Capitulo 16 - Inferno
Capitulo 16 – Inferno.
Seis anos Atrás
Hermione estava com frio, mas algo a impedia de se levantar, sua cabeça estava dolorida, e ela não conseguia manter os olhos abertos por muito tempo. Sua boca estava amarga e ela sentia espasmos de enjôo.
Ao longe ela conseguia ouvir gritos, e aquilo a torturava, era quase certo de quem eram os gritos, ela quase podia sentir a dor que Luna em algum lugar ali perto sentia. Hermione deixou uma lágrima rolar por seu rosto, ela gostaria de poder chorar, mas ela sabia que era exatamente isso o que ele queria.
Um barulho de porta sendo aberta fez com que Hermione ficasse alerta.
Ela pode sentir um cheiro de sangue que invadiu o recinto e aquilo a enjoou mais ainda.
A porta ainda estava aberta e os gritos ficaram mais fortes.
Hermione tentou se reerguer, mas foi em vão. Ela ouviu os passos dele. Calmos e meticulosamente pensados.
Ela se sentiu estremecer ao ver que ele se aproximava dela. E um frio mordaz a envolveu quando ele a tocou.
Sua pele estava muito fria...
Sem saber como, Hermione conseguiu formular uma pergunta. Mas sua voz saiu fraca acometida pela fraqueza que já dominava totalmente seu corpo.
- por que está fazendo isso, Bryan?
Bryan riu do esforço da noiva em tentar dizer algo, e sentou ao lado dela, na enorme cama do quarto deles.
- você não sabe minha Rainha? – ele tinha um brilho misto de desejo e loucura nos olhos negros. – tem certeza?
Bryan se levantou e abriu as pesadas cortinas que deixavam o quarto escuro, a claridade ferindo os olhos de Hermione, que piscou com força.
- está muito escuro aqui, Rainha...
Hermione tentou outra vez se levantar, mas a dor que sentia aumentou e Bryan a olhou pesaroso.
- quantas vezes eu já lhe disse, para não se movimentar... – Bryan voltou a se aproximar de Hermione e enlaçou seu corpo a abraçando com possessividade antes de beijá-la com paixão. O brilho dos olhos negros dele se tornando quase azul...
Mas logo ele a soltou na cama.
- nada de movimentos bruscos, minha dama, ou não garanto que eu consiga trazer o antídoto para o veneno que está em seu sangue a tempo, você sabe não é? Quanto mais se mexer mais ficará difícil para eu lhe manter viva com minhas poções...
Hermione sentiu a raiva arder em seu sangue já envenenado.
- se você realmente me quisesse viva já teria me dado o antídoto certo, Bryan, eu... – Hermione sentiu que não suportaria continuar olhando para o homem que ela amava e lhe feria tanto e começou a chorar... - por que você esta fazendo isso comigo, eu morreria por você, eu... Te amo...
Hermione balbuciou em meio ao choro sofrido...
Bryan sorriu.
- eu sei que você me ama, meu amor... – ele a beijou novamente, Hermione lutou com todas as suas poucas forças contra o beijo dele, mas algo dentro dela ainda se aquecia apenas de senti-lo. – não se esqueça que tudo o que estou fazendo é por nós dois, para podermos ficar juntos...
Bryan se afastou e voltou sua atenção para a arca que estava no chão. Ele fora ali, para pegar algo...
Hermione ouviu outro grito e depois um barulho fraco de choro.
Um terror dominou Hermione. O filho de Luna acabara de nascer em algum lugar daquela mansão. E Bryan pareceu ficar radiante.
- já não era a hora, pensei que aquela lunática ainda ia me fazer perder muito tempo...
Hermione sem saber de onde tirou forças para se levantar e se colocar na frente de seu noivo, o abraçando...
- por favor Bryan, eu sei que você está aí dentro, lute contra este maldito feitiço, você é mais forte que Voldemort...
Um brilho assassino passou pelos olhos de Bryan e ele segurou fortemente Hermione fazendo com que a pele dela se rompesse aonde ele tocava, causando grandes ferimentos antes de jogá-la na parede, onde ela caiu sem forças para fazer mais nada.
Ele se aproximou dela.
- quando você vai entender, Bryan Dumbledore morreu há vinte anos, eu sou Lord Voldemort...
Dizendo isso Voldemort a beijou com devassidão, antes de deixá-la jogada e ir matar pessoalmente Luna e seu marido Neville.
Hermione ouviu de seu lugar no chão frio, os gritos de pavor dos amigos antes de cair na escuridão da inconsciência.
