FLIDIAS
Capítulo IX
FLIDIAS
Enquanto caminhava com Gina, Luna e Neville, Hermione manteve-se ausente das conversas que se desenrolava entre os três amigos. Gina estava tão interessada em saber do namoro de Luna e Neville e também entusiasmadíssima em falar dos preparativos da sua festa de noivado com Harry que nem notou que Mione se perdia em suas próprias lembranças.
Hermione analisou que aquele dia estava sendo muito longo e difícil para ela, mas não parecia que Gina estava tramando nada para que ficasse com Rony, pois em nenhum momento a havia forçado em ficar com ele e nem falava sobre seu irmão. “Melhor assim” – informou Mione para seu coração – “Não quero saber”.
Porém, ela sabia que podia mentir para os outros, mas não para si mesma. Ela pensava em Rony sempre, todos os dias, desde seus catorze anos, quando estavam no 3º ano e ela se descobriu apaixonada pelo amigo, mas não havia correspondência da parte dele. A partir dessa descoberta, ela se insinuou muitas e muitas vezes e ele nada percebia. No ano seguinte, houve o baile de inverno em Hogwarts e ela esperou ansiosamente que Rony a convidasse e ele nem notava que ela era uma menina, quanto mais uma provável acompanhante. Então, Hermione resolvera aceitar o convite de Vítor Krum, aluno da escola de magia de Durmstrang, dois anos mais velho que ela, que havia ido a Hogwarts participar do Torneio Tribruxo. Eles ficaram juntos na festa e, depois, ela passou a se corresponder com ele. Isso a fizera se desligar de Rony por um bom tempo até que ele começou a namorar Lilá Brown no 6º ano. Até então, Hermione estivera bem segura que Rony ainda iria perceber a sua existência e gostar dela não como amiga, mas diante desse fato resolvera se afastar dele ao máximo e acabaram discutindo bastante. No entanto, o seu amor por ele aumentava a cada dia. Quando, então, Lilá terminou o namoro com Rony, Hermione voltou a aceitar a amizade dele e passou a apreciar com mais intensidade os momentos que passavam juntos. Ela sentiu tanta felicidade com essa reaproximação que deixou de implicar com os defeitos dele, passando a corrigi-lo com carinho e paciência.
No enterro de Dumbledore, ficara nos braços de Rony o tempo inteiro e ele fora extremamente carinhoso com ela. Pela primeira vez, desde que o conhecera há quase sete anos, ele a abraçou e acariciou seus cabelos. Nunca se esqueceria daquela sensação, apesar de aquele ser um momento de dor e muita tristeza para todos. A partir daí eles só tiveram momentos maravilhosos. Durante as férias, eles trocaram corujas todos os dias (algo surpreendente vindo de Rony) e antes deles retornarem para as aulas do 7º e último ano em Hogwarts, ela ainda passou uns dias na Toca. Quão grande fora a sua felicidade quando percebera que ele a estava esperando ansiosamente no jardim e a recebera com um abraço de urso. Mas ainda era só amizade...
Eles se tornaram monitores-chefe de Hogwarts e passavam muitas horas juntos naquele ano, conversando e fazendo a ronda. Tiveram poucas brigas, no entanto Rony estava mais explosivo com os outros rapazes. Uma vez eles dois passaram por um grupo de meninos que comentou que ela era muito bonita e deveria saber beijar muito bem. Isso foi o suficiente para Rony partir pra cima deles querendo socá-los. Foi preciso que Neville, Simas e Harry o segurassem. Quando ela perguntou para ele o que tinha sido aquilo, ele se justificou dizendo que a estava defendo e que os garotos não mereciam nem olhar para ela. Mas não passou disso.
Durante todo aquele ano, houve várias insinuações de que eles estariam namorando e vários ataques de ciúmes da parte de Rony. “Como amigo” ou “Não quero ninguém mexendo com a minha amiga”– ele se justificava. Outra vez ele se explicou para ela: “Você não tem nenhum irmão pra te defender, Mione”. E ela lhe respondera: “Eu não preciso de irmão e nem de ninguém pra me defender, Ronald.” E saiu pisando duro. Passaram três dias sem se falar.
