Parceiros
Capítulo Dois
Parceiros
Pouco passava das nove horas da manhã quando Hermione chegou a Londres, incrédula, incapaz de acreditar que, cinco anos depois, estava de volta ao passado.
Passara aqueles malditos dias tentando esquecer o dia do casamento, a noite de núpcias, a recíproca felicidade, e agora teria até o privilégio de ver ao vivo e a cores as alianças brilharem em cada dedo. Como o destino podia julgar uma coisa daquelas, que ela desejava revê-lo com uma aliança na mão esquerda? Claro que tinha saudade, mas não de sofrer amarga e silenciosamente. Isso, ela não permitiria de novo, não choraria outra vez, mas continuaria escondendo o profundo sentimento que nutria por Harry com unhas e dentes e, então, era melhor ir se acostumando à nova máscara de gelo, ignorando as necessidades do seu coração. Essa, talvez, fosse à única solução sensata, sem causar danos colaterais.
Apesar do estilo bastante recatado, calça e blusa escura com a comprida jaqueta azul, Hermione conseguia permanecer esmerada e bonita com o seu cabelo preso num coque frouxo, deixando alguns cachos soltos. Sem dúvida, toda a gente notaria as grandes mudanças em seu corpo sinuoso e dificilmente não provocaria inveja em outras mulheres.
Colocando as malas ao lado da cama, no quarto escuro, Hermione jogou os sapatos, um a um, para bem longe e, em seguida, a jaqueta caiu em cima da coberta rosa. O cômodo encontrava-se intato, abafado, precisando de vida, por isso, ela escancarou as janelas, deixando a luminosidade e a aragem penetrarem entre as quatro paredes. O mesmo foi feito em os outros vestíbulos e Hermione deu graças pela sua casa se localizar em um lugar escondido ou seria um escândalo imediato quando reparassem que ela regressara após cinco anos silenciosos.
Água, água, água… Uma bendita banheira inundada com água perfumada e relaxante, onde poderia aliviar a tensão de seus músculos, apagar as suas preocupações, encontrar um pouco de paz antes de entrar em ação e surpreender toda a gente. Champanhe ao lado também vinha a calhar, por que não? Brindar o regresso?
Sarcástica, começou a desabotoar a sua blusa em um movimento lento e calmo, como se sentisse um prazer felino ao fazer o pequeno gesto irônico.
*
— Quando é mesmo essa viagem? — interrogou Gina enquanto se penteava em frente ao espelho, mirando o reflexo do marido inclinado ao se calçar.
— Em breve. — ergueu-se e encontrou os olhos azuis. — Estou esperando por um parceiro.
Ela se virou para Harry com a escova na mão. — Quem é?
— Não sei e… — pegou o paletó. — mesmo que soubesse, não poderia dizer.
Diante do olhar abatido de Gina, Harry se aproximou, vestindo o paletó, e a abraçou carinhoso. Gina encostou a face no peito aromático dele.
— Voltarei logo. — ele prometeu antes de cobrir a boca dela com a sua.
Na verdade, Harry não se sentia muito deprimido com o fato de ter de abandoná-la novamente, nunca se sentia - para ser mais realista - mas a idéia de vê-la daquele jeito mexia com ele e, isso, talvez fosse indicio de que ainda a amava. Se tivesse longe de Gina, poderia saber se sentiria ou não saudade de seus beijos, de seu calor e de seu corpo.
— Preciso ir. — ele informou, desembaraçando-se delicadamente dos braços dela e desaparatando em seguida.
Gina gostaria ter escutado outras palavras, palavras que ele não pronunciava há muito tempo, palavras meigas e confortantes, palavras de um adolescente apaixonado. Gostaria também de se sentir segura o bastante para dizê-las sem receio nem pudor. Mas as coisas já não funcionavam como antes, tampouco eram como anteriormente, quando tinham a companhia de Hermione. Deveria ela, Gina, abordar esse assunto?
Hermione. Eis o maior medo.
*
Como se não dormisse há séculos, Harry se deixou cair pesadamente sobre o canapé de seu Departamento.
— Hermione, onde está? — murmurou ele, quase que automaticamente, esquecendo que segundos atrás estivera com Gina.
Por que maldição ela não dava notícias? E por que demônio ele queria tanto saber dela?
“Porque é tua amiga!”
“Amigona!”
“A-M-I-G-A.”
“… C-O-L-O-R-I-D-A!”
Harry teve vontade de rir, porém a gargalhada soou azeda. Era desagradável dar consigo a alucinar por causa de Hermione. Mais desagradável ainda era a idéia de se sentir extasiado por ela.
*
Uma maldita reunião imprevista arrancara Hermione do banho praguejando.
“Ah, que ótimo!”
