Duendes!



Eu vou me casar, Hermione





Capítulo Sete – Duendes!







Gina levantou-se preguiçosamente. Sabia que aquele era seu dia de folga e que não precisava acordar cedo mas os sete anos se matando de estudar em Hogwarts pareciam ter criado em seu corpo uma espécie de despertador natural e na opinião de Gina ele era incrivelmente irritante.



A contragosto, a ruiva se pôs de pé. Olhou Hermione apagada na cama ao lado (“Pobre Hermione...”) e saiu para tomar café. A casa estava em silêncio. Ok, talvez silêncio seja exagero. Carlinhos parecia roncar tão alto quanto os dragões que criava, e das escadas, Gina podia ouvir o barulho de coisas caindo no chão e de alguém amaldiçoando com um palavrão. Quando chegou lá, disse em tom brincalhão:



- Pensei que mamãe tivesse dito para não falar essas coisas.



O ruivo levou um susto e isso resultou em mais uma xícara no chão.



- M#$%&!



- Acalme-se – disse Gina ainda num sorriso enquanto procurava a varinha nas vestes (adquirira esse hábito durante a guerra e não conseguia livrar-se dele) – não vai querer ser um noivo estressado, vai?



Era o mais jovem dos homens Weasley quem estava ali naquela cozinha, tentando preparar em vão uma xícara de chá.



- Além do mais – prosseguiu Gina finalmente encontrando a varinha – hoje vamos fazer compras, não? Reparo. Deixe que eu faço isso – disse ela tirando a chaleira da mão do irmão.



Rony observou estupefado Gina fazer em um segundo, o que ele tentava fazer a uma hora.



- Toma – a ruiva serviu duas xícaras bem grandes e com fumaça saindo – agora você pode me contar o que está acontecendo.



- Não está acontecendo nada – falou Rony numa voz estranhamente controlada.



- Ah, não? Rony – Gina fez uma cara pouco convencida – você acordou sozinho às sete da manhã e tentou preparar seu café da manhã sozinho! E quer que eu engula que não está acontecendo nada?



Gina estava deixando Rony assustado. Aliás, quase sempre a moça conseguia esse efeito. “Ela consegue ser tão esperta quanto Carlinhos, ter a malícia de Fred e Jorge e essa coisa da mamãe que faz a gente morrer de medo dela.”



- Estou esperando uma explicação, Ronald Weasley.



Era a segunda vez que o chamavam de Ronald em menos de vinte e quatro horas. Aquilo estava começando a deixa-lo irritado.



- O gosto está tão bom quanto o cheiro – comentou Rony implorando internamente que Gina desviasse o assunto.



- Claro que está, fui eu quem fiz – falou a ruiva numa voz cortante – agora vamos, me conte logo o que está acontecendo ou eu vou acabar descobrindo sozinha.



Rony olhou para a irmã, nervoso. Ela apenas abriu um sorriso maldoso. “Odeio quando ela ri desse jeito. Deve ter aprendido alguma coisa sobre sarcasmo com aquele namoradinho dela...”.



- Gina, já sentiu se sentiu culpada por... – tentou encontrar as palavras certas enquanto olhava para o interior de sua própria xícara como se ela pudesse lhe dar alguma resposta – por... sentir algo que não devia... por ficar remoendo uma coisa que nunca... que nunca sequer foi uma coisa?



Aquilo estava mais parecendo um discurso político. Fala, fala e no final não sai nada com nada. Mas Gina pareceu entender, porque apesar de ainda ter aquele detestável sorriso malfoyriano nos lábios, se sentou ao lado de Rony.



- Já. Aliás, você está falando com a rainha dos sentimentos culpados – ela deu uma risadinha – Rony, isso tem alguma coisa com a Hermione?



Rony sentiu como se uma tropa de dragões tivesse acabado de passar por cima dele. Ainda não tinha esquecido a conversa que tivera com Hermione na noite anterior e achava que dificilmente iria esquecer. “Eu sou um burro... um idiota! Nunca deveria ter dito aquilo. Nunca!”. Tinha ficado acordado a noite inteira, perambulando pela casa como uma velha. Nádia. Ele iria se casar com Nádia e andava por aí de noite fazendo declarações de amor a Hermione. Agora começava acreditar no fim do mundo.



- Não precisa responder se não quiser – disse Gina olhando-o com compaixão – eu já sei. Agora me responda: e Nádia, Rony? Ainda vai casar com ela?



- Claro que vou! – respondeu Rony como se a resposta estivesse em néon, flutuando em frente aos dois – eu não vou deixa-la, ela é a minha noiva!



- Mas você não a ama – replicou Gina se levantando – vi isso assim que vocês chegaram. Você pode gostar dela mas isso não é amor. Não é! Eu pensei que você tinha esquecido Hermione quando disse que ia se casar com outra mulher. Mas depois eu vi que não, você só está se enganando... amor Rony, é o que você sente pela Hermione!



- Por que você não grita mais alto? Talvez os vizinhos estejam interessados na nossa conversa também?



Gina ia dar uma resposta mas resolveu ficar quieta. Era melhor não arrumar mais confusão. Rony já estava bastante enrascado.



- Já está tudo marcado. Tudo. Está tudo acertado e perfeito.