A reconciliação fora muito emocionante, pois ele lhe trouxera uma flor quando ela estava sentada na biblioteca lendo um livro, e disse-lhe:
_ Não sei por que você não quer que eu te defenda desses gorilas tarados. Mas eu vou continuar fazendo isso.
Ela limitou-se a sorrir para ele e guardou a flor dentro de um livro.
No início da primavera daquele ano, final do mês de março, os monitores-chefes resolveram preparar um acampamento para treinamento em Defesa Contra as Artes das Trevas na Floresta Proibida, durante duas semanas, próximo ao vale dos unicórnios. Após o que havia acontecido no final do ano de 1997, aquela matéria era muito mais levada a sério pelos professores e diretores de Hogwarts, até mesmo por recomendação do Ministério da Magia. Foi muita sorte aquele seleto grupo de bruxos terem conseguido derrotar Voldemort e seus seguidores. Muitos deles ainda eram alunos da casa, sem muita experiência no assunto. Ninfadora Tonks foi contratada para ser professora de DCAT nesse ano.
Os monitores-chefes que faziam parte do grupo eram: Anna Abbott e Ernesto Macmillan da Lufa-Lufa, Padma Patil e Antônio Goldstein da Corvinal, Hermione Granger e Ronald Weasley da Grifinória e Emília Bulstrode e Teodoro Nott da Sonserina.
Havia novos monitores-chefes no grupo da Sonserina, pois Draco Malfoy morreu na luta que se travara contra Voldemort e Pansy Parkinson foi hospitalizada em St. Mungus por causa dos notórios ataques de loucura devido à perda de Draco.
Eles passaram uma semana de intensas atividades com tarefas divertidas e também perigosas que eram realizadas ao dia e também à noite. Cada aluno levou barracas individuais, roupas, lençóis, mantas, cobertores, sacos-de-dormir, materiais de higiene e kits de primeiros-socorros. Os alimentos foram selecionados e organizados por Tonks em várias caixas. A cada dia eram escolhidos dois monitores para preparar as refeições para todo o grupo. Hermione Granger levou um aparelho de som trouxa movido a pilha, alguns CDs de música e apresentou-os ao grupo. Alguns já conheciam o aparelho. Outros ficaram curiosos. Rony foi um deles.
No primeiro final de semana na floresta resolveram ter um dia especial de descanso. No sábado, não realizaram nenhuma atividade intensa ou desgastante. Passaram o dia em brincadeiras, jogos e outras atividades de relaxamento e lazer. À noite prepararam um delicioso jantar e organizaram uma festinha. Afinal aquele seria o último ano deles em Hogwarts. Seria uma espécie de despedida.
Hermione participou do jantar e conversou bastante com Anna, Padma e Tonks, mas não estava muito animada para a festa que aconteceria logo depois. Assim que terminou o jantar ela desculpou-se e entrou para a sua barraca antes que servissem as bebidas (uísque de fogo, cerveja amanteigada, gim e vinho). Rony a seguiu com o olhar, mas deixou-a ir.
O luar entrava pela frestas da barraca, projetando sombras em seu interior. Por muito tempo ela permaneceu deitada à espera do sono que não vinha. Rony e os outros monitores, assim como Tonks, faziam muito barulho lá fora... Após algum tempo fez-se silêncio. Hermione virou-se no saco-de-dormir e consultou seu relógio trouxa; eram duas horas da manhã. De nada resolveria continuar tentando dormir.
Já que era assim, achou melhor fazer alguma coisa de que gostasse. Levantou-se e, sem trocar a camisola, saiu da barraca. Colocou apenas uma manta sobre os ombros, afinal todos estavam dormindo... “Provavelmente bem embriagados” – concluiu. E ela não pretendia demorar.
