O começo do fim.



Às avessas.

Capítulo 4 - O começo do fim.

Dias como James Potter: 8 Aula #3
Lição: Como se comportar como um Maroto.

Eu cheguei a conclusão de que devo rever meus conceitos quanto ao fundo do poço. Subir em uma vassoura é ruim, mas não é o fundo do poço. O que eu estou VIVENDO sim, é o fundo do poço.

Imaginem vocês que eu preciso de aulas para me comportar como um Maroto. EU, Lily Evans, monitora-chefe, defensora dos fracos e oprimidos, ovo-lacto-vegetariana, fresca, chata, implicante... Enfim EU vou ter que me comportar como um MAROTO.

Posso até agüentar a barba, o uniforme masculino, as aulas perdidas por causa de ter que me sentar com os outros Marotos, mas eu não posso concordar com duas coisas: ter de aturar a Hillary e as outras fãs de James e aplicar as três leis Marotas da qual James me falava nesse dia durante nossa aula.

- São três leis primordiais, Lily. – Ele começou e contou nos dedos enquanto as ditava: - Diversão, amizade e diversão.

Quem ouve até pensa que não tem nada demais, mas eu sei que tipo de diversão ele estava se referindo. Com certeza incluía desobedecer às regras da escola e azarar o Snape, sendo que nenhuma dessas opções me parece válida.

Notando minha expressão a menção daquelas três malditas leis James replicou:

- Bem, você não pensou se estava pegando pesado demais quando me deu lições de o que devo fazer assim que acordar...

Mostrei a língua para ele, irritada. Lógico que deve ter sido terrível para ele ter de aprender todo meu ritual matinal – cremes, roupa, cabelo, maquiagem, etc. – mas isso não dava a ele o direito de abusar assim de mim.

Quando expus meus sentimentos quanto a isso ele falou sério:

- Você deveria agradecer a Merlin por eu não ter de te ensinar a jogar quadribol. – ele parou de falar por alguns segundos – não ainda.

- Ainda? – questionei assustada com meu futuro.

- É, não sabemos quanto tempo vamos ficar assim – ele lançou um olhar odioso a Sirius a quem obrigamos a assistir a nossas lições como uma espécie de castigo. – Se o próximo jogo acontecer antes de conseguirmos descobrir o antídoto vou ter que te treinar para jogar quadribol sim.

- Se isso acontecer eu peço sua demissão do cargo de apanhador! – me alterei.

- Ótimo, faça isso e eu faço mesmo com o seu cargo de monitora! – ele revidou.

Nessa hora , talvez, tenha a sido quando percebi o poder que ele tinha, assim como eu, estando no meu corpo. Ele simplesmente poderia acabar comigo se quisesse! Diante dessa perspectiva me aquietei e deixei que ele terminasse a “aula”.

- Vocês vêem mesmo necessidade em eu assistir a isso? – Sirius perguntou meio irritado com a nossa discussão. Ele geralmente gosta delas, mas estavam enjoativas agora que se tornaram freqüentes.

- Claro, porque isso só está acontecendo por sua culpa! – eu explodi.

- James... – ele olhou para James, ou melhor, para mim. Ah! Isso tudo é tão confuso! Ele olhou para o James-Lily suplicante. Ele virou o rosto, já que estava bem aborrecido com Sirius desde que descobriu que teria que se depilar. – Você ainda está irritado comigo? Ah, cara! Que droga! Lily... – ele se voltou para mim novamente.

- Sirius, isso não tem perdão! – repliquei – Tudo isso está sendo ainda pior que o trasgo! E pior que acho que vou ficar traumatizada e nunca mais comerei os chocolates da Sra. Potter... – choraminguei fazendo-os rir.

Impressionante. Talvez eu devesse sair por aí com um nariz vermelho, assim eu nem precisaria abrir a boca para rirem de mim.

- Não tem graça! Você tinha mesmo que colocar essa poção no chocolate? – eu disse incomodada.

- Tinha, é a única coisa que eu sabia que os dois iriam comer. – ele sorriu marotamente – eu não mandei você ser tão gulosa, quem sabe comendo daquele jeito você não tenha aumentado o tempo de duração?

- Engraçado, por que você usou mesmo “Quem sabe”? – fingi pensar e gritei em seguida: - POR QUE VOCÊ NÃO SABE PREPARAR A PORCARIA DO ANTÍDOTO!

Deve ser realmente esquisito ver o James gritando. Pior, ver o James gritando com o Sirius. Minha suspeita se confirmou quando avistei uma cabeleira loira conhecida se aproximando exalando o mesmo perfume enjoativo de sempre.