- Exceto pelo fato de que o noivo na verdade ama sua melhor amiga! – disse a ruiva não conseguindo ficar com a língua dentro da boca por muito tempo – pelo amor de Deus, Rony, coloca a cabeça no lugar. Esse casamento não vai dar certo, é melhor acabar de uma vez antes que alguém saia muito machucado dessa história! Faça o que estou dizendo: cancele o casamento, esfrie a cabeça e fale com Hermione.



- O que você entende de amor, Gina? – gritou Rony levantando-se da mesa também e encarando a irmã – hein, me diga!



- Ah, eu digo sim! – Gina estava realmente zangada agora – eu digo porque me apaixonei por alguém que não podia amar. Mas diferente de você, eu lutei por isso, eu não iria deixar meus sonhos se acabarem por causa de uma droga de rixa nem por coisa nenhuma!



- Mesmo que isso tenha significado a mágoa de pessoas queridas? – perguntou Rony entre dentes.



- Mesmo que tenha – respondeu Gina no mesmo tom gelado – porque eu não tenho medo de amar.



Rony deu um suspiro e largou-se na cadeira:



- Você não entende. O problema não sou eu, é ela! Ela é quem me disse que não era possível. A culpa não é minha, ok? Eu tentei, Gina. Falei com ela, contei tudo o que estava sentindo. E sabe o que ela me disse? – Gina permanecia calada olhando fixamente para o irmão, vendo cada linha de seu rosto se contorcer em sofrimento enquanto ele dizia – ela me disse que seria um ato egoísta. Que não seria justo e que tudo isso era alucinação da minha cabeça... o que você quer que eu faça mais? Quem sabe me ajoelhar aos pés dela e implorar, ou talvez eu poderia pegar uma vassoura e escrever EU TE AMO no céu, ou talvez...



- O EU TE AMO no céu parece bastante bom.



Os dois ruivos se viraram para ver quem acabara de entrar na cozinha. Nádia.



* * *




- Onde está a Srta. Granger?



- Ainda está cedo Sr. Weasley, ela costuma chegar um pouco mais tarde... – falou a assistente olhando surpresa para Percy Weasley.



- Ah, ela costuma chegar um pouco mais tarde, é? – falou Percy analisando cada centímetro do Departamento de Regulamentação e Controle das Criaturas Mágicas, com ar crítico e um sorriso sarcástico bailando nos lábios.



- Sim. O horário dela é às nove,
senhor
– respondeu Roberta Youngblood tremendo ligeiramente.



- Pois então diga a ela Srta... – e leu o nome no crachá da mulher – Youngblood... que eu, acompanhado do Sr. Terrance Macoy, irei com ela ao encontro com os duendes.



- Sr. Macoy? – perguntou Roberta tentando lembrar em vão do nome de todos os imbecis baba-ovo de Percy.



- Sim, ele é o meu candidato para assumir o posto de chefe neste departamento. Porque como a senhorita já deve estar sabendo, a sua chefe está sob condicional por aqui. Eu pessoalmente estou acompanhando cada passo dela – e Percy inflou de orgulho ao dizer isso – e tomara que ela não cometa nenhum deslize.



- Acho muito difícil, Sr. Weasley – Roberta odiou cada pedacinho pomposo daquele ruivo metido – Hermione Granger é uma excelente profissional, tenho certeza de que se sairá muito bem naquele encontro com os duendes.



- Eu espero que sim, Srta. Youngblood. Eu espero que sim... só vamos torcer para que ela não desapareça, como fez nos últimos dias.



E girando os calcanhares, Percy deixou o local.



- Ah, como ele é... chato! – murmurou Roberta para não dizer outra coisa – Hermione, por favor, faça um bom trabalho hoje com os duendes... pelo seu próprio bem... – e respirando fundo - e pelo meu também.



* * *




- Nádia! – exclamou Rony arregalando os olhos para a noiva – acordou cedo! A quanto... a quanto tempo está aí?



Gina olhou para o irmão que variava entre verde-acinzentado e roxo-azulado numa velocidade impressionante.



- Me admira você acordar tão cedo – falou Nádia num bocejo – pode deixar, eu desculpo você. Não precisa escrever o EU TE AMO no céu, sim? – e deu um beijo estalado noivo.



Ela falou tudo com naturalidade mas Rony pôde perceber que havia alguma coisa por trás daquelas palavras. Olhou para Nádia por mais alguns instantes sem saber o que fazer. “Ela acha que estava falando dela... que eu queria me desculpar com ela... ah, isso... isso melhora ou piora as coisas?”



- Aceita chá, Nádia? – ofereceu Gina num sorriso.



A loira fez que sim com a cabeça.



Comeram em silêncio e para Rony não foi uma coisa muito longe de uma sessão de tortura. Ele se casaria amanhã com uma mulher com quem não estava sequer falando direito? “Sabe Rony, você é um idiota. Idiota com todas as sete letras... peraí, idiota tem seis letras. Ah, minha cabeça está doendo!”.



- Nádia – achou que precisava dizer alguma coisa – eu precisava falar com você, aquilo que você ouviu... eu preciso explicar direito...



Gina lançou ao irmão um olhar de o-que-é-que-você-está-fazendo-vai-procurar-a-Hermione, mas Rony ignorou completamente.



