Capitulo 5



Capitulo 5

Hermione condoeu-se. Não podia deixar um assassino de crianças solto nas ruas, não importando o sacrifício que teria de fazer.

Devolveu-lhe a fotografia.

-Sim, irei – disse ela num tom baixo. – Quando começo?

-Amanhã na hora do almoço. Sairemos para comer. Pode me mostrar a área durante o caminho.

-Tudo bem.

-Você ainda parece relutante – disse ele com os olhos apertados.

-Brody acabou de me convidar para sair pela primeira vez – confessou ela, tentando soar mais desanimada do que realmente estava.

-Pensei que ele fosse noivo – falou ele de modo indecifrável.

Ela fez uma careta.

-Bem, as coisas estão esfriando – ela defendeu-se. – Sua namorada viaja por todo o mundo. Acabou de voltar do México e do Peru, e não lhe dá muita atenção – murmurou ela.

-Peru? – ele parecia pensativo e a examinou silenciosamente antes de falar. – Eles ainda estão noivos, Hermione.

Ele a menosprezou por não respeitar outra mulher. Claro que sim. Ela concordava e agora sabia que não ia sair com Brody. Harry a fazia sentir-se culpada demais.

-Você está certo – ela admitiu. – Ma ela o trata tão mal – acrescentou tristonha. – Ele é um doce. Está sempre me dando força no trabalho, dizendo que sou capaz de fazer as coisas, acreditando em mim.

-O que não é nenhum razão para ter um caso com o sujeito – disse ele furiosamente. Enraivecia-lhe pensar que outro homem tentava levantar o ego de Hermione quando ele não tinha feito nada a não ser para causar-lhe dano.

-Não estou tendo um caso com ele!

-Mas teria se ele pedisse – disse ele, com os olhos frios como gelo.

Ela quis discutir, mas parou, não adiantaria e ele não tinha esse direito.

-Como você agirá enquanto fingimos nos envolver? – ela reagiu, irritada. – Quer que eu me jogue para cima de você e comece a beijá-lo quando entrar no meu cubículo?

Os olhos se arregalaram.

-Como é que é?

-Deixa para lá – disse ela, confusa. – Agirei de acordo com as circunstâncias.

Ele realmente parecia diferente, ela pensou, observando-o hesitar de maneira não característica.

-outra tarefa – ele acrescentou, entregando-lhe um disquete olhando ao redor para certificar-se de que não estavam sendo observados. – Quero que verifique estes sites da Internet e os endereços de e-mail sem deixar vestígios. Quero saber se são legítimos e de quem são. Estão protegidos e codificados.

-Não tem problema – disse ela tranqüilamente. – Posso passar por qualquer sistema de firewall.

-Não deixe rastros – enfatizou ele. – Estas pessoas não hesitam em matar crianças. Não se importariam em se livrar de você.

-Entendido. Não sou desleixada – ela colocou o disquete na bolsa e acabou de tomar o café. – Mais alguma coisa?

-Sim. Luna pediu para lhe dizer que sente muito.

-Por quê?

-Por tudo. – ele esquadrinhou seus olhos. – E para que fique registrado, você não nós deve infinitos favores nem qualquer outra coisa.

Ela levantou-se.

-Sei disso.

Ele levantou-se também, agarrando a conta antes dela.

-Reunião minha, eu pago – disse ele. Encarou-a com uma intensidade perturbadora. – Ainda está escondendo alguma coisa – disse ele num tom baixo e profundo.

-Nada de importante. – ela ficava desconcertada pelo fato de ele ler suas expressões tão bem.

Os olhos dele se estreitaram.

-Gosta realmente de trabalhar aqui, Hermione?

-Foi você que disse que eu precisava para de vadiar e arrumar um emprego – acusou ela com mais amargor do que pôde perceber. – Então arrumei um.

-Disse que precisava definir suas prioridades – reagiu ele. – Não que precisava agarrar um emprego que odeia.

-Gosto de Brody.

