Relações, Revelações e Reações
Capítulo Cinco: Relações, Revelações e Reações
Rony desceu as escadas com Hermione. A garota acabara de se despedir de Harry e todos os outros membros da Ordem que se encontravam na casa. Com um feitiço de levitação (usar magia fora da escola podia ser incrivelmente prático) guiava os malões à sua frente.
Quando chegou na porta, Hermione se virou para Rony:
- Até mais, Rony. Acho que nos veremos novamente em breve... talvez não com a mesma freqüência com a qual nos víamos em Hogwarts, mas somos amigos, não somos?
- Claro, somos amigos – disse Rony meio sem jeito.
- Então, até logo – falou Hermione acenando com a mão, sem graça. Não sabia porquê, mas aquela despedida havia sido mais difícil do que imaginava. Pensar que não veria Harry e Rony todos os dias reclamando dos deveres de Snape, que não os reprovaria por não estudar tanto quanto ela, que não os deixaria copiar seus deveres depois de brigar muito e que não passaria mais noites e noites acordada ajudando-os sair de uma encrenca, oh céus, como aquilo doía agora.
Sempre quisera isso. Terminar os estudos. Mas e todas aquelas lembranças? As escadas que mudavam de lugar e os fazia chegar atrasados na aula, os professores, os fantasmas, os retratos sussurrando nos corredores... tudo em Hogwarts tinha um pedaço da história dela. Dela, de Harry e de Rony. Cada um seguiria seu caminho agora. “O tempo passou tão depressa... parece que foi ontem que vi Rony tentando enfeitiçar Perebas no Expresso Hogwarts... passamos por tanta coisa juntos... vivemos... mas o que é isso? Somos amigos! Seremos sempre amigos. Não seremos?”.
- Hum, vê se escreve – foi o que o ruivo conseguiu dizer.
- Eu vou escrever...
Silêncio.
Hermione observava Rony arrepiar os cabelos daquele jeito irritante. Precisava ir embora, seus pais estavam esperando que ela chegasse em casa. “Eles acabaram se tornando minha família também”.
- Então eu já vou indo – Hermione deu meia volta, mas sentiu a mão de alguém em seu ombro.
- Não vai – era Rony mesmo, tão vermelho quanto os cabelos – eu preciso... preciso te dizer uma coisa...
- Então diga.
- Bem...
Se Hermione tivesse ido embora naquele instante, talvez essa história não tivesse sido a mesma.
As mesas haviam sido montadas no quintal da Toca. Todos estavam lá, de menos Percy, é claro, que estava trabalhando. Era mais fácil um hipogrífo dançar balé num tutu cor de rosa do que Percy Weasley faltar um dia no trabalho.
- Roniquinho, nós admitimos que você teve bom gosto! – exclamou Fred olhando Nádia se aproximar da mesa e se sentar ao lado de Rony.
- Realmente, ela é uma belezinha do Norte! – completou Jorge olhando em volta. Por sorte, Angelina estava conversando animadamente com o Sr. Weasley – sem ofensas, é claro, Roniquinho.
- Parece que nossa família ultimamente tem atraído estrangeiras – comentou Fred rindo.
- É o magnetismo Weasley, meu caro irmão – disse Jorge – não temos culpa se nossos cabelos fogosos agradam tanto às mulheres. Garotas de todo o mundo vêm até nós para saber como se faz um Weasley...
- Carlinhos se casou com uma romena – comentou Rony com Nádia que parecia pouco à vontade na mesa – a Catalina. Ela não veio hoje porque está cuidando do filho deles que pegou uma gripe de dragão... mas ela vai vir para o casamento, não se preocupe. Você vai conhece-la.
- E Gui ainda já foi enrolado pela deusa apoteótica da França...
- Fleur Delacour – Fred completou a frase do irmão – ela é parte veela pelo que dizem.
- Eles vão chegar amanhã – Jorge disse à Nádia – Gui mora no Egito, trabalha no Gringotes. Você vai gostar dele quando o vir.
- Sua família é grande Rony, espero que consiga gravar os nomes de todos – falou Nádia e nem Rony, muito menos os gêmeos entenderam se aquilo era uma piada ou não. Mas de qualquer forma eles riram.
- Você se acostuma – disse Fred ainda meio sem entender – nossa família tem o dom de ter muitos filhos...
- Com certeza – falou Jorge – Angelina nunca reclamou de mim. E sobre nosso querido Roniquinho, alguma queixa?
Nádia riu alto.
- Sobre o que estão conversando? – perguntou Gina que terminara de ajudar a Sra. Weasley na cozinha e vinha caminhando até os quatro.
- Estamos falando sobre o condão de fazer filhos que nossa família tem – respondeu Fred num sorriso maldoso.
- Ah! – exclamou Gina rindo – não liga para as bobagens que eles falam Nádia...
- Em que você trabalha Gina? – perguntou Nádia, feliz por ter agora uma companhia feminina.
- Trabalho no St. Mungus – disse Gina não conseguindo esconder o orgulho – no andar quatro, de danos causados por feitiços.
- St. Mongol?
- St. Mungus – corrigiu Gina educadamente – é o hospital.
- Ah, é claro! Que tolice a minha! – Nádia ficou muito sem graça e bateu na própria testa de leve.
Rony lançou um olhar fulminante aos gêmeos como que dizendo “Comecem a rir dela... é só começar...”. Fred e Jorge pareceram entender o recado e se contentaram com uma troca de olhares.
- Está gostando da Inglaterra? – perguntou Gina tentando estabelecer uma conversa com a loira.