- Eu também – disse Nádia pousando a xícara na mesa e fitando o noivo – ontem não consegui dormir muito bem e fiquei pensando numa coisa que vi e cheguei a conclusão de que...



- Também não consegui dormir – cortou Rony enquanto observava Gina sair da cozinha dizendo um “Vou ver se Mione está bem” – e acho que as coisas não estão legais entre nós, quer dizer, nem nos falamos direito e...



- Ah, já estão acordados?



A loira e o ruivo olharam para ver quem acabara de entrar e era Molly Weasley, de roupão e pantufas cor de abóbora.



- Pensei que gostariam de dormir até mais tarde – falou ela encarando os dois amavelmente – mas acho que é até bom, porque Gui chega hoje, não sei se ele vai vir sozinho, você sabe como seu irmão é... então tenho de preparar um almoço decente... por que não vamos todos para o Beco Diagonal agora fazer as compras? Assim, adiantamos tudo. Gina já deve estar acordando junto com a pobrezinha da Hermione, ela parece que tem de ir trabalhar hoje. Então, Arthur e Carlinhos ficam por aqui esperando Gui, duvido que Percy apareça... Roniquinho desce junto com Harry, ele disse que gostaria de ajudar, você use pó de flu para chamá-lo – e ela praticamente jogou o vaso de barro onde armazenavam o pó nas mãos de Rony – enquanto isso, eu, Gina e Nádia compramos o que falta para o casamento. Quando voltarmos faremos o almoço e depois daremos um jeito no que estiver faltando. Tudo bem, Nádia?



Nádia piscou algumas vezes e afirmou com a cabeça. A Sra. Weasley falara aquilo tão depressa que era quase impossível negar.



- Perfeito! – exclamou ela conjurando uma xícara para si.



- Hermione já está indo embora – anunciou Gina voltando à cozinha – disse que tem aquela reunião com os duendes hoje...



- Não veio tomar café?



- Ela não quis vir, disse que precisa passar em casa antes e dar notícias aos pais.



Os quatro ficaram em silêncio enquanto Nádia olhava desesperadamente para noivo, na esperança que ele lhe explicasse o rumo das coisas. Sentia-se vazia. Alguma coisa lhe dizia que estava no lugar errado. Sua voz não tinha efeito ali.



* * *




- Eu perguntei se já tem seu vestido.



Nádia olhou para Molly Weasley num misto de surpresa e vergonha. Tinha tomado uma dose a mais de poção calmante na noite anterior, só podia ser isso. Estava mais lenta que um verme cego!



- Já, tenho sim – respondeu ela sem muita emoção – comprei um na Irlanda pouco antes de vir para cá.



- Pois eu tenho que comprar uma veste de gala para mim – falou a Sra. Weasley parando em frente à Madame Malkin – e para você também, Gina.



- Claro – respondeu Gina olhando para Nádia sentindo-se culpada.



- Tudo bem, eu acompanho vocês – disse Nádia numa voz vazia – já comprei a maioria das coisas que precisava anteontem.



- Não fique assim, querida – falou a Sra. Weasley tentando encorajar a loira com um sorriso – vai dar tudo certo amanhã. Toda noiva fica nervosa antes do casamento, eu antes de me casar com Arthur chorava sem parar. Minha mãe dizia que eu mais parecia estar indo para um enterro do que para um casamento. E de última hora Arthur sumiu, deu um trabalhão para encontra-lo... lembra-se do seu tio Arnold, Gina? Foi ele quem sumiu com seu pai e...



“O caso é que tudo parecia tão perfeito lá na Irlanda” – pensou Nádia não dando muita atenção à conversa da sogra – o jogador de quadribol e a repórter...”.



Nádia não conseguia se concentrar em nada. Não conseguia raciocinar direito. Tudo o que sua mente parecia saber era que Rony já não era mais o mesmo desde que voltaram para Londres. Alguma coisa nele mudara tudo, especialmente naquela manhã. Por que não aceitara se casar lá mesmo na Irlanda? Era só mandar os convites via correio coruja e pronto! Todos lá felizes da vida bebendo whisky de fogo e champagne, tendo que voltar para casa carregados de tão bêbados. Mas não, ela tinha que ter dito que queria conhecer a família dele e fazer a cerimônia na Inglaterra. Na Inglaterra, com família, melhor amigo, lembranças de Hogwarts e principalmente: a tal funcionária do ministério, Hermione Granger.



Ela, que não falava com Rony a três anos. Nádia podia não saber de muitas coisas, podia não entender nada da Inglaterra, nem decorar termos precisos e fazer papel de idiota em algumas situações. Mas além de dragões, quadribol e revoltas de duendes sabia muito bem de uma coisa: quando um homem mente sobre uma mulher (mais de uma vez, principalmente) é porque quer fugir de alguma coisa.



A única imagem realmente nítida em sua cabeça era a daquele livro de feitiços. O que havia dentro dele. “Será que ele chegou a me amar de verdade, pelo menos lá na Irlanda? Ou ele sempre amou aquela garota e eu fui apenas um brinquedo a fim de ajudar a esquecer a monitora responsável?”. A vontade de Nádia agora era ir até Rony e esbofeteá-lo, gritar com ele, feri-lo e exigir respostas. Ela o amava! Ele se esquecera desse detalhezinho pequeninho com uma facilidade anormal!



