Convite de Casamento



Capítulo Quatro – Convite de Casamento







Alexander e Alexandra Zivojinovich





juntamente com





Arthur e Molly Weasley





convidam você, Hermione Jane Granger, para o casamento de seus filhos





Nadia Anastácia Zivojinovich e Ronald Billius Weasley





A cerimônia se realizará na próxima sexta-feira, Hotel Entre Trapos e Farrapos – Londres juntamente com a recepção festiva.






Era quarta-feira de manhã. Hermione comia (com muita moderação e relutância) um pedaço de torrada seca em companhia dos pais. Eram sete horas e Joshua Granger acabara de trazer sua correspondência e assim que ele proferiu as palavras: “Seu correio já chegou, minha filha?” uma chuva de corujas de todas as cores e espécies possíveis invadiu a mesa dos Granger, largando dezenas e dezenas de pergaminhos em cima da mesa do café-da-manhã.



- Não sei se vou me acostumar com isso – murmurou a Sra. Granger tomando um grande gole de chá gelado enquanto observava a última coruja ir embora, não antes é claro, de soltar um monte de penas.



Hermione ao menos leu o remetente das cartas vermelhas onde havia o desenho de uma cabeça decepada. Sabia que eram dos duendes. Depois de ouvir ao que lhe pareceu milhares de berradores, todos eles gritando algo parecido com “Você é a vergonha da comunidade mágica! Bêbada promíscua!”, pegou um pergaminho muito branco e leu as novidades de Amélia Heart, uma antiga colega de Departamento que iniciara agora uma longa viagem pela Ásia. Duas ou três cartas tratavam-se de assuntos ministeriais menos importantes e havia um envelope dourado, elegantemente timbrado. Hermione abriu. Leu. E quase caiu da cadeira.



- O que foi? – perguntou o Sr. Granger.



Era a confirmação do que Rony havia-lhe contado no Caldeirão Furado. No dia anterior sentira uma vontade imensa de gritar: “Você não pode se casar! Você disse que me amava!” mas não fez isso, limitou-se a dar os parabéns sem saber ao certo o que estava dizendo. Logo depois, despedira-se com pressa, dizendo que precisava voltar ao trabalho, mas na verdade ficara andando pela Londres trouxa aparentemente sem rumo.



Era uma brincadeira. Ou uma tentativa de Rony fazer com que todos acreditassem que havia realmente tomado um rumo na vida. Da próxima vez que ela se encontrasse com ele, provavelmente os dois iriam rir daquela história idiota de casamento. Além do mais, quem iria querer se casar com Rony Weasley? Mas naquela manhã, com o convite, as coisas pareciam mais sérias. Terrivelmente mais sérias.



Tinha lido errado, era isso. Talvez tivesse pensado tanto naquilo durante a noite que sua mente resolvera brincar um pouco com ela. Tinha lido errado. Provavelmente era só mais algum desconhecido do Ministério que estava se casando e querendo fazer barulho, andara convidando todo mundo. Era isso. Tinha de ser isso.



Releu os nomes no pergaminho mais uma vez. Não havia dúvida: Nadia Anastácia Zivojinovich e Ronald Billius Weasley. Ronald Billius Weasley. Ora, não precisava ser necessariamente aquele Ronald Billius Weasley, precisava? Poderia haver outros infelizes cujos pais provavelmente bêbados, tivessem dado ao filho o nome de Ronald Billius Weasley, não podia? Claro que podia! Deviam existir montes deles. E por coincidência, esse Ronald Billius Weasley tinha pais que se chamavam Arthur e Molly. Claro!



... e amanhã mesmo porcos mutantes da Estônia entregariam sua correspondência usando fitas coloridas nos polegares opositores de seus dedos dos pés.



“Rony está se casando.” Hermione não conseguia mais pensar... “Rony está realmente se casando.” Era impressão sua ou as coisas estavam ficando fora de foco? “Rony está se casando!” O convite caiu da mão dela quando gritou a plenos pulmões:



- Ele está mesmo se casando!



Joshua e Jane Granger, dois dentistas trouxas que já tinham visto de tudo na vida (eu digo de tudo mesmo, porque são incríveis certas coisas que acontecem em consultórios dentários. O que aquele motorzinho não faz com as pessoas...) ficaram de queixo caído ao ouvirem Hermione gritar daquele jeito. Sim, porque ela gritou com vontade como se fazendo isso, pudesse deixar a coisa menos real. Menos dolorida.



Por que? Por que percebera que ainda o amava tão tarde? Então sua vida tinha ido por água abaixo a toa? Sua moral tinha sido arrastada para a lama a troco de nada? Isso era injusto! Por que? Por que?



“Eu não posso deixar que isso aconteça – pensou Hermione firmemente – preciso fazer alguma coisa.”