- Claro! – falou Nádia sorrindo – já tinha vindo aqui algumas vezes, mas nunca conheci realmente o país. Estou adorando tudo, até agora. Morei os últimos tempos na Irlanda, mas nunca me envolvi muito com relações exteriores...
- Ela passou os últimos tempos no Tibet – explicou Rony dando um leve beijo na noiva – veio para a Irlanda a apenas seis meses...
- Você já viajou muito, não é Nádia? – Gina estava ficando interessada. Viajar sempre fora um sonho seu, mas nunca tivera dinheiro suficiente para faze-lo.
- Ah, sim – concordou a loira abraçando Rony – meus pais eram pesquisadores de plantas e ervas mágicas, então sempre estive em muitos lugares!
- Ervas mágicas, isso sempre me faz lembrar de Snape! – Fred praticamente cuspiu o nome do ex-professor de poções.
- Que escola de magia você cursou? – perguntou Gina tentando desviar o assunto do seboso professor. Como toda grifinória que se prezasse, ela tinha verdadeiro pavor ao antigo diretor da casa Sonserina – com certeza não foi Hogwarts.
- Durmstrang – falou Nádia simplesmente.
Fred, Jorge e Gina ficaram tão chocados com a afirmação quanto Rony. Dessa ele não sabia.
- Fala sério – murmurou Jorge num meio riso.
- Estou falando sério – disse Nádia não entendendo muito bem o motivo de todo aquele espanto – eu me formei no Instituto Durmstrang.
- Uau! – fez Fred olhando incrédulo para Rony como se pedisse uma explicação.
- Eu também não sabia – falou Rony desconsertado – sempre existe mais uma coisa para saber, não? E o que tem demais? Até Vitor Krum estudou na Durmstrang...
Rony se sentiu estranho ao pronunciar o nome de um dos seus maiores ídolos do quadribol. “Ele costumava escrever cartas imensas para Hermione... dizendo o quanto ela era linda. Ele criou uma manobra que se chamou Finta de Hermione! E ela nem se interessava por quadribol... bem feito. Aquela finta com o nome dela não faz a mínima diferença... ou será que faz? Não, Hermione não liga pra essas coisas fúteis e imbecis... ainda bem que ele se mancou e parou de dar em cima dela. Mas, será que parou mesmo? Ele é um completo idiota esse Victor Krum!”
- Volte para este planeta, Roniquito – berrou Jorge estalando os dedos em frente aos olhos dele.
- Ah, quê? – fez Rony tentando se concentrar na conversa mais uma vez. Olhou para Nádia. Ela parecia analisa-lo. De um jeito estranho – desculpe.
- Nossa, o que mamãe está aprontando naquela cozinha? – perguntou Gina levemente preocupada – ela disse que eu podia vir, que ela dava conta de tudo...
- O Harry não vai vir não? – perguntou Fred.
- Ele disse que tinha algumas coisas para resolver – respondeu Rony ainda um pouco aéreo – mas que viria mais tarde. Está doido para conhecer Nádia.
A loira voltou a sorrir.
- Também quero muito conhece-lo.
- Você vai gostar muito de Harry – murmurou Gina se deixando envolver por lembranças num leve instante – Com licença, vou dar um pulinho na cozinha e ver o que mamãe está aprontando por lá... realmente, ela disse que eu podia vir!
- Posso ir com você? – perguntou Nádia em um tom levemente ansioso – eu posso ajudar em alguma coisa.
- Claro, Nádia – disse Gina sorrindo para a cunhada – me acompanhe. Deixemos os homens um pouco à vontade.
Nádia se levantou da mesa, deu um beijo em Rony e saiu atrás da caçula Weasley rumo à cozinha.
- Rony, você não sabia que a sua noiva estudou na Durmstrang? – assim que Gina e Nádia pareceram seguramente longe, Jorge voltou a insistir no assunto.
- Bem, eu a conheço a pouco mais de um mês – respondeu Rony apoiando o cotovelo sobre a mesa - e nunca me veio à cabeça perguntar que droga de escola ela estudou. E isso ao menos é importante...
- Como assim não é ao menos importante? – falou Fred como se a questão fosse óbvia – eles ensinam Artes das Trevas naquela escola!
- É Roniquito, como é que você vai saber se não está dormindo com uma bruxa maligna?
- Não sejam idiotas – resmungou Rony implorando que Gina voltasse logo com sua mãe e Nádia trazendo a comida. Assim, os gêmeos teriam alguma coisa para se preocuparem – ela não pratica Artes das Trevas, está bem?
Os outros dois ruivos não pareceram muito convencidos.
- Eu a conheci na Irlanda – começou Rony lentamente – estava resolvendo alguns pontos para o time quando a vi pela primeira vez. Ela é repórter de um jornal irlandês, especialista em esportes bruxos. Nos esbarramos depois por acaso no corredor do estádio de quadribol e ela me perguntou se eu não era o Weasley goleiro dos Cannons. Eu respondi que sim. Ela me pediu uma entrevista e marcamos de nos encontrar naquela mesma noite num bar irlandês chamado Manticora. Conversamos durante muito tempo e a entrevista acabou meio esquecida. Quando dei por mim já estava convidando-a para sair no dia seguinte e...
- Peraí, você nunca nos disse que ela era repórter – observou Jorge.
- É, nem mesmo quando você a apresentou lá na loja – disse Fred.
- Ela escreve sobre esportes. É uma das melhores colunistas de quadribol do mundo, além de escrever as melhores matérias sobre grandes jogadores de esportes bruxos. Conhece muita gente influente internacionalmente, Malcom Jamilson, Victor Krum... esse tipo de coisa. Ela não está envolvida com artes das trevas.
