Incontroláveis









Hermione suspirou, cansada. O dia havia sido mais do que cheio. Surpresas e mais surpresas... Parecia que fazia uma semana que Rony havia se acidentado, mas na verdade havia sido há pouco mais que um dia, tempo esse em que ela não conseguiu dormir um minuto sequer. Abriu mais uma vez a porta do quarto dele, encontrando o lugar mergulhado em uma penumbra reconfortante. Já devia ser quase meia-noite. Rony dormia profundamente, parecendo a única pessoa tranqüila por ali, já que uma Sra. Weasley chorosa segurava a mão do filho, sentada em uma cadeira ao lado da cama.


Hermione se aproximou com cuidado para não acordá-lo e apoiou as mãos nos ombros da senhora, que parecia mais velha e cansada do que Hermione se lembrava de já ter visto. Ela apertou os ombros de Molly com carinho, aquela que era quase uma mãe.

- Ele vai ficar bem Sra. Weasley. Eu prometo – disse num sussurro.

- Meu menino, Hermione – soluçou a outra bruxa baixinho – Tão jovem e já sofreu tanto na vida... Assim como você, querida – completou, segurando uma das mãos em seu ombro.

- Somos fortes. Aprendemos a ser...

- É injusto que tenham que ter amadurecido tão cedo, vocês três – disse Molly derramando mais lágrimas – Merecem ser felizes. Se ao menos você e Rony...

- Nós estamos juntos – disse Hermione se abaixando ao lado da outra e abraçando-a com ternura – Está tudo certo agora, sem mais problemas, sem mais segredos.

- Ah! Que bom, querida! Que bom!

- Nós vamos ser felizes agora. Muito felizes – disse Hermione confiante.

- Arthur precisa saber disso – disse Molly sorrindo – Aliás, toda família precisa saber disso!

- Assim que o Rony sair daqui eles vão saber – disse Hermione, afastando-se do abraço e levantando-se para observar o ruivo – E teremos outra surpresa tão boa quanto essa em alguns dias...

- Que surpresa? – perguntou Molly curiosa.

- Se eu dissesse deixaria de ser surpresa – disse Hermione sorrindo.

- Vocês três não perdem essa mania de me esconder as coisas – resmungou a senhora, parecendo chateada.

- Você vai saber logo – disse Hermione, aproximando-se mais de Rony e deslizando uma mão delicadamente pelo rosto adormecido dele.

- Vá pra casa dormir, Hermione. Eu fico aqui – disse Molly voltando ao seu tom autoritário de matriarca.

- Eu não vou me afastar enquanto ele estiver aqui – disse Hermione decidida.

- Então descanse um pouco naquela poltrona. Eu vou ficar acordada.


Hermione não estava muito inclinada a aceitar a sugestão de Molly, mas sabia que não havia ninguém melhor que a mãe para vigiar o próprio filho. Além do mais, estava tão cansada... Sentia que dormiria no mesmo instante em que fechasse os olhos.