- Olha só quem está ali – falou Gina alegre despertando Nádia de suas reflexões assassinas.



- Quem é? – perguntou a loira. Gostava de Gina, ela não tinha culpa de nada e sempre fora muito gentil.



- É Draco – respondeu a ruiva acenando.



Nádia observou a Sra. Weasley resmungar alguma coisa. Depois olhou para o outro lado da rua tortuosa que era o Beco Diagonal. Lá estava um rapaz loiro (loiro não, o cabelo dele era tão claro que refletia qualquer luz que incidia nele!), de estatura média, com péssimo gosto para chapéus, vestido de preto e com uma cara de poucos amigos.



- Conhecido? – perguntou Nádia levemente curiosa.



- Ele é meu namorado! – exclamou Gina fazendo sinais para que o outro a notasse.



- Namorado?



- É, Rony nunca te contou que estou quase noiva? – perguntou ela radiante.



- Não – “Rony nunca me contou nada e muito menos agora. O que aconteceu noite passada? Ele está mais distante ainda!” – pensou Nádia amargamente.



Gina obviamente percebera a mancada que dera e tentou consertar:



- Minha família não aprecia muito esse meu namoro com Draco. Principalmente Rony, ele o odeia.



- Por que?



- Inimigos desde os tempos de escola – respondeu Gina tentando simplificar as coisas. Se fosse contar toda a história provavelmente ficaria ali até amanhã – mãe, pode ir comprar suas vestes de gala, eu e Nádia vamos ir lá ver o Draco. Depois eu volto e compro as minhas.



- Claro, filhinha – disse a Sra. Weasley tentando disfarçar que estava realmente aliviada pelo fato de não ter que conversar com o Malfoy – pode ir, encontro com vocês mais tarde. E... mande lembranças ao Mal... ao Draco.



Gina sorriu para mãe. Sabia o quanto ela se esforçava para agrada-la. Ela era a mais compreensiva em relação a seu namoro com Draco, dava conselhos e controlava a ira dos homens da casa, mas Gina sabia que no fundo, no fundo, Molly queria mais era se juntar aos outros e trancar Draco no sótão junto com o vampiro.



- Venha Nádia – e puxou a loira pelo braço – quero que você o conheça.



As duas atravessaram a rua sem muita dificuldade, o Beco não estava tão cheio. “Que confusão Rony foi arrumar – pensou Gina olhando para Nádia que por sua vez mirava o chão – será que não pensou um segundo antes de pedir a coitada em casamento? Ela deve estar arrasada! Só espero que ele não piore as coisas seguindo em frente com isso”.



- O que está fazendo por aqui? – perguntou Gina assim que chegou perto do loiro.



- Fui te procurar no St. Mungus e me disseram que você provavelmente estaria aqui fazendo compras – falou Draco numa voz arrastada.



- É, eu pedi folga para três dias no hospital – explicou a ruiva – sabe, para o casamento de Rony.



- Ah, ele vai se casar, é? – Draco riu e fez cara de deboche – finalmente desistiu daquele time fracassado e resolveu pedir a Granger em casamento?



Gina empalideceu ligeiramente mas antes que pudesse abrir a boca Nádia disse numa voz apressada:



- Não, ele não está se casando com a Granger. Ele está se casando comigo! Agora se me derem licença, eu vou procura-lo.



E saiu a passos firmes deixando Draco e Gina para trás.



* * *




Uma rua estreita e tortuosa, com grande variedade de lojas mágicas como o Beco Diagonal atraía diferentes tipos de pessoas. Homens esquivos e macilentos compravam vermes e moluscos na loja para poções; bruxas velhas e corcundas se embebedavam no Caldeirão Furado; adolescentes de quinze anos obcecadas por estudo e pesquisa se espremiam entre as estantes da Floreios e Borrões; fanáticos por quadribol se atracavam na Artigos para Quadribol a fim de dar uma espiada na novíssima Firebolt 2000 (assinada por ninguém mais, ninguém menos, que Harry Potter, maior ídolo do Mundo Mágico); e mulheres de nariz grande e cara de rato sem mais o que fazer na vida, gastavam galeões e mais galeões de seus maridos tentando em vão parecer mais bonitas na Madame Malkin. Mas nenhuma loja chamava tanta atenção, nem recebia mais clientes do que o número 93. A Gemealidades Weasley – Artigos para Logros e Brincadeiras - atraía todo o tipo de gente, desde crianças choronas até velhos cansados de agüentar a senhoria. Cheia de coisas apitando e gritando na vitrina, podia-se dizer que a loja era o reflexo de seus donos: os gêmeos Fred e Jorge Weasley.



- Traz mais uma caixa pra cá, Fred – pediu Jorge empilhando uma pesada caixa de madeira nas estantes com o auxílio da varinha.



- Já está indo, Jorge – berrou Fred do outro lado do galpão.



- Cuidado com isso! Quase que você arranca minha cabeça! – gritou Fred quase morrendo de rir. Por pouco a caixa flutuante de Jorge não o acertara.



- A loja está cheia, se não formos pra lá os pirralhos vão acabar se matando – disse Jorge que não estava com a mínima vontade de empilhar caixas.