Não tinha mais nada a perder. O amor de Rony agora parecia ser a única coisa que valia a pena. Que fosse para o lixo toda aquela história de carreira, trabalho e responsabilidade. Imaginou-se uma velha solteirona morando sozinha. A casa era grande demais. Imaginou-se sentada em sua cadeira no departamento fazendo um discurso igual ao de Percy. Não, não ia deixar que Rony se casasse com aquela Nada Zivojoporcaria e nem com mulher nenhuma!



“Será que em dois dias consigo impedir um casamento?”



* * *




Rony acordou de devagar. Estendeu o braço para o outro lado da cama e sorriu ao tocar em Nádia. Abriu os olhos e mirou, feliz, a mulher com quem iria se casar na sexta-feira. Ok, sexta-feira não havia sido o dia da semana com o qual ele pensaria em realizar seu casamento. Mas ao que parecia, aquela sexta-feira era o aniversário do tataravô de Nádia e ela quisera fazer uma homenagem.



- Rony... – murmurou Nádia acordando – você já acordou?



- Já sim – respondeu ele admirando-a. Nadia era branca demais. Tinha a pele muito clara, os cabelos muito loiros. Rony dizia que ela parecia um anjo. Um anjo albino, mas ainda assim um anjo.



- Hoje vamos até a sua casa? – perguntou ela sonolenta.



- Vou levar você lá – falou Rony enquanto brincava com o cabelo dela – tem que conhecer todos. Já conhece Carlinhos, Fred e Jorge mas não os outros. Mamãe disse que vai dar um almoço especial em sua homenagem, está realmente ansiosa para te conhecer. Combinei tudo com ela ontem. Já comprou tudo que tinha de comprar no Beco?



- Já sim – afirmou Nadia com os olhos brilhando de contentamento – comprei coisas lindas, Rony. Lindas, lindas. Comprei um presente para sua mãe, espero que ela goste. Vamos indo agora?



- Não sem antes você me dar um beijo.



- Tolinho – ela chegou mais perto a fim de dar-lhe um beijo estalado – acha que sua família vai gostar de mim?



- Se eu gosto – falou Rony – por que eles não gostariam? – e puxou-a mais para perto de si...




* * *




- Mal posso acreditar que Roniquinho está se casando – falava a Sra. Weasley enquanto arrumava a cozinha da Toca impacientemente com um aceno de varinha – e ainda mais com uma russa!



- Ela não é russa, Molly – corrigiu o Sr. Weasley comendo um grande pedaço de torta de ameixa – ela nasceu na Finlândia e mora na Irlanda. Fred disse que os pais dela é que eram russos.



- Ele não podia ter escolhido uma garota menos no norte?! – reclamou Molly largando-se numa cadeira ao lado do marido e pegando um lenço nas vestes para assoar o nariz.



- Que está acontecendo aqui? – perguntou Gina que vinha descendo para tomar café.



- Sua mãe está inconsolável com a notícia que Rony deu ontem – anunciou o Sr. Weasley mirando a esposa.



- Ora, mamãe – disse a ruiva – não fique assim. Rony está feliz, não está? Está encantado com a idéia de se casar e até mesmo já enviou os convites.



- Ao menos nos contou seus planos... – chorou a Sra. Weasley.



- Sim, mas ele mesmo diz que tudo aconteceu muito rápido. Fique feliz por ele, mamãe.



- Eu estou feliz, Gina querida, mas é que... – ela assoou o nariz forte.



- Mas é que o quê? – perguntou Gina penalizada.



- Ele vai casar numa sexta-feira!



- E o que tem isso?



- Ora, Gina, querida. Ninguém se casa numa sexta-feira – começou a Sra. Weasley ligeiramente irritada – eu me casei no sábado assim como Carlinhos. Percy se casou num domingo. Rony vai se casar na sexta?



- Quem importa o dia da semana, mãe – fez Gina repartindo a torta com o pai – ele está feliz. Encontrou a mulher da vida dele. Finalmente parou de pensar em Hermione.



- Não diga tolices, Gina – disse a Sra. Weasley levantando-se – desde quando Rony gosta da Hermione?



- Desde sempre – afirmou Gina enquanto censurava com os olhos Arthur Weasley que ria da conversa das duas – Rony era louco por Hermione. Por que acha que nunca arranjou uma namorada realmente séria? – ela mesma respondeu – porque vivia pensando em Hermione. Agora pelo que parece, ele resolveu tocar a vida e esquece-la. Não vale a pena sofrer por quem não nos quer.






* * *




- Rony... – chamou Nádia que estava deitada no tórax dele – já chamou seus padrinhos?



- Chamei Harry – respondeu o ruivo fixando o teto do quarto.



- Que Harry?



- Meu melhor amigo Harry – explicou Rony – somos amigos desde Hogwarts. Chamei-o ontem. Encontrei com ele aqui no Caldeirão.