Com um último beijo na testa de Rony ela se afastou e se aninhou da melhor maneira que pôde na poltrona, sentindo finalmente o sono vencê-la.





~~~~ §§ ~~~~





Gina se aproximou da porta do apartamento com cautela, rezando intimamente para que já fosse tarde o bastante e Harry já estivesse dormindo. Não queria ter aquele conversa agora, mas sabia que não conseguiria mentir pra ele. Se realmente estivesse acordado esperando por ela, perceberia na mesma hora que algo de errado estava acontecendo. Era sempre assim... Às vezes se perguntava se Harry não era legilimente. Talvez fosse só muito preocupado e atento. Respirou fundo e girou a maçaneta, abrindo a porta devagar.


Não adiantou. Harry estava ali, sentado no sofá, parado numa posição que indicava que estivera vigiando a entrada.

- Oi Harry. Pensei que já estivesse dormindo – disse ela jogando a bolsa numa poltrona e evitando encará-lo.

- Não conseguiria dormir sem você – ele a observava como um gato que observa sua presa, procurando no rosto dela um sinal do que estava errado – Vem aqui – chamou, estendendo as duas mãos em direção à moça.


Gina obedeceu silenciosamente ao chamado. Na verdade, descobriu que aquilo era tudo que estivera precisando desde que conversara com Hermione... Abraçar Harry. Sentou-se no colo dele, sentido-se protegida e aconchegada, respirando aquele perfume tão conhecido. Escondeu o rosto na curva de seu pescoço, evitando o momento em que teria que encará-lo. Seria tão bom se pudesse ficar só assim, pelo menos por essa noite, depois da reviravolta que sua vida tinha dado.


Harry afastou os cabelos dela do rosto e pescoço com carinho, sentindo um aperto no peito. Algo muito errado estava acontecendo. Gina não era tão calada e quieta, de jeito nenhum. E essa história de querer conversar com Hermione a sós... Ele a abraçou forte, sendo tomado por um medo gigantesco. A última coisa que queria era vê-la assim. Encaixou-a melhor em seus braços, querendo protegê-la de tudo, de qualquer coisa, do mundo se fosse possível. Beijou-lhe testa com carinho, antes de perguntar:

- Vai me dizer o que aconteceu?


Gina finalmente se afastou um pouco, conseguindo olhá-lo nos olhos, enxergando preocupação através daqueles óculos. Ela respirou fundo, passando uma das mãos pelos cabelos revoltos e negros dele, pensando na sorte que tinha em tê-lo ao seu lado.

- Acabei de descobrir uma coisa – disse baixinho – Na verdade... Foi a confirmação de uma suspeita.


Ele continuou calado, parecendo confuso. Então, ela murmurou – Ainda estou um pouco assustada.

- O que foi? Alguém te fez algum mal?

- Não, não. Ninguém fez nada – ela respirou fundo mais uma vez, tentando encontrar a melhor maneira de iniciar o assunto, e ao mesmo tempo, não conseguindo pensar direito.


Harry fixou os olhos verdes nela, procurando entender de alguma forma o que estava acontecendo. E ela resolveu que não tinha outro jeito, era melhor dizer de uma vez do que ficar torturando-o com a curiosidade.

- Estou grávida.


Ele demorou alguns segundos para entender sobre o que ela estava falando... A mente trabalhando um pouco devagar. Olhou para a barriga dela, como se esperasse vê-la redonda e grande... Depois, lembrou-se lentamente que tivera sido seu primeiro, seu único, há muito pouco tempo. Ele e Gina juntos... Sem nenhum tipo de prevenção. Nem por um segundo havia passado aquela possibilidade em sua mente, talvez só em sonhos distantes de um futuro feliz...

- Eu vou ser pai? – perguntou ainda abobado.

- Sim. Acho que sim – disse ela ansiosa, esperando alguma reação mais definitiva: para melhor ou para pior.


Não precisou esperar muito. Surpreendendo-a, Harry soltou uma sonora gargalhada e a beijou em cheio na boca.


Ela abraçou-o forte, sentindo o alívio invadir sua alma, acalmar seu coração. E, antes que pudesse fazer qualquer outra coisa, sentiu-se erguida do sofá nós braços dele, rodopiando pela sala em meio a mais risadas. Ela se agarrou ao pescoço de Harry, entendendo finalmente que durante toda aquela noite só havia esperado o consentimento dele para sorrir. Que era felicidade o que vinha sentindo o tempo todo, mas só agora descobrira, com ele.

- Um filho! Uau! – era a única coisa que Harry conseguia dizer enquanto deitava Gina no sofá, se abaixando ao lado dela.


Eles se encararam profundamente, as risadas morrendo devagar, sendo substituídas por uma expressão de carinho e ternura no rosto de ambos. Se é que era possível, sentiram que se amavam ainda mais. Muito mais. Estavam unidos para sempre a partir de agora, num laço de vida. Ele aproximou o rosto do dela, roçando o nariz de leve pela bochecha rosada e depositando um beijo na testa da ruiva.

- Eu amo você. Amo vocês – disse pousando uma mão sobre a barriga dela.


Gina segurou as mãos de Harry sobre a própria barriga com as suas duas, como se estivessem abraçando e dando as boas vindas para aquele pequeno ser.

- Vocês são a minha vida, Harry – ela sussurrou.


Ele levantou-a nos braços novamente, mas dessa vez só para que pudesse se sentar no sofá com ela no colo, segurando num só abraço as duas pessoas mais importantes em sua vida a partir daquele momento. Ele aproximou a boca da dela, encarando aqueles olhos castanhos, cheios de esperança e felicidade. Roçou os lábios nos dela. Sentiu as mãos pequenas passeando por sua nuca e enterrou uma mão nos cabelos vermelhos, puxando-a, abrindo passagem para o beijo, sentindo mais uma vez aquele gosto doce, meio azedo, totalmente Gina. Sua Gina. Definitivamente sua. E agora ele tinha certeza que era pra sempre.




~~~~ §§ ~~~~




O barulho de um chuveiro ligado no banheiro enchia aquele quarto de hospital. Hermione ajeitou uma camiseta vermelha e uma calça jeans em cima da cama, ambas masculinas e maiores que o comum. Ela sorriu feliz, sendo preenchida por um imenso alívio. Depois de permanecer três dias internado, Rony iria finalmente sair daquele hospital. Estava bem... Na verdade, estava ótimo. Não havia mais nada que os impedisse...