- Jamezinho, você está legal? – Hillary perguntou com uma expressão preocupada. Puro teatro, aposto! Ela não se preocupa com nada a não ser com o penteado dela.

- ‘Tô. – murmurei tentando esconder a irritação. Na realidade, minha vontade foi gritar: “Sai de perto e vê se não encosta em mim!” e eu até faria isso se o James não estivesse ali. Sei lá, ele pode pensar que estou com ciúmes... E talvez eu esteja! Sou muito melhor amiga do que essa Hillary – e, também, ele com certeza gosta mais de mim, já que o desenho do rosto dela que vi uma vez no caderno dele não estava pintado e o meu sim.

- Hill, o James e a Lily estão com problemas. – Sirius sorriu, aquele maldito sorriso de “Eu estou me controlando para não rir”.

- De novo? – ela sussurrou como se fosse indelicado tocar no assunto.

- É, estamos com problemas... – James concordou. Na próxima lição que eu der a ele não posso me esquecer de “nunca concorde com o Sirius”.

- Problema? Eu não tenho nenhum problema... – falei cruzando os braços e começando a bater o pé no chão. Pose desafiadora número 2, Hillary não ouse discordar.

- Ah, Lily, não faz isso... – James resmungou. OK, eu esqueci que sou um garoto agora. Garotos têm de se preocupar o tempo todo com a sua masculinidade e isso é muito chato.

- Você o chamou de que? – Hillary perguntou atordoada.

- Bem... Foi uma brincadeira do Sirius, de Halloween. – James começou inseguro e olhou para mim, como que pedindo permissão para continuar.

- Quando a humilhação acabar você me avisa. – murmurei tampando os ouvidos com as mãos e começando a cantar “lalalalalala... não estou ouvindo nada... lalalalala...”.

Tudo o que pude ouvir foi um “Oh, meu Merlim! É a Evans!” abafado. Ela deve ter gritado isso, minha tática do la-la-la-não-estou-ouvindo-nada é infalível – e única, sou a única pessoa da minha idade que faria isso.

Cerrei meus olhos como se aquilo fosse afetar minha audição e aumentei o tom da minha voz enquanto prosseguia “lalalala... Não estou ouvindo nada... lalalala”.

Entre uma parte da música e outra pude identificar algumas frase abafadas, já que os ouvidos tapados sem a música não são tão eficientes.

“Mas, como assim trocaram de corpo?”

“lalalala... não estou ouvindo nada...lalalalala”

“E... por que o Sirius fez isso?”

“lalalala... a vida é maravilhosa por que eu posso não ouvir nada quando quiser... lalalala”

“Mas, isso é um absurdo! Vocês não sabem como...”

“LALALALA... FALA MAIS BAIXO POR QUE ASSIM EU NÃO POSSO NÃO OUVIR NADA... LALALALA”

“E... Ela vai ficar legal?”

“Lalalalala... pode parecer que não, mas ainda tenho alguma sanidade... lalalalala”

“Eu... eu... posso tentar ajudar vocês. Sabe, eu sou realmente ótima com poções e...”

Dessa vez a frase não foi interrompida por que recomecei a cantar e não pude ouvir, foi interrompida por que eu parei de fazer qualquer coisa e a encarei meio irritada.

- Ai, meu Deus! Ela está me assustando! – ela murmurou agarrando o braço de Sirius que estava sentado entre ela e James.

- Lily pare de olhá-la assim – Sirius riu.

- Eu não quero a ajuda dela, eu não preciso. – disse simplesmente e comecei a subir as escadas para o dormitório feminino, sendo – como toda vez que me enganava e começava a subi-las – impedida de passar pelo feitiço de segurança.

- Ótimo. – resmunguei. Esse negócio de ser jogada longe por uma escada, realmente dói, mesmo que já esteja me acostumando.

E então comecei a caminhar para o dormitório correto batendo os pés, sentindo os olhares intrigados de meus amigos e de Hillary na minha nuca.

Quando cheguei ao dormitório encontrei Remus fazendo a lição de casa. Ele sempre fala que prefere o dormitório e o salão comunal à biblioteca. E eu concordo, há muito tempo que não se pode ir acompanhada de um maroto à biblioteca sem ouvir “nossa, ele é mesmo lindo...”.