- Se alguém resolvesse nos ajudar, né Rony?



- É Roniquinhas – concordou Jorge – bem que você poderia fazer alguma coisa útil já que seu terninho já está comprado!



E saíram para a frente da loja.



- Rony, pára com isso – Harry tentou tranqüilizar o amigo que já estava indo socar a cara dos gêmeos – você está nervoso. Eles só estão brincando.



Rony revirou os olhos e passou a mão desesperadamente pelos cabelos.



- Eu sei, eu sei... só estou um pouco estressado.



- Um pouco? – brincou Harry mas logo depois fez cara séria já que Rony olhou feio para ele com uma expressão maníaca-assassina-psicótica no rosto – vamos sair desse galpão, quem vê até pensa que você está se escondendo.



Rony ficou calado e deixou que Harry o levasse para a frente da loja. “Amigo, você não sabe o quanto está certo, eu estou me escondendo. Mas não é dos outros, não é de Hermione, não é de Nádia. Estou me escondendo de mim mesmo”.



- Já comprou tudo? – perguntou Harry olhando os grandes pacotes que vinham flutuando atrás de Rony enquanto dava autógrafos para um bando de crianças que compravam caramelo incha-língua. “Ainda odeio fazer isso...”.



- Uma veste para casamento, perfume novo e uma penseira, dentre outras coisas – respondeu o ruivo numa voz depressiva. “Ainda odeio ver Harry fazer isso...”.



- Você comprou uma penseira? – perguntou Harry como se Rony tivesse dito que comprara uma quimera.



- Comprei. Preciso esvaziar a mente de certos pensamentos, certas pessoas...



Harry abriu e fechou a boca várias vezes mas não conseguiu emitir nenhum som. Rony achou que ele parecia mais um peixe do que qualquer outra coisa. “As coisas estão piores do que eu pensava – refletiu Harry aturdido – e eu já achava que estavam ruins quando Hermione desmaiou ontem... será que o mundo pirou? Eu só posso estar em alguma espécie de universo alternativo onde Rony está se casando e Hermione está fadada à desgraça!”.



- Olha aqui, as coisas estão ficando fora de controle...



- Harry, não venha me repetir aquele sermão sobre amor e romantismo! – falou Rony encarando o amigo – porque isso não vai me fazer mudar de idéia. Amanhã, eu vou me casar com a Nádia. Depois de amanhã você receberá uma postal meu direto do Caribe, daqui a alguns meses estarei de novo com os Cannons e tudo entrará nos eixos novamente.



- Não posso concordar com essa loucura – Harry não gostava de se manifestar, principalmente quando esse manifesto envolvia a vida sentimental de seus dois melhores amigos, mas agora ele precisava falar. Precisava abrir os olhos de Rony assim como os dele mesmo haviam sido abertos a pouco tempo – eu vou repetir o que já disse: isso só trará infelicidade. Para você, para Nádia, para Hermione...



- Entenda uma coisa – começou Rony que já não agüentava mais se sentir tão vulnerável. Ter que discutir sua vida particular a cada cinco minutos com uma pessoa diferente fazia sua vida parecer uma novela da rádio bruxa, daquelas que a Sra. Weasley assistia e chorava de se acabar – a Hermione não quer nada comigo, ela deixou isso muito claro ontem à noite.



- Como assim ontem à noite? – perguntou Harry disfarçando muito mal sua curiosidade.



- Não é nada disso que você está pensando – Rony riu por um instante mas logo sua voz voltou à seriedade que a situação pedia – ontem eu encontrei com ela na cozinha, foi por acaso, não pense que eu fiquei esperando – Harry riu um pouco – acabou que, que eu fiz uma besteira...



- Que tipo de besteira, Rony?



- Já disse que não é nada disso que você está pensando – acrescentou o ruivo rápido – eu acabei me declarando e...



- Você o quê? – Harry não podia acreditar no que estava ouvindo.



- Eu me declarei, ok? Disse que gostava dela, que a amava desde Hogwarts e todo esse tipo de baboseira romântica... – falou Rony a contragosto. “Eu abri meu coração e ela rejeitou o meu amor. Ela me odeia!” – mas ela disse que não. Disse que era melhor pensar nas conseqüências desse ato egoísta. E eu pensei – continuou agora olhando para os passantes no Beco – vou usar a cabeça. Vou me casar com a Nádia.



Harry não podia acreditar no que ouvia. Seu cérebro não estava conseguindo assimilar. Vivera muitas coisas nos últimos seis anos, muitas delas experiências que não desejava a ninguém, mas nunca pensou que viveria para ver o dia em que Rony Weasley se declararia para alguém e pior, que afirmaria isso para outras pessoas.



- Você deve ter dito algo errado – falou Harry ajeitando os óculos, nervoso – só pode ter sido isso. A Hermione te ama. Sempre amou.



- Talvez não tanto quanto pensa – retrucou Rony amargo – agora, vamos mudar de assunto. Não quero mais falar sobre isso. Eu já tomei minha decisão.



- Ok – murmurou Harry ainda com os olhos injetados.



- Me diga uma coisa – o ruivo puxou conversa rindo – desde quando você diz coisas como “mulher para se viver durante o resto da sua vida” e “Sempre te amou”? Você sempre foi terrível com essas coisas sentimentais...