Ela se adiantou até a porta do banheiro e bateu duas vezes, dizendo:

- Estão todos na Toca te esperando Ronald! Seu almoço de boas vindas vai começar sem você.

- Já estou saindo – ela ouviu a voz dele, abafada pela porta de madeira.

- Vou te esperar na minha sala – disse Hermione, virando-se para deixar o quarto.


Antes de comemorar a saúde de Rony e o bom rumo que sua vida tomava, Hermione precisava conferir alguns relatórios de pacientes e deixar orientações para os estagiários. Prometera a Sra. Weasley que acompanharia Rony da saída do hospital até a festa, enquanto todos eles preparavam as coisas e esperavam na Toca. Na verdade, suspeitava que a matriarca dos Weasley estivesse planejando alguma coisa envolvendo boas vindas ao novo-velho casal.


Entrou em sua sala sentindo uma animação renovada. Sentou-se na poltrona e começou a escrever freneticamente em vários rolos de pergaminhos distintos. Pela primeira vez na vida se sentiu ansiosa para terminar o trabalho, fazendo tudo o mais rápido que pôde. Organizou os pergaminhos num canto da mesa com um bilhete para Max, o estagiário que ficaria responsável pelo hospital naquela tarde.


Levantou-se apressada, prendendo os cabelos em um coque frouxo. Retirou o guarda-pó verde que usava e pegou seu sobretudo marrom, que estava pendurado numa chapeleira no canto. Assim que terminou de amarrar o cinto da peça de roupa, ouviu o barulho da porta se abrindo.

- Já estou quase pronta, Rony...

- Assim você me ofende, Granger – a voz arrastada de Malfoy a interrompeu, enquanto ele fechava e porta e se escorava ali, cruzando os braços.

- Ok, você conseguiu acabar com meu bom humor. O que quer? – perguntou ela, virando-se e colocando atrás da orelha uma mecha da franja que teimava em cair sobre os olhos.

- Acho que você não gostaria de saber – respondeu ele, misterioso, correndo seus olhos metálicos por todo o corpo dela.


Irritada, Hermione também cruzou os braços, encarando-o com frieza – Então me diga o que veio fazer aqui.

- Vim te fazer uma pergunta – disse ele descruzando os braços e colocando as mãos nos bolsos.

- Faça.

- Você o ama? – perguntou Malfoy, encarando-a tão profundamente que Hermione sentiu um arrepio.

- Não tenho que te responder isso – disse ela impaciente – De onde tirou essa pergunta?

- É só uma pergunta, com uma resposta simples – disse ele sem se abalar - Sim ou não?

- Haha – ela riu do absurdo que era aquela situação. Malfoy parecia um namorado traído tirando satisfações – Olha, eu vou te dizer, mas só porque não quero que isso seja mais segredo – ela disse olhando para ele desafiadoramente – Eu o amo. Sempre amei. Mais do que possa imaginar. Só não consigo entender o que isso tem a ver com você.

- Comigo? – perguntou ele sorrindo, cínico, e se aproximando dela – Não sei. Talvez o fato de um babaca, traidor do sangue conseguir se dar melhor na vida que eu.


Dessa vez foi ela quem encarou Malfoy demoradamente, encontrando nos olhos dele sentimentos bem parecidos com rancor e inveja. Ela se aproximou do loiro, mal se atrevendo a acreditar que Draco Malfoy estava ali, deixando o orgulho de lado e desabafando suas frustrações.

- Você tem inveja do Rony? – perguntou, incrédula, olhando nos olhos dele.


Draco sacudiu a cabeça, desviando o olhar e passando as mãos pelos cabelos. Parecia atormentado e à beira de um ataque de nervos; dividido entre extravasar sua raiva ou manter seu orgulho; bem longe do Malfoy frio e sarcástico.

- Você, Malfoy? O riquinho mimado que sempre teve tudo o que quis? – insistiu Hermione começando a achar aquilo divertido.

- Nem sempre – respondeu ele, lampejando um olhar cheio de significados na direção dela.


Hermione recuou, sentindo que a conversa estava tomando rumos perigosos. Não estava disposta a conversar esse tipo de coisa com Malfoy. Aquilo era ridículo. Ele era seu chefe, nada mais. E por que estava ali agora? Perguntando aquelas coisas, admitindo suas fraquezas, parecendo desesperado e frustrado... Era melhor não saber.

- Eu tenho que ir. Estou atrasada – disse ela caminhando em direção a porta sem olhar para ele.