Mas, de qualquer modo a presença dele não fez muita diferença, já que desde o banquete de Halloween que ele resolveu dar uma de “Lily, que Lily?”. Talvez seja arrependimento por – como descobri há três dias – ter tido participação nessa brincadeira mirabolante. Ou então, talvez, ele só esteja humilhado por ter perdido dez vezes seguidas para mim no Adoleta durante o banquete.

Bem, ainda assim eu pude me esconder embaixo das cobertas de James e ficar resmungando “Não mereço isso... Não mereço isso...” como se não tivesse ninguém ali. É realmente bom dormir e acordar todos os dias na cama do James, ali tem um cheiro bom. É o cheiro dele, na verdade. É quase tão bom quanto ficar admirando meu novo eu no espelho.

Continuei minha fala – Não mereço isso... Não mereço isso... – incansavelmente até que Remus, provavelmente tendo seu estudo perturbado, resolveu se lembrar da minha existência.

- Lily, isso não vai ajudar a melhorar as coisas... – ele arriscou.

- Remus, eu não quero a ajuda dela! – choraminguei sem sair debaixo das cobertas.

- Ela quem? – ele riu e eu senti o peso dele sentando-se na ponta da cama.

- A Hillary – Resmunguei – Eu não gosto dela.

Ele riu mais uma vez. É sério, o negócio do nariz vermelho facilitaria muito.

- Lily, deixa de ser implicante, a Hill é legal... – ele disse divertido.

- Eu não acho – insisti – e eu não quero ajuda dela.

- Ajuda para que? – ele perguntou, obviamente sem entender nada.

- James e Sirius contaram o que aconteceu para ela e ela quis ajudar... – murmurei irritada – Eu não preciso da ajuda dela.

- Pois, eu acho que a ajuda dela seria muito útil – ele começou fazendo-me tirar a coberta do rosto, indignada – ela é realmente boa com poções e pesquisas.

- Grande coisa, a Big também – continuei – E ela é muito mais agradável.

- Você também não costumava achar isso – ele riu – A verdade, Lily, é que você implica com todos que se aproximam de você e depois acaba gostando...

- Isso não é verdade! – totalmente era. Aconteceu isso com o James, o Sirius, o Remus, a Big e até com o Josh! Mas, eu não podia admitir isso. – Você só está me dizendo isso por que quer me irritar. – ele ergueu uma sobrancelha, divertido. SERÁ QUE SÓ EU NÃO SEI FAZER ISSO? – Você quer me irritar por que está chateado por eu ter te vencido no Adoleta!

- Você não vai começar de novo, vai? – ele riu – Já disse que eu que venci!

- Como poderia se eu que te ensinei a jogar? Eu venci! – conclui fazendo-o rir.

Remus é tão adorável, só de olhar para ele sou capaz de me apaixonar (não literalmente, nunca seria literalmente)! Realmente nem sei como pude considerá-lo “inimigo” juntamente aos outros Marotos no inicio. Ou melhor, não foi no início, só comecei a considerá-los de verdade no fim do quinto ano.

- Talvez você tenha razão. – suspirei meio contrariada.

- Quanto eu ter vencido no Adoleta? – ele perguntou divertido.

- Não, quanto a Hillary. – olhei para ele – Qualquer ajuda é bem-vinda, por mais desagradável que seja.

- Por um instante pensei que tinha parado de ser tão implicante. – ele riu – Mas, é claro que isso é impossível.

- Ei! – eu proferi com fingida indignação.

- Você acha que pode me perdoar por ter participado dessa brincadeira? Não sabia que Sirius não tinha noção de como se preparava o antídoto... – ele franziu o cenho – ele tinha me dito que sabia.

- Ele disse? – Perguntei esperançosa de que Sirius tivesse só nos enganando com a estória de Não-sei-qual-o-antidoto.

- Não, ele não sabe. – disse notando minha expressão.

- Como você pode ter certeza?

- Não sei, eu só tenho e pronto. – Ele parou me encarando – Então, você vai aceitar a ajuda dela?

- Vou.

- Ótimo.

Meu plano era fingir que iria ficar de bem com a Srta-Quero-Te-Ajudar e esperar que Remus esquecesse a estória. Um plano estúpido, eu sei, mas era o único que eu tinha.

Ainda assim, nem tive oportunidade de saber se ele daria certo, pois a Hillary adentrou o quarto minutos depois para “conversar”. Como se eu não soubesse que se ainda estivesse no meu outro corpo ela nem ao menos cogitaria a possibilidade de “conversar”, eu sei perfeitamente bem que ela só quer posar de boazinha para o ex dela.

E eu aqui, desejando ter um ex para esnobar.