Uma semana antes
Hermione estava acordada e tremia apesar de não estar realmente frio, o frio estava dentro dela. Seus olhos estavam vermelhos devido ao choro. Ela ainda não podia acreditar no que Bellatrix lhe falara. Ela olhou para o relógio do escritório e viu que ainda eram duas horas da madrugada. Bella acabara de partir para avisar Draco e Remus do perigo, mas Hermione ficara para tentar tirar Luna e Neville dali.
Ela estremeceu ao se recordar que Bryan fizera questão de oferecer a casa para que Luna ficasse até ter o bebê, que deveria nascer a qualquer momento.
Se tudo que Bellatrix falou for verdade Hermione começava a temer pelos motivos que Bryan desejasse estar perto desta criança.
Hermione começou a se movimentar em busca de opções. Bryan estava em missão com Harry e Rony, mas provavelmente não deveria demorar, ela tinha pouco tempo se fosse fazer algo...
- não pode ser verdade... – Hermione se abraçou. - ele não pode ser...
Mas um barulho de aparatação acabou por atrair a atenção dela.
Hermione reconheceu os passos fortes de Bryan e tremeu de medo, havia outras pessoas com ele e ela sentiu vontade de chorar.
Segurou fortemente sua varinha enquanto se escondia. Não devia ter demorado tanto tempo para se decidir...
Hermione se esgueirou pela mansão sem fazer barulho ou acender nenhuma luz, temia atrair olhares.
Ela caminhou na direção do quarto dos amigos, rezando para que Draco conseguisse lhe trazer ajuda. Hermione sabia que poderia defender-se, mas Luna, no estado em que estava, e Neville ela não tinha tanta certeza.
Abriu a porta do quarto dos amigos e acordou primeiro Neville que quase soltou um grito ao ser acordado por ela, mas Hermione conseguiu tapar-lhe a boca antes.
Ao ver que era Hermione, Neville se controlou. Hermione fez um movimento para que Neville não fizesse nenhum barulho, e ele entendeu. A palidez mortal da amiga lhe assustava. Hermione despertou Luna que a olhou assustada mas ficou em silêncio.
O casal de amigos seguiu Hermione sem entender exatamente o que estava acontecendo, por longos corredores escuros, até sair para a floresta.
Hermione e o casal de amigos corriam o mais máximo possível, mas era quase impossível para Luna acompanhar o marido e Hermione, o peso da gravidez a impedia de correr por mais que se esforçasse. Quando ambos já estavam no meio da floresta, Luna, parou esgotada e enquanto a esposa tentava recuperar o fôlego Neville fez a pergunta que os dois tinham em mente.
- o que está acontecendo Hermione?
Hermione olhou para os amigos e sentindo um bolo na garganta sabia que se falasse recomeçaria a chorar e ambos captaram a informação.
Luna e Neville ficaram parados em silêncio tentando recuperar o fôlego enquanto Hermione olhava em volta sempre atenta até conseguir reunir coragem para falar.
- Bellatrix Black foi lá em casa esta noite à pouco mais de meia hora atrás. – os dois amigos nada falaram ao ver o quanto Hermione se esforçava para falar – e me contou que Bryan... – Hermione não conseguiu falar o nome do noivo sem chorar... – que Bryan, não passa de mais uma arma de Voldemort, ela apenas me mandou sair da casa, e foi avisar Draco, eu fiquei para buscar vocês dois...
Hermione sentia cada palavra que dizia como uma estaca em seu coração. E Luna a abraçou tentando consolá-la.
- Mione, tudo não deve passar de algum engano, nós conhecemos Bryan, ele jamais poderia ter nos enganado deste modo...
Luna falava, mas sua voz era fraca e nem mesmo ela sabia ao certo se seria capaz de acreditar no que dizia, seu coração doía, diante do que a amiga sentia e lhe dissera, e até mesmo Neville também parecia pensar o mesmo que Luna...
Será mesmo que eles conheciam Bryan?
Ele entrara na vida deles há sete meses, mas algo dentro de Neville parecia incapaz de acreditar que Bryan fosse um traidor.
- Hermione, tudo tem que ter uma explicação, o que Bellatrix lhe falou?
Hermione olhou esperançosa para Neville e tentou rememorar as palavras de Bellatrix em busca de alguma falha...
- ela me disse... – Hermione suspirou. – ela surgiu do nada lá em casa estava muito fraca, disse que havia tido muito trabalho para passar pelas proteções... – Hermione sentiu uma dor estranha. – ela me disse, que Bryan era uma arma de Voldemort, que eu deveria me proteger, não deixá-lo se aproximar de mim, aí depois ela pareceu quase desmaiar e disse que precisava sair dali e falou que iria me esperar na casa de Draco e aparatou...