Girou a maçaneta, e quando estava prestes a sair, sentiu os dedos gelados e compridos de Draco segurarem seu pulso, puxando-a agressivamente de volta à sala. Ele a segurou frente a frente, encarando-a com uma expressão louca. O pulso que Mafoy segurava estava começando a ficar dolorido, e ela começando a ficar com medo do que estava acontecendo. Sua varinha estava no bolso, era só pegá-la...

- Me solte! – disse, olhando ameaçadoramente para aquele rosto que poderia ser bonito se não fosse repugnante.

- Eu sou melhor que ele, Granger! – disse Draco olhando desejosamente para a boca dela – Sou nobre, sou elegante, tenho sangue-puro...

- Você está louco... – disse ela, sentindo nojo da maneira como ele a olhava.

- Louco de ciúme! Louco de ódio daquele idiota!


Com um puxão forte, Hermione desvencilhou-se da mão dele. Mas agora a briga estava comprada e ela não sairia dali antes de dizer umas poucas e boas.

- Ele é muito melhor que você! Melhor no quadribol, mais corajoso, mais bondoso e mais companheiro! Até mais rico, ele é agora, Malfoy! Se é que isso te importa! Você tem toda razão em morrer de inveja – disse ela mal contendo o tom de voz – Você não chega aos pés de Ronald Weasley!

- Engraçado... Tenho a impressão de que ele não é tão bom em quadribol assim – disse Malfoy tentando ser sarcástico, mas falhando debilmente ao deixar escapar a raiva na voz. Aquelas palavras saídas da boca de Hermione machucavam mais do que ela poderia imaginar – Se não fosse por mim...

- Você não tem nada a ver com isso – disse Hermione cada vez mais indignada.

- Eu tenho tudo a ver com isso! – gritou Malfoy, sem conseguir conter a raiva – Se não fosse por mim ele nunca teria arranjado um emprego!

- O que você quer dizer? – perguntou ela.

- Será que você, do alto de sua inteligência, não estranhou uma oferta tão alta dos Morcegos de Ballycastle a um goleirinho inexperiente? – perguntou ele com o sorriso cínico brincando nos lábios – Depois de ser dispensado por todos os times da Grã Bretanha?


Hermione se sentiu paralisada. Perdeu a fala, perdeu os sentidos, perdeu a noção do mundo a sua volta. Não era possível que Malfoy estivesse dizendo aquilo. Ele nunca faria...

- Foi você? – perguntou ela – Mas por quê?

- Claro que fui eu! – respondeu Draco, deixando de lado o sarcasmo e se aproximando dela novamente, exasperado – O diretor do time é um velho conhecido do meu pai. Eu queria afastar aquele babaca de você, Granger. Queria acabar com aquele namoro meloso e idiota. Eu tinha ciúmes!


Ela se afastou dele instintivamente, sentindo repulsa. Não conseguia acreditar que alguém fosse capaz de algo tão sujo e baixo. Pensar que a culpa era de Malfoy por ela ter sofrido por todos esses anos, por ter ficado longe da pessoa que mais amava na vida...

- O balaço de Zabine... Foi você também? – perguntou cada vez mais chocada – Você tentou matar o Rony?!

- Claro que não! – respondeu ele parecendo sincero – E ter que agüentar você chorando e cuidando daquele ruivo babaca?


“Não. Isso não está acontecendo, não faz sentido nenhum!” pensou Hermione, sacudindo a cabeça.

- Mas você não gosta de mim... Não quero ser mais um brinquedinho para a sua coleção. Eu sou uma sangue-ruim! – disse ela, confusa – Por que quis me afastar dele, se não se aproximou? Nunca tentou nada... Nunca demonstrou...

- Eu não poderia bater na sua porta e te pedir em casamento! – vociferou ele, frustrado – Você ainda é uma Grifinória e eu um Sonserino! Você amiga do Potter e eu um Malfoy! Eu tinha que me aproximar aos poucos, conquistar você... Foi por isso que eu montei essa porcaria de hospital! Por você! Pra você! Eu sou louco por você!


Hermione estava tonta. O mundo estava de cabeça para baixo e ninguém havia lhe avisado. Malfoy só podia estar enfeitiçado, ou envenenado. Nada daquilo fazia sentido. Sempre se odiaram, desde a primeira vez em que se viram. Ele nunca havia dispensado um elogio para ela, apenas olhares de desprezo e de arrogância. Ela se afastou dele até não poder mais, sendo impedida pela escrivaninha, onde se escorou, temendo cair de choque. Draco a observava, desolado... Os cabelos loiros se desmanchando sobre o rosto, os olhos cinzentos brilhando de frustração e desejo. Talvez por ela ser tão inatingível... Talvez por ser a única coisa que ele não conseguiria comprar...