- Duvido que uma mulher possa entender tanto assim de quadribol! – falou Jorge olhando mais uma vez para Angelina e agradecendo a Deus por ela ainda estar discutindo tomadas com o Sr. Weasley.
- É – apoiou Fred – além do mais ela não é um exemplo de inteligência. Eu ouvi bem ou ela disse Beco Triangular?
- Ela simplesmente não conhece a Inglaterra – respondeu Rony aborrecido com os gêmeos – mas é uma mulher realmente fascinante. Já viajou muito pelo mundo.
- Ora vamos Rony, e desde quando você liga pra cérebro? Se ligasse estaria se casando com a Hermione, não com uma colunista esportiva russa.
- Fred, você sabe muito bem que ela não é russa! – agora sim Rony estava realmente irritado – os pais dela é que eram russos. Agora calem a boca!
- Mamãe?
Gina e Nádia entraram na cozinha da Toca e encontraram Molly Weasley com a cabeça entre os braços, apoiada numa mesa, chorando.
- Mamãe, o que está acontecendo? – perguntou Gina sentando-se ao lado da mãe.
- Ele está nos deixando também – fungou a Sra. Weasley – primeiro foi Gui, depois Carlinhos, Percy, Fred e Jorge. E agora Roniquinho também irá abandonar essa casa. Daqui a pouco você irá se casar com aquele odioso Malfoy, ir morar naquela mansão enorme e a casa ficará vazia...
- Oh, mamãe – falou Gina revirando os olhos – pensei que já tivéssemos falado sobre isso. E além do mais, não diga que Draco é odioso. Ele é meu namorado!
- Desculpe, minha filha – falou a Sra. Weasley enxugando desajeitadamente as lágrimas no avental – é difícil mudar tão rapidamente velhos conceitos...
- Além do mais Rony não vai nos abandonar, ele...
Nádia deixou a cozinha. Estava se sentindo incomodada. Todos ali pareciam estar julgando-a, como se não fosse a noiva esperada para o Roniquito deles. “O que há de errado comigo? Será que fiz alguma coisa inadequada? Rony disse que eles eram gente simples... sem nenhuma frescura...” A loira estava nessa linha de pensamento quando ouviu um barulho estranho no quintal.
- A Srta. Weasley não se encontra aqui no momento – informou a curandeira-chefe do St. Mungus – ela está de folga durante os próximos dois dias. Parece que o irmão vai se casar e ela precisa ajudar.
- Muito obrigada e desculpe tomar seu tempo – disse Hermione decepcionada.
Se tinha de começar a fazer alguma coisa, precisava de informações e se precisava de informações sobre Rony e sua “lambisgóia do norte”, precisava de Gina. Saíra correndo de casa a fim de chegar ao St. Mungus e conversar com a amiga, mas Gina não estava lá. Estava de folga. “Ajudando no casamento de Rony!”
Esse pensamento conseguiu tira-la do sério. Chutou uma lixeira na rua, coisa que jamais imaginara ser capaz de fazer. “Meu Deus, o que o amor não faz com as pessoas! – pensou ela admirada consigo mesma – hoje chuto uma lixeira, amanhã enforco um cachorro.” Ou uma cachorra. Uma cachorra russa.
Resolveu ir à Toca. Gina provavelmente estaria lá. Entrou numa rua onde não havia muitos trouxas passando e aparatou...
... em cima de uma poça de lama.
- Ótimo – exclamou ela desatolando um pé – parece que andou chovendo em Ottery St. Cachpole... que maravilha! Ah! Um gnomo de jardim! Larga do meu casaco, larga! – berrou ela enquanto sacudia violentamente o sobretudo marrom que usava. Mas isso não estava dando resultado algum, já que o gnomo mordera com força – ah! Solta! Solta! Solta!
Hermione começou a pular e o resultado disso foi que se salpicou de lama. O gnomo acabou sendo arremessado para longe e ela resolveu correr com medo de que seus companheiros pudessem querer vingar-se da invasora. Nunca fora boa corredora, sabia muito bem disso, mas pensou que nunca dera tanta má sorte. Atropelou uma galinha e meteu a cara no chão úmido.
- Ótimo, ótimo – reclamou enquanto se levantava – era só o que me faltava acontecer nesses dois dias...
- Quer ajuda? – perguntou uma voz mais atrás dela – o chão anda escorregadio mesmo.
- Eu atropelei uma galinha.
- Ah – exclamou a mulher um tanto surpresa – com quem quer falar?
- Com Gina Weasley – respondeu Hermione tentando limpar os cabelos – eu ia aparatar na cozinha, mas acho que calculei mal...
- Quando comecei a aparatar também não conseguia acertar os lugares muito bem...
- Comecei a aparatar a mais de três anos – anunciou Hermione dando um sorriso amarelo.
A mulher ficou em silêncio por alguns instantes.
- Venha, vamos entrar, meu dia hoje está péssimo também.
Hermione tentou sorrir, pelo menos conseguiria falar com Gina. Acompanhou a outra até a cozinha, onde Molly Weasley, de olhos inchados, comandava a lavagem das panelas com a varinha.
- Em nome dos céus, o que é isso? – perguntou ela espantada assim que viu as duas mulheres entrarem.
- Eu encontrei essa moça caída no quintal – explicou a mulher rapidamente – ela diz que quer falar com Gina. A senhora a conhece?
- Mas é claro que sim – disse a Sra. Weasley sorrindo – é a Mione. Entre, querida. Vou chamar logo Gina – e saiu da cozinha gritando – Gina!
- É amiga de Gina? – perguntou a mulher tentando puxar conversa com Hermione.
