Uma Viagem Diferente



Capítulo Quatro – Uma Viagem Diferente.


 


           
-
O que você está fazendo aqui? – Harry estava
completamente aturdido. Esse, realmente, não era o dia que ele esperava que
fosse.


Primeiramente,
seus tios deixam-no sozinho em casa com seu primo. Sendo que esse era um de seus
maiores medos. Ele lembrava-se de todas as vezes que os seus tios saíram. Ele
sempre ia junto, mesmo que ele fosse um estorvo muito grande para Vernon e Petúnia.
Harry lembrava-se bem demais do episódio do Zoológico. Afinal, como poderia
esquecer-se, foi a primeira vez que usou seu dom de Ofidioglota que daria tantos
problemas em sua vida. Lembrava-se também de todas as vezes que fora deixado
com a Sra. Figg - o aborto (bruxo sem poderes) que era sua vizinha. Não que
achasse ela ruim, o problema eram realmente seus bolos encruados.


Logo
após, seu primo tenta suicídio. Uma coisa que Harry jamais pensou que pudesse
passar por aquela cabeça suína. Afinal, Dudley sempre deu diversas razões
para ser menosprezado. Era extremamente dependente dos pais e extremamente
idiota. E muito egoísta também. Quando Harry pensaria que seu primo tão egocêntrico
quisesse por um fim na sua vida medíocre, mas tão importante para ele?


Como
se já não bastassem esses dois fatores, por si sós e isoladamente esdrúxulos,
ainda vinha esse indivíduo buscá-lo.


Ele
esperava sinceramente ser resgatado pelos Weasley, ou pelos Granger (certo,
Harry nunca os havia conhecido realmente então ele não esperava isso tanto
assim), ou pelo Esquadrão que viera buscá-lo ano passado. Aliás, ele podia
esperar até Dumbledore ou McGonagall ou até mesmo Mundungo Fletcher (isso é,
se ele encontra-se o caminho de Little Whinghing). Mas realmente, esse era a
pessoa que ele menos esperava ver em um bairro trouxa vindo buscá-lo.


Mas
ali estava ele, com seu habitual olhar de desprezo odioso (gravemente aumentado
pelo episódio do ano letivo anterior) e seus cabelos sebosos que Harry duvidava
seriamente se já teriam sido lavados desde que ele o conhecera. Severus Snape.


-
Sabe Potter, apesar de não estarmos em Hogwarts e eu não poder exercer meu ofício
de mestre aqui, eu ainda exijo um mínimo de respeito. Assim sendo, peço
encarecidamente
que continue a me chamar de senhor, entendido?


-
Sim... Senhor. - disse Harry. Com isso, Snape resolveu adentrar a casa
dos Dursley, deixando Harry ver quem aguardava atrás dele com um sorriso
extremamente sarcástico.


Com
isso o estômago de Harry afundou completamente. Certo, Snape estava lá. Não
está muito bem. Mas afinal, ele é um membro da Ordem e Dumbledore confiava
nele (apesar de Harry não entender realmente o por quê). Agora, aquela doninha
saltitante já era demais para ele. Como o seboso do Snape se atrevia a levar
Draco Malfoy para sua casa?


Apesar
de estar com muita raiva, Harry percebeu que Malfoy estava diferente. Seu olhos
brilhavam como chamas. Provavelmente porque Harry mandara seu pai para Azkaban há
pouco mais de uma mês. Então a raiva de Malfoy aumentara um por ele, não que
isso fizesse realmente uma grande diferença. Afinal, Malfoy não era nada sem
seus dois Guarda-Roupas.


- E
o que ele está fazendo aqui, Senhor? - disse Harry quase
explodindo de raiva. Snape simplesmente virou-se para trás e respondeu.


-
Potter, já que você é tão enxerido, por que não descobre por si mesmo?
Agora, aonde estão suas coisas?


Harry
estava para matar alguém. De repente o vaso da sala explodiu. Dudley gritou.
Mas Harry não se importou. Será que Snape continuaria remoendo aquilo pelo
resto da vida? Será que Snape não percebia que por causa da sua raiva, Sirius
havia morrido? Provavelmente ele até estava achando isso bom... A porta do armário
debaixo da escada explodiu também fazendo com que Dudley subisse o mais rápido
possível para seu quarto. Depois disso, Harry tentou se controlar e apontou
para o lugar onde estava seu malão, sua gaiola e pegou sua Firebolt.


-
Bem Potter - disse Snape da forma mais desprezível que conseguiu - Seria melhor
que você se controlasse. Afinal, se você continuar a se descontrolar assim não
será um bom bruxo. Não que eu ache que você tenha realmente potencial para
isso.


Assim
que saíram da casa onde Harry passava suas férias, ele percebeu que não havia
nenhum veículo do lado de fora, e si a bagagem de Malfoy.


-
Se me permite perguntar, Senhor - disse Harry - Como vamos para Ottery
St. Catchpole?


- Não
está óbvio? - disse Snape - Vocês - e apontou para Harry e Draco - pegarão o
trem trouxa para lá. Na estação haverá alguém esperando por vocês para levá-lo
à casa dos Weasley.


- O
quê? - perguntou Malfoy, que até o presente momento não havia se pronunciado
- Eu vou ter que passar o resto das minhas férias naquela joça? Naquela casa
de pobretões?


-
Malfoy, sei que isso não te apetece, mas são ordens de Dumbledore. - Disse
Snape. E no mesmo momento fez um sinal para um táxi que passava.


Harry
acabara de notar que, talvez essas férias não seriam tão boas quanto de
costume.


 


**********


 


-
Eu realmente não consigo acreditar nisso! - Bradava Ron Weasley na sala d'A
Toca. - Como assim Malfoy vai passar o resto das férias AQUI?????


