Capítulo II
Capítulo II – O assassinato
“Será que é loucura eu te querer?”
Gina observou Draco nadar até ela na piscina.
O que ele está fazendo?
Draco aproximou-se perigosamente. Gina teria que desviar-se totalmente para impedir o contato, mas não o fez. Ele ia beijá-la. Sentiu sua respiração descompassada.
Você tem que fazer isso. A vozinha em sua cabeça não a deixava em paz...
Ele vai me beij...
Gina acordou de um pulo ao ouvir o alarme estridente do relógio. Desligou com preguiça e voltou a se acomodar. Seu coração acelerou ao lembrar-se de seu sonho. Entretanto não teria muito tempo para pensar – mais um segundo e estaria atrasada para a escola...
- Aconteceu alguma coisa Gina? Você está muito pensativa. Você não é de pensar... – a loira brincou, tentando animá-la.
- Nada não Becca. – ela suspirou.
- Oi, Rebecca! – Um garoto bonito acenava para a loira. – Soube que os caras te candidataram para rainha do baile. Tava pensando se a gente não podia ir junt...
- Cai fora, David.
David ergueu os braços, como se rendido.
- Depois a gente conversa melhor. Pensa no meu convite. – Ele se afastou olhando para a loira como se ela fosse louca.
- Tá. O cara mais popular da escola acabou de levar um fora seu... Agora eu quem pergunto: você está bem Rebecca?
- Claro que sim. David é só um interesseiro que me convidou porque eu sou candidata à rainha.
- Seja sincera, a verdade é que você quer que o Seth a convide, não é?
Rebecca abaixou a cabeça.
- Eu sabia – Gina tinha um sorriso de triunfo nos lábios. – Ah, sai dessa! Ele vive demonstrando que não quer nada com você... Se continuar assim vai acabar sem par.
- Nem em sonho, Gina. – ela ergueu a face, obstinada. – Ele vai me convidar...
Harry acordou naquela manhã pensando em Hermione. Isso não era novidade. Desde aquele dia no parque não pensava em mais ninguém. Estava imaginando como descobrir se a amiga de Miranda era ou não solteira.
- Harry, vamos ver aquele filme que você f...
Mas Harry não estava prestando muita atenção em Miranda.
- Harry?
- Desculpe! Eu me distraí. Claro que vamos, vou chamar alguns amigos. Você pode perguntar se alguma de suas amigas vai, não é?
- Tá bom, eu pergunto.
Harry acenou com a cabeça, extremamente satisfeito. Satisfeito o bastante para não perceber a voz decepcionada da amiga.
“... Chamar meus amigos” ela pensava contrariada. “Quando você vai perceber Harry?”
********************
Draco agora visitava a casa de diariamente a casa de Hermione. Esta estava muito animada com a festa de noivado que seu pai daria algumas semanas depois. Paul, entretanto, havia piorado seu estado consideravelmente, e suas visitas aos hospitais eram constantes. O loiro estava trabalhando quando seu amigo entrou em sua sala.
- Draco, pensa no que você está fazendo. – Zabini repetia pela oitava vez.
- Blaise, com licença. MAS QUER PARAR DE ME DIZER ISSO!
- Não faz sentido... essa loucura de se casar. Você não a conhece, e vice-versa... Ela está apaixonada e você não, como acha que vai dar certo?
- É exatamente por isso que vai dar certo.
- Malfoy, nós trocávamos nossas fralda juntos, acha que eu não sei que você vai traí-la com a primeira que aparecer?
- Que tipo de homem você acha que eu sou? – ele fingiu afetação.
- Daqueles bem aproveitadores. Que querem o dinheiro da garotinha inocente. Por falar nisso, como está o Sr. Granger?
- Ele vai durar mais alguns meses com a quimioterapia. Há dois dias ele está no hospital, de vez em quando ele tem falta de ar. E...
Draco foi interrompido pelo telefone.
- Um instante, Blaise.
Zabini deixou-se vagar. Organizava mentalmente a agenda do dia seguinte. Colocaria a comida de Pavlov, viria trabalhar, almoçaria com Pam, tentaria fazer Draco desistir de casar, para o próprio bem da humanidade...
- Blaise... A vida é mesmo interessante. Nós aqui falando do velho Paul e...
Ele pôs o telefone no gancho, o triunfo nos olhos.
- Ele está morto.
Gina foi educadamente convidada a conversar com sua coordenadora. Ela tentou dar a notícia da maneira mais eufêmica possível, mas não demorou muito para todo o corredor ouvir os soluços de Gina.
- Mas ele sempre – ela pausava a cada palavra – ficava no hospital, nunca deu errado, nada deu errado... – ela começou a balbuciar coisas sem sentido. A pobre mulher sabia que nada que falasse para Gina sequer seria processado em seu cérebro, mas havia outra notícia para dar.
- Eles estão analisando o crime.
- Crime? – ela repetiu fraca.
