


You're the inspiration


Wanna have you near me


I wanna have you hear me say in


No one needs you more than I need you


And I know, yes I know that it’s plain to see


We're so in love when we're together


Now I know, that I need you here with me


From tonight until the end of time



      Dessa vez eles viram o nascer do Sol.


 


      Logo após retornarem do acampamento, Rony e Hermione combinaram de fazer suspense sobre o namoro para Harry e Gina. Resolveram ficar conversando no Salão Comunal os aguardando voltarem da biblioteca. Quando perceberam que eles estavam chegando, ensaiaram uma discussão. Fingiram uma briga horrorosa enquanto Harry e Gina assistiam parados na porta. Balançando a cabeça, Harry pegou Gina pela mão e já se preparava para sair dali quando Rony agarrou Hermione e a beijou com paixão e volúpia. Gina tossiu e ficou roxa; o queixo de Harry foi parar no chão. Rony nunca se esquecera daquela cena hilária. Sua irmã e seu melhor amigo, os dois com cara de pastel. Rony estava muito feliz e foi conversar com um Harry ainda meio aturdido. Gina recuperou-se do susto e foi logo pegando Hermione pelo braço querendo saber tintim por tintim como, quando e onde eles começaram a namorar.


 


      Durante as semanas que se seguiram foram várias as abordagens de outros alunos e colegas querendo saber se realmente eles estavam namorando. Ao obterem a resposta, alguns saíam rindo e pulando, outros reclamando que perderam uma boa grana. A história da aposta era verdadeira e os autores da façanha foram Colin Creevey, Gina Weasley e Luna Lovegood.


 


      Logo que souberam quem eram os “criminosos”, Rony e Hermione arquitetaram uma vingança: prepararam uma bela armadilha para os três, mas tudo bem inofensivo. Numa manhã de sábado, no início de abril, Hermione fez com que bilhetes falsos chegassem às mãos de cada uma das vítimas. Os tais recados falavam para eles se encontrarem no jardim a fim de discutirem sobre a premiação das apostas. Os bilhetes de Gina e Luna eram assinados por Colin e, o deste, era assinado por Luna. Rony pegou a capa de invisibilidade de Harry emprestada e, junto com Hermione, dirigiu-se para o jardim para ficaram à espreita dos três mafiosos.  Quando eles chegaram, Rony e Hermione lançaram o “Planctos” várias vezes e os cercaram com plantas de todos os tipos e tamanhos. Assustados, Gina, Colin e Luna pegaram suas varinhas que foram rebatidas com o “Expelliarmus” lançados por Rony e Hermione. Indefesos e cercados, os três receberam uma seqüência ininterrupta de feitiços, enquanto seus torturadores apareceram e gargalhavam bruxescamente:


 


      _ Tarantallegra! – disse Rony fazendo-os dançar.


 


      _ Rictumsempra! – disse Hermione e os três começaram a rir sem parar por causa das cócegas que sentiam em todo o corpo.


 


      _ Levicorpus! – e penduraram os três pelos pés – Furnunculus!  Oppugno! Aquamenti! Verdillious! Locomotor Mortis!


 


      _ Acho que já chega Hermione! – disse Rony já cansado, mas ainda rindo bastante.


 


      _ Sim, Rony – disse ela, rindo sem parar por causa do quadro que tinha a sua frente. Nunca havia feito alguma coisa tão absurda em todo o seu tempo de Hogwarts. E tinha que admitir que havia sido muito divertido. Gina, Luna e Colin estavam cobertos de cocô de passarinho e de uma gosma verde, completamente molhados, com furúnculos pelo nariz e ainda por cima, com as pernas presas. Inutilmente tentavam se equilibrar e para ficar de pé, só pulando...


 


      Rony abraçou Hermione e saíram rindo felizes da vida... Ainda escutaram Gina xingando e esbravejando.