Harry corou levemente antes de responder:



- Algumas coisas mudam, Rony. E isso foi uma coisa que mudou em mim durante os últimos tempos... – o olhar dele vagou longe por um instante – a verdade é que... oh, eu sei que você vai me torrar a paciência mas que eu encontrei finalmente um...



- Aqui está a droga da aliança!



- Deixa pra lá – murmurou Harry quando foi interrompido – eu nem estava tentando contar isso a alguns milênios...



- Nádia! – berrou Rony assim que viu a loira entrando a passos firmes na Gemealidades Weasley – o que, o que você está fazendo aqui? Pensei que estaria comprando seu vestido!



- Pra que eu iria precisar de um vestido – berrou Nádia lívida – se não vai ter nenhum casamento!



Ainda num acesso de raiva, ela conseguiu tirar a aliança do dedo e atira-la aos pés de Rony. “Não me importa saber o que está acontecendo com você eu só sei que não vou aturar mais!”.



- Como assim não vai haver mais casamento? – perguntou Rony com os olhos fixos no anel que Nádia acabara de jogar fora. “Pelas barbas, bigodes e sobrancelhas de Merlin! Essa mulher está completamente fora de controle... nunca pensei que ela pudesse ser assim. Nádia sempre foi tão doce, amável, aceitava tudo e de repente começou a ter reações estranhas, resolveu parecer inteligente e agora está jogando a aliança de ouro puro que eu comprei no chão? O que deu nessa mulher? Ela sempre foi tão... tão bobinha” – e Rony se assustou com a própria conclusão.



- Como assim? – vociferou a loira – quer mesmo que eu diga? Eu vou dizer... não sei o que aconteceu com você desde que voltou de Belfast mas eu digo uma coisa: não vou me casar com alguém que não tem nem mesmo a coragem de dizer que não me ama!



Se Rony estava assustado, imaginem as pobres e inocentes crianças e seus respectivos pais que faziam compras alegremente na loja de Fred e Jorge...



- Olha, maior barraco – falou um garotinho de cabelos castanhos para o colega ao lado – até que enfim uma coisa emocionante!



- O cara é muito trouxa – respondeu o colega – olha só pra loira, bonitona apesar de precisar tomar um solzinho...



- O que será que ele fez pra ela estar descontrolada desse jeito? – perguntou novamente o garotinho.



- Acha que ele dormiu com a secretária?



- Provavelmente... vai ver era até mesmo uma falida, como aquela funcionária do ministério que foi trabalhar bêbada.



- Esses homens de hoje não têm mesmo nenhuma decência. Vamos levar nossos pais daqui, não é bom para eles ficarem ouvindo essas coisas.



- Boa idéia – exclamou o garotinho – aliás, tenho que comprar o Profeta Diário, quero ver se realmente vale a pena comprar uma casa em Torquay como meu pai está querendo. Sabe como é, temos que ver se o imóvel continuará sendo valorizado daqui a quarenta anos, quando eu herdar tudo.



- Claro, temos que pensar no futuro. Depois que formos para Hogwarts, daqui a dois anos mais ou menos, e tivermos permissão oficial para usar a varinha tudo ficará bem mais fácil.



E sorrindo, os dois garotos foram embora com seus pais sob o olhar no mínimo assustado de Harry.



- Nádia, Nádia... – Rony não conseguia acreditar no que estava ouvindo – de onde você tirou essas idéias malucas? Quem enfiou isso na sua cabeça?



“Ninguém enfiou isso na minha cabeça, Rony, tudo isso está escrito na sua testa!”.



- Escuta – pediu o ruivo tentando não olhar para a aglomeração de pessoas em volta (“O que estão olhando? Isso é um casal discutindo não estamos distribuindo comida de graça!”) e muito menos para Fred e Jorge que pareciam tão animados como se estivessem presenciando mais um assalto de luta livre bruxa – pegue a aliança de volta – e Rony abaixou-se no chão e pegou o anel – coloque no dedo e...



- Escuta você! – bradou Nádia com lágrimas nos olhos – você acha que as coisas são simplesmente... você acha que as pessoas não possuem sentimentos? Que eu não tenho sentimentos? Você precisava esquecer umas coisas, entrou num time de quadribol e durante os jogos na Irlanda achou que podia se divertir com a bobinha da jornalista de esportes?



Ela parou de falar, puxou os cabelos loiros com força como se quisesse arranca-los. Rony respirou fundo, como deixara as coisas chegarem nesse ponto? Olhou para Harry na esperança de que ele dissesse alguma coisa mas o amigo apenas observava a cena, estarrecido. Ppodia jurar que vira Fred e Jorge passando galeões um para o outro, ambos com um brilho meio sinistro nos olhos...



- Por que não? – murmurou Nádia agora encarando o noivo (ex-noivo, vamos ser mais realistas) – ela é tão bobinha a Nádia Zivojinovich, só entende de quadribol e coisas esquisitas. Não conhece nada... vai ser muito fácil engana-la – Rony ameaçou falar alguma coisa mas Nádia cortou – sabe, você quase me convenceu. Aquele pedido de casamento no Manticora, o bar que nos encontramos pela primeira vez... isso tudo só fez com que eu me apaixonasse mais e mais por você mas... eu não te conhecia tão bem quanto pensava, algumas coisas só aparecem com o tempo. Você ama essa sua amiga e todos parecem saber disso, menos você. Espere, me deixe terminar – Rony estava tentando falar mais uma vez – eu só tenho uma pergunta a fazer: por que me pediu em casamento se sabia que não me amava?



