Cá e Lá



Capítulo Um
Cá e Lá


— Você vai viajar de novo? — interrogou Gina em tom desgostoso, claramente desiludida com a notícia de última hora.

— Você sabe... — dizia ele, consolando-a ou imaginando que a consolava. — É meu trabalho.

Gina largou um longo suspiro. Claro que era o trabalho, que mais haveria de ser? Uma amante? Um vicia? Harry detestava esse tipo de joguinhos e não poderia desempenhar melhor papel de bom marido quando seu emprego exigia sua presença a qualquer momento. Além disso, Gina já se habituara a sua ausência e às suas famosas missões secretas de curta ou longa duração.

Sem grandes cerimônias, ela acabou de vestir sua camisa de noite, enquanto Harry puxava a colcha e entrava na cama.

— É nossa última noite. — murmurou com a voz carregada de segundas intenções.

Contudo, Harry não mostrou muito agrado pela idéia de “última noite”, tampouco gostou de lembrar-se daquelas palavras. Encostado nas barras de metal da cabeceira da cama, ele observou a mulher caminhar sensualmente, admirando seu corpo gracioso, subindo por suas coxas nuas, por sua cintura fina, por seu peito, e… não era aquele rosto que desejava apreciar. Hermione, pensou ele; Hermione, gritou seu coração; Hermione, chiou sua mente. Hermione.

Arreliado, pressionou seus dedos contra seus olhos. Devia estar a ficar louco ou talvez estivesse a ter um pesadelo. Perante esse pensamento Harry não pôde evitar um ronco irônico. “Um pesadelo…” Um pesadelo que durava há cinco anos, desde o dia de seu noivado, quando Hermione desaparecera sem deixar rastro. E para seu maior desapontamento, ela não aparecera no dia de seu casamento ou enviara algum cartão com sinceros votos de felicidade. Gina ficara tão chocada como preocupada com a reação da amiga. Qual a razão de sua fuga? Por mais voltas que ela desse à sua cabeça, ía bater sempre na mesma tecla. Harry.

— Harry, você tá me ouvindo? — perguntou Gina de testa franzida.

Ele abriu os olhos e surpreso deparou-se com Gina em cima de si, sentada, uma perna de cada lado. Estava tão absorto em seus pensamentos que sequer sabia de como ela fora ali parar, muito menos de como ficara seminu. Ela acariciava maliciosa seu peito poderoso, arranhando e apertando, enquanto esperava pelas ações dele. Sem alternativa, Harry a puxou para um beijo e mais uma vez Hermione lhe assaltou a mente.

*

Em Sydney, Austrália, o sol aperfeiçoava seus últimos raios luminosos, iniciando assim uma manhã quente e agradável. Os carros se precipitavam pela rodovia, alguns apitando sem parar, as mães quase arrastavam os moleques pelo braço enquanto resmungavam “Vai se atrasar pro colégio!” “Vamos, mexa essas pernas!”, o habitual começo dos trouxas para um dia de trabalho.

Porém, Hermione Granger caminhava calmamente, sem estresse, com as mãos enfiadas nos bolsos de sua jaqueta azul, onde sempre levava sua varinha. Seus cabelos contraíam agora um tom castanho-dourado com os cachos mais ondulados e maiores, as feições de sua face rigorosas, seguindo a liberalidade que seus olhos passaram a transmitir. De menininha a mulher.

Entrou num banheiro público e, quando vazio, desaparatou para o Ministério da Magia.

Mal tinha posto os pés em o Departamento de Acidentes Mágicos e Catástrofes quando fora convocada de encontro a seu chefe, Peter Fuj.

*

Depois da longa conversa, Hermione ficou branca que nem um cal, ainda ingerindo as inesperadas informações.

— Isso quer dizer… — começou ela a falar, engasgada.

— Que amanhã voltará para Londres e será transferida para o Departamento de Aplicação das Leis Mágicas. — o homem loiro levantou sua cabeça do documento em suas mãos, dirigiu-lhe um olhar impassível e prosseguiu: — Onde, aliás, sempre foi o seu lugar.

Hermione se ergueu da cadeira em estado de choque. Claro que o seu lugar sempre fora naquele Departamento, era formada para isso e tinha aptidões para isso, só não sabia se possuía coragem suficiente para enfrentá-lo todos os dias, falar com ele todos os dias, conviver... “Oh meu Deus!” Regressar para Londres era voltar para o passado repleto de mágoas e segredos, era rever Harry e Gina juntos e felizes… Não, ela não ia permitir isso, simplesmente não podia, teria de ser forte e vencer a dor.

Antes de Hermione chegar na porta escura, a voz masculina tornou a ouvir-se: — Vá para casa. Vai precisar.

Por um súbito momento ela teve vontade de se virar, de recorrer à força humana e esganar o homem até à morte. Mas sua voz saiu falsamente doce: — Com certeza.

Furiosa pegou o elevador. Que iria dizer quando o encontrasse? “Ah, Harry, tirei umas férias e me esqueci de seu casamento, sabe?” Ou seria mais sofisticada e alegaria “Não é da sua conta!”, porém, ambas as ideias o magoariam tanto que ele era capaz de deixar de lhe falar. Mas e se ele realmente deixasse de lhe falar? Seria uma das razões e favores para o esquecer? Talvez facilitasse as coisas e fosse mais fácil seguir em frente com a sua vida. Talvez...

*

Harry acordou sobressaltado. Seu corpo suava, enquanto seu peitoral subia e descia, tentando regular sua respiração. Por que até nos sonhos ela se despedia dele? Por que até nos sonhos ele a ouvia dizer adeus? Por que, afinal, ela o perseguia?

As perguntas sem respostas o deprimiam tanto a ponto de o deixarem obsecado. Aquilo era uma autêntica tortura. Ele casara-se com Gina e não com Hermione, seus pensamentos deveriam ser Gina e não Hermione. Se ao menos ela não se tivesse evaporado, ele não se encontraria preocupado a todo o tempo, sim… Era preocupação, nada mais, só nervosismo. A falta de noticias por parte de sua amiga o atormentavam como a qualquer um… Mas não era qualquer um que sonhava com ela todas as noites, principalmente quando esses sonhos tentavam dizer-lhe alguma coisa.

Com a respiração já regular, Harry observou a ruiva a seu lado, dormindo suavemente. Gostava dela e somente agora, há exatamente cinco anos, o sentimento andava abalado, inseguro. O problema era que ele já não sabia que fazer para o salvar e nem as caricias dela o excitavam como antes… E ele desejava acreditar arduamente que tudo isso não era por culpa de Hermione.

Por fim, voltou a adormecer.

Oi. Esse capítulo teve muito pouco diálogo, mas o próximo será melhor.
Harry tá pirando… rsrsrsrsrs Mas e aí, que vocês crêem que ele sente pela Hermione?
Quero agradecer a todos que comentaram, adorei ler todos os vossos comentários, sério, todos os vossos elogios. Continuem a dar sinal de vida, isto, comentem. Em troca só peço comentários. Se vocês tiveram qualquer dúvida ou assim, eu rebato no próximo capítulo, ok?

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