 


      _ Olha que eu ainda lavo sua boca com sabão, maninha! – disse Rony rindo – Estamos quites agora!


 


      _ VOCÊ ME PAGA, RONALD ABÍLIO WEASLEY! – Gina gritou, mas começou a rir também ao olhar para o estado dos amigos Luna e Colin.


 


      Rony lembrou-se, ainda, de vários outros momentos felizes que teve ao lado de Hermione durante quase três meses de namoro. Então seu semblante se anuviou. Ele apertou um pouco mais Hermione contra seu peito por causa da triste lembrança do fim daquele bonito romance que mal começara.


 


      Os formandos do 7º ano de 1998 estavam magníficos com suas vestes de gala. As alunas da Grifinória trajavam vestidos vermelhos, chapéus e capas douradas. As alunas da Sonserina também estavam muito bonitas com seus vestidos prateados envoltos por uma capa verde e brilhosa com chapéu de igual tom. As moças da Lufa-Lufa trajavam vestidos amarelos, chapéus e capas de cor preto-cintilante e as da Corvinal não faziam por menos com seus vestidos azuis-turquesas, chapéus e capas cor de bronze. Todos os rapazes vestiam terno preto com o brasão das suas respectivas casas e capa preta. A diferença era constatada nas cores dos seus chapéus de bruxo, faixas, gravatas e abotoaduras. Grifinória usava dourado nos chapéus e nas abotoaduras e vermelho nas faixas e gravatas. Sonserina usava prata nos chapéus e abotoaduras e verde nas faixas e gravatas. Os alunos da Lufa-Lufa estavam totalmente de preto, com exceção das faixas e gravatas que eram amarelas. Já os da Corvinal usavam faixas e gravatas azuis e chapéus e abotoaduras cor de bronze. Todos estavam belíssimos e elegantes.


 


      A cerimônia de formatura foi muito emocionante com direito a discurso de todos os diretores, professores e de alguns alunos. Após a entrega dos diplomas houve a abertura do baile seguido de um jantar. Rony e Hermione, Ernesto Macmillan e Ana Abbott, Antonio Goldstein e Padma Patil e, ainda, Emília Bulstrode e Teodoro Nott abriram o baile. Após o jantar seguiu-se uma festa onde se apresentou a cantora Celestina Warbeck e a banda “As Esquisitonas” com Myron Wagtail nos vocais, Kirley Duke na guitarra, Orsino Thruston na bateria, Gideão Crumb na gaita de foles, Heathcote Barbary na guitarra rítmica, Donaghan Tremlett no baixo, Herman Wintringhann no alaúde e, finalmente, Merton Graves no violoncelo. Apesar do nome, na banda não havia bruxas; era formada só de músicos bruxos.


 


      Todos comeram, beberam e dançaram muito naquela noite. Tudo teria sido absolutamente perfeito não fosse a cena que se desenrolou logo em seguida. Num determinado momento em que Rony estava dançando com Hermione, ele notou a presença de alguém que ele não esperava ver ali e que olhava insistentemente para a sua namorada: um rapaz moreno, de olhos e cabelos pretos, alto e musculoso chamado Vítor Krum.


 


      _ Quem foi que convidou aquele trasgo? – Rony perguntou a Hermione.


 


      _ Que trasgo, Rony? – Hermione perguntou olhando na direção que ele indicava.


 


      _ Aquele trasgo ali que não pára de olhar pra você – falou cheio de rabugice.


 


      _ Deixe disso, Rony – falou Hermione olhando para ele – Alguém deve tê-lo convidado. Alguma moça talvez. O Vítor é muito famoso, você sabe. Além do mais, ele não é uma pessoa ruim.


 


      _ Não defenda ele, Hermione! Eu não gosto dele e pronto. Não o quero perto de você! – rebateu ele, cheio de ciúmes.


 


      _ Rony, eu não o estou defendendo, ok? Olhe pra mim! É você quem eu amo e com quem quero ficar, certo? Eu já namorei o Vítor, mas acabou!