- Sou sim – respondeu ela secamente – conheço-a de Hogwarts.
- Do jeito que falam, Hogwarts deve ser incrível.
- É... – murmurou Hermione lembrando-se do castelo e conseqüentemente de Rony também. Droga, onde estava Gina? Precisava falar com ela, explicar tudo o que estava acontecendo.
- Olá, Mione – disse Gina entrando na cozinha mais uma vez – mamãe me disse que estava perdida no quintal. Será que não posso deixar ninguém sozinho por um minuto sem que alguma coisa extraordinária aconteça? – ela lançou um olhar à mãe que corou levemente – venha aqui Mione e obrigada por encontra-la, Nádia.
Hermione engasgou. Gina teve de esmurrar-lhe as costas a fim de que a outra pudesse respirar novamente. “Nádia? Ah, não... entre todos os Weasley que poderiam ter me ajudado. Ora, moram cinco malditos ruivos nessa casa e logo a cadela russa foi quem me salvou? Só pode ser brincadeira.”
Mirou Nádia com atenção. “Como uma mulher bonita dessas pode se interessar por Rony?”
- Ajudem a Hermione – pediu a Sra. Weasley desesperada – chamem alguém.
- Mãe, eu trabalho no St. Mungus – disse Gina olhando feio para Molly Weasley – sei o que estou fazendo.
Foi travada uma verdadeira batalha contra o engasgo de Hermione. Gina, que era excelente curandeira, não sabia como proceder já que a outra tinha engasgado sozinha. Finalmente, depois de muita água, bateção nas costas e histeria, Hermione finalmente se recuperou. Estava mais calma agora. Não adiantava nada ficar tossindo feito uma velha na frente da noiva de Rony. Isso só ia colaborar para que todos pensassem que ela era uma idiota fracassada. Bem, na verdade ela era, mas o mundo inteiro não precisava saber disso.
- Oh, querida – falou Nádia mirando-a com uma expressão preocupada – acalme-se. Você está muito nervosa...
Hermione se controlou. “O que essa mulher deve estar achando de mim? Deve estar me chamando de idiota. Sem moral no mundo mágico, com o pé enfiado no barro, gnomos no casaco, atropelando galinhas e agora engasgando... como eu posso ficar calma?”
- Acalme-se, Mione – disse Gina surpresa em ver a sempre tão equilibrada Hermione Granger naquele estado – vou secar suas roupas – tirou a varinha das vestes e murmurou um feitiço. Num instante, as roupas de Hermione estavam secas.
- Obrigada, Gina – foi o que Hermione conseguiu dizer.
- O almoço está pronto – anunciou a Sra. Weasley – Hermione, você pode ficar aqui conosco. Estamos fazendo um almoço especial para comemorar o casamento de Rony... creio que você já deve ter sido informada. Essa moça loira aqui é que é a noiva dele.
- Graças a Deus a comida! – exclamou Rony assim que viu pratos, talheres e panelas cheias de comida boa e cheirosa. Estava feliz por dois motivos. Um, seu estômago estava roncando de fome e dois, os gêmeos agora lhe dariam um pouco de paz. “Finalmente, agora vou poder relaxar...”.
Carlinhos, Angelina e o Sr. Weasley se calaram. Também estavam com fome. A Sra. Weasley veio gingando, segurando um suculento doce de abóbora. Pousou-o na mesa para depois se sentar ao lado do marido. Gina veio logo atrás demonstrando estar impaciente. Nádia veio à cola da ruiva e Rony sorriu para ela. “Sente-se aqui a meu lado. Vamos comemorar o nosso casamento. A nossa felicidade”. Mas seus pensamentos foram interrompidos de forma brusca quando percebeu que vinha mais alguém. Hermione. “Ela não pode estar aqui”.
- Mais uma cadeira para a Hermione – pediu Gina.
- Olá, Mione – cumprimentou Carlinhos atendendo ao pedido da irmã e conjurando uma cadeira – o que faz por aqui?
- Eu precisava falar com Gina – respondeu ela olhando aturdida para a mesa.
- Chegou em boa hora! – exclamou Fred.
- A hora da comida – completou Jorge.
- Hermione – foi a vez do Sr. Weasley – quanto tempo! Muito trabalho no seu departamento, eu imagino.
- Sim, muito trabalho... – Hermione murmurou para logo depois se calar abruptamente. Ela não queria tentar impedir o casamento de Rony? Bem, aquela era uma grande chance.
Um grande estalo fez com que Gina gritasse alto:
- Será que eu não consigo ficar um só segundo sentada nessa cadeira?
- Olá, Harry – disse Fred – Carlinhos, outra cadeira.
- Estou muito atrasado? – perguntou Harry já sabendo que a resposta era sim – pelo que vejo, estão todos aqui.
- De menos Percy e Gui – disse Rony.
- Mas Percy nunca vem de qualquer forma... – falou Jorge indiferente.
O olhar de Harry caiu imediatamente sobre Hermione. Dentre todas os bruxos que poderiam estar naquela mesa, Harry nunca pensou que ela pudesse estar ali. “Não posso acreditar que ela está aqui para comemorar o casamento de Rony. Isso é totalmente impossível”.
Harry podia ser simplesmente uma catástrofe na hora de dar conselhos, podia não entender absolutamente nada de assuntos do coração, mas se orgulhava de um fato: conhecia muito bem os amigos que tinha. E sabia que Hermione nunca esquecera Rony totalmente. A cara o-que-estou-fazendo-aqui da garota denunciava ainda mais sua posição.
- Harry – começou Rony sorrindo para o amigo – essa aqui é a minha noiva, futura esposa.