Ela o viu dar dois passos em sua direção, a boca entreaberta por antecipação, os olhos fixos e decididos. No reflexo, sua mão voou em direção a varinha em seu bolso, mas não teve nem tempo de alcançá-la.


Um rastro de cabelos flamejantes cruzou a sala em dois passos e um soco acertou Malfoy em cheio no rosto, provocando um forte estalo. Rony estivera parado na porta que ela deixara aberta, invisível para ela e Draco, que discutiam absortos. Hermione viu o loiro se desequilibrar com a força do golpe e cair no chão. Rony avançou para ele novamente, louco de raiva, chutando-lhe o estômago com força.

- Pára Ron! – gritou ela, colocando-se na frente do ruivo quando ele preparava o pé para outro chute – Não vale a pena! Você acabou ainda está em recuperação!


Ele olhou para ela, ofegante. Poder e ódio emanavam de todos os poros do ruivo, e ela sentiu medo ao ver um lampejo vermelho passar por aqueles olhos azuis.


Mas logo percebeu que não precisava temer nada, quando, num impulso, ele a abraçou, apertando-a contra o peito.

- Vamos embora Ron, por favor... – Hermione suplicou sussurrando no ouvido dele.


Ele concordou com um aceno de cabeça, e ela afrouxou o abraço, olhando para Malfoy, que tinha a boca sangrando e agonizava de dor no chão. Rony se agachou, o maxilar endurecido, observando o rosto de Draco com desprezo.

- Você não pode comprar amor, Malfoy. – disse ele, rouco – Seus planos nunca teriam dado certo. É preciso muito mais que um oceano para me separar da Mione. Fique longe dela, ou eu posso pensar melhor e resolver terminar o que comecei. Sua doninha imunda!


Rony se levantou, abraçando uma Hermione chocada e a beira das lágrimas, amparando-a, de forma protetora.

- Vem Mione. Vamos sair daqui.



Os dois deixaram a sala, ainda abraçados. Hermione ouvia a respiração de Rony falhar e sentia os músculos dele, rígidos de raiva. Agarrou-se à cintura do ruivo, não conseguindo chorar, não conseguindo sorrir, bloqueada de choque. Viu um dos estagiários andando em sua direção no corredor.

- Max! – gritou ela, chamando-o – Vá até minha sala.


O rapaz concordou com um aceno de cabeça, sem perguntar nada, e passou por eles apressado. Rony continuava impassível, levando-a com ele sem dizer uma palavra. Eles alcançaram o saguão do prédio e saíram para a rua. Rony puxou-a para trás de uma pilastra, segurando sua mão, prestes a aparatar.

- Estamos indo para a Toca, certo? – perguntou ela.

- Não. Estamos indo para a sua casa – respondeu ele, seco.

- Mas Rony...

- A festa pode esperar, Mione – foi a última coisa que ele disse antes de girar, levando-a junto.


Hermione se deu conta de que estava na porta de seu apartamento assim que conseguiu respirar direito novamente. Rony abriu a porta e a puxou para dentro, sentando-a em uma das poltronas e se agachando à sua frente.

- Aquele verme fez alguma coisa com você? – perguntou sério, segurando os braços dela.

- Ele não fez nada – respondeu Hermione, tentando acalmá-lo – E sua mãe vai me matar se eu não chegar lá com você agora.

- Esquece a festa! – disse ele firmemente, encarando-a – Eu preciso que me prometa que nunca mais vai voltar naquele hospital. Nunca mais vai se aproximar do Malfoy.


Hermione soltou os braços do aperto de Rony, lendo em seus olhos o quanto ele estava preocupado e nervoso com o que havia acontecido. Ela passou as mãos pelos cabelos ruivos dele com carinho, aproximando os rostos, vendo-o amolecer um pouco.

- Pra começar, eu nem devia ter aceitado esse emprego,... – disse docemente – Mas eu prometo Ron, se é pra você ficar tranqüilo, eu prometo.


Ele soltou um suspiro aliviado, enquanto levava uma mão entre os cabelos e o pescoço dela, alcançando a nuca e puxando-a para um beijo. Hermione se sentiu relaxar também, entregue aos movimentos lentos da língua dele, ao perfume suave de banho recém tomado. Ele se afastou um pouco, fitando os olhos dela.

- Eu devia ter matado o Malfoy – disse num sussurro rouco – Só de pensar que passei tanto tempo sem seu beijo...

- Isso não importa mais – disse ela com carinho – Está tudo certo agora.

- Estou com tanta saudade de nós dois juntos – os olhos dele faiscaram como fogo – Não sabe o quanto eu sonhei com você.

- Eu também... Quase morri de saudade.


