Cai, cai chuva. Cai, cai chuva

Cai, cai chuva. Cai, cai chuva



Às avessas.

Capítulo 12 – Cai, cai chuva. Cai, cai chuva.

2 dias para o Natal.

Aqui estou eu. É véspera da véspera de natal. E... Aqui estou eu, como já disse.

Aqui, no quarto de hóspedes. A chuva caindo. Meu amor se declarando e eu chorando.

COMO EU POSSO SER TÃO BURRA?

Fui de novo até a janela (me escondendo, claro). Era de verdade, ele ainda não tinha derretido na chuva...

Lily!– Big me chamou entusiasmada da varanda do quarto. – Você não está ouvindo isso?

Estou... – respondi ainda me escondendo de James lá fora.

Ele está cantando! – ela riu divertida.

Eu não sou surda.

Mas... Ele está cantando! – ela gargalhou.

Há-há-há

Sinceramente, não vejo graça nisso. É ÓBVIO que Sirius contou o que sinto por ele e ele, como é meu amigo, não quer que eu me sinta uma completa desgraçada.

Ou então ele gosta mesmo de mim – sempre gostou - e só eu ainda não percebi isso...Há-há-há de novo.

Eu estava sentindo pena dele na chuva, estava mesmo. Mas, como eu iria poder ter certeza de que ele não estava só brincando? Ou se tinha se enganado de janela? Ou então se tinha decidido cantar uma canção na chuva para descontrair? Ou se o Sirius tivesse pago a ele para cantar para a Big?

Não iria me arriscar.

Lily! Lily! Lily! – Big me chamava dando pulinhos entusiasmados.

Eu já notei que ele está cantando, Big! – me descontrolei.

Não é isso – sorriu divertida – Ele está subindo!

Ó meu Deus... Ó MEU DEUS!

Escondi-me embaixo da cama rapidamente antes que ele pudesse entrar pela janela.

Ele estava mesmo subindo, ouvi a voz dele se aproximando cada vez mais. Desesperei-me.

Até que ele parou de cantar... Senti um alívio imenso invadir cada milímetro do meu corpo. Ele tinha percebido que havia errado de janela – afinal, a casa da Hill é ali do lado – e foi cantar pra outro lado.

Cadê ela? – ouvi-o rir, me desesperando novamente. Ele acertou a janela!

Ali.

Fechei os olhos tentando evitar os próximos acontecimentos. Senti algo dividir o espaço empoeirado comigo ali embaixo.

Oi – ouvi James sussurrar.

Eu não estou aqui – abri os olhos devagar – Você também não. Isso não aconteceu.

Então é um sonho?

Possivelmente – sussurrei de volta incerta.

Então acho que você deveria me beijar – ele disse divertido – Isso aconteceria em um sonho.

O empurrei para fora da cama e voltei a ficar sozinha ali.

Você não pode ficar aqui.

Por que não? – ouvi-o perguntar inseguro. Ele nunca usou esse tom comigo, não falando sério.

Isso deveria ser um pesadelo. – eu choraminguei – Você não pode fazer parte do meu pesadelo. Eu não permito.

E se eu quiser fazer parte? – ele pareceu mais confiante. – Olhe,se você quiser assim, eu posso fingir que não aconteceu nada e...

QUERO! – eu gritei interrompendo-o.

Okay – ele riu – Então antes que “esqueçamos” de qualquer coisa, só que ria te dizer que eu...

O que eu fiz para não ouvir algo que me abalaria tão profundamente? O que qualquer adulto faria: Tapei os ouvidos e comecei a cantarolar. Cantarolei no rítimo da música de James, mas ignora-se este fato.

Só destampei os ouvidos quando ouvi o som abafado de porta batendo. Ele tinha saído. Sobrevivi a essa, Yeah!

Mas Sirius não vai sobreviver. Não mesmo. Quando eu o ver, vou fazer picadinho dele!

Ou então posso contratar alguém para fazer isso por mim, assim eu não sujo minhas mãozinhas e não vou parar em Azkaban.

Já tem tempos que ele está merecendo isso!

Mas, Lily, e eu como fico? – Foi só quando Big perguntou isso que eu percebi que estava expondo meus pensamentos assassinos em voz alta. Sai debaixo da cama e sentei sobre ela, sentindo meu nariz coçar por conta da poeira.

Você arranja coisa melhor. – ela sorriu. Sorriu daquele jeito bobo que as pessoas sorriem quando estão apaixonadas (óbvio que ela só sorri assim longe de Sirius – mais óbvio ainda que esse tipo de sorriso me causa náuseas).

Eu não quero coisa melhor. – olhou pra mim por um longo tempo como se esperasse que eu tocasse no assunto “James”. Sinto muito, Big, mas isso não vai acontecer.

Mantive meu olhar preso à janela, fingindo estar ocupada demais com pensamentos para articular palavras.

Você gosta do James. – Ela se sentou ao meu lado. Continuei sem a encarar.

Sério? Obrigada por me informar. – respondi seca, observando a chuva cair com menos intensidade. Será que James vai ficar doente? Espero que não, seria uma idiotice adoecer por causa de uma brincadeira estúpida (ou por tentar consolar uma amiga).

Disponha – ela riu com vontade – Só achei que eu precisava te lembrar disso.

Por que pensa assim? – a chuva agora caia de forma tão rasa que quase era possível contar as gotas despencando lá de cima.

Pela forma que agiu.

O que tem ela?

É uma forma bem idiota para se agir. – Ela respondeu com aquela sutileza dela de sempre. Olhei pra ela, esquecendo-me da minha “contagem de gotas”.

Puxa, obrigada! – voltei a encarar a janela. Parecia-me mais amigável.

Bom, não é normal chorar quando um cara está... – ela teve dificuldade de pronunciar a ultima parte devido a um acesso de risos – Está cantando. – disse finalmente. – Sabe, como numa serenata.

Preferi ficar calada. Ela não iria entender se eu simplesmente dissesse: “O fato é que eu não quero que ele finja que gosta de mim por pena”.

Nem eu mesma entendo, na verdade.

É tão difícil assim entender que ele gosta de você? – Ela quebrou o silencio que se seguia. Olhei pra ela por alguns instantes.

Como se isso fosse verdade...

É verdade. – e saiu do quarto me deixando sozinha ali.

Nem mesmo sei se mais tarde ela voltou, pois acabei por adormecer e, quando acordei no dia seguinte, ela já estava de pé.

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