Rony não conseguiu encarar aqueles azuis por mais nem um segundo.



* * *




- Draco, olha só o que você fez! – gritou Gina assim que Nádia sumiu de vista – eu não acredito nisso, eu não posso acreditar!



- Disse algo errado? – perguntou Draco numa cara de fingida inocência.



- Se disse algo errado? – continuou Gina olhando feio pra ele – não, imagina, ela realmente saiu correndo daqui sem motivos. Acorda Draco! É claro que você falou algo errado. As coisas já estavam pegando fogo! Ai, agora ela deve estar fora de si.



- Não acredito que o Weasley está se casando com aquela loira – comentou Draco tentando parecer indiferente.



- Já mandei você parar de usar o meu sobrenome como insulto, não esqueça que eu sou tão Weasley quanto Rony – falou Gina ficando preocupada com o que poderia estar acontecendo – e que chapéu horrível é esse? Tira essa droga!



Draco olhou para a namorada temeroso. Quando ela começava a implicar com ele, era sinal de que estava ficando nervosa.



- Tira isso! – gritou ela mais uma vez.



- Gina, Gina, não faça isso...



Mas já era tarde. Gina arrancou o chapéu marrom da cabeça de Draco que gemeu.



- Ah, eu não acredito nisso! – riu Gina – o seu cabelo... seu cabelo está... está horrível!



- Foi um duende, tá legal? – respondeu Draco colocando com raiva o chapéu de volta na cabeça – e cabelo cresce. Daqui a pouco os sete tufos que faltam vão crescer e o cabelo volta ao normal.



- Você me contou que os duendes invadiram sua casa, que está brigando no ministério para conseguir a indenização mas não contou a melhor parte da história!



- Eu sabia que você iria rir – falou Draco dando um sorriso típico, contente pelo fato do humor da namorada ter mudado sensivelmente. Não queria ser vítima dos ataques nervosos dela – a última coisa que eu quero é uma Weasley no meu pé.



- Já disse pra parar de usar meu sobrenome como ofensa! – mas Draco não se importou porque sabia que ela já não estava mais tão brava.



- Se você me der um beijo...



- Ah... eu não devia fazer isso, Rony precisa de mim mas... ah, ele se vira!



- Que pouca vergonha – resmungou uma velha bruxa que passou por eles – no meio da rua.



- Ai! – gemeu Draco se afastando de Gina.



- Que foi? – perguntou a ruiva intrigada.



- A velha meteu a sombrinha na minha perna! – esclareceu o loiro esfregando a perna direita com a mão.



- Você está bem?



- O suficiente para te dar outro beijo – e se aproximou para beijar Gina de novo quando ouviu um barulho estranho.



Gina também percebeu e o afastou numa expressão de preocupação. Os dois olharam em volta para ver de onde vinha o barulho mas chegaram à conclusão de que não era nada. Tanto tempo namorando escondido, agora eram sensíveis a qualquer barulho.



- Onde a gente parou mesmo? – perguntou Gina abraçando o namorado de novo.



- Acho que me lembro – respondeu Draco fitando bem de perto os olhos castanhos dela.



Então ouviu-se o barulho de uma explosão. As pessoas começaram a correr para todos os lados, um pandemônio. A mesma velha que dera uma sombrinhada na perna de Draco vinha agora de volta numa maratona louca, derrubando tudo o que via pela frente. Uma moça loira de escandalosas vestes carmim gritava histérica trazendo atrás de si um rapaz cheio de espinhas, completamente aterrorizado. E assim o Beco Diagonal entrava em pânico.



- O que é isso? – perguntou Gina mais para si mesma do que para Draco. Sacou a varinha e ficou observando.



- Ah meu Deus! – gritou Draco de repente – só me faltava essa! – e mesmo sem perceber levou as mãos à cabeça.



* * *




Rony continuou fitando Nádia sem dar a resposta. Aliás, nem ele mesmo sabia. “Se eu sabia que gostava da Hermione, por que pedi Nádia em casamento?” – ele repetiu a pergunta para si mesmo na esperança de conseguir uma resposta.



Agora ele via que realmente fizera uma besteira. Nádia gostava dele. Gostava realmente dele. “Mas eu também pensei que conseguiria amá-la. Ela é bonita, agradável, inteligente à seu modo... longe de tudo eu pensei que tinha conseguido esquecer, que tinha conseguido tocar a vida pra frente”.



- Acalmem-se vocês dois – Harry disse não tirando os olhos de Nádia, que por sua vez tinha os olhos vidrados em Rony – nada de decisões precipitadas aqui, ok?



- Decisão precipitada? – perguntou Nádia num sorriso no mínimo irônico – acho que as decisões precipitadas já foram tomadas a algum tempo...