-
Ronniekins, eu sei que isso não te agrada, mas você tem que entender que ele não
tem lugar para ficar, afinal o pai dele está em Azkaban e a casa dele está
sendo revistada pelo Ministério e...


-
EU NÃO ME IMPORTO SE ELE VAI MORAR EM BAIXO DA PONTE PELO RESTO DA VIDA DELE! -
gritava Ron - EU SÓ NÃO QUERO ESSE IDIOTA DEBAIXO DO MEMSO TETO QUE EU! ELE É
UM COMENSAL EM POTENCIAL E...


-
Ron - disse o Sr. Weasley - isso também não me agrada muito, mas são ordens
de Dumbledore. Afinal, o garoto ajudou. Ele disse aonde estavam os artefatos de
seu pai. Por isso as reuniões da Ordem serão todas em Grimmauld Place.


-
ARGH! - Gritou Ron pela última vez e subiu para seu quarto batendo a porta.


Como
pode! Um Malfoy na casa dos Weasley! Isso é um enorme absurdo! Ron tentava se
acalmar enquanto olhava ao redor. Agora estava no quarto que fora de Percy,
afinal, esse era maior e ele teria de dividi-lo com Harry e com o Malfoy. "Malfoy!
Como Dumbledore faz uma coisa dessas! Eu nunca vou conseguir dormir no mesmo
quarto que aquela doninha saltitante!"
pensava Ron com ódio.


Então
ouviu batidas na porta. Mione e Ginny entraram.


-
Está mais calmo, mano? - perguntou Ginny.


-
Na realidade não. - disse Ron, mas ele já não estava mais gritando - Como
posso me conformar com isso? Malfoy dormindo no mesmo quarto que eu e
Harry!


-
Bem, Ron, você sabe. - Disse Mione - Ordens são ordens. - E diante do olhar
perplexo de Ron ela disse - Mas ninguém falou que devemos fazer a estadia dele
aqui boa... - agora Ginny olhava perplexa a ela - Que foi? Ah, tá! Vão dizer
que vocês pretendiam deixar o Malfoy numa boa? Agora vamos. Termos de ir buscá-los
na estação.


-
Como assim buscá-los? - perguntou Ron.


-
Oh, você não sabe? - disse Ginny - Malfoy e Harry estão vindo pra cá
juntos...


 


***********


 


"Isso
não está acontecendo."
Era o pensamento que passava pela mente dos dois ocupantes daquele vagão.
Como isso poderia acontecer? Dois arqui-inimigos dentro do mesmo vagão indo
para a casa do melhor amigo de um e do desafeto do outro? Harry não agüentava
mais. Ficar olhando para aquele rosto fino e pálido. Parecia que ele não
estava se importando com nada! Ficava simplesmente olhando pela janela. Para
quebrar um pouco daquele silêncio, Harry resolveu perguntar algo.


-
Por que você está indo para A Toca, Malfoy? - Draco, sem tirar a atenção da
janela respondeu simplesmente.


- Não
é do seu interesse, Cicatriz.


-
Sabe, se vamos ter que passar um mês e duas semanas debaixo do mesmo teto, eu
acho melhor que nos tratemos como duas pessoas normais. - Harry disse mal
acreditando que ele realmente estava falando isso - Não que eu realmente faça
questão de ser seu "amigo", mas acho que a Sra. Weasley não
vai agüentar, além de Ron, eu também brigando com você. Então, vou
perguntar mais uma vez. Por que você está indo para A Toca, Malfoy?


Finalmente
Draco parara de olhar pela janela e fixava seu olhar no de Harry. "Eu
preferia ele olhando pela janela"
. Malfoy o estava avaliando. Pensando
se deveria mesmo conversar com ele. Parece que resolveu sair do tédio em que
estavam há mais de uma hora (sim, Ottery St. Catchpole ficava bem longe de
Surrey).


-
Sabe Potter, depois do episódio do Departamento de Mistérios, - seus olhos
ficaram mais enevoados aí - meu pai foi mandado para Azkaban. Então o Ministério
resolveu procurar os artefatos do mal presentes na Mansão Malfoy. Minha mãe,
Narcisa, não queria dizer onde estavam de foram alguma. Então ela foi presa
junto com meu pai.


"Ela
não tinha a Marca Negra, afinal, não era uma Comensal. Mas foi acusada de ser
comparsa do meu pai. Provavelmente eu seria mandado para o Ministério para ser
julgado e ficar em observação. Eu sei que o Lord vai libertar meus pais, mas
eu não queria esperar. Eu simplesmente não quero ser um servo idiota de
Voldemort. E também não quero ser um servo de Dumbledore, seu protetor. Então,
eu disse ao Ministério aonde estavam os artefatos do meu pai."


Harry
ficou absolutamente estupefato com essa declaração de Malfoy. Ele nunca
poderia esperar isso dele. Na realidade, ele nem sabia que Malfoy falava o nome
de Voldemort. Nem os Comensais o falavam. Realmente, Malfoy era orgulhoso.


-
Mas eu ainda não entendi. - disse Harry quando percebeu que Malfoy virara seu
olhar de volta para a janela. - Por que A Toca?


-
Bem Potter, depois que eu falei aquilo para o Ministério, eles isolaram
magicamente a minha casa e me expulsaram de lá. Ou eu ficava largado por aí,
ou confiava em Dumbledore. Preferi confiar no velho. Sabe, quando meus pais saírem
de lá eles não vão ficar nem um pouco felizes com a minha decisão. Voldemort
também não. Então, é melhor, ao menos por enquanto, eu ficar do lado dos
bruxos bonzinhos.


Depois
disso, ninguém falou nenhuma palavra até chegarem na estação.



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