Rony se levantou, puxando Hermione junto, apertando a cintura dela com firmeza, devorando sua boca como há muito tempo não fazia. Com fome. As línguas se enroscavam e fugiam, enquanto ela sentia Rony praticamente esmagá-la naquele abraço, e puxava os cabelos da nuca dele com força.


Sempre foram assim, inconseqüentes. Bastava um beijo para ascender seus corpos e enfeitiçar seus sentidos. Talvez a adrenalina da briga recente tivesse causado essa explosão, mas não importava, não havia mais tempo para desperdiçar longe de Rony.


Ela sentiu as mãos dele abrirem o cinto do sobretudo que ela usava e fazer a peça escorregar por seus ombros, indo parar no chão. As mãos do ruivo voltaram para suas costas, deslizando até os quadris e puxando-a para cima num impulso. Entendendo a intenção dele e ansiando por contato, ela enlaçou a cintura de Rony com as pernas, se encaixando perfeitamente na anatomia bem moldada dele.
Como sentira falta disso...


Uma mão de Rony subiu pela sua nuca, desfazendo o coque e agarrando seus cachos, aprofundando ainda mais o beijo. Ela não conseguiu conter um gemido. Queria Rony, queria sentir a pele dele, o gosto dele.


Ele começou a andar cambaleante, levando-a para algum lugar. Abaixou-se de repente, deitando-a no tapete felpudo da sala.


Hermione só pôde apreciar o quanto Rony estava excitado e descontrolado quando ele se afastou um pouco, arrancando a camiseta de qualquer maneira, quase a rasgando. Viu desejo e vontade nos olhos dele. Ela mordeu o lábio inferior, deixando-o mais descontrolado ainda ao ver o gesto.

- Você ainda me deixa louco, sabia? – murmurou o ruivo antes de voltar a beijá-la.


Ela se sentiu nas nuvens, mal acreditando no que estava acontecendo, mal se atrevendo a sentir aquele bolo de boas emoções que dançavam em seu peito. Explorou cada centímetro das costas dele, arranhando a pele, puxando-o contra si.
Como podia ter passado tanto tempo sem Rony?


As mãos dele passeavam pelas pernas de Hermione enquanto os quadris pressionavam os dela para cima e para baixo, provocando arrepios em ambos. Era como se estivessem fazendo amor sem tirar as roupas.


Rony não conseguia se controlar mais. Queria Hermione, precisava se fundir a ela, vê-la perder o controle. Era como se ela fosse uma parte dele, que estivesse perdida, solta... E que ele precisasse reencaixar. Necessitava estar dentro dela e se sentir completo de novo. Precisava ter certeza de que ela era dele, só dele, mais uma vez.


Descolou os lábios, descendo pela pele suave do pescoço dela com um caminho de beijos e mordidas, sentindo aquele perfume inebriante de que sentira tanto a falta, arrancando gemidos da bruxa, que arranhava suas costas, cada vez com mais força. Deslizou uma mão por dentro da camiseta branca dela, apertando a cintura, sentindo a pele acetinada. Alcançou um seio e percebeu que ele ainda cabia perfeitamente em sua mão.

- Você é só minha... – sussurrou no ouvido dela.

- Toda sua... – ela conseguiu murmurar enquanto sentia o polegar dele roçando seu mamilo.

- Eu quero você de novo. Eu preciso de você.

- Eu também... – foi a última coisa que ela disse antes de puxá-lo e beijá-lo.


Hermione apertou ainda mais as pernas que contornavam a cintura do ruivo. Não agüentava mais, queria senti-lo. Mesmo com tanta saudade, com tanta vontade, era como se nunca tivessem se separado. Continuavam conhecendo cada ponto fraco um do outro, sabiam de cor aquela coreografia, que na verdade era improvisada, só deles. O beijo continuava o mesmo, se encaixava, sem erro. Mas Rony não era mais um garoto inexperiente e inseguro. Ele era um homem agora, maravilhoso, daqueles que sabiam exatamente como provocar uma mulher. E, tampouco Hermione era aquela menina tímida e controlada...


Rony se afastou um pouco, tentando respirar, tentando se acalmar. Afinal aquela ainda era sua menina, sua Mione. Ele deslizou as duas mãos pela cintura dela, lentamente, levantando a blusa, revelando os seios desprotegidos e finalmente, tirando a peça. Encarou Hermione com amor, pousando um beijo nos seus lábios entreabertos. Estava tão linda assim, os cabelos espalhados pelo chão, as bochechas rosadas de excitação, a boca vermelha e inchada pelos beijos, os seios descobertos, a barriga lisa.

- O que foi Ron? – perguntou ela, uma fina ruga formada na testa.

- Eu amo você. – disse ele simplesmente.


