Revolução das Almofadas



Capítulo 18: Revolução das almofadas


-- Hermione!- a voz dele ecoava pelas paredes, um vulto corria sempre a sua frente – HERMIONE!
A menina diminuiu a velocidade, enquanto ele fazia o mesmo.
Ele viu o rosto dela virar-se, olhando-o por entre os ombros.
Aqueles olhos que por muitas vezes fizeram-no esquecer-se da vida para apenas contemplá-los, estavam completamente diferentes. Não havia brilho neles.
-- Só... Só me deixe um pouco, OK? – ela tentava parecer séria como normalmente era, porém ele não pôde deixar de notar aquele sentimento de frustração não-digno de Hermione.
-- Por Merlim, Mione!! – ele exclamou, correndo mais rápido que ela – Você quer pelo menos uma vez na vida me escutar??
No momento em que Hermione percebeu que ele corria mais rápido, recobrou suas forças e tentou, em vão, ser mais rápida que ele, como se competissem.
-- E você quer, pelo menos uma vez na vida, me deixar em PAZ?? – ela berrou.
O grito dela fez Rony cambalear para o lado, uma dor aguda em seus tímpanos. Mas isso não o faria desistir. Não mesmo.
Rony estava disposto a continuar, mesmo percebendo uma nova discussão prestes a acontecer.
-- Por acaso você percebeu que já passa das nove da noite? O que você quer? Que Filch encontre dois MONITORES fora do salão comunal em um dia que não é a ronda deles?
Quando a última palavra saiu da boca de Rony, ele soube que fizera um bom trabalho.
Ao ouvir as palavras “ Filch” e “monitores”, Hermione ficou alarmada.
O corpo dela parou instantaneamente de correr; um turbilhão de sentimentos em seu peito.
Ela tentava de todos os jeitos falar tudo aquilo que queria, mas nada parecia ser o suficiente.
Sua mente ficou em branco.
Uma respiração quente na curva de seu pescoço. O toque gentil de algo rodeando seu braço... A imagem de Rony a sua frente.
-- E, por acaso – ele começou, ao vê-la tentar falar – não, eu não quero deixar você em paz, nem uma única vez na vida.
Antes que ela pudesse realmente absorver o que ele havia dito, suas mãos já estavam espalmadas no peito dele.
Com os braços circulando o corpo frágil de Hermione naquele momento, ele a beijou.