 


      _ É! – disse Rony sisudamente e sem querer dar o braço a torcer – Mas para ele eu acho que ainda não acabou.


 


      _ Oh! Rony! Por Merlin! Vamos tratar de aproveitar a festa, sim?


 


      Antes ele a tivesse escutado, mas não conseguia tirar os olhos de Krum. Tinha a sensação de que ele o desafiava para um duelo no qual eles lutariam bravamente pelo amor de Hermione. Este seria o prêmio do vencedor e Rony não estava disposto a abrir mão dele. O que ele não percebera, naquele fatídico dia, é que o prêmio já era seu, não havia necessidade de batalha.


 


      Exasperada com aquela situação, Hermione chamou Rony para se sentarem à mesa onde estavam Harry, Gina, Luna, Neville e outros colegas que bebiam e conversavam alegremente. Ela conseguiu tirar sua atenção do Krum e tudo voltara à normalidade. Em um dado momento, Rony, Harry e Neville pediram licença às moças e foram buscar mais bebidas.


 


      Eles voltavam do bar com as bebidas quando Rony estancou e presenciando aquela cena maldita, largou numa mesa próxima a garrafa e os copos que trazia e partiu pra cima de Vítor Krum dando-lhe um soco bem no meio da cara, o qual lhe quebrou o nariz. Vários rapazes tiveram que fazer muita força para tirar Rony de cima de Krum no qual ele descarregava todo o ódio adquirido desde o baile de inverno do 4º ano. Ele havia liberado todos os seus sete demônios. Harry, Neville e Simas conseguiram puxá-lo e o seguravam firmemente quando ele começou a gritar com Hermione, os olhos arregalados, as veias do pescoço pulsando de raiva e desprezo:


 


      _ COMO VOCÊ PÔDE, HERMIONE? POR QUE VOCÊ ESTAVA BEIJANDO ESSE... ESSE BRUTAMONTES? HÁ POUCO VOCÊ ME DISSE QUE ME AMAVA, QUE ELE ERA PASSADO! EU TE ODEIO! SOLTE-ME, HARRY! – gritava se contorcendo, o rosto transfigurado pelo ciúme. Vítor Krum jazia no chão, inerte, com algumas pessoas já o amparando.


 


      _ Não foi nada disso, Rony! – Hermione já tinha lágrimas nos olhos – Ele só me cumprimentou e já estava de saída...


 


      _ CALA A BOCA, HERMIONE! EU O VI TE BEIJANDO, SEGURANDO NAS TUAS MÃOS! EU NÃO QUERO MAIS SABER DE VOCÊ! E NEM DELE! VOCÊS SE MERECEM! SOLTE-ME, HARRY! SOLTEM-ME! – forçou saída dos braços que o prendiam e saiu derrubando quem estava em seu caminho, completamente cego e surdo pelo ataque de ciúme.


 


      _ RONY! – chamou Gina correndo atrás dele – EU NÃO SEI O QUE VOCÊ VIU, MAS EU ESTAVA AQUI COM ELA E NÃO ACONTECEU NADA DE MAIS. RONY! – mas ele não parou, continuou andando apressado. Gina voltou para onde estava Hermione que chorava amparada por Harry. Ele dizia para ela que esperasse Rony se acalmar para eles conversarem, pois ele também não devia estar em seu normal por causa da bebida já ingerida. Explicou também que de onde eles estavam parecia realmente que Krum a estava beijando. Talvez pelo fato dele ser mais alto do que ela e estar atrapalhando o campo de visão... Ali também havia pouca luminosidade.


 


      _ Deve ter sido isso mesmo, Mione – disse Gina e olhando para Harry continuou – O Vítor chegou rapidamente e fez um cumprimento a Mione dizendo-lhe realmente que ela estava linda e se não queria ficar com ele. Ao que ela prontamente respondeu que já tinha namorado. Então ele abaixou a cabeça e disse-lhe “Que pena” e beijou-lhe as mãos e já ia sair quando Rony partiu pra cima. Foi tudo muito rápido.