Ela sentiu um amor e um carinho maiores que o mundo encherem sua alma, ao olhar para aquele ruivo de cabelos bagunçados e olhos brilhantes – Você é perfeito, sabia?


Ele se aproximou novamente, com mais cuidado, beijando o ombro dela com calma, descendo a boca lentamente até os seios. Hermione fechou os olhos, querendo somente sentir, aproveitar cada toque. Rony beijou um mamilo com carinho, sentindo-a arquear. Deslizou a língua por ele, fazendo movimentos circulares, aumentando a velocidade gradativamente.

- Ron... – ele a ouviu gemer, agarrando seus cabelos.


Desceu os lábios pela barriga de Hermione, ainda em movimentos lentos e deliciosamente torturantes, sentindo que ela estava cada vez mais descontrolada. Sentia orgulho e satisfação em saber que despertava aquela Hermione sexy e atraente que se escondia dentro da ex-monitora politicamente correta. Beijou-lhe o umbigo, apreciando o prazer que lhe dava, sentindo-se excitado só em observá-la e em escutá-la gemendo seu nome. Voltou ao outro seio, sugando-o, lambendo-o.

- Não agüento mais... –ouviu-a sussurrar, arranhando seus ombros.


Era só o que ele estivera esperando. Desabotoou a calça jeans branca dela, deslizando-a juntamente com a calcinha, pelas pernas femininas. Parou ajoelhado, apenas para observá-la assim, nua, só para ele. O corpo dela continuava lindo como ele se lembrava, mas Rony não pôde deixar de notar os quadris mais largos e as pernas mais torneadas, que a faziam estranhamente mulher, diferente da garota que ele namorara, e, apesar disso, ele só conseguia apreciar aquelas mudanças.


Ela estendeu os braços, ansiosa, sentindo falta do corpo dele, puxando-o novamente, tirando-o daqueles devaneios... As mãos pequenas alcançaram o zíper da calça de Rony, tentando abri-lo.

- Deixa que eu faço isso – sussurrou, beijando a orelha dela antes de se afastar para se livrar da calça e da cueca.


Hermione notou que o corpo dele continuava coberto de sardas, como não poderia deixar de ser, mas estava muito mais bonito, mais homem, mais sexy. Ela sentiu o ventre queimar de desejo, ansiando por ele, por aquele contato eletrizante.


Rony se postou sobre ela com cuidado, preparando-se. Os dois se fitaram, olhos azuis e castanhos conectados, prestes a reafirmar mais uma vez o amor que sentiam.


Rony acariciou os cabelos dela, afastando-os do rosto. Hermione afastou a franja dele da testa suada.

- Eu também amo você Ron – murmurou – Vem pra mim... Eu preciso.


E sem esperar mais nada, Rony a penetrou enquanto a beijava, relembrando a melhor sensação do mundo, e achando-a ainda mais maravilhosa: estar dentro de Hermione. Ela enlaçou-o novamente com as pernas, obrigando-o a penetrar mais fundo enquanto o abraçava. Estivera vazia e amarga por tanto tempo... Sentir Rony dentro de si era o paraíso.


Ele começou a se movimentar devagar, quebrando o beijo, sentindo o calor e a umidade aconchegante dela. Hermione o enlaçava com cada vez mais força, gemendo seu nome, enquanto ele fechava os olhos, tomado por aqueles impulsos incontroláveis. Rony se moveu ainda mais rápido, ofegando, sentindo as unhas dela cravadas em suas costas, gostando da dor. Penetrou cada vez mais fundo e mais rápido, quase enlouquecendo de prazer, sentindo o corpo de Hermione tremendo embaixo de si. Ela correspondia, vindo de encontro a ele, rebolando, os dois em sincronia perfeita. Sentiu Hermione morder seu ombro com força, abafando um grito, enquanto ela se contraia pelo orgasmo. Não se segurou mais. Com um grunhido rouco, deixou o gozo vir, inundando-a.


Os dois se abraçaram, os corações disparados no peito, as respirações ofegantes. Agora sim se sentiam realizados e completos novamente. Depois de compartilhar aquele ato supremo de amor, de entrega, de paixão. Rony beijou Hermione brevemente, antes de se virar de costas no chão, cansado, puxando-a para o peito e enlaçando-a como se não quisesse soltá-la nunca mais.


Hermione recostou a cabeça ali, ouvindo as batidas do coração dele se acalmarem lentamente. Acariciou a pele suada dos ombros do ruivo com movimentos leves, enquanto sentia as mãos dele passeando por toda a extensão de suas costas, sentindo-se tão feliz que poderia flutuar.

- Você não tem jeito Ronald Weasley – disse sorrindo e olhando pra ele – Continua me agarrando em lugares inapropriados.