- Seu pai foi assassinado Gina.
- Como?
- Sufocado. Ele estava com insuficiência respirat...
Ela se calou quando a ruiva tombou para o lado.
Jane estava no hospital e pediu ao motorista que levasse Hermione para casa. Hermione estava paralisada fazia quase cinco minutos. Nem uma lágrima ousou cair, o choque era tão grande que parecia que não tinha acontecido, que seu pai voltaria para casa àquela noite, e ela diria “eu te amo”, depois de ouvir uma daquelas frases de efeito que seu pai sempre contava.
Precisava de Draco; e em sete minutos ele estava lá. Deixou que ela finalmente chorasse em seu ombro.
- Quem seria capaz de fazer isso?
- Uma pessoa maligna, com certeza. – o tom um pouco afetado de Draco era incrivelmente convincente.
- O que eu vou fazer sem ele?
- Calma. Você tem a mim não é?
Hermione soluçou e balançou a cabeça. O celular de Draco tocou. Ele rejeitou a ligação, mas logo seu celular chamou de novo.
- Onde você está irmãozinho?
- Jim?
- Claro que não! – Jimmy Malfoy imitava agora a voz de uma garotinha. – Você quer brincar comigo?
Draco suspirou.
- Você não muda nunca, não é? Onde você está?
- Voltei da Austrália. – Jim falou fingindo cansaço. – Resolvi passar uns tempos em casa. Tô no aeroporto, vem me pegar.
- Pegue um táxi.
Draco desligou o celular imediatamente, a raiva possuindo-lhe.
“O que diabos ele veio fazer aqui?”
Naquela noite, Draco jantou o mais rápido possível enquanto observava com nojo sua mãe tratando Jim carinhosamente.
- Então querido, como é lá?
Jim falava da maneira despojada que Draco sempre odiara.
- Mulheres bonitas, muito sol, ópera, pesca de tubarões...
Draco empurrou o prato.
- Eu já vou dormir.
- Você nem me deu um abraço, irmãozinho. Descobri que você está noivo. Quem é a sortuda?
- Não lhe interessa.
- Draco, não fale assim com Jimmy!
- Eu falo como eu quiser, mãe.
“Sempre defendendo Jim” as lembranças de Draco afloravam. Sabia que Jim queria saber quem era sua noiva para tentar conquistá-la. Fizera isso outras vezes, com as namoradas de Draco.
Ligou para Hermione e conversaram por um longo tempo. Até se despedirem e Draco, finalmente, adormecer.
Seth Macintosh acordou com o toque da campainha. Vestiu um roupão e foi atender.
- Bom dia - falou Rebecca, entrando.
- Bom dia – ele falou um pouco sem jeito.
- Belo roupão.
- Obrigado – ele ruborizou. – Então...
- Desculpa não ter te avisado, mas eu vim estudar mais cedo porque a tarde é... bem... o enterro do Sr. Paul.
- QUÊ? O pai da Gina?
- Ele morreu ontem.
Ela explanou as condições da morte de Paul, intrigando o rapaz.
- Então... vamos lá. Deixe-me tomar banho e preparar um café.
- Vai tomar banho que eu preparo pra você. – ela se ofereceu gentilmente, e ele agradeceu.
“Será assim quando casarmos!” ela exclamou, repreendendo-se em seguida. Não podia deixar aquele sentimento consumir-lhe novamente. Afastou os devaneios e foi fazer o café.
Seth começou a explicar sobre eletricidade meia hora depois. Rebecca fazia os cálculos e de vez em quando errava propositalmente, apenas para Seth pegar em sua mão, a fim de fazê-la parar de escrever e corrigir-lhe o erro.
- Você foi muito bem hoje. – eles juntavam os livros e os papéis.
- Vai ter um baile sabia? Na escola. Como esse é o último ano então vão escolher o rei e a rainha e tudo mais.
- Legal. – Macintosh sorriu. Ele conhecia a amiga muito bem e já imaginava onde ela queria chegar.
- É... – ela confirmou. Desviando o olhar.
- Eu passo pra te pegar às oito? – ele sorriu. Ela vibrou.
- Às oito horas está ótimo. – ela deu um pequeno sorriso.
- É pra isso que servem os amigos. Companhia.
Ela teve que se virar rapidamente para que ele não percebesse seu sorriso morrendo. “Amigos”.
- Tenho que ir. – ela pegou seus livros velozmente. Foi até a porta.
- Rebecca. – ele chamou. Ela estranhou e estancou, ele nunca a chamava pelo sobrenome.
- Sim?
- A que horas é o enterro?
- Às quatro. – ela saiu o mais rápido possível. Encostou-se na porta e a vontade de chorar lhe veio.