Atravessou o descampado da floresta e sentiu o orvalho na grama sob seus pés descalços. Parou no alto da escadaria de pedra que levava à fonte de águas termais e contemplou a paisagem banhada pela luz do luar. Desceu e pisou na areia fofa que circundava os vários lagos de águas quentes, cujo fundo era recoberto de pedras. Nesse instante, emitiu uma exclamação de prazer. Caminhou à beira da água, sentindo a temperatura morna e confortável daquele lugar. Pensou em Rony e em como aqueles dias com ele estavam sendo maravilhosos. Ele já dera sinais evidentes de que gostava dela de forma diferente, mas ainda não havia se declarado. Ao lembrar-se disso, foi tomada por uma serena alegria... Ultimamente se sentia desse modo...
Contemplou a imensidão daquele lugar e olhou mais uma vez ao redor. Então, notou, a alguns metros de distância, um vulto branco, fosforescente e longo. A princípio não deu importância, mas de repente, o vulto se moveu. Curiosa, aproximou-se mais, semicerrando os olhos para tentar definir a imagem que via. “Merlin! Tinha deixado sua varinha na barraca, afinal aquilo era só um passeio.” – recriminou-se.
Então, espantou-se, arregalou seus imensos olhos castanhos e caiu de joelhos sobre a areia. Era um unicórnio que estava ali caído, com o corpo metade na água e metade fora dela. Hermione aproximou-se mais. Com respeito e cuidado tocou-lhe o chifre dourado e ele ficou imóvel, observando-a como a pedir ajuda...
Hermione lembrou-se do que aprendera sobre os unicórnios. O unicórnio é uma criatura pura e indefesa, encontrada em todo o mundo. Extremamente orgulhoso e desconfiado. Seu sangue prateado e seu pêlo possuem propriedades excepcionalmente mágicas. Evita o contato com qualquer humano, até mesmo com bruxos, preferindo apenas o contato com bruxas.
_ Vejam só – Hermione murmurou, tentando não assustá-lo – Há quanto tempo estará aqui?
Correu para o lago e voltou, trazendo água nas mãos em concha. Umedeceu-lhe os beiços e ofereceu-lhe para beber. Ajoelhou-se novamente de forma que ele pudesse vê-la. O olhar do animal parecia tão inteligente que lhe dava a impressão de que ele poderia compreender o que dissesse.
_ Precisa voltar para sua casa, meu amigo, mas não posso ajudá-la sozinha...
Hermione levantou-se e correu para o acampamento. Seguiu até a barraca de Rony e, sem pensar em chamá-lo, colocou sua mão por baixo da lona, abriu-lhe o fecho e entrou, apressada. Então, ela o viu e corou. Rony estava vestido apenas com um calção de seda minúsculo, deitado de bruços, o lençol jogado para o lado. Costas largas, braços fortes de jogador de quadribol, músculos bem definidos, pernas grossas. Fechou rapidamente os olhos ante àquela visão e respirou fundo, abriu-os novamente e se concentrou no que fora fazer. Fez menção de tocar seu ombro, mas recolheu a mão.
_ Rony? Acorda Rony, por favor! Rony!
Sonolento, ele abriu os olhos e, por segundos, a fitou sem dizer nada. Parecia que ia voltar a dormir.
_ Rony, por favor!
_ Mione?! – Ele ergueu-se apoiando-se sobre os cotovelos – O que está fazendo aqui?
_ Preciso de sua ajuda. Há um unicórnio ferido perto dos lagos e precisamos ajudá-lo antes que seja tarde demais.
A aflição na voz dela despertou-o por completo. Sentou-se e cobriu-se com o lençol.
_ Um unicórnio? Conte-me mais.
_ Ele está inerte no chão com parte do corpo dentro d’água. Parece estar muito machucado.
_ Certo... Passe-me aquela calça que está jogada ali.
Ele providenciou um lençol, dois cobertores e pegou um kit bruxo de primeiros-socorros que tinha vários tipos de poções de cura. “Ainda bem que ele gostava das aulas de Trato das Criaturas Mágicas. Havia aprendido muito...” – pensou. Pegou sua varinha e, em poucos minutos, encontravam-se a caminho da fonte.
Com um olhar calmo, o unicórnio viu os dois se aproximarem. Rony deixou os cobertores e a maleta do kit na areia seca e estendeu o lençol ao lado do animal ferido.
