Capitulo dezoito
Arrumar meu cabelo sempre fora um grande desafio pra mim. Absolutamente certo de que eu não conseguiria abaixá-lo passei os dedos entre os cabelos os deixando extremamente bagunçados, afinal, quando me importei com isso? Cabelo arrumado sinceramente nunca combinara comigo mesmo.
O lugar onde Hermione estava era realmente pequeno, uma pequena salinha onde havia uma mesa, um sofá e uma estante de livros. Uma pequena bancada separava a sala da cozinha e uma suíte pequena, realmente pequena. Porém por mais que aquilo fosse extremamente apertado tinha um “Toque de Hermione” que o deixava aconchegante, limpo e cheiroso.
Passei pela bancada abracei Hermione que vestia um roupão pós-banho por trás e dei um grande cheiro em seu pescoço antes de depositar um beijo rápido ali.
- Isso está cheirando muito bom! – comentei olhando os ovos com bacon na frigideira.
Ela riu.
- Obrigada. Eu realmente estou me esforçando.
Dei outro beijo rápido em sua têmpora antes de a soltar rindo. Hermione nunca fora mesmo boa em ovos com bacon, mas ela estava melhorando consideravelmente desde a ultima vez que os comi.
Passeei pela sala, olhando a estante de livros a qual Hermione realmente nunca dispensara. Corri os olhos pelas fotos penduradas nas paredes, sempre eu e ela. Somente eu. Somente ela. Eu, Rony, ela. Eu e ela novamente. Eu, ela, Rony e Luna. Eu e ela. Ela. Eu. E assim se seguiu um mesa próximo a porta de entrada só de retratos.
Cheguei a sua mesa de estudos onde havia muitos, muitos, e muitos pergaminhos amontoados. Alguns livros abertos, umas penas com a ponta torta e uns tinteiros esparramados pela mesa por cima dos pergaminhos. Havia um tinteiro de tinta vermelha, estava virado e sua tinta corria em direção a um pergaminho meio amassado. O peguei rapidamente evitando que a tinta o atingisse e inconscientemente comecei a lê-lo.
Se eu pudesse...
Te Declararia a enorme importância que tem em minha vida.
Mas eu não consigo. Sinto-me tímida, nervosa, medrosa, meu coração acelera a mil só em me imaginar dizendo a enorme falta que tenho de ti. Sede do teu beijo, anciã da tua presença, saudade daquilo que ainda não provei. Fome em te querer, te ver, te ter, te abraçar te beijar, te sentir, te gostar, te amar... Eu penso que á amizade é, acima de tudo, duplicar as alegrias e dividir as tristezas, é isso que separa o amor da amizade... Essa expressão existe dentro de nos a amizade, mas... Quero te dizer que te amo. Você me trás felicidade com seu jeito de ser, agir e pensar. Esse sentimento que invade meu ser me toma por inteira... Faz-me estremecer, que toma conta da minha alma fazendo-me, sonhar, renascer, afogar os sentidos.
Enfim, queria apenas uma chance,
Para ter um momento do teu amor,
Um minuto do teu silêncio, e...
Todos os segundos do teu pensamento.
Eu li e reli umas três vezes até que alguém tomou de minha mão e Hermione me olhava completamente enfurecida.
- Você não leu isso! – ela exclamou.
- O que? Foi você quem fez isso? – gaguejei.
- Não. Quero dizer. Mais ou menos. – gaguejou ela também.
- Pra quem fez isso? – indaguei.
- Pra ninguém! – ela respondeu imediatamente. Eu estreitei os olhos. Uma coisa que Hermione nunca conseguiu foi me enganar. Nós nos encaramos, eu com o olhar estreito e ela tentando manter o seu ao meu. Finalmente murchou os ombros depois eu que estreitei mais meus olhos a ela. – Certo, não era pra ter visto isso. Ao menos sei como escrevi isso. – o silêncio brotou. – Estava pensando em você. – ela disse abaixando a cabeça.
Aquilo me fez sentir leve. Quero dizer, eu estava exatamente certo de que a amava e a queria para toda a vida. Mas, e se ela não sentisse o mesmo por mim? Se estava se entregando a mim daquela maneira apenas por sentir saudade ou algo do tipo. Tinha medo de que ela não me correspondesse.
Ela olhou o pergaminho em sua mão e o silêncio permaneceu na sala.