- Lily, ai que estranho te chamar assim com você... Ahn... Nesse estado – ela começou sentando-se na ponta da cama de James, onde Remus estivera antes dela entrar e ele fingir que iria sair (eu sei que ele ficou ouvindo atrás da porta). Fiquei pensando se ela teria essa intimidade toda se fosse o James mesmo ali e, pior, se ela iria continuar a agir como se fosse realmente o James ali. - Bem, eu gostaria de entender.

- Entender o que? – perguntei de um jeito meio grosseiro.

- Entender o por que disso.

- Disso o que? – gostaria que ela falasse frases completas.

- Por que você fez aquilo quando ofereci ajuda a vocês? – ela perguntou e ficou me olhando. Eu não sabia o que responder, não queria dizer “porque além de ser uma louca, não te suporto”. Lógico que por causa da parte da louca. Então, visto que eu não iria responder, ela prosseguiu: - Vou generalizar a coisa: algum motivo em especial para você me odiar?

- Eu não te odeio. – olhei para ela meio irritada – Só não suporto que se aproxime de mim mais do que dez metros, se você manter a distância podemos conviver muito bem.

- Eu acho que seria interessante se você não pensasse assim – ela sorriu. – Você parece interessante, aliás.

Sentei-me em outra cama, preocupada com o que seria “interessante” para ela.

- Eu não quis dizer assim – ela disse indignada - Quis dizer que você é interessante como pessoa, nada a ver com físico ou o corpo do James, OK?

- Ah! Interessante no sentido de louca, entendi.– falei mais tranqüila.

- É – ela confirmou tentando parecer amigável. TENTANDO. – Eu realmente quero ajudar vocês...

- É, eu notei o seu interesse nisso. – respondi friamente.

- Ai, se você tem tantos ciúmes assim do James comigo por que não admite logo que gosta dele? – ela explodiu. Eu sou realmente boa em irritar as pessoas, eu nunca vi ela explodir assim. E... QUE ABSURDO! EU GOSTANDO DO JAMES?

Foi exatamente isso que eu disse, recebendo em resposta um:

- Certo, se não quer admitir não posso obrigá-la.

- Eu não gosto dele, quer dizer, só como amigo ou sei lá.

- Enfim, você vai ou não deixar eu te ajudar?

- Eu não tenho certe... – nunca cheguei a completar essa frase. Minhas suspeitas de que Remus estaria ouvindo atrás da porta se confirmaram quando ele gritou de lá: “ELA VAI”.

- O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AI? – gritei de volta, meio irritada por ele ter respondido por mim.

- EU... – ele começou sendo interrompido pelo “Pelo o amor de Deus!” de Hillary, logo em seguida entrando no quarto, já que ela tinha aberto a porta para ele. Eu concordo que é meio estúpido ficar conversando aos berros com uma pessoa que só está a meio metro de você, mas ela não tinha o direito de nos interromper!

- Bem, como ia dizendo... – ele começou divertido. Eu na situação dele estaria muito vermelho, isto é, se estivesse em meu próprio corpo. – Você prometeu.

- É, eu prometi. – disse contrariada me jogando na cama do James novamente, com os braços abertos e olhos fechados como se tivesse desmaiado – Eu aceito sua ajuda, Hillary.

- É realmente ótimo. – a ouvi proferir satisfeita e logo em seguida sair. Não passou nem um minuto e James (Na verdade eu, ou melhor, ele no meu corpo) e Sirius apareceram no quarto com expressões curiosas.

- Eu ouvi gritos – disse James.

- Cadê o sangue? – Sirius perguntou divertido.

- Seus traidores... – murmurei sem sair do meu estado de quase desmaio.

- Ela pode nos ajudar, Lily... – James falou como se quisesse consertar o erro, mesmo que não o considerasse um erro.

- Deixa de ser fresca e mau-humorada, Lily, a Hill é legal! – Sirius mandou me puxando da cama. Eu realmente não sei como o suporto!

- Tá legal, e o que ela vai fazer para nos ajudar? – perguntei muito amargurada, fazendo James sorrir. Eu nunca tive um sorriso tão bonito, foi só ele estar no meu corpo que eu comecei a ter charme, sei lá. Isso me incomoda um pouco, é estranho sentir alguma atração por si mesmo (a não ser que você seja muito convencido ou algo parecido).

- Isso quer dizer que você aceitou a ajuda dela? – ele perguntou feliz. Fiquei com medo que toda aquela alegria o fizesse me abraçar, seria muito esquisito!