Luna estremeceu de frio, se lembrando das palavras de Rony em conversa meses atrás e achou que iria desmaiar...
- vamos embora logo daqui, e depois pensamos nisso, vamos aparatar...
Hermione a olhou assustada. Luna nunca demonstrara tanto medo.
- não podemos aparatar dentro dos limites desta floresta, por isso que resolvemos vir para cá se lembra amor... – Neville disse com raiva. - aqui era o lugar mas seguro para você ter o bebê e Hermione ficar agora que está noiva de um dos grandes desafetos de Voldemort, nós caímos em uma armadilha...
Hermione começou a andar puxando Luna.
- vamos embora, assim que chegarmos ao limite da floresta poderei criar uma chave de portal para nos tirar daqui.
Mas antes que pudesse dar mais um passo Hermione caiu no chão, se debatendo, como se estivesse sendo torturada...
O que era verdade, já que Bryan surgiu na frente deles, os olhos azuis ficando negros, e apontando a varinha para sua noiva.
- estava pensando em me abandonar minha Rainha?
Neville olhava para Hermione enquanto se colocava protetoramente na frente de Luna que tremia muito e segundos depois caía desmaiada.
Hermione olhou para Neville e no meio da tortura ainda conseguiu gritar.
- tire ela daqui, Neville...
Neville segurou Luna no colo e começou a correr o máximo que podia, se lamentando por não poder fazer mais nada por Hermione.
Bryan apenas o olhou se afastar com um sorriso malévolo no belo rosto.
- quanto mais ele correr, minha Rainha mais desejo eu vou ter de pegá-lo.
Hermione ainda foi torturada por longos minutos antes de cair desmaiada.
Bryan segurou Hermione no colo e se virou para as duas figuras atrás dele.
- Fenrir, Sarah. A caça é de vocês, eu só faço questão da bruxa viva... – em segundo ambos se transformaram e seguiram na caça do casal Longbottom.
Hermione acordou tremendo e se viu em seu quarto na mansão Monroe. Olhou assustada para todos os lados e por um segundo chegou a imaginar que tudo não passara de um pesadelo, mas a dor insistente em seu corpo, não deixava margem para sua imaginação.
Ela tentou se levantar mas não conseguiu, uma dor muito forte passou por seu corpo, e em um espasmo de dor, Hermione com muito esforço conseguiu se virar para vomitar fora da cama...
Ao que pareceu para ela, vomitou durante muito tempo, muito mais do que julgava ser capaz, até mesmo um pouco de sangue saiu misturado com um líquido verde musgo.
O cheiro forte a fazia ter mais espasmos e ela achou que acabaria por vomitar todo o sangue que havia em seu corpo.
Quando por fim nada mais tinha que jogar para fora de seu corpo ela parou de tremer compulsivamente, percebendo que seu corpo estava de alguma forma incapaz de lhe obedecer, e se deixou ficar jogada na cama.
Sua mente fervilhando. Era óbvio que Bellatrix estava correta sobre Bryan, mas Hermione não pôde deixar de notar algo nele, enquanto ele a torturava...
Os olhos azuis dele, estavam negros...
Hermione estava certa que Voldemort conseguira de alguma forma dominar Bryan, ela só não conseguia descobrir quando...
Será que fora nesta última missão que ele fizera com Harry e Rony? Já que ele se infiltrara para cercar o circulo de Fenrir Greyback?
Sua cabeça doía e ela voltou a cair na exaustão e dormir um sono inquieto.
Hermione acordou com a luz do sol lhe cegando e sentiu o cheiro de sangue e rosas muito forte. Seu corpo ainda não lhe respondia e não sabia quanto tempo se passara, apenas se recordava de acordar cerca de cinco vezes, algumas vezes era claro outras não, sempre sendo acometida de espasmos de dor e vomitando, muito sangue.
Sempre que acordava tinha impressão que estava sendo vigiada e sempre o quarto estava limpo. Jurava para si mesma que algumas vezes chegara a ouvir a voz de Luna e Neville mas isso apenas a entristecia.
Tentara realizar alguns feitiços sem a varinha, mas ao que parecia uma redoma neutralizante de poderes fora colocada neste quarto.
Foi somente naquele momento que ela percebeu um barulho mínimo de um leve ressonar...
O ressonar dele.
Se esforçando ao máximo para virar a cabeça viu que Bryan dormia a seu lado na imensa cama deles.