- Você estava longe e eu chorava. Sentia sua falta, me humilharam feio no ministério. Eu precisava de você, sempre esteve ao meu lado, quero dizer, doze anos da minha vida foram dedicados a você e nunca me senti tão incompleta sozinha. Nós nos beijamos quando eu fui embora e a única coisa que ficou em minha cabeça até então foi a vontade de querer te provar, mas eu sabia que aquilo não estava certo. Você sempre foi meu amigo e eu sempre quis ser somente isso e de repente é como se algo dentro de mim que sempre existiu criasse vida e eu tentava negar até a morte que nada além da saudade se passava em minha mente. Mas me prender daquela maneira estava me fazendo mal e eu estava confusa, até que peguei esse pergaminho e escrevi nele tudo que eu sentia vontade e quando o li depois que escrevi acreditei que eu estava precisando de algum remédio. Mas, você chegou e... Tudo... Entre nós... Eu nunca me senti tão feliz com tu... – ela teria continuado se eu não tivesse a puxado pela cintura e a beijado tão apaixonadamente.
- Droga! – murmurei contra os lábios dela que se afastou e me olhou intrigado. Nos ainda estávamos abraçados. – Por que não comprei um anel?!
- Como? – indagou franzindo a testa.
- Queria te pedir em casamento agora. – falei.
Ela riu incrédula.
- Está falando sério?
- Por que eu não estaria?
Ela assumiu uma expressão falsamente séria.
- Por que você esqueceu o anel?! – bateu levemente em meu braço.
Eu ri e ela abriu outro sorriso ficando na ponta do pé passando os braços pelo meu pescoço me beijando. Eu a abracei forte pela cintura a levantando e a rodando no ar.
Realmente não me lembro de ter me sentido tão feliz em toda a minha vida. Até mesmo depois que acordei no St. Mungos e fiquei sabendo que Voldemort estava morto e que eu havia o matado não me senti tão feliz quanto me sentia sabendo que Hermione me amava. Dizem que é a sensação de encontrar a outra parte da laranja, mas acredito que nada consegue ir além, nem mesmo a sensação de encontrar a metade da laranja, do que saber que tinha Hermione só pra mim.
*-/-*
O ministério já estava enchendo a paciência para mim voltar. Alias, eu sai sem mais nem menos, sem dar explicação nenhuma. Por tanto eu voltei, mas no final de semana seguinte eu tornei a Los Angeles e dessa vez eu não esqueci o anel. Pedi Hermione em casamento e eu nunca vi seu rosto brilhar tanto quanto naquele dia.
Eu passei a visitá-la todos os fins de semana. Sábado e domingo, não importava o que eu tinha que fazer ou o que ela tinha que fazer, era somente eu e ela. Hermione abria mão de ir ao ministério resolver as coisas do F.A.L.E pra ficar comigo e isso realmente era alarmante, Hermione nunca abria mão de suas responsabilidades, mas é como ela me diz: “Nenhum elfo é melhor do que estar com você.”, isso realmente me fazia sentir importante, até porque acredito que ela daria a vida por aqueles elfos.
Amar sextas e odiar segundas. Foi assim durante quase um ano. Hermione praticamente havia se mudado para Los Angeles e creio que a única coisa que não a fazia ter um surto era minhas visitas durante os fins de semana, ela parecia mais agoniada a cada mês. O ministério só queria liberar a independência do F.A.L.E se ele não fosse mais o Fundo de Apoio a Libertação dos Elfos, dessa maneira Hermione teve que mudar o nome do F.A.L.E para F.C.D.E, Funda de Controle dos Direitos Elficos. Acredito que a única causa para ela não ter ficado triste com a mudança foi que ela finalmente, depois que quase dois anos, conseguira a carta de autorização para se libertar finalmente do ministério. Ela ficou realmente excitada com a idéia de criar uma constituição com direitos e deveres dos elfos. Isso pra ela foi quase que libertar todos os elfos. Quero dizer, ela estava sendo literalmente humilhada por qualquer ser que existisse naquele ministério. Justamente por isso me mandara aquele pergaminho que me fez ir atrás dela. A ponto de lhe rirem de sua cara e isso realmente não estava tendo nenhuma graça e foi justamente por isso que Hermione aceitou o troca do nome.
Entretanto Hermione esta sendo realmente importante hoje. Sua constituição ajudou bastante na organização dos elfos e isso contribuiu para o lucro de varias famílias, assim como até mesmo departamentos do próprio ministério pela organização das criaturas.
Mal ela havia voltado e já estávamos organizando as coisas para o casamento. Ela ficou extremamente chateada em saber que havia vendido a apartamento, mas de qualquer forma foi uma experiência muito boa comprar uma casa e a organizar. Saber que ali você vai viver com a pessoa que ama, dividir os momentos bons e ruins, criar uma família. Sim! Uma família! A idéia me fazia rever tudo que passei e simplesmente chegar até ali estava sendo algo emocionante pra mim.