_ Temos que tentar colocá-lo sobre o lençol, Mione, assim ficará mais fácil arrastá-lo. Vamos tentar rolar o corpo dele para este lado ou atraí-lo. Eu vou mexer a parte que está na água e você tenta movê-lo daí usando a minha varinha, ok?
Só então Mione lembrou-se que deveria ter pegado sua varinha e uma corda. Salvamentos não eram fáceis, mesmo no mundo bruxo.
_ Já que se dispôs a salvá-lo, pode também dar-lhe um nome – Rony sugeriu, enquanto tentava remover o unicórnio de dentro da água. Ainda bem que era raso ali e ele só molharia parte das pernas...
Hermione acercou-se do unicórnio e moveu graciosamente a varinha.
_ Na mitologia celta, Flidias era a deusa das florestas – disse Mione com um sorriso. Talvez nosso amigo seja uma deusa, o que acha? _ Vingardium Leviosa! – foi a primeira coisa que veio a sua cabeça.
_ Acho que você tem uma imaginação muito fértil... Mas realmente Flidias é um bom nome para um unicórnio – disse Rony, entre os dentes, fazendo força para mover o animal.
_ Para este unicórnio, você quer dizer... Olhe, parece que entende tudo o que estamos dizendo. É macho ou fêmea? – disse Mione acariciando a cabeça do animal – Este feitiço não vai dar certo... Ele é muito pesado.
Muito sério Rony aproximou-se e pousou sua mão sobre a dela.
_ Não se afeiçoe demais, Mione. Ainda não sabemos se irá sobreviver. Tente outro feitiço agora enquanto eu o empurro. Parte do corpo já saiu da água.
_ Vou tentar o Accio.
_ Accio! – falou Hermione enquanto tentava atrair o animal – Accio Unicórnio! Por que não se move, Rony? – perguntou nervosa.
_ Tente novamente, Mione – respondeu Rony empurrando o unicórnio.
Hermione concentrou-se no feitiço, repetindo-o diversas vezes. No princípio o unicórnio moveu-se apenas alguns centímetros, depois moveu-se completamente. Com extremo cuidado, conseguiram colocá-lo sobre o lençol.
Rony examinou atentamente o unicórnio e logo encontrou o problema. Ele tinha um enorme rasgo que começava na parte superior da pata esquerda traseira e, em diagonal, se estendia pela anca até seu pescoço. O sangue prateado brilhava na luz do luar. Hermione assustou-se com o tamanho da ferida e a quantidade de sangue espalhado.
_ Rony! – Hermione segurou em seu braço, a voz trêmula pela emoção e as lágrimas escorrendo pelo seu rosto – Rony, o que será que aconteceu? Não é melhor pedirmos ajuda?
Rony segurou seu rosto entre as mãos e fixou firmemente seus olhos nos dela e disse suavemente:
_ Mione acalme-se, sim? Preciso de sua ajuda. Não temos tempo aqui. Você precisa ser forte agora. O mais difícil já fizemos – Hermione balançou a cabeça, concordando – Traga-me a maleta com as poções – disse-lhe Rony e antes de soltá-la beijou-lhe as faces e deu-lhe um rápido abraço.
Apesar de o momento ser inoportuno, Hermione não pôde evitar o sentimento de euforia e conforto que invadiu seu ser. Não podia pensar nisso agora. Tratou de ajudar Rony, que havia rasgado um pedaço do lençol e estava limpando as feridas do unicórnio com água morna da fonte. O animal não se movia e parecia muito fraco.
_ Mione, dê-me a poção Limpa-ferida. Aquela que tem a cor púrpura.
Hermione entregou a poção a Rony. A poção flamejava à medida que ia sendo colocada sobre os cortes. O animal mexia-se inquieto pelo ardor que o líquido causava, mas estava muito fraco para ficar nervoso.
_ As feridas são profundas. Vai demorar a cicatrizar. Pelo menos conseguimos estancar o sangue – disse Rony.