Quando ambos entraram no salão comunal, suas respirações estavam ofegantes e, embora tivessem parado de praticar certos exercícios há algum tempo, recobrar a respiração parecia ser impossível.
Rony abriu espaço para que Hermione passasse, percebendo que ela fazia o possível para não encostar nele.
-- Qual é o problema agora?- ele perguntou, cansado.
A garota virou-se e olhou-o confusa.
-- Não tem problema nenhum, Rony- ela disse, as sobrancelhas se levantando – Só estou indo dormir, o que eu, sinceramente, acho que é o que você deveria fazer também.
Hermione encaminhou-se para as escadas dos dormitórios femininos, e Rony entrou em pânico ao perceber que ela não voltaria.
-- Será que dá para você esperar um pouco? – ele perguntou, após correr até ela e segurá-la pelo braço, até que ela estivesse de frente para ele.
-- Esperar o que?- ela falou, sem encará-lo nos olhos- Não é como se a gente tivesse mais alguma coisa para fazer.
Ele não deixou de segurar o braço dela, com medo de que ela fugisse em um piscar de olhos.
-- Bem, eu pelo menos acho que temos mais o que fazer- ele constatou, sorrindo gentilmente para ela.
Ela rapidamente olhou-o nos olhos, puxando com força seu braço do aperto das mãos dele, com a respiração ofegante mais uma vez.
-- Eu não acredito- ela falou, os olhos marejados- Como você pode ser tão estúpido, Rony?
O garoto parou de sorrir, visivelmente confuso. O que ele tinha feito dessa vez?
-- Eu não sei do que você está falando, Hermione- ele disse, rapidamente- Eu não falei nada demais!
Ela fechou os olhos enquanto dava alguns passos para trás, até que estivesse a uma distância considerável dele.
-- Você sinceramente espera que eu fique aqui mais um pouco? Que eu deixe você me pegar até você estar cansado o bastante para ir dormir e deixar de fazer isso pelo dia? Bem, meu caro, você esperou errado, muito errado.
Ela virou-se rapidamente e quase correu até as escadas as quais a levariam para seu dormitório.
-- Mione, o que raios você entendeu? Eu não quero pegar você! De que merda você ta falando?- Rony falou, um pouco mais alto, enquanto corria até ela e a virava bruscamente de frente para ele.
-- Eu não sou idiota, Ronald- ela disse, lentamente- Solte-me agora!
-- Eu vou te soltar, Mione, mas eu só queria falar que...
-- Solte-me e PARE DE ME CHAMAR DE MIONE!- ela gritou.
Não dando ouvidos a ela, ele passou a segurá-la pelos dois braços e continuou, visivelmente desesperado.
-- Mi, eu não sei o que você entendeu, mas eu só queria pedir para você ficar mais um tempo aqui no salão comunal porque...
PUL! Foi o som do chute que Hermione deu no baixo ventre de Rony.
--Porque..- ele continuou, o rosto branco, as mãos, antes nos braços de Hermione, agora na região atingida- ... eu queria que a gente conversasse.
A face de Hermione tornou-se rapidamente pálida quando ela ouviu o que Rony realmente queria fazer, mas não foi capaz de segurar o garoto quando ele caiu no chão.
-- Desculpe-me, Rony, me desculpe pelo amor de Merlim!- ela exclamou, enquanto o ajudava a sentar-se em um sofá próximo.
-- Tá tudo bem, Mi- ele disse, os olhos ainda fechados por causa da dor- Mas eu preciso te dizer... Além de ser ótima em dar socos, você faz realmente faz um ótimo trabalho em chutar os outros em regiões bem sensíveis.
-- Ah, Rony, não fale assim- ela disse, a voz fina como nunca, enquanto algumas lágrimas saltavam dos olhos dela sem que ela pudesse controlá-las- Desculpe-me, eu pensei que...
Ele colocou os dedos sobre os lábios de Hermione, silenciando-a, enquanto ele abria os olhos.
-- Eu sei o que você pensou – ele disse, a voz rouca- E não tem o menor problema, agora que você entendeu finalmente o que eu queria de você- ele sorriu.
Ela, sem controlar-se, segurou a mão de Rony que estava sobre sua boca e sorriu.
-- Então você queria apenas... conversar?- ela perguntou, mais calma.
-- É claro, Hermione – ele disse, enquanto acomodava-se melhor no sofá para que ela se sentasse ao lado dele- Eu sei que eu sou um idiota, mas não ao ponto de você poder pensar uma coisa dessas de mim. Eu nunca faria algo assim.
-- Eu não sei o que deu em mim- ela disse, olhando para baixo- Eu sei que você pode ser um leguminoso insensível, mas sei que não faria uma coisa dessas.
-- Eu nunca faria uma coisa dessas, principalmente porque é...você- ela a corrigiu, sorrindo largamente.
-- Eu sei- ela se viu concordando.
--Então por que raios você me chutou?- ele exclamou, sem deixar de rir.
-- Foi a única coisa em que eu pensei em fazer pra você se afastar... Ainda está doendo?
Ela mordeu o lábio inferior diante da afirmativa dele.
Em seguida, ela tirou a varinha de seu bolso e falou um feitiço desconhecido aos ouvidos de Rony.
-- Nossa!- ele exclamou, olhando a área atingida- A dor...diminuiu muito! O que você fez?- ele perguntou, olhando para ela.
-- É só um feitiço que eu aprendi esses dias... Ele faz a pessoa prestar menos atenção na dor, e aí...
-- Ela pensa que a dor diminuiu- Rony completou, olhando admirado para Hermione- Ainda bem que você é uma sabe-tudo!
Levando em conta que ela acabara de chutá-lo nas partes baixas sem motivo algum, Hermione deixou aquela passar.
Ela não estava mais se sentindo como ela naquele dia... Ela, naquele momento, nem ao menos estava se importando com quantas pessoas tinham visto os dois se beijarem, e nem ao menos se importava com o fato de Rony ter escolhido justamente aquele momento para beijá-la.
Ela tinha noção de que, ao menos naquela noite, ela não era Hermione Granger, amiga de Ronald Weasley. Naquela noite, ela era apenas a garota de Rony.
Ela sorriu com esse pensamento.
-- O que tem de tão engraçado agora?- ele perguntou- Não é nada engraçado levar um chute aqui, sabe?- ele apontou para o baixo ventre.
Rony achou estranho que Hermione nem ao menos ficou vermelha ao olhar o local para onde ele apontava. De fato, foi ele quem ficou vermelho.
-- Eu...- ela disse, pegando a mão dele mais uma vez e aproximando-se , de modo que ele a abraçasse- Eu posso ficar aqui o tempo que você quiser para a gente conversar.
-- Acho que a gente pode deixar a conversa pra outro dia- ele disse, um pouco vermelho- Você ficar aqui não me deixar pensar direito...
Hermione o beijou devagar, e agradeceu por naquela noite, ela ser apenas ela.
Depois de alguns minutos, ambos adormeceram, sendo apenas acordados por um estranho e rápido movimento das almofadas do sofá em que estavam. Com um baque, ambos caíram no chão.
Zonzo, Rony acordou, ouvindo um grito de Hermione “ Ronald Weasley! Por sua culpa, alguém nos viu aqui!” e percebendo que a culpa, na realidade, era da revolução das almofadas, e não dele.
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N/A: Eu voltei, e agora de verdade =]
Espero que gostem!! Beijinhos Giovana Castro

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