Hermione parecia uma boneca, seu jeito de administrar as coisas corretamente, o modo como ela parava de braços cruzados no meio da sala de estar da nossa casa e a observava. Parecia que todos os seus sonhos estavam se realizando naquele sorriso que ela dava quando se deparava comigo a observando. Me sentia tão estúpido por ter perdido quase doze anos da minha vida chamando Hermione de “Mione” enquanto eu a podia chamar de “Meu amor”. Meu amor... somente meu! Foi como tirar um tampão do meu nariz e eu podia a abraçar na varanda do quarto e respirar fundo fechando os olhos sabendo que ela estava em meus braços e que eu a teria agora para sempre.
Os pais de Hermione estavam entusiasmados com a notícia de que ela simplesmente iria se casar com Harry Potter. Sim! Finalmente! Eles veriam a filha deles entrando com um vestido branco sendo entregue ao homem que eles sempre sonharam como genro.
Não tivemos muitas brigas quanto a organização da casa e do casamento. Hermione simplesmente se virava e dizia “Posso colocar o sofá naquele canto, uma estante de livros ao lado da mesa redonda, uma poltrona próximo a lareira e um tapete no centro. O que acha?”. Era como se ela conseguisse ler meus pensamentos. Eu costumava responder “Era exatamente o que estava pensando.”. Ela sempre estava disposta a me ouvir e me entender, como sempre. Eu fazia o mesmo e simplesmente estávamos em perfeita harmonia um com o outro.
Mel pareceu não ficar muito contente com o casamento e quando a vi em minha sala eu consegui entender o porque havia a beijado no dia da minha formatura. Sim, os olhos dela eram idênticos aos de Hermione e se não fosse pelos cabelos lisos e o rosto mais redondo eu poderia a chamar de Hermione. Por mais que ela tenha dito que realmente lamentava não estava no lugar de Hermione me desejou boa sorte e disse: “Finalmente enxergou o que eu havia enxergado quando reparei o modo como se olhavam pela primeira vez.”. Me senti um idiota em ter sido o único que não havia percebido o quanto amava Hermione.
Rony deu a noticia de que Luna estava grávida dois dias antes do meu casamento com Hermione. Aquilo fez Rony tremer as bases, quero dizer, ele virava pra mim e sempre indagava com a cara pálida “E se eu não for um bom Pai? E se meu filho não gostar de mim?”. Eu acreditava que aquilo estava sendo tremendamente estúpido da parte dele, no entanto me senti daquela maneira quando cerca de dois anos depois do meu casamento entrei no quarto do St. Mungos e encontrei Hermione deitada em uma cama e um pequeno berçinho ao lado próximo a janela onde havia uma coisinha pequena que erguia as mãozinhas distraidamente até a boca. No meu caso as indagações foram maiores, quero dizer, eu não tive um pai. Eu não sabia a quem pedir um conselho, alguém que pudesse me dizer “Meu filho, nunca diga isso ao seu filho! Ele pode ter problemas no futuro.”. Pegar Ryan no colo pela primeira vez foi um tanto quanto estranho, não só porque ele era mole, mas porque quem eu estava pegando no colo era meu filho, não era como pegar Alicia, filha de Rony. Era meu e de Hermione e agora nós tínhamos uma responsabilidade, porem, eu via naquela criança o amor entre nos dois, era como se naqueles olhos verdes estivessem uma foto minha e de Hermione e creio que talvez seja por isso que eu passava horas em frente ao seu berço apenas o observando.
Eu passei o entender o porque Gina usara poção do amor comigo. Quando finalmente estava enxergando Hermione ela teve medo de me perder me dando aquela estúpida poção. Hoje não tenho muitos ressentimentos quanto a isso, mas me fez perder quase cinco anos de minha vida para começar a enxergá-la novamente. Porém, por mais que fossemos amigos, nós sabíamos que viveríamos o resto da vida juntos, justamente por sabermos que não havia ela sem mim e que eu não existia sem ela.
- VAMOS LOGO COM ISSO! – Ouvi a voz de Rony gritar seguindo de duas buzinas fortes e o riso de três crianças animadas.
- O Pai! – Ryan gritou da sala. – O tio Rox chegou!
Julia pulou o ultimo degrau da escada caindo em meu braços que a ajeitei no colo.
- Hermione! – Chamei enquanto escutava os passos de Ryan chegando ao hall da casa.
- Já estou indo. – ouvi em resposta.
Caminhei com Julia em meu colo até o hall e já encontrei Ryan correndo em direção ao vidro traseiro do carro dos Weasley onde se encontravam Alicia, Amaris e Alvir os três filhos de Rony e Luna.
- Hei Harry! – gritou Rony pondo a cabeça para fora do vidro do carro. – Eu trouxe a varinha, nada de churrasqueira pra ficar carregando!
Eu ri pondo Julia no chão que correu até Ryan que conversava animadamente com as três crianças.
- Hermione jamais te perdoaria se o visse usando magia em um parque trouxa. – gritei em resposta.
- Olá, Harry! – Luna cumprimentou acenando com a mão. – Como está o meu futuro terceiro afilhado?