_ Você tem muito jeito para isso, Ron. Poderia ser enfermeiro ou guarda-bruxos... – disse ela pensativa. - O que você acha que aconteceu?
_ Provavelmente foi atingido por uma flecha de besta. Sorte que ela só passou de raspão e não se alojou nele. E ainda fez esse estrago...
_ Quem teria coragem de fazer isso, Ron?
_ Caçadores, Mione. Eles buscam o sangue, o pêlo e o chifre dourado. Pegue agora a poção Wiggenweld, aquela ali de cor verde.
Rony colocou um pouco desta poção nos ferimentos e tentou fazer com que o unicórnio a bebesse, pois além de poder de cura aquela poção também era revigorante.
_ Ele não está reagindo, Ron – constatou Hermione, aflita.
_ Calma, Mione! Ele precisa de tempo e de descanso. Já fizemos tudo que era possível – disse Rony juntando as poções e guardando-as na maleta – Venha!
No entanto, ela não estava disposta a sair dali. Queria ter certeza que o unicórnio ficaria bem.
_ Deixe-o descansar, Mione – disse Rony aproximando-se e envolvendo-a com o braço – Ele sobreviverá, não se preocupe.
Como ela precisava daquele abraço!
_ Não quero ir, Rony.
Ele beijou seus cabelos e disse-lhe:
_ Tive uma idéia – Ele caminhou em direção aos cobertores que havia deixado na areia e estendeu um indicado a Hermione que se sentasse e o outro colocou sobre o unicórnio.
_ O que está fazendo? – perguntou ela, encolhendo-se, pois sentia um pouco de frio.
Rony esticou-se no cobertor que havia estendido na areia e apoiou-se nos cotovelos.
_ Venha aqui, Mione.
Ela o fitou por um longo momento. Sempre estranhava quando Rony ficava tão carinhoso. Parecia tão maduro às vezes.
_ Por quê?
Suavemente ele respondeu:
_ Podemos ficar aqui deitados, observando as estrelas e cuidando do nosso novo amigo. Venha, sente-se aqui comigo. Eu não mordo. Sou o Rony, lembra-se? – e deitou-se no cobertor, olhando para cima.
Um sorriso maroto esboçou-se nos lábios dela. Ela se lembrava, sim, e era disso que tinha medo. Aquele era Ronald Weasley, o seu Rony, o rapaz pelo qual ela era apaixonada há muito tempo. Resolveu deitar-se ao lado dele. “Afinal, o que poderia acontecer de ruim fazendo isso?” – pensou.
_ Você está tremendo, Mione – disse Rony – Deixe-me abraçar você – continuou, enquanto ajeitava a manta sobre os ombros dela. Feito isso, aconchegou-a em seus braços.
Hermione ficou surpresa com aquela atitude de Rony, mas não disse nada. Era tão bom estar ali, sentia-se totalmente à vontade.
Rony aspirou o perfume que os cabelos dela exalavam. “Eram tão raras as oportunidades que poderia estar a sós com ela” – pensou – “Preciso dizer-lhe o quanto estou apaixonado por ela, o quanto a amo.” Ele, então, deitou-se de lado, apoiando a cabeça no cotovelo e a fez voltar-se para ele. Fitando-a nos olhos e sorrindo com ternura, ele acariciou-lhe os cabelos.
_Vamos ficar aqui juntos até o sol nascer. Está se sentindo melhor?
_ Agora estou... – disse Hermione sentindo o calor da mão direita de Rony sobre sua cintura. Procurou afastar-se, mas ele a reteve. Então percebeu o beijo que vinha, devagar... Seus lábios, como se dotados de vontade própria, entreabriram-se... Rony tocou-lhe a boca de modo suave, para em seguida, sorvê-la por inteiro. A doçura com que a beijara era tão irresistível que Hermione rendeu-se completamente à magia daquele momento. Já não podia mais pensar, apenas sentia a onda de calor apossando-se de todo o seu corpo. Nada jamais a fizera sentir-se assim...
Rony, beijando-lhe os cabelos e intensamente feliz por que ela lhe correspondera, sussurrou:
_ Eu te amo, Mione! – disse fitando-a com seus incríveis olhos azuis.