O rosto virado para ela, tão belo e calmo...
Hermione sentiu as lágrimas arderem em seus olhos...
Ele parecia o seu Bryan, e Hermione pensou por um segundo que gostaria de paralisar o tempo e mantê-lo ali, dormindo ao lado dela, sendo o seu Bryan.
Mas todo o encanto se quebrou quando ele abriu os olhos e aos poucos o azul dos olhos dele se tornaram negros, e ali naqueles olhos ela viu seu medo espelhado.
Hermione tentou afastar-se quando ele a tocou e tentou fugir mas seu corpo não lhe respondia. Enquanto ele lhe beijava, Hermione tremia, mas não era como outrora de prazer, era do mais puro terror...
E talvez tenha sido isso que a salvou, pois ele se afastou dela, como que ferido pelo descaso dela, e lhe olhou com raiva enquanto se levantava.
Ficou olhando para ela em silêncio por um longo tempo até falar.
- eu vou fazer você voltar a me desejar, minha Rainha, nem que para isso tenha que matar a todos que se colocam entre nós dois.
Hermione viu que ele se preparava para sair do quarto e rompeu seu silêncio.
- o que está acontecendo, Bryan...
Ele se voltou para ela furioso, seu rosto marcado violentamente como uma máscara de fúria.
- escute-me bem meu amor... – Ele falou seus olhos brilhando perigosamente avermelhados. – nunca mais me chame por este nome, meu nome para você meu amor... – Ele a beijou “carinhosamente” - é Tom...
E dizendo isso saiu do quarto, mas não antes de falar algo que fez Hermione compreender sua fraqueza.
- e evite se mexer, ou o veneno que corre em suas veias, fará efeito mais depressa e talvez eu não volte a tempo de lhe dar sua dose diária do antídoto temporário...
A porta se fechou e Hermione novamente sentiu espasmos e vomitou...
Doendo muito mais por dentro do que por fora...
Ela antes de desmaiar começou a ouvir gritos que ela sabia serem de Neville...
Hermione chorou...
Ela ainda conseguia ouvir a música deles em todos os lugares daquela casa, ou seria apenas no coração dela?
Oh, and now I face the years.
E agora encaro os anos
The way you loved me
Do jeito que me amou
Tempo Atual
Harry deitou o corpo de Hermione dentro do circulo mágico que Draco desenhara, no chão de mármore de seu laboratório.
Ele trocou um olhar nervoso com Blaise, que segurava algumas velas, que ia passando para o marido que as acendia entoando uma cantiga...
- Guardiões do tempo, antigos imortais, selem este circulo, empeçam que o mal que se aloja dentro dele saia...
Harry saiu do circulo seguindo as ordens de Draco, Hermione se debatia em seu inferno particular, enquanto Draco acabava de fechar o circulo com as velas.
Blaise se afastou e deixou tanto Draco quanto Harry cada um deles sentado em um lado do circulo.
Ambos haviam tirado suas camisas e ela mergulhou seu dedo na mistura de sangue e ervas, seus próprios sangues e de Hermione e desenhou em ambas as costas símbolos de proteção.
Enquanto ela desenhava seus lábios murmuravam antigas palavras de proteção, em uma língua, mais antigas que eles...
E a cada murmúrio os desenhos brilhavam e sumiam na pele deles, sendo absorvidos.
Após terminar o ritual de proteção, Blaise caminhou até um outro circulo de proteção desenhado no outro lado da sala e pegou uma Harpa e começou a realizar sua parte no ritual.
Draco e Harry guiados pelo som da Harpa, entraram em transe e começaram o ritual.
As vozes unidas e entoando em conjunto as palavras de poder.
- Senhores da Magia... Guardiões do tempo...
Permitam-me guiar-me através das brumas seculares e deixar minha mente adentrar ao inferno que está preso aqui...
Deixe que eu possa domar este mal e exilar esta maldição...
Livre esta alma do peso que está lhe oprimindo o coração...
Permita - me que eu caminhe no inferno...
As vozes de Draco e Harry se calaram. E seus corpos penderam inconscientes, no chão.
Blaise parou de tocar a Harpa e marcou no relógio o tempo.
Ainda dentro do circulo Blaise, se deixou rezar pela primeira vez em anos, uma antiga reza que aprendera com Narcissa...
Pedindo com todo o seu coração que não somente Draco e Harry conseguissem retornar do inferno como também que trouxessem Hermione de volta.
Fim do capitulo Dezesseis.
Vivian Drecco® - A Antítese do Amor. – 2007.
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!