Hermione apareceu com seus cabelos cacheados esvoaçando, seu vestido rodado de verão branco, o sol contra seu rosto e seu sorriso extremamente contagiante.
- Afilhada, Luna! – Exclamou Hermione passando a mão em sua barriga que estava demasiadamente grande para uma grávida de apenas quatro meses.
- O que? – exclamou Rony que empalidecera. - O resultado já chegou?
- Ontem! – disse animado. – Me deve quinhentos galeões!
Rony bufou revirando os olhos.
- Eu ainda faço Luna engravidar de gêmeos, Harry! Vou apostar mil galões!
Luna não pareceu feliz com a idéia de mais dois filhos. Apesar de terem condições para abrirem um orfanato e terem mais uma renca de filhos, três já estava fazendo Rony e Luna ganharem cabelos brancos.
- Pode abrir o porta-malas, Harry? – indagou Hermione pegando uma cesta de piquenique onde deveria estar a churrasqueira, as carnes e alguns sanduíches para a tarde.
- Por que eu não abriria o parta-malas a uma dama tão bela como a senhora? – indaguei num tom falsamente cordial fazendo uma reverencia um tanto quanto engraçada apontando para o carro. – Esta maravilhosa.
- Obrigada! – disse abrindo um sorriso. – Nunca perder o tom galanteador! – acrescentou num tom de advertência apontando o dedo pra mim.
Eu sorri a envolvendo pela cintura lhe dando um beijo delicado.
As buzinas do carro de Rony soaram novamente fazendo nós nos separarmos.
- Ora vamos! – exclamou ele pondo o rosto para fora do vidro do carro novamente. – Juro que vão ter tempo de se pegaram o quanto quiserem lá no parque, mas já são quase dez horas!
Hermione revirou os olhos enquanto e eu a soltei. Abri o porta-malas e nós colocamos a cesta lá dentro. Ryan e Julia se acomodaram no banco de trás, enquanto Hermione verificava se os cintos estavam presos e parava para arrumar o cabelo de Julia e amarrar os tênis de Ryan.
- E seus pais? – indaguei entrando no carro.
- Estão nos esperando da esquina da Brompton Road. – respondeu Hermione pondo o cinto de segurança.
- Se sente bem? – Perguntei a olhando apreensivamente.
Ela sorriu.
- Harry, eu estou grávida pela terceira vez e vou ter que repetir novamente que estar grávida não e estar doente!
Eu ri de volta e liguei o carro para partirmos para mais um sábado no Hyde Park enquanto Ryan começava a contar sobre o ultimo jogo de quadribol do tio Rox e Julia insistia para Hermione explicar porque sua barriga estava crescendo tanto ultimamente.
°Fim°
“Assim como viver sem ter amor não é viver. Não há você sem mim e eu não existo sem você.”
(Tom Jobim e Vinícios de Morais)
Fic dedicada à:
- Julia (Juh), que me ajudou com vários lugares da Inglaterra, inclusive com a parte de Swanage;
- Jaqueline (Jack), que me deu “força” para começar a postar essa fic na comunidade;
- Ao meu livro de inglês do intermediário 1, que tem um mapa do centro de Londres e eu simplesmente achei perfeito;
- A minha irmã, Rebeca, que vive me acobertando com as fics, porém ela odeia lê-las.
- A Eliza, que fez a carta da Mione com muita dedicação;
- A Bruna, que vai betar a fic pra mim na F&B;
- Ao meu chuveiro que me deu a idéia da fic. Pode parecer estranho, mas eu tive a idéia tomando banho.
- Ao caderninho da Eliza, que me deu muita inspiração;
- Ao dente da minha amiga Danny que eu fiz o favor de quebrar. Desculpa amiga;
- E a cada pessoa que leu essa fic e que a achou maravilhosa, ou seja, a você meu leitor querido!
Fic não dedicada à:
- As almas vivas que me adicionaram no MSN pra falar que eu não presto e que sou venerada na comunidade, porque isso não é verdade, eu espero;
- Aos R/Hr que não sabem respeitar a opinião e a escolha dos H²;
- A minha mãe que mandava eu ir dormir quando eu estava no auge das minhas idéias super chocantes e que me proíbe de ver e ler Harry Potter;
- A gripe que eu peguei;
- A minha escola, que me fazia estudar enquanto eu podia muito bem estar aqui escrevendo;
- Ao quinto filme da série Harry Potter e ao epílogo literalmente ridículo do ultimo livro da mesma;
- Aos meus erros de português e digitação por excesso de extrema burrice;
- Ao meu professor de Física, Marcos;
- Ao dom que eu tenho de empacar em certas partes;
- E ao despertador do meu celular que faz o favor de me acordar as seis horas da manhã!
*-/-*
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