O enterro de Paul Granger foi extremamente silencioso. Apesar da enorme quantidade de pessoas, incluindo alguns policiais, apenas soluços ameaçavam a quietude da ocasião. Dois dias após a tragédia, murmurinhos se seguiam, talvez tentando apontar o responsável por sua morte. Narcisa e Jimmy estavam mais a um canto, enquanto Draco abraçava uma Hermione chorosa.
- Onde está Gina? – a morena repentinamente sentiu falta de sua irmã.
- Não sei.
- Você pode ir procurá-la Draco?
- Claro que sim. – ele a beijou na testa.
Gina estava encolhida num degrau da capela. Seus olhos estavam bastante inchados.
- Você está bem?
Draco se sentiu idiota perguntando, pois era óbvia a resposta. Gina o encarou. Ela abriu a boca para falar alguma coisa, mas tornou a fechá-la. Ele se sentou a seu lado.
- Tem algo incomodando... – ela apontava para si mesma.
Num ímpeto ele a fez encostar a cabeça em seu ombro, acolhendo-a.
- Isso vai passar. Não se preocupe.
Gina sentiu os braços fortes que a abraçavam. Aquele perfume maravilhoso a fez fechar os olhos. Lembrou-se de seu sonho, onde, naquela piscina, ele quase a beijara...
Separou-se dele quando o sentimento de culpa a dominou.
- Desculpe. – ele disse sem jeito. Gina o deixava sem jeito, não sabia exatamente o porquê. – Sua irmã está te procurando. Sentiu sua falta. – Levantaram-se.
- Eu já vou lá. – ela falou pausadamente.
Malfoy ofereceu-lhe outro lenço e aproveitou para observar que, diferente da boca fina da irmã, Gina tinha os lábios mais provocantes que ele já vira.
- Obrigada. – ela devolveu-lhe o lenço após secar levemente o rosto.
- Que é isso Draquinho! Sumiu por quase quinze minutos procurando a cunhadinha. Deu tempo pra fazer alguma coisa a mais? – o olhar de deboche de Jimmy brilhava na hora do jantar. Draco o encarou.
- Deu tempo de te ver secando minha esposa.
- Correção, noiva. É, deu até pra dar em cima de sua mulher.
O caçula cerrou os punhos. Não demoraria a se descontrolar. Narcisa entrou para jantar.
- Boa noite queridos. Sobre o que estavam falando?
- Eu estava contando como deve ter sido terrível a perda do Sr. Granger para a sua família. – Jim falou num tom sério.
Draco soltou uma risada.
- Não vejo a graça desse momento, Draco. – sua mãe repreendeu-lhe.
- Pode acreditar que nem eu mamãe. – ele respondeu olhando acusadoramente para Jim, deixando Narcisa confusa.
Draco não dormiu direito à noite. Parecia ainda estar entorpecido pelo perfume dos cabelos de Gina. Uma mistura leve de menta e chocolate. “Tenho que tomar cuidado com essa garota. Ela é a única pessoa daquela casa capaz de me deixar pensando no que fazer. Também... com aqueles lábios.”
No dia seguinte foi um pouco indisposto tomar o seu café.
- Bom dia Draco. – Jimmy parecia de mau humor. Draco apenas o olhou. Jim tomou um gole demorado de suco.
- Quando você falou da tal Hermione ontem... – Jim começou – eu me esqueci de dizer: se está mesmo a fim de pegá-la de jeito, cuidado com aquele amiguinho dela.
- Que “amiguinho”? – falou impaciente.
- O de olhos verdes.
Draco esforçou-se para lembrar. Veio-lhe a mente Potter. Um rapaz que estava na festa da irmã de Miranda Walker.
- Potter... – ele repetiu.
- Você o conhece?
- Só de vista. Hermione não demorou muito, então não fomos apresentados.
- Então eu acho que ele descobriu do seu noivado ontem no enterro, porque parecia negar o fato de Hermione estar comprometida, olhava para ela mais do que para o caixão do próprio Paul – ele riu da piada.
Draco permaneceu em silêncio, remoendo o que Jimmy dissera.
- Preciso ir. Alguém tem de trabalhar aqui.
- Claro. É por isso que eu já estou indo...
- Do que está falando?
- Não te avisei? Mamãe está ciente da minha atual responsabilidade e vai passar as ações para mim novamente. Logo, a empresa é mais minha do que sua, irmão.
- Quando ela vir o que você fará com o resto de nossa empresa quase falida, ela vai saber em quem confiar, irmãozinho. – Draco cuspiu a última palavra, saindo após lançar seu pior olhar para Jim.
Passou na casa dos Granger antes de ir trabalhar. Hermione ainda dormia, de modo que só encontrou sua meia-irmã acordada e ainda de camisola.
- Quando Hermione acordar, avise-a que passei aqui e que volto depois do trabalho, ok?
Gina assentiu. Ele sorriu de leve, agradecendo. Seu olhar parecia ter algo mais, pois a ruiva logo ruborizou e desviou, usando um falso espirro para disfarçar.
Draco sabia muito bem o que ela vira: desejo.
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