Flashback
Havia sido há três anos quando Gina tinha subido no palco para a sua estréia no karaokê. Coincidentemente, fazia três anos que ela havia subido em um palco.
Uma grande turma de amigos havia ido ao pub mais perto para celebrar o aniversário de trinta anos de um dos rapazes. Gina estava extremamente cansada já que estivera trabalhando por horas extras nas últimas semanas. Ela realmente não se sentia no clima de sair para festejar. Tudo o que ela queria era ir para casa, tomar um banho longo e quente, vestir os pijamas menos sexy que tinha, comer muito chocolate e se aconchegar no sofá em frente à televisão com Draco.
Depois de andar num metrô lotado do trabalho para casa, Gina não queria nem um pouco passar por aquilo de novo num pub abafado. Ela queria seus pijamas.
Finalmente, chegou na estação de Sutton. No entanto, ela não teria sua noite quieta e calma em casa. Seu amado marido tinha outros planos. Ela chegou em casa extremamente cansada e chateada e encontrou uma multidão e música alta. Pessoas que ela nem mesmo conhecia estavam andando pela sua sala de estar com canecas de cerveja nas mãos e se jogando no sofá em que ela planejava passar as horas seguintes. Draco estava perto do aparelho de som, brincando de DJ e tirando sarro com os amigos.
“O que você tem?” Draco perguntou depois de vê-la subir para o quarto batendo os pés em cada degrau da escada.
“Draco, estou cansada, chateada, não estou no clima de sair e você nem mesmo me perguntou se podia convidar essas pessoas. E, a propósito, quem são eles?” ela gritou.
Draco se assustou um pouco.
“São amigos do Connor e, a propósito, essa é a minha casa, também!” ele gritou de volta.
Gina colocou as mãos na testa e começou a massagear a cabeça; ela estava com uma dor de cabeça incrível e a música a estava deixando louca.
“Draco,” ela disse baixinho, tentando ficar calma, “não estou dizendo que você não pode trazer gente aqui. Estaria tudo bem se tivesse planejado isso com antecedência e me avisado. Aí eu não iria me importar, mas hoje, logo hoje, quando estou tão cansada...” sua voz foi ficando mais fraca a cada palavra, “só queria descansar na minha própria casa.”
“Ah, todo dia é a mesma coisa com você,” ele acusou. “Você nunca quer fazer nada mesmo. Toda noite é a mesma coisa. Você vem pra casa num humor de cão e briga comigo por tudo!”
O queixo de Gina caiu.
“Com licença, estive dando duro!”
“E eu também, mas você não me vê arrancando a sua cabeça toda vez que as coisas não saem do meu jeito.”
“Draco, isso não tem nada a ver comigo tendo as coisas como quero, tem a ver com você convidar a rua inteira para nossa cas–”
“É sexta-feira,” ele falou, interrompendo-a. “É final de semana! Quando foi a última vez em que saímos juntos? Deixe o seu trabalho para trás e relaxe, para variar. Pare de se comportar como uma velha!” E ele saiu do quarto pisando duro e bateu a porta.
Depois de passar um longo tempo no quarto odiando Draco e sonhando com um divórcio, Gina conseguiu se acalmar e pensar de fato sobre o que ele havia dito. E ele estava certo. Ela tinha mesmo sido chata e rabugenta todo o mês e ela sabia disso.
Draco estava certo. Doía só de pensar. Ele estava sentindo sua falta. Falta de seus bons momentos juntos. Ela não havia saído com ele ou com os amigos havia semanas e caía no sono assim que encostava a cabeça no travesseiro todas as noites. Pensando bem, esse era provavelmente o maior problema de Draco, pode esquecer a chatice.
Mas essa noite seria diferente. Ela tinha a intenção de mostrar ao seu marido e seus amigos esquecidos que ela ainda era a Gina irresponsável e divertia que fazia todos beberem até cair e ainda conseguia andar na linha quando era parada pela polícia. Isso começou com ela pedindo desculpas a Draco e tomando alguns drinks caseiros (Deus sabe o que tinha neles), que mostraram sua mágica e a fizeram ir com todos para o pub da esquina, onde estava acontecendo um karaokê. Gina exigiu ser a primeira a cantar e encheu o saco do apresentador até conseguir o que queria. O pub estava absolutamente lotado e naquela noite e um grande grupo de amigos numa óbvia despedida de solteiro. Era como se alguém tivesse ido ao lugar algumas horas mais cedo e preparado a cena perfeita para o desastre. Não poderiam ter feito um trabalho melhor.
O DJ fez para o público uma grande apresentação para Gina depois de acreditar em suas mentiras de que era uma cantora profissional. Draco perdeu todo o poder de fala e visão de tanto gargalhar, mas ela estava decidida a mostrar a ele que ela ainda podia relaxar. Ele ainda não precisava preparar aquele divórcio. Gina escolheu cantar “Like a Virgin” e dedicou a música ao homem que iria se casar no dia seguinte. Assim que começou a cantar, ela nunca havia ouvido tantas vaias na vida e em um volume tão alto. Mas ela estava tão bêbada que não se importava e continuou a cantar para o seu marido, que parecia ser o único sem uma cara zangada.
Certa hora, quando as pessoas começaram a jogar coisas no palco e quando o apresentador do karaokê em pessoa encorajou o público a vaiar ainda mais alto, Gina entendeu que seu trabalho ali tinha sido feito. Quando ela entregou o microfone, houve um viva tão alto que as pessoas do pub ao lado entraram correndo para ver o que havia acontecido. Foram apenas mais pessoas para ver Gina tropeçar nos degraus do palco em seus saltos finos e cair de barriga no chão. Todos viram quando a barra de sua saia subiu para a altura de suas costas revelando a calcinha velha que já fora branca e agora estava cinza e que ela não se incomodara em trocar ao chegar em casa do trabalho.
Gina foi levada ao hospital para cuidar de seu nariz quebrado.
Draco perdera a voz por rir tanto e tão alto e Luna e Laura haviam ajudado bastante tirando fotos da cena do crime, que, por sinal, Luna escolheu para serem capa de seus convites de Natal, com o título ‘Vamos dar a louca!'
E, enquanto estava no quarto do hospital com um Draco mudo ao seu lado mas cheio de lágrimas de riso nos olhos, Gina jurou nunca cantar num karaokê de novo.
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