Hermione vestiu-se totalmente irritada, cogitando a hipótese de Harry estar presente naquela reunião, e o seu nervosismo rebentou com a escala. Os dedos começaram a tremer com tal violência que sequer conseguia apertar os botões da blusa. A face assumira a feição de quem ia começar a chorar de tanto desespero.
Sentou-se, apoiando a cabeça entre as mãos trêmulas.
“Calma, calma, calma…”
As próximas horas seriam apenas profissionais, caso necessitasse encará-lo. Apesar disso, ela sabia perfeitamente que havia muitos modos de encaixar o pessoal no profissional, perturbando com olhares penetrantes, transmitindo em gestos irônicos, falando indiretamente e, pior, invadindo a mente.
Contudo, Hermione entendia que Harry era incapaz de fazer aquilo com ela. Então, porquê temer a reação dele?
“Porque se passaram cinco anos!”
“Exatamente, ele não saberá também como você, agora, reagirá!”
Depois de vestida e pronta, Hermione saiu.
Tomava um café bem forte, na esplanada, quando avistou o cabelo ruivo ao longe. Sem pensar duas vezes, levantou-se num movimento ágil e entrou para pagar, com o propósito de escapar dela. Porém, a sorte não foi grande…
— Hermione? — ela ouviu a voz às suas costas. — Hermione Granger?
Podia fazer de conta que não a ouvira? Que era surda?
Todavia, a ruiva deu meia volta e com os olhos abismados examinou de cima a baixo a nova irreconhecível mulher de cabelos soltos.
Gina abraçou-a fortemente. Hermione ficou constrangida com a situação.
— Você está ótima. — ela admirou depois de soltá-la. — Senti tanta falta de seus conselhos.
— Oh! — sim, chocada demais para falar fosse o que fosse.
— Não consegui encontrá-la desde…
— Desculpe Gina… — interrompeu. — Estou um pouco atrasada para um compromisso. — olhou o relógio, e estava realmente atrasada.
Meio desapontada, respondeu: — Claro. Então, até há próxima.
Hermione assentiu e saiu apressada. Gina observou cada passo, pensativa, dividida entre as idéias de ela estar mesmo com pressa ou de estar a fugir.
*
— Já passaram 15 minutos e nada! — Harry bufou impaciente.
— Talvez tenha surgido um imprevisto. — afirmou a mulher sentada ao lado dele.
— Vocês me vão colocar ao lado de um parceiro destes? — ironizou, torcendo a boca.
*
Frenética, pegou o elevador, carregando sem parar no botão para fechar as portas. Atrasada, pensou desgostosa.
As portas mal tinham aberto quando Hermione disparou como um furacão pelo corredor fora.
Sem fôlego abriu a porta.
— Finalmente, Srta. Granger. — o homem mais velho, Spencer Hill, ergueu-se ao seu encontro, apertando-lhe a mão.
Harry quase caiu da cadeira abaixo.
— Não dei pelo tempo. — ela disse, ofegante. “Não olhe, não olhe, não olhe!”
— Venha.
O homem guiou-a pela mesa, e Hermione sentiu-se observada em todo o movimento. Curiosa demais levantou a cabeça e lá estava ele, irremediavelmente impressionado, seguindo-a com os olhos verdes-esmeralda brilhantes e… Sorridentes?
— Aqui está a sua parceira atrasada, Harry. — falou o homem com voz estranha, puxando a cadeira para Hermione se sentar. — Não se quer sentar, querida? — perguntou ao vê-la hesitar em sentar-se ali.
Harry descolou o olhar dos olhos castanhos e remexeu-se inconfortável. O lugar onde ela hesitava sentar-se, o único lugar, era á sua frente.
Levou a mão aos cabelos, nervoso, e então, ela viu… Dourada e bonita. A aliança.
O gelo apoderou-se da sua face e, fria como um iceberg, Hermione sentou-se.
— Vou ser direto. — começou Spencer, depois de se instalar na cadeira. — Vocês os dois, Harry, Hermione, vão trabalhar em conjunto no maior sigilo possível. Partem hoje mesmo, ao fim da tarde, para o Egito.
Hermione arregalou os olhos.
Sem dar permissão para ela falar, Spencer colocou no meio dos dois uma pasta e disse: — Aqui está a vossa missão.
Hermione abriu a boca, mas o velho foi mais rápido.
— Meus senhores, podem retirar-se. — e saiu como se nada fosse, deixando para trás uma Hermione atônita e um Harry sem palavras.
Oi! Demorei muito? Sabem, é que às vezes escrevo 100 palavras, outras vezes, 300, e outras, simplesmente nem uma escrevo. Quando não se tem inspiração é dificil. Mas consegui terminar.
Gostaram? Espero que não tenha sido muito chato.
Agora agradeço a todos os leitores atenciosos que perderam um pouquinho de seu tempo e comentaram, obrigada tá? Os vossos comentários me fazem bastante bem.
Continuem comentando e quem nunca comentou poderá dar sua opinião?
Até mais.
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