- Nádia – começou Rony encarando a aliança que ainda segurava entre os dedos – eu tomei algumas decisões erradas. Fiz uma besteira e acho que não adianta pedir que você me perdoe. Essas coisas do coração a gente não pode controlar, não pode, por mais que a gente tente. A Hermione – ele tremeu ao pronunciar o nome – foi minha melhor amiga durante sete anos seguidos. Passamos por muitas coisas juntos – e olhou para Harry por um instante – coisas que nos tornaram unidos como jamais seremos com outras pessoas.



“Ele não me ama, e nunca vai amar”.



- Eu tentei esquecer, juro que tentei mas... eu gosto de você Nádia. Você é uma pessoa ótima, você é doce, agradável e ótima entendedora de quadribol e dragões. Talvez tenha se mostrado um pouco explosiva às vezes, mas ainda assim é ótima – Harry olhou para o amigo e viu que ele estava sendo sincero - eu errei quando te pedi em casamento querendo esquecer outra pessoa, mas com o tempo, conhecendo-nos melhor eu tenho certeza de que aprenderemos a amar um ao outro – ele parou um momento, olhou para o alto, respirou fundo e prosseguiu – casa comigo amanhã, Nádia. Por favor.



Nádia, Harry, Fred, Jorge e praticamente todas as pessoas da Gemealidades Weasley arregalaram os olhos para Rony. Eu digo praticamente todas, porque alguns segundos depois do choque, um velho de barbas compridas, cartola cor de esmeralda e sem o dedo polegar direito gritou:



- Eu ganhei! Eu ganhei! Eu ganhei! Podem me passar os galeões meus senhores, eu disse que ele iria voltar com a loira.



Entre um muxoxo de Fred e um olhar fuzilante de Jorge para Rony, os gêmeos abriram a caixa registradora da loja e começaram a contar os galeões. Se não estivesse tão assustado quanto as pessoas em volta, Rony Weasley provavelmente teria socado os narizes idênticos dos irmãos.



- Peraí – falou Nádia ainda estática – você quer se casar comigo? Ainda?



- Quero – concordou Rony – agora coloque isso de volta no dedo e vá continuar as compras com Gina e mamãe.



Ele estendeu o anel para Nádia que não o pegou de imediato, ficou apenas fitando Rony como se a última frase demorasse mais tempo para ser processada do que as outras. Aos poucos, um sorriso foi se espalhando por seu rosto muito branco até que ela pareceu entender. As pessoas em volta fizeram um “Ah...” conjunto.



Harry olhou para Rony como se estivesse vendo o amigo pela primeira vez. Que diabos ele estava fazendo? Por acaso aquilo era uma brincadeira, tinha que ser... mas não era.



Nádia abriu a boca para dizer alguma coisa quando um barulho de explosão fez com que todos dessem um salto. Pessoas descabeladas vinham descendo a rua como se estivessem sendo seguidas por...



- Duendes! – berrou o velho que ganhara a aposta enquanto jogava os galeões que recebera rapidamente num saco e saía correndo.



De início ninguém deu atenção a ele, até que viram com seus próprios olhos. Duendes, mal encarados, carregando machadinhas vinham descendo a rua. “Agora eu entendo perfeitamente bem o que o Prof. Binns quis dizer” – pensou Harry olhando para Rony que parecia ter se perdido momentaneamente.



O olhar dos dois se encontraram algum tempo depois e Harry percebeu no quê (ou melhor, em quem) Rony estava pensando naquele exato momento.



“Ela deve estar encrencada, a tal reunião com os duendes era hoje”.



* * *




N/A: demorou mas finalmente o cap7 nasceu. Foi difícil, não sei se ficou tão bom mas fiz o possível e espero vcs não estejam planejando um assassinato contra a minha pessoa! Sei que o final desse cap pode ter parecido estranho para alguns (a maioria) e justamente por isso eu tenho algumas notas a fazer: a Hermione não apareceu nesse cap. Na verdade, ela aparecia sim, eu mostrava o que ela estava fazendo enquanto os outros estavam no Beco e tudo mais. Havia um flashback importante também. Mas eu resolvi tirar tudo e dividir o capítulo em dois. Mas 7 e 8 são uma seqüência. Por que eu separei? Porque era informação demais, o capítulo (que tem um grande toque de melodrama) iria ficar enorme, chato, cansativo, previsível. Então, eu garanto que todas essas esquisitices serão esclarecidas na próxima atualização.
Tenho duas boas notícias para dar pra vocês: 1) eu estou de férias agora, o que significa mais tempo dedicado a fic e 2) já passamos da metade da história. Muito obrigada pelas reviews maravilhosas que venho recebendo, todos vocês que me escrevem ajudam na continuação da fic. Por isso, você que está lendo e ainda não comentou, comente, é muito importante pra mim. Sei lá, me mande um e-mail ([email protected]) e eu terei o maior prazer em responder. Beijos!



No próximo capítulo...



A escritora da fic ficou maluca e enfiou um monte de duendes armados na história, mas não parem de ler, ela jura que possui explicação e justificativa para tudo o que está acontecendo! Nesse capítulo Hermione volta a aparecer e vocês irão descobrir o que ela andou fazendo nesse meio tempo... Rony vai se casar com Nádia? Harry vai contar seu segredo? Vocês vão descobrir o que tinha dentro do livro do Rony? Quantos galeões o velho ganhou na aposta contra os gêmeos? Para obterem a resposta de todas essas perguntas leiam o próximo capítulo.

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