- Aceitei – murmurei abespinhada com a situação – Mas, só porque estou desesperada...

- Você não vai se arrepender! – ele disse ainda eufórico.

Ele estava muitíssimo enganado, eu me arrependi e muito! Hillary é o tipo de pessoa realmente boa em pesquisas e poções e isso, apesar de ser muito bom para nós, significa que ela é um incomodo ambulante. OK, o que uma pessoa com disposição para pesquisar e maluca por poções pode ter de incomodo?

Vou lhe dizer, uma pessoa assim tem muitas coisas peculiares que me deixam bem desconfortável!

Primeiro, ela sabe de tudo! Tudo mesmo, sem brincadeira. É como ter uma enciclopédia ambulante particular. Assusta-me ter por perto uma pessoa que sabe a origem de cada palavra que você fala, me sinto irremediavelmente burra.

Segundo, não pára de passar pela minha cabeça que alguém com tal conhecimento deve dominar perfeitamente a arte de conquistar garotos como Josh. Ele me disse que a tal da Kary era muito inteligente, se ele não se sentiu nem um pouco atraído por mim devo ser uma besta! E exatamente assim que me sinto perto da Hillary, uma besta!

Praticamente tudo o que ela me pergunta eu respondo com “ahn?”, “hein?”, “o que?” e “repete?”. Quer dizer, no inicio era assim, agora eu só falo um “ah claro...” ou um “aham” bem irônico que a deixa irada.

Francamente, além de ser incapacitada intelectualmente para arranjar um emprego, ainda não conseguirei arranjar um marido para me sustentar, já que sou burra demais até para isso. Até mesmo a pessoa mais superficial tem alguma inteligência!

Terceiro, mesmo eu sendo uma besta e ela um gênio, aparentemente, ela precisa de ajuda em suas pesquisas e eu fui escolhida para tal tarefa. Pode apostar que nunca odiei tanto fazer uma pesquisa!

Quarto, passando tanto tempo com ela acabo a irritando, fazendo coisas como mascar chiclete de baba-bola no ouvido dela a atrapalhando e, mesmo que não seja proposital – longe de mim! – ela fica realmente furiosa. Uma pessoa que conhece poções de todos os tipos, furiosa, não é uma coisa muito boa!

Quinto, mesmo que isso não tenha nada ver com ser boa em pesquisas e poções, ela tem essa mania incontrolável dela de recordar seu namoro com James, sempre falando coisas como “Sabe, quando nós namorávamos costumávamos fazer isso” e “Ele era realmente ótimo nisso”. Essa atitude me dá náuseas por dois motivos muito fortes:

Eu tenho a mais absoluta certeza de que ela relembra tanto esses momentos, ou por que está dando voltinhas por aí com o corpo de James, ou por que ainda gosta dele, ou os dois. E todas essas possibilidades me assustam, por motivos muito claros para todos.

Com ela fazendo isso o tempo todo, eu não posso controlar minhas indiretas quanto eles terem passado banquete de Halloween todo “conversando” longe das vistas de todos nós. Tanto que acabei por me irritar e mandar logo de uma vez:

- Afinal, vocês estão juntos ou não? Eu sei que passaram o banquete de Halloween juntos!

Admiro-me com a minha sutileza, devo ter passado muito tempo com o Sirius.

- Bem, Lily, não estamos junto se isso te interessa tanto. – ela respondeu amargurada – E eu gostaria muito que você ou parasse de me azucrinar com isso ou admitisse de uma vez que gosta dele...

- Ai meu Deus! – disse olhando para cima, como se pedisse ajuda aos santos. – Por que você gosta tanto de insistir nessa bobagem?

Quando usei “Insistir tanto” não estava brincando, durante toda a nossa estadia juntas ela já me falou isso um trilhão de vezes, senão mais.

- Porque é a única explicação que vejo para você me odiar tanto. – ela deu de ombros.

- Você é muito pretensiosa! Para alguém não gostar de você tem que ser por algum motivo diferente de você ser você, não é mesmo? – Mais uma briga, nem sei como agüento!

- E você é muito arrogante, só quis dizer que nunca te dei motivos para desgostar de mim, a não ser ter namorado o James, mas como você não gosta dele realmente não sei o porquê. – ela disse forçando, como sempre, o não gosta dele.

Eu respondi estourando uma bola de chiclete baba-bola perto do rosto dela fazendo-a dizer um “Ah esquece! É impossível conversar seriamente com você!” bem irritado. E assim continuou nossa relação por muito tempo: Eu enchendo, ela tentando apaziguar a situação.

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