 


      _ Eu vou atrás dele, Gina – disse Hermione enxugando as lágrimas.


 


      _ Eu vou com você – disse Gina. Harry as seguiu.


 


      A cena seguinte não poderia ser pior. Porém Rony não se lembrava de quase nada desse momento.


 


      Hermione, Gina e Harry procuraram por ele em vários lugares. Finalmente o encontraram do lado de fora do Salão de Festas. Ele estava simplesmente atracado com uma moça num quentíssimo amasso. Nenhum dos três sabia quem era ela.


 


      _ RONY! – Hermione gritou sem acreditar no que via...


 


      A única coisa que ele conseguia lembrar foi que naquele momento ele olhou para Hermione e pensou: “Bem feito para ela. Só assim ela vai saber como me sinto” – e continuou se atracando com a menina. Mesmo assim, ele jamais esqueceria o olhar dela de decepção.


 


      Hermione saiu correndo para o colégio, subiu as escadas e se trancou em seu quarto. No dia seguinte, Rony acordou com alguém lhe sacudindo pelos ombros. Tinha dormido num dos sofás do Salão Comunal. Nem se lembrava como fora parar lá. Estava com uma terrível dor de cabeça. “Merlin, que festa!” “Quem diabos o estava chamando àquela hora?” Era Gina que o observava com uma expressão séria, mas nervosa também. Ela o chamou mais uma vez. Ele sentou-se passando as mãos pelos cabelos e esfregando o rosto para espantar a ressaca e o sono. Harry estava ali também. Então os dois começaram a narrar para Rony o que tinha acontecido e lhe explicaram a situação, mostrando a ele que Hermione não tinha culpa do que acontecera. Falaram também do amasso e da menina que ele nem sabia quem era. “Tudo bem” – ele pensou – “Eu vou procurar Hermione e ela vai me perdoar. Sempre havia sido assim, não tinha porque ser diferente agora.” Mas o que ele não sabia era que o pior estava por vir...


 


      _ Eu vou falar com ela agora mesmo, Gina. Nós vamos conversar e ela vai me perdoar – levantou-se, mas não estava tão seguro assim. Sentiu pelo olhar de sua irmã que algo não estava bem... – Eu vou falar com Mione, Gina. Não se preocupe.


 


      _ Rony – disse Gina calma e firmemente, olhando em seus olhos – Ela não está mais aqui.


 


      _ Como assim não está mais aqui? Ela ia embora com a gente depois de amanhã. Isso não é verdade – e olhava de sua irmã para Harry ansiosamente – Ela está no quarto dela, só não quer falar comigo, não é? Não é, Gina?


 


      Gina agora olhava para o irmão, penalizada. Harry abaixou a cabeça.


 


      _ É isso! Ela está no quarto dela. Eu vou lá – e saiu correndo desesperadamente para a ala feminina. Abriu a porta do quarto de Hermione com um único empurrão, pois não estava trancada. As companheiras de quarto de Hermione também não estavam ali. Ele olhou ao redor, não havia nada dela ali, exceto o aroma do seu perfume. Nenhuma roupa, nenhum livro, nem Bichento, nada. Sentou-se na cama dela e colocou a cabeça entre as mãos. Foi assim que Gina o encontrou. Dessa vez, foi ele quem chorou, emitindo urros de dor e desespero. Soube mais tarde que ela havia despachado as malas ainda de madrugada e desaparatou. Não se despediu de ninguém.


 


      De volta à casa de seus pais, Rony passou dias num estado lamentável. Procurou por Hermione dias seguidos, fazia plantão na porta da casa dela. Várias vezes Fred e Jorge foram buscar por ele e o levavam para casa. Ele mais parecia um morto-vivo, não dormia, não comia. Hermione simplesmente tinha desaparecido do mapa. Foi nessas circunstâncias que a amizade dele com a Sra. Granger se iniciou.


