Problemas na Enfermaria



CAPÍTULO 3 – PROBLEMAS NA ENFERMARIA

Abriu os olhos. A cabeça rodava. Tentou se lembrar do que havia acontecido, mas as lembranças eram vagas demais. Dumbledore estava sentado do seu lado. Procurou o relógio e viu que não passava das dez da manhã. Respirou aliviado. Sentia que havia décadas que estava ali desacordado.

- Estou aliviado que acordou finalmente Severo. Está assim desde sábado.

Arregalou os olhos sem entender.

- Sábado?Que dia é hoje? – a cabeça ainda doía muito.

- Segunda. Estava considerando substituí-lo esta tarde, ou adiar as suas aulas para outros dias. Você parece confuso, e com razão. Você foi atingido por uma carruagem bem em cheio. Quebrou os dois braços, e teve uma séria lesão na cabeça. Por sorte a menina Granger suspeitou que você estivesse ali. Sabe, você estava invisível, sabe-se lá por quê... -deu uma pausa demorada como se criticasse silenciosamente tamanha burrice do ato - Foi uma lesão grave. Tive trabalho para carregá-lo até aqui. Um regime não lhe faria mal.

Era o que lhe faltava. Devia seu pronto atendimento àquela menina arrogante, e ainda tinha passado a vergonha de ser carregado desacordado até a enfermaria. Poderia ter algo pior do que isso no momento?

Como se lesse seus pensamentos, Dumbledore voltou a falar.

- Queria lhe falar Severo, sobre o conteúdo daquele pacote... Receio que por uma estranha coincidência de fatores as coisas talvez fiquem um pouco pior.

- Que coincidência? – desacreditando que as coisas ficassem piores na verdade.

O velho ajeitou os óculos na ponta do nariz torto, tomou um pouco de ar como se estivesse pensado num jeito fácil de explicar a situação. Estendeu um prato com um caldo escuro na direção de Snape, mas este não parecia tentado a comer de forma alguma o que lhe era oferecido.

- Por motivos que prefiro guardar para mim, espero que entenda. Encomendei uma poção. Sei que deve estar pensado o porquê de não pegar do estoque da escola, ou lhe pedir emprestado os ingredientes e preparar eu mesmo. Mas como lhe disse, queria manter segredo da coisa. Então preferi encomendar de uma lojinha e deixar o endereço dos Três Vassouras. Infelizmente eles não fazem entrega via coruja. Vai entender... Não é?

- É... - disse sem pensar.

- Como falava, parece que ao ser atingido o pacote explodiu em seu peito. - estendeu para Snape um pergaminho onde havia aquela característica caligrafia inclinada e apertada. - Leia e veja com seus próprios olhos a receita da poção

Snape leu e releu o papel várias vezes sem encontrar nada de alarmante, a não ser a própria poção em si e sua função. Teve que segurar o riso, e entedia por completo o porquê de tamanho sigilo. Sempre tinha desconfiado das inúmeras reuniões convocadas por Dumbledore cuja única convidada era a vice-diretora da escola. Novamente teve de segurar o riso.

- Não é de bom tom rir Severo, acho que sabe disso. E espero que guarde essa informação somente para você.

- Certamente que sim, senhor. - disse respirando fundo e tentando fechar a mente de novo.

- Acho que também vai entender a gravidade da situação como bom professor atualizado de Poções que é. - disse com certa ironia na voz. - Pois bem a julgar pelo estado em que chegou aqui presumo que em sua breve passagem pelo Três Vassouras tenha ingerido alguma substância alcoólica não?

Snape teve vontade de dizer que era óbvio que sim, afinal, quem agüenta suportar um bando de crianças e adolescentes desgovernados sem estar alcoolizado? Mas apenas acenou afirmativamente com a cabeça. E Dumbledore continuou no mesmo tom:

- E a julgar pelo seu cheiro, teria passado uma colônia, não?E devo dizer que das vagabundas. Não me diga que não lhe pagamos o suficiente para comprar algo de boa qualidade, Severo!

Teve vontade de esganar o homem que o fitava com condescendência. Mas logo as peças se juntaram na sua cabeça; aqueles ingredientes em contato com tanto álcool, tanto do uísque quanto da colônia, que tinha que admitir era das bem vagabundas, não era uma boa coisa. Um sentimento de pânico tomou conta de Snape, que se julgou com certeza, o homem mais azarado da face da Terra.

Uma simples poção para revigorar as forças, para fins que ele nem queria pensar que Dumbledore estava usando, com o acréscimo de tanto álcool, se tornava a Poção do Desejo, que concedia a quem tomasse a realização do último pensamento em realidade. E para seu tremendo azar, desperdiçou com um pensamento de que ele deveria ser amado e desejado por todos. Deveria ter pensado em algo do tipo: “Quero que o Potter amanheça morto!”. Sem dúvida um pensamento mais útil.

O lado bom da coisa é que finalmente sairia da seca, mas o lado ruim da coisa... Na verdade não conseguia pensar num lado muito ruim de conseguir a mulher que quisesse sem nem precisar abrir a boca e falar mentiras demais.

- Mas... Por que o senhor ainda não foi afetado? – disse um Snape curioso. – O efeito dura em média 3 dias...

- Por sorte, minha gripe continua muito bem e obrigado. Nariz entupido, para o meu bem. O efeito deve estar mais brando, então acho que não fará nenhum mal se Madame Pomfrey vir para lhe dar alta, não é?Talvez possa até dar aulas hoje à tarde. A Poção do Desejo, Severo é muito perigosa, acho que sabe. Então por favor, se observar que seus efeitos não o abrandaram, não duvide que é melhor ficar trancado em seu escritório alguns dias.

Falando isso, Dumbledore se despediu e saiu pela porta deixando um Snape quase rindo, coisa bem rara de se ver. Claro, que talvez tivesse algumas conseqüências, natural que sim. A pior coisa que poderia acontecer em sua opinião era o efeito da poção acabar antes de sair da enfermaria. E isso sim seria uma tragédia.

Fez menção de se levantar da cama e fugir o quanto antes daquela enfermaria, afinal, os braços já estavam inteiros e não havia motivo físico pra ficar deitado ali, mas foi interrompido pela chegada de Madame Pomfrey que trazia consigo uma bacia fumegante.

- Está melhor professor?Como vão os braços?A cabeça dói menos?

Snape teve a impressão de ver as bochechas daquela senhora ficarem rosadas e de ter visto um excesso de carmim na boca também..Piscou os olhos.Não era ilusão de ótica aquela mão enrugada acariciando sua face.Não era nenhum expert em medicina bruxa, mas teve certeza que ficar alisando a cara de um paciente não tinha nada relacionado .

E com certeza ela tentar abrir sua casaca não era nenhum tipo de tratamento revolucionário!Sem pensar duas vezes, Severo empurrou madame Pomfrey que parecia chocada com seu comportamento, mas ainda assim, deu uma piscadela e disse:

- Então é assim que gosta das coisas... Seu rústico! – disse soltando risadinhas histéricas.

Na mesma hora soube que não devia ficar mais nem um segundo ali, para o seu próprio bem.

- Petrificus Totalus!

Só teve tempo de escutar o baque da cabeça de Madame Pomfrey no chão e sair apressado da enfermaria.

- Colloportus!

Recostou a cabeça no batente respirando aliviado, mas definitivamente o efeito da poção não tinha se tornado mais brando. E com certeza, começou a pensar nos contras daquela poção.

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