- Nádia Zivojinovich – apresentou-se Nádia estendo a mão para Harry.
- Muito prazer – disse Harry aceitando o aperto de mão – eu sou amigo de Rony, Harry Potter.
- Desculpe, mas pensei ter ouvido que você era Harry Potter.
- Eu sou Harry Potter – Harry ainda detestava quando esse tipo de coisa acontecia. “Mas que droga! Será que nunca vão se esquecer que eu existo?”
Nádia olhou aturdida para Rony como se pedisse uma explicação. Rony por sua vez, largou-se mais na cadeira. Aquele almoço estava começando a render problemas demais. Por que simplesmente todo mundo não enchia a barriga, conversava sobre futilidades e depois ia embora feliz para casa? Por que todas aquelas perguntas e aparições estranhas? E por que diabos Hermione tivera que aparecer ali? “E por que eu tenho que ficar pensando nela?”.
- Você é amigo de Harry Potter... – murmurou Nádia num tom estranho. E somente Rony percebeu que era de repreensão.
- Estudamos juntos em Hogwarts – disse Harry sentando-se ao lado de Hermione que não parecia mais confortável que ele.
- E a Hermione também estava lá – acrescentou Gina apontando para amiga.
- Você nunca me contou isso – falou Nádia para Rony – nunca me falou sobre Harry...
- Claro que falei! – disse Rony um pouco mais ríspido do que gostaria – ele é meu melhor amigo, Harry. Ele é padrinho do nosso casamento. É claro que falei sobre ele...
Nádia se encolheu um pouco, ficou calada, mas seus olhos demonstravam claramente que estava surpresa. Incrivelmente surpresa.
Hermione observava a situação. “Bem, parece que existe realmente uma pequena falha no relacionamento deles... se conheceram a pouco tempo... ela não sabe simplesmente nada sobre a vida dele. Nada. Eu estava lá em todos os momentos importantes da vida dele... eu estou na lembrança dele”. Esse pensamento fez com que a moça começasse a sorrir inesperadamente.
- Talvez Rony não tenha contado, Nádia – começou Gina olhando com pena para o irmão que parecia querer agora se fundir com a cadeira – que também ajudou na Segunda Guerra.
- Segunda Guerra? – perguntou Nádia em voz baixa.
- Sim, a guerra que levou à queda de Lord Voldemort. Você deve saber a que me refiro...
- Claro que sim – disse Nádia incrivelmente embaraçada – o mundo inteiro sabe. Eu é que sou um pouco desmemoriada quando se trata de termos precisos... nunca me lembro deles!
- Pois bem – continuou Gina dando um sorriso de compreensão à outra – ele tem uma Ordem de Merlin, Primeira Classe por serviços prestados à comunidade mágica. Para dizer a verdade, toda a nossa família ajudou na queda de Voldemort. Somos amigos de Dumbledore.
- Isso é verdade, Rony? – perguntou Nádia com os olhos esbugalhados.
- É sim – fez Rony numa voz murcha e rouca.
Hermione lançou um olhar a Harry. Ela sabia que ele nunca falava sobre a derrota de Voldemort há três anos atrás. Sempre fugia do assunto. Gina pareceu perceber a situação desconfortável que Harry se encontrava, porque Nádia ameaçou querer fazer perguntas, lançou um olhar a Hermione e disse:
- Conseguiu folga hoje, Mione?
- É mesmo – emendou Carlinhos – todos aqueles duendes estão dando muito trabalho, não? Como conseguiu folga hoje com todo esse trabalho?
Hermione olhou para o prato que acabara de encher com batatas. “Como vou dizer que faltei no trabalho, com todo esse problema, só para tentar impedir que seu irmão se case?”. Tomou fôlego e disse simplesmente:
- Vou ter um encontro com o líder dos duendes amanhã e já tenho tudo planejado – “Nossa que mentira! Ao menos sei se vou ter emprego amanhã!” – então consegui uma folguinha. Precisava de um pouco de distração e queria muito falar com Gina. Você sabe, conversar mesmo.
- Ah, sim – exclamou Carlinhos parecendo aliviado – que bom que está tudo em ordem. Imagina se esses duendes não resolvem se revoltar?
Hermione deu um sorriso amarelo e olhou para Harry. Só ele sabia da verdade. O amigo contentou-se em lançar um olhar tranqüilizador.
- Duendes? – perguntou Nádia levemente curiosa – eles estão querendo se revoltar por aqui?
- Estão querendo uma loja de bombas no Beco Diagonal – falou o Sr. Weasley – não é isso mesmo Hermione?
- É – concordou ela colocando ainda mais batatas no prato. Precisava de alguma coisa para ocupar as mãos – isso mesmo.
- Mas isto é totalmente inaceitável – começou Nádia gesticulando com uma das mãos – que providencias o seu departamento está tomando?
- Amanhã tenho uma reunião para acertar os detalhes de uma possível negociação – falou Hermione ainda enchendo o prato com batatas cozidas.
- Bem, em 1957 os duendes irlandeses organizaram uma revolta exigindo o direito de portar armas, algo igualmente perigoso – Nádia prosseguiu parecendo estar realmente séria – o governo resolveu armar uma...
Hermione ficou de boca aberta. As batatas caíram em cima da mesa sem que ela tivesse consciência disso. Aquela loira, que tinha a aparência de uma fútil sem cérebro incrivelmente bonita, estava descrevendo com exímia perfeição a revolta dos duendes de 1957, na Irlanda, onde Profato, o duende assassino, havia tentado matar um representante do governo. Mas ninguém naquela mesa ficou mais assustado com a demonstração cultural de Nádia, do que Rony. Ele sabia muito bem que a noiva não era lá um crânio. E agora estava ouvindo-a dar conselhos para Hermione sobre duendes? Conselhos? Para Hermione? Sobre duendes? Aquele dia estava indo de mal a pior... ele sentiu que não sabia mais nada sobre sua vida.
