Porcos Voadores
Era mais uma manhã na fazenda Evans. O seu terreno era dividido por uma estrada. De um lado, ficava a casa grande, uma construção bege e simples, de dois andares, e o estábulo, além de uma horta. Do outro lado, havia um bonito lago, uma cerca com alguns animais e mais adiante, uma pequena casa, com um corredor com colunas em arco. O senhor Evans cuidava dos cavalos, seus animais favoritos, a senhora Evans cozinhava, e as irmãs... Vamos a elas. Eram quatro: Louis, Lilian, Petúnia e Roberta.
Louis e Lilian eram irmãs gêmeas, mas não idênticas, tanto em aparência quanto em personalidade. Enquanto Louis era agitada, briguenta, de personalidade, Lilian era calma, estudiosa, responsável e religiosa. Apesar das diferenças, se davam muito bem. Petúnia não gostava de nenhuma das irmãs, e costumava brigar muito com elas. Roberta, a mais nova, era a mais brincalhona e um tanto “maluca”.
Nessa manhã, Roberta brincava com os porcos, correndo atrás deles, sardenta e ruiva. Petúnia fazia algo em seu quarto. Lilian desenhava no corredor de arcos, com os cabelos ruivos presos e os olhos verdes atentos para o papel. Louis estava sentada em cima de um encosto, com os pés no banco, observando o movimento dos arredores com um par de binóculos. Era loira, diferente das irmãs, e tinha olhos verde-azulados. Até que avistou um ponto distante caminhando, e aumentou a resolução dos binóculos, para reconhecer a pessoa. Porém, os binóculos já estavam no máximo, mas não viu problema nisso; sabia o que devia fazer, e colocou os dedos na lente e se concentrou bastante. Ao colocá-los nos olhos, reconheceu seu vizinho, Oliver, um bonito rapaz de cabelos castanhos, olhos escuros, alto e 2 anos mais velho que ela e que Lilian, que até o momento tinham 11 anos. Mas isso não era tudo: ele estava ajudando o pai, e estava... Sem camisa. A garota, que nunca ligou para isso, ficou boquiaberta e sua “surpresa” fez com que a resolução das lentes fosse aumentando cada vez mais... Já conseguia ver até as gotas de suor nele.
Lilian, que desenhava até o presente momento, começou a olhar para Roberta, de 10 anos, correndo atrás dos porcos. Desviando os olhos, percebeu sua irmã gêmea bastante “concentrada” em algo. Foi até ela.
– Que está vendo, Louis? – perguntou calmamente.
Mas a reação da garota não foi nem um pouco calma: assustada, caiu do banco e, numa tentativa de conseguir apoio em Lilian, levou-a ao chão também.
– LILIAN! QUE SUSTO! – disse, com a face corada.
– Susto?! Foi o que você me deu agora! O que estava olhando, Louis Evans? – falou, em tom semelhante ao de sua mãe.
Louis abriu e fechou a boca diversas vezes, até conseguir falar:
– Não é da sua conta!
Lilian, sabendo que devia ser algo que a irmã jamais mostraria para ela, tenta pegar os binóculos, e as duas começam a rolar no chão.
Roberta, que até o momento corria atrás dos porcos, ao ver as duas irmãs brigando, começa a gritar que parem, mas seus gritos são em vão.
Finalmente, Lilian pega os binóculos e aponta para o mesmo local. Mas não consegue enxergar nada, pois as lentes voltaram ao normal.
– Louis! Não tem nada!
A irmã, sem entender, pega os binóculos, aponta para o local de antes e percebe que não dava para ver mais nada.
– Que droga! – levanta, resmungando.
As gêmeas, ao olharem para frente, percebem sua irmã mais nova Roberta e os porcos... voando!
– Viva os porcos voadores!! – exclama Roberta.
Lilian, chocada, segura o crucifixo que carregava e fica estática. Louis, apavorada, sai correndo para casa, gritando pelos pais. Ao perceber as irmãs imóveis, puxa-as pelos braços e sai correndo até em casa.
– PAPAI! MAMÃE! OS PORCOS ESTÃO VOANDO! – Louis grita, já dentro de casa, e ainda segurando as irmãs.
– É O APOCALIPSE! – grita Lilian, assustada.
– ME SOLTEM! EU QUERO BRINCAR COM OS PORCOS! – grita Roberta.
Petúnia, que até então estava no quarto, desce com a gritaria e olha pela janela, assombrada.
– SUAS ABERRAÇÕES! SUAS MALDITAS!
Os senhores Evans vão até a sala da casa, assustados com a gritaria das filhas.
– O que está acontecendo? – pergunta Jon, pai das garotas. Era um homem alto e loiro, já com alguns fios brancos.
– PAPAI! OS PORCOS ESTÃO VOANDO! – grita Louis.
– É O FIM DO MUNDO! – grita Lilian.
Marta, mãe das meninas, uma senhora de cabelos ruivos e bonitos olhos verdes, olha pela janela para os porcos voadores e lança um olhar significativo para Jon.
– Subam todas para seus quartos, e só desçam quando nós mandarmos.
– Mas papai... – começa Roberta.
– Nada de “mas”. Subam, agora. – diz ele, firme.
As três sobem assustadas e ainda segurando-se umas nas outras. Aquele dia ficaria em suas memórias pelo resto de seus dias.
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