 


♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥


 


      Hermione havia parado de chorar, mas ele ainda a reteve em seus braços. Sentia saudade do tempo em que ela compartilhava com ele os momentos importantes que aconteciam em sua vida. E agora constatava que ela já não se sentia à vontade em sua companhia. Não como antigamente. Criou coragem e falou, num tom quase inaudível.


 


      _ Hermione, dessa vez, antes que você vá embora, precisamos resolver o que há entre nós. Você não pode continuar fugindo assim. Não é justo. A maneira como me evitou todo esse tempo... Eu não sou seu inimigo.


 


      _ Desculpe, mas não é fácil esquecer o que aconteceu meses atrás e destruiu o bonito relacionamento que tínhamos – ela lhe respondeu, afastando-se dele e mantendo a cabeça baixa.


 


      _ Olhe para mim, Mione – ele tomou-lhe as mãos e a obrigou a encará-lo. Depois lhe acariciou o rosto ainda marcado pelas lágrimas e afagou os cabelos castanhos-dourados que caíam pelos ombros, com sua mão livre. Eu não a magoaria por nada deste mundo.


 


      _ Mas já magoou uma vez, Rony – ela respondeu, os olhos castanhos fixos nos dele. Tenho medo de confiar em você de novo...


 


      _ Sei que a culpa foi minha, mas não foi minha intenção. Eu estava cego...


 


      _ Não quero ouvir – disse ela colocando as mãos nos ouvidos, mas sem sucesso, pois ainda estava algemada a ele – Por favor, pare! – pediu ela nervosa – Não quero me lembrar daquele dia... Deixe-me!


 


      _ Tudo bem, então. Está tudo bem – disse ele tentando acalmá-la. Não se fala mais nisso. Eu só preciso que você me perdoe. Não tive a intenção de machucá-la... Vamos, pelo menos, tentar recuperar nossa amizade, ok?


 


      _ Você acha que é possível? – ela olhou para ele.


 


     _ Sim, acho. Acredito nisso. Preciso e quero acreditar, Mione. Sinto sua falta...


 


      _ Estou cansada, Rony. Preciso ir pra casa – disse ela mudando de assunto.


 


      _ Mas ainda estamos algemados. Ainda ficaremos assim por mais duas horas e meia. O que faremos? Você quer se sentar em algum lugar?


 


      _ Não. Vamos para a minha casa mesmo – respondeu ela e ao mesmo tempo pensava – “Se não há outro jeito” - Meus pais estão viajando e só retornam amanhã. Estou cansada de ficar aqui em pé, meu braço está dormente e doendo. Lá fico mais à vontade e depois que as algemas se abrirem, você desaparata pra Toca, ok?


 


       _ E como vamos conseguir desaparatar assim algemados? Minha mão direita está presa a você. Isso pode ser perigoso... Eu já sou adulto para fazer aparatação acompanhada. Só é usada quando menores viajam com bruxos que possuem licença.


 


      _ Vamos tentar, certo? – Hermione nunca desistia de uma idéia.


 


      _ Certo e o que você sugere?


 


      _ Lembre-se: destinação, determinação e deliberação. Segure minha mão. Quando eu contar até três estalamos os dedos, ok?


 


      E assim fizeram... Em algum lugar perto dali, duas bruxas conversavam:


 


      _ Sabe, Lisa? Entreguei a Gina Weasley, por engano, um par verdadeiro de algemas encantadas... Não eram as de brinquedo...


 


      _ E agora? – perguntou Lisa arregalando seus lindos olhos azuis.


 


      _ Espero que ela ainda não as tenha utilizado. Precisamos avisá-la dos seus poderes, Lisa. Venha comigo! Depressa!


 


 


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