Rony perguntou-se porque não chamara Hermione para ser madrinha mas aí se lembrou que ela saíra apressada, provavelmente ainda tentava salvar o emprego. “Mas, se ela tivesse ficado, eu a chamaria?”



- Hum... e quem mais?



- A namorada do Harry – respondeu ele sem emoção.



- E quem é ela?



- Uma garota.



- Imaginei que fosse uma garota – retrucou Nádia num tom seco. Detestava quando Rony fixava o teto daquela maneira e respondia a suas perguntas de modo tão vago. “Parece que não está aqui. Parece que está longe... longe de mim.”



Os dois ficaram em silencio durante alguns minutos. Rony continuava mirando o teto. Estava longe. Estava no Baile de Inverno, em seu quarto ano.



* * *




Rony havia deixado Harry conversando com Cedrico. Em outra situação, provavelmente estaria curioso mas sua mente estava toda na pessoa que andava a menos de dez passos à sua frente. Hermione. Ela estava linda naquele baile. O modo como o vestido balançava enquanto ela andava... o modo como seus olhos brilhavam... simplesmente linda.



- Luzes Encantadas – murmurou a garota e a Mulher Gorda mais sua amiga Vi abriram passagem enquanto diziam:



- Ânimo querida!



- Luzes Encantadas – repetiu Rony porque quando chegou o quadro já havia se fechado.



- Por que não veio com sua amiga? – perguntou a Mulher Gorda visivelmente aborrecida por ter sido interrompida mais uma vez.



- Não é da sua conta – retrucou Rony entrando na Sala Comunal.



Se sentia mal. Não sabia exatamente porque. A noite havia sido pequena para tantos acontecimentos. Descobrir que Hagrid era meio-gigante e tudo mais. Estava deixando sua cabeça pesada. Largou-se de qualquer jeito numa poltrona e assustado, percebeu que Hermione estava sentada à sua frente.



- O que foi? Já está com saudades do Vitinho? – foi a única coisa que conseguiu dizer.



- Larga de ser idiota, Rony. Pare de chamá-lo de Vitinho.



- O encontro não foi tão bom assim? – disse o ruivo dando um sorriso maldoso.



- O seu parece não ter sido. Padma Patil arranjou outro garoto para dançar – era a vez dela dar um sorriso maldoso.



- Eu não me importo com Padma Patil – falou Rony levantando-se – só sei que você está traindo Harry, conversando com Krum, é isso que você está fazendo!



- E se eu estivesse fazendo alguma coisa, Rony? – perguntou Hermione se pondo de pé e se afastando dele – o que você iria dizer? Ou o que você vai fazer? Traindo Harry? Isso é só uma saída para o seu ciúme. Quando é que vai tomar coragem e...



- Não é nada disso! Não estou gostando do...



- Não gosta do quê? – perguntou Hermione lívida. Seus cabelos começavam a se soltar do coque – de saber que eu posso me divertir sem estar com você ou com Harry? Em saber que existem outros garotos no mundo que possam se interessar por mim? Que eles possam querer sair comigo?



- Realmente eu não gosto disso. O que o Krum fez com você? Lavagem cerebral? Detesto essa droga de baile!



- Ora, se você não gosta, então sabe qual é a solução, não sabe?



- Ah, é? – berrou Rony ficando vermelho – qual é?



- Da próxima vez que houver um baile, me convide antes que outro garoto faça isso, e não como último recurso! – gritou Hermione dando as costas a ele e subindo para o dormitório feminino.




* * *




- Rony! – berrou Nádia. Estava agora sentada no fim da cama mirando o ruivo com mágoa.



- Hum? – fez Rony saindo de suas lembranças.



- Estou falando com você!



- Desculpe – pediu Rony indo até ela – estava distraído, pensando...



- Pensando em que?



- Me lembrando dos tempos de Hogwarts – falou Rony não mentindo – você me fez lembrar de Harry, então andei me lembrando de algumas coisas...



- Sei que está mentindo – disse Nádia com amargura – posso ter conhecido você a um mês atrás mas sei quando mente pra mim. Em quem você estava pensando?



- O que é isso, Nádia? – perguntou o ruivo começando a rir – eu só...



- Me diga em quem você estava pensando! – gritou ela.



Rony se assustou. Nunca pensou que Nádia pudesse ser assim. Nunca. Ela era tão calma, nunca o desafiava.



- Eu não estava pensando em ninguém. Vamos, meu amor, vamos parar com isso – tentou dar-lhe um beijo mas a loira virou o rosto.



- Vou trocar de roupa. Temos que ir para a casa de sua mãe ainda antes do almoço.



Sorriu para Nádia, mas ela não retribuiu. Lembrou-se de que uma vez Gina lhe dissera que as mulheres sempre sabiam quando seus homens pensavam em outra. “Será que Nádia sabia? – perguntou ele para si mesmo enquanto se vestia – será que ela sabia que estava me lembrando da única garota que realmente amei durante toda minha vida?”



Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.