Harry olhou para Hermione apreensivo. A bruxa parecia estar prestes a chorar. Ela não devia ter ido lá. Fora um erro. Rony estava fazendo um bom negócio se casando com aquela russa. Sim, eles seriam felizes. Porque ela não era uma fracassada. Ela não era taxada de bêbada por um jornal e muito menos se vestia em condições precárias.
O almoço prosseguiu. Dos duendes Nádia passou aos dragões. Ela parecia saber tudo sobre eles, o que fez Carlinhos quase saltar de excitação. Para o desespero de Hermione, Nádia também era excelente cozinheira. Uma hora depois e todos os presentes pareciam amar Nádia. Quando ela começou a debater sobre quadribol, Hermione achou que era melhor desistir da idéia de impedir o casamento de Rony. Mas quando Rony a abraçou (ela havia acabado de contar toda a temporada anterior dos Cannons) e beijou-lhe, Hermione achou que era melhor desistir de viver.
“O que eu estou fazendo aqui? O que eu pensava conseguir? Chegar aqui e dizer: bem Rony, você se lembra que disse que me amava a uns três anos atrás? Pois bem, então desista de se casar e volte pra mim.” Rony parecia estar feliz com Nádia, aquele pequeno atrito no início do almoço não significava nada. “Ele está feliz... nos braços de outra.”
Hermione se sentiu mal subitamente. Uma tonteira passou-lhe pelo corpo, levantou-se e saiu correndo. Se o que ela queria era tirar as atenções de Nádia, conseguiu, porque todos os olhares se voltaram para a mulher que acabara de se levantar, atolar o pé em mais uma poça de água para depois sumir quintal afora.
Rony estava assustado. Sempre pensara em Hermione como algo inatingível. Ela era a mulher de seus sonhos mais delirantes, mas jamais havia refletido sobre o que ela realmente representava para ele. Pelo menos não nos últimos três anos. E lá estava ele novamente cara a cara com Hermione. Mas não a Hermione que nada podia penetrar, não a Hermione que ele colocara em um pedestal durante tantos anos... ela era apenas uma mulher. Que tinha agora o emprego ameaçado, a carreira brilhante jogada na lama por conta de um artigo de jornal...
“Ela estava chorando naquele bar. Ela estava chorando quando a vi... ela parece estar chorando agora. Por que saiu correndo desse jeito, Mione?”
Talvez Hermione fosse mais humana do que ele pensava que fosse. Ela caiu do pedestal de algo sublime e irreal. E de repente Rony ficou assustado com seu próprio pensamento: se ela era real, então ele podia tê-la, não podia?
Hermione chegou finalmente ao quintal e pôde respirar. Tropeçara em praticamente todos os móveis da casa até chegar ali, atropelara uma mesinha cheia de livros e um cabide de chapéus que xingava. Amaldiçoou umas quatro vezes alto e seu dedão do pé estava doendo consideravelmente agora, mas finalmente estava à salvo. Longe de todos aqueles ruivos... e daquela loira.
“Que tolice a minha vir até aqui. Como se realmente pudesse mudar alguma coisa – pensou ela amargamente enquanto se encostava na parede da casa com certa relutância (a Toca era meio inclinada e parecia incrivelmente frágil) – só fiz papel de idiota. Como se eu pudesse me dar ao luxo de me desmoralizar ainda mais. Ao menos me preparei para o encontro com os duendes... provavelmente serei despedida. Percy não vai me dar outra chance. Ah, preciso ir embora daqui. Clarear as idéias e pensar numa solução para aqueles malditos duendes”.
Se estivesse em uma situação comum, Hermione se reprovaria. Estava falando mal de uma criatura mágica (por mais desprezível e assustadora que fosse), um comportamento que normalmente combatia. Mas aquela não era uma situação comum. Acabara de se dar conta de que o homem que amava a tanto tempo havia encontrado outra. E o pior, a outra o fazia feliz. Não era justo acabar com aquilo. Era melhor ir embora antes que as coisas piorassem. Além do mais, precisava ir embora, seus pais provavelmente estavam preocupados. Ela saíra correndo pela manhã sem dar explicações. “Por que ainda moro com meus pais? Já devia ter tomado um rumo na vida... ah, tudo está errado comigo!”
Preparou-se para aparatar (“que seja em um lugar seco, ou será que é muito pedir menos desgraça na minha vida?”) quando ouviu alguém:
- Onde está indo, Hermione?
Ela virou-se devagar para ver quem a chamara, pedindo em silêncio que não fosse quem pensava que era mas... “Oh, ótimo! Os céus querem mesmo que tudo dê errado...”era. Rony.
- Você sumiu da sala – disse o ruivo numa voz que pareceu a Hermione um pouco preocupada – de repente. Está se sentindo bem?
Hermione relutou antes de responder e seus olhos expressaram uma certa confusão. Rony percebeu. “O que eu penso que estou fazendo? – dizia o ruivo a si mesmo – ela já é uma mulher feita, eu não preciso me preocupar. Ela pode tomar suas decisões. Ou talvez não possa. Olhe só o estado dela! Por Merlin, ela nunca esteve assim antes. Nunca pareceu tão... tão frágil...”.