Hermione estava tão radiante que não conseguia falar. Rony olhou seriamente para ela e, acariciando seu rosto, pediu-lhe:
_ Mione, seja minha namorada. Vá ao baile de formatura comigo. O que você me diz, hum?
Hermione fez uma cara bem séria para ele e respondeu:
_ Não sei, Rony. Preciso pensar...
A luz nos olhos dele perdeu o brilho por um momento e a felicidade se desfez do seu rosto, mas somente até Hermione abrir-lhe um largo sorriso e responder-lhe:
_ É claro que aceito, seu bobo. Eu te amo, Rony. Você demorou muito para perceber, mas isso não importa agora, certo? – e beijou-lhe os lábios intensamente.
Rony pensou que seu coração era muito pequeno para caber tanta felicidade. Sentia vontade de gritar para todo mundo que ele, um rapaz que nunca tivera nada unicamente seu, possuía com exclusividade o amor da mais bela e inteligente bruxa que já se tinha ouvido falar. Puxou-a para si e roçou-lhe os lábios com os seus, deslizando a mão por seus ombros e braços macios até a curva da cintura.
Por um momento, Hermione fechou os olhos abandonando-se novamente àquelas mãos que a acariciavam com tanta suavidade. Não queria pensar, desejava apenas continuar entregando-se à deliciosa sensação de bem-estar que a invadia. Abraçou-o e se aconchegou melhor. Era assim que gostaria de ficar eternamente. Instantes depois, adormeceu.
Rony fechou os olhos e apertou-a de encontro ao peito.
_Veremos o sol nascer num outro dia, minha adorada Mione – murmurou antes de adormecer também.
♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥
Por volta das cinco e meia da manhã, Rony acordou e observou o rosto de Hermione que ressonava suavemente em seus braços. Olhou ao redor e viu que seu novo amigo Flidias estava de pé. Beijou os lábios de Hermione enquanto dizia:
_ Mione!
Hermione ouviu seu nome repetidas vezes, como num sussurro, e acreditou que estivesse num sonho. Abriu os olhos vagarosamente e viu Rony que a fitava ainda sonolento. Lembrou-se, então, de onde estavam e passou-lhe a mão pelo queixo, sorrindo.
_ Está precisando fazer a barba, moço.
_ Mione, veja – sussurrou Rony apontando para o unicórnio.
Aconteceu tudo muito rápido, mas ainda deu tempo de ela ver o unicórnio galopar e sumir floresta adentro. Lágrimas brilharam em seus olhos. “Que bom que eles tinham conseguido!” - ela pensou. Eles tinham vivido uma experiência única, mas precisavam voltar logo ao acampamento antes que os outros sentissem falta deles.
Em resposta, ele tomou a mão macia e a beijou ternamente. Então, levantou-se e estendeu-lhe a mão para que fizesse o mesmo.
_ O último que entrar na água terá que fazer o almoço hoje sozinho! – exclamou Rony.
Como Hermione detestava a cozinha do acampamento, tratou de sair correndo. Alcançaram a água juntos, rindo e começaram a nadar em braçadas ritmadas e revigorantes. A água estava morna, deliciosa. Eles se abraçaram.
_ Como estará nosso amigo?
_ Muito bem, não se preocupe. Vamos voltar – disse Rony beijando seus lábios e a achando linda com os cabelos molhados.
Quando saiu da água, Hermione percebeu que a camisola estava grudada no seu corpo e, impulsivamente, cobriu-se com as mãos, corando.
Rony aproximou-se e pousou seus lábios nos dela, antes de envolver-lhe com um cobertor.
_ Não sinta vergonha de mim. Só não quero que ninguém mais a veja assim, ok? – dizendo isso, voltaram abraçados para o acampamento.
♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥
_ Hermione! – Gina a sacudia levemente sorrindo. Você está aqui com a gente?
Hermione saiu de seus devaneios e só então percebeu que já haviam chegado aos “Três Vassouras”. Corou quando Rony a olhou. Parecia que ele sabia do que estivera se lembrando...
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!