- Eu não ouvi você reclamar... – disse ele, maroto – Pelo menos agora não temos que nos esconder pelos cantos.

- Você se lembra quando tivemos que sair correndo da garagem do seu pai? – disse ela rindo – A sua mãe quase nos pegou daquela vez.

- Eu me lembro de cada segundo com você – disse ele, com um olhar apaixonado.


Os dois se beijaram ternamente; carinho e cuidado expressados da forma mais simples e gostosa que existia. Hermione o abraçou forte. De uma maneira estranha, a saudade ainda apertava seu coração, e então, ela percebeu que era medo de perdê-lo de novo, medo de se sentir sozinha, vazia e sem vida mais uma vez.

- Eu estou aqui, Mione – sussurrou ele enquanto afagava os cabelos dela – Quase enlouqueci longe de você... Não vou te deixar nunca mais.

- Isso é tudo que eu precisava ouvir – sussurrou ela, fechando os olhos.


E os dois ficaram assim, por minutos incontáveis. Nus, entrelaçados um no outro, esquecidos de festas e de qualquer coisa que não fosse o amor que sentiam. Seus corpos colados e a felicidade por estarem juntos novamente.



~~~~ §§ ~~~~




N/A: Capítulo surpresa!

Ufa!

Até que enfim consegui me redimir, com esse capítulo adiantado!

Fiquem calmos! Como eu sou muito boazinha (que mentira...) a parte NC-17 está aqui pra vocês:

Foi mais avassaladora que a H/G, porque Rony e Hermione já haviam tido um relacionamento e já tinham uma vida sexual juntos. Eu tentei não ser vulgar, deixar o mais romântica possível, mas, na minha opinião, ficou bem sexy. Eu ia postá-la em separado, como eu fiz com a H/G, mas descobri que não tinha como extraí-la desse capítulo de maneira que continuasse fazendo sentido. Espero que ninguém tenha se incomodado.

E o Draco? Que coisa, não? Eu disse a um leitor que odeia o Malfoy especialmente (sim, você mesmo Luis) que o Rony acabaria dando umas boas porradas no loiro.
Confesso que gosto do Malfoy como personagem...

E o Harry ficou descobrindo sobre a gravidez! Já disse que amo o Harry papai?

Agora no próximo capítulo vem a parte da festa... Anúncio da gravidez pra família... Bastante emoção, eu garanto. Weasley reunidos e bagunça garantida!

Vou parar por aqui, se não fico tagarelando mais uma página de Word.

Só esclarecendo que os nomes que eu coloquei no capítulo passado foram das pessoas que comentaram do dia 28/12 ao dia 19/01, não foi uma escolha, se você comentou, seu nome provavelmente está lá, se comentou e mesmo assim não está, me diga que eu coloco. Foi o intervalo entre o capítulo 15 e 16.


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Eu quero comentários recheados como recompensa!


Vocês ainda conseguem me emocionar com seus comentários, sabiam?

Muitíssimo obrigada, de coração, a essas pessoas aqui, vocês fazem essa autora pular de alegria em frente ao computador:

Lisandra Matthew
Julianne Cavalcanti
Amanda Regina Magatti
Lissandra Alvarenga Swerts (Pipoca)
Flávia Marques Carneiro
Clara
Anniepaulie
vah weasley
Selma Matos
Constancy Blue Potter
Ludíh Almofadinhas Black
Jessika (:
THAIS DOMINGOS DOS SANTOS RODRIGUES
ThiTi Potter
Pandora Potter
Debora Miranda de Barros
Taiane Araujo Santana
Ann Ross
May Weasley¹²
Isabel
Danielle Pereira
dann garcia
Rafael Wrencher
Larissa C. Baker
_LomaPotter_
Bruna Perazolo
Carolina Villela Good God
Janaina Potter
KK Weasley
Jujubalândia
Siminie Weasley
Lana Weasley
Aninha Granger Weasley**
Raissa Ribeiro
Os Inomináveis
Viviane
LUISÂO (SÓ ALEGRIA)
Carol Peeters
kariny
Tina Weasley Potter!
Nia Weasley
Ana Potter
Kizy_Malfoy
Camila Lazarotto
Lorrainne Russel
Mylene
Bibiska Radcliffe*
Patrícia Escossio → Timão!
Warner Fanfictions S/A
Flávia Marques Carneiro
apcr
Sarah Belasco
Bianca
Marlene Lee
Juliana Dias Erthal
Milla_hp
jamylle ariel sajo altheman
Carolina Villela Good God
Cici
Morgana Black
guilhermeahein
Dany Kohn
Helenira Nina Lopes Barroca
Agatha Mingorance Pinheiro




Beijo grande!


Ana Fuchs





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