- Eu estou bem se é o quer saber – somente depois ela examinou as palavras. Oh, estava sendo rude com ele! Ora, que fosse! Ele estava se casando, merecia ser tratado mal... não, não merecia. Isso não era desculpa. Que culpa ele tinha de ter encontrado um caminho enquanto ela estava perdida?
- Vamos voltar lá pra dentro, mamãe fez chá. Estamos vendo o álbum da família Weasley, venha, ou você vai perder Percy só de fraldas? – ela soltou um riso de verdade e Rony riu junto. Ela ficava tão linda quando ria daquele jeito... “Eu não devia ter vindo até aqui! Era melhor que ela tivesse ido embora... por que tive de ler aquela reportagem no jornal? Por que me lembrei dela? Por que ela teve de vir aqui hoje?”
Às vezes a vida encontra um jeito de te acordar, pra ver o que realmente vale a pena. Quem tinha lhe dito isso? Ora, por que estava pensando nisso? Nádia estava lá na sala àquela hora esperando por ele e daqui a exatos dois dias ele estaria casado com ela. Daqui a um mês estaria viajando para a nova temporada dos Cannons. Estaria provavelmente planejando seu primeiro filho e estaria muito feliz. Estaria mesmo?
- Tudo bem. Preciso realmente dar umas risadas – disse Hermione dando um longo suspiro.
“Não Hermione, você devia ir embora, devia ficar longe de mim, é isso que você deve fazer. Você não entende que mudei? Que eu cresci? E fiz tudo isso por sua causa! Agora vá por favor, vá... deixe que Nádia possa ocupar o seu lugar no meu coração. Estou implorando!”
Mas ele não disse nada disso:
- Então venha logo, antes que Carlinhos acabe com tudo. Você sabe, ele adora o chá verde de mamãe...
Quando Hermione andou em direção a ele e os dois seguiram juntos para dentro da Toca ele estremeceu levemente enquanto pensava: “Você sempre me faz falar e fazer exatamente o contrário do que devo. E talvez seja por isso que eu te ame”.
- E este aqui é Rony quando tinha apenas três anos – falou a Sra. Weasley mostrando a foto onde um garotinho ruivo de cara chorosa brincava com uma vassoura de brinquedo – sempre sensível, o meu Roniquinho. Estes aqui são Fred e Jorge – ela virou a página e a próxima foto eram de dois garotos com aproximadamente seis ou sete anos, correndo pela cozinha, com os bolsos cheios de comida – sempre aprontando os meus gêmeos...
- Mãe, não precisa mostrar isso! – falou Jorge mudando apressadamente a página do álbum de fotografias.
- É, essas coisas são muito pessoais – completou Fred com as bochechas vermelhas, assim como as do irmão.
- Oh, não sejam tão estraga prazeres – disse Angelina segurando o riso – nunca tinha visto Jorge só de cuequinha laranja com estampa de vassouras roxas!
Todos explodiram na risada, exceto Jorge que parecia chocado com a observação da namorada.
- Oh, Jorge, é bonitinho!
- É Jorge – implicou Fred – é bonitinho!
- E você não vem – observou Gina aos risos – a sua cuequinha era amarela florescente com estampas de unicórnio!
Foi a vez de Fred lançar um olhar fuzilante à Gina. Mas depois começou a rir como todos os outros.
- Aqui uma foto mais recente! – disse a Sra. Weasley passando apressadamente para o fim do álbum – foi tirada aqui mesmo na Toca!
- Lembra-se dessa, Harry? – disse Gina olhando sonhadoramente para a fotografia.
- Lembro – respondeu Harry observando a ele mesmo acenando ao lado de Rony, Hermione, Gina, Neville e Luna – foi a uns três anos mais ou menos. Depois que melhorei...
- É – concordou Carlinhos – eu me lembro daquele garoto Longbottom, nunca vi ninguém tão desajeitado na vida...
- Somente Hermione tinha paciência com ele – falou Jorge.
- Vocês pareciam ser muito amigos – a voz de Nádia foi pela primeira vez ouvida naquela sala desde o almoço.
- Passamos por muita coisa juntos – explicou Harry à noiva do amigo – isso fez com que nos tornássemos inseparáveis.
- Mas não tão inseparáveis quanto você, Rony e Mione – observou Gina com uma pontinha de inveja – vocês nunca ficavam longe. Lembram-se das brigas de Rony e Hermione? Aquilo era prova do quanto estavam ligados...
- Não pensei que Hermione fosse tão ligada assim à Rony e Harry – falou Nádia.
- Está brincando! – disse Fred – ela era o cérebro do trio!
Nádia se calou enquanto os outros discutiam qualquer coisa sobre Hogwarts. Hogwarts. O nome daquele lugar que antes aparecia tão pouco nas conversas entre ela e Rony, agora aparecia tão freqüentemente na boca dos familiares do noivo. Se sentiu levemente incomodada com rumo que a conversa estava tomando. Antes, apesar do pouco tempo, ela julgava saber tudo de importante sobre a vida de Rony. Ele era jogador dos Cannons, fanático por seu time, gostava de comer, especialmente batatas, ficava facilmente bêbado com whisky de fogo e detestava acordar cedo. De repente, um monte de fatos inovadores apareceram: seu melhor amigo Harry, não era outro Harry senão Harry Potter! E Rony ajudara na luta contra Lord Voldemort, quando este ameaçou toda a Inglaterra. Ele era condecorado com a Ordem de Merlin, Primeira Classe por serviços prestados ao bem-estar da comunidade mágica assim como praticamente toda a sua família. E era amigo de Alvo Dumbledore!
Nádia agora sentia como se não soubesse nada do homem com o qual se casaria dali a dois dias. Parecia que num segundo, ele se tornara outra pessoa. Estava receosa com o fato de conhecer a família dele e seus amigos, mas nunca pensou que pudesse se abalar tanto. Seriamente. E aquela moça, Hermione. Rony nunca a havia mencionado antes... “E ela era a melhor amiga dele...”
- Olhe só quem resolveu voltar! – disse Angelina assim que Rony e Hermione apareceram na sala – perderam a melhor parte...
Hermione se sentou num lugar vazio, ao lado de Carlinhos enquanto Rony continuou em pé. “Sente-se ao lado da sua mulher Rony, em nome de tudo o que você ama, sente-se ao lado dela...”. Mas o ruivo não fez isso. E durante todo o tempo, mesmo não tendo coragem de olhar, Hermione sentiu que Rony olhava para ela. Assim como Nádia.
* * *
- Ela é aquela mulher do jornal, não é? – perguntou Nádia assim que Rony fechou a porta do quarto atrás de si.
- O que? – perguntou o ruivo não entendendo bem o que estava acontecendo – como?
- Ela é aquela mulher do jornal – repetiu Nádia em um tom estranho aos ouvidos de Rony – o jornal que dei a você no Beco Triangular... a mulher, funcionária do Ministério que foi trabalhar bêbada.
Rony estava tão assustado com a atitude inesperada da noiva que nem se deu ao trabalho de corrigi-la. Nádia estava surpreendendo-o tanto e ele não sabia direito se isso era bom ou ruim. O quadribol. Os duendes. Os dragões. Ela voltava a surpreende-lo agora:
- Aquela, Hermione Granger – Nádia tirou Rony abruptamente de suas cogitações através de uma voz cortante – era a mulher do jornal. Era ela.
- Sim, era a Hermione – foi o que o cérebro de Rony conseguiu formular. Não era exatamente que resposta que gostaria dizer, mas era o que mais podia chegar perto dela. “Sim, a mulher daquela reportagem era a Hermione e não sei porque disse a você que não era. Talvez porque eu tenha medo. Certas coisas nunca estão fundas o bastante em nossos corações...”
- Por que me disse que não a conhecia? Por que mentiu pra mim? – Nádia tinha uma expressão de mágoa contida e Rony não conseguia entender exatamente porquê. Era só uma reportagem idiota! – Ronald, ela era sua melhor amiga! Ela é amiga da Gina... Fred e Jorge dizem que ela costumava passar muito tempo aqui. Por que você me disse que não a conhecia?
Rony parou estático. Ela o chamara de Ronald? Será que ele estava ouvindo direito? Ninguém, absolutamente ninguém o chamava de Ronald, exceto a Sra. Weasley quando ficava muito brava. Detestava quando o chamavam de Ronald. Era um nome odioso. Não combinava com ele, principalmente quando saía da boca de Nádia.
- Oh, Nádia – imaginou que ela estivesse esperando uma resposta. Tentou sorrir – deixe isso pra lá, meu anjo. Vamos, vamos tentar dormir. O dia será cheio amanhã.
Mas quando Rony se aproximou dela, Nádia o afastou bruscamente. Seus olhos exibiam um brilho ameaçador. Rony nunca a vira assim e achou que nunca mais queria ver. “Foi apenas uma reportagem idiota! Uma frase idiota! Por que as coisas não voltam a ser como eram entre nós?”
- Só há duas explicações para o fato de vocês terem se distanciado – a loira parecia querer insistir naquele assunto – ou vocês dois tiveram uma briga de proporções homéricas, o que realmente acho difícil pois a conversa naquela mesa não parecia ser uma reconciliação. Ou vocês eram apaixonados um pelo outro.
N/A: primeiro, DESCULPEM A DEMORA NA ATUALIZAÇÃO! Atrasei por 2 motivos: 1)provas bimestrais e 2)minha cri(atividade) resolveu dar uma voltinha por aí e demorou para voltar. Esse cap foi realmente difícil de ser escrito e espero realmente que vocês não tenham achado horrível. Ficou meio grande (leia-se ENORME), mas eu não podia dividi-lo em dois porque tudo é muito contínuo, iria ficar estranho. Mas pelo menos compensa o atraso, não? Um cap que vale por dois! (eu fiz tudo o que pude nesse cap...). Espero que tenha conseguido mostrar um pouco mais da Nádia. O foco da história mudou um pouquinho para o Rony, mostrando o quanto ele ficou abalado com a “presença de Hermione”. É um capítulo bem denso também sem o humor dos outros... mas o próximo será bem mais light com direito uma interação r/hr... eu agradeço muito a todos aqueles que me mandaram reviews e e-mails, vcs foram realmente minha motivação! Continuem mandando comentários (especialmente sobre esse cap), assim eu fico sabendo o que vcs acharam e posso tentar melhorar alguma coisa, ok?
Agradecimentos:
Anna Karolina, Lya e Ana Bya Potter que foram as garotas que comentaram na minha fic. Os comentários foram todos respondidos, podem conferir... agradeço também a vc, leitor, q leu mas ainda não mandou sua review... o q custa? Um clique de mouse? Vamos lá, não se acanhe e deixe o q vc pensa sobre a fic!
No próximo capítulo...
Hermione resolveu desistir da idéia de ter Rony de volta. Mas ela realmente vai conseguir isso? E a Nádia? O que ela realmente está pensando dessa história toda? E o Rony??? O que ele vai fazer? E o final do flashback Hermione-diz-adeus-a-Rony vai rolar nesse capítulo? Leiam! Finalmente um capítulo com uma interação R/Hr de verdade! Não percam `Essa Noite Não tem Estrelas´.
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