-Brody não representa a droga do emprego – disse ele, conciso. – Você não é adequada para a monotonia. Isso matará o seu espírito.

Ela sabia disso; não queria admitir.

-Não tem um encontro? – perguntou de maneira sarcástica, impaciente.

-Tenho. E por que você não tem?

-Os homens não valem a confusão que causam – ela mentiu, virando-se.

-Você saberia? – disse sarcástico. – Com sua vida social agitada?

-Quando Brody estiver livre, cuidado – disse ela.

Ele não respondeu. Mas a observou até chegar ao fim do corredor.

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Ela fumaçou até chegar em casa, que audácia, pensou com raiva. Sempre conseguia usá-la!

Espera aí, por que passava serviço para uma amadora quando tinha alguns dos melhores especialistas disponíveis?

A resposta veio aos poucos, lembrava-se das suspeitas de um agente duplo no lado da lei, uma figura sombria que canalizava informação para Lopez para que ele pudesse escapar da captura.

Então o pedido de Harry fazia sentido. Ele suspeitava que alguém na organização trabalhasse com os traficantes, e queria alguém confiável para fazer esta investigação para ele.

Ela sentiu-se estranhamente tocada, não só por sua habilidade, mas por seu caráter. Ele recusara sua ajuda antes, mas agora confiava-lhe informações bombásticas. Permitia sua aproximação mesmo limitada. Devia importar-se com ela. Pelo menos um pouco.

Claro que sim, repetiu-se. Ela dominava tudo de computadores, e ele sabia disso. Não pagara ele a faculdade para aperfeiçoar suas habilidades? Ele confiava em sua capacidade, porém isso não chegava a ser uma declaração de amor. Ela precisava parar de viver de sonhos, esquecer um futuro com Harry. Ela não era seu tipo. Ele gostava de mulheres inteligentes e confiantes. Gostava de profissionais. Hermione era mais parecida com uma ratinha, escondida, esquiva, falava somente quando solicitada, nunca exigia nada.

Ela passou o dedo em volta da caixa do disquete através do couro macio da sua bolsa de brechó. Bem, talvez fosse hora de ela deixar de ser bajulador de todo mundo e começar a defender-se. Era inteligente, capaz e podia fazer qualquer serviço que realmente quisesse fazer.

Pensou nas funções de gerente de RH, ficou óbvio que ela jamais gostaria daquele trabalho.

Por outro lado, rastrear criminosos era algo emocionante. Corou ao pensar no seu valor para Harry. Pensou nos dois meninos da família Garcia e sua pobre mãe, e seus olhos se estreitaram de raiva. Ajudaria Harry a agarrar o animal que ordenara aquela execução depravada. E ela era a mulher com as qualidades para tal.

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Hermione passou a maior parte da noite nas pesquisas, seguiu caminhos errados uma ou duas vezes. Os traficantes devem ter especialistas digitais próprios, e de alto calibre, se conseguiam fazer esse tipo de coisa.

Ela finalmente encontrou um site da Web, lista dos maiores sites para encontrar informações sobre Ovnis. Um deles coincidia com o material de Harry, uma conexão possível. Pesquisou mais e encontrou apenas detalhes sobre possíveis locais e datas de aterrissagem. Os sites estavam todos entre o Texas, o México e o Peru. Estranho, pensou. Mas por outro lado, o Peru está bem ao lado da Colômbia. E enquanto as drogas e a Colômbia andavam juntas como a corda e a caçamba, poucas pessoas fora dos departamentos de repressão ao crime associariam o Peru como contrabando de drogas.

Eram duas da manhã, e ela estava com tanto sono que começou a rir de sua própria incapacidade. Mas ao olhar o último site, os números e locais de aterrissagem repentinamente fizeram sentido para ela.

Havia um modelo nas listas. Era tão óbvio. Começou a anotar os números. De lá, foi um pulo para transformá-los em letras. Elas representavam um endereço de e-mail.

Conectou-se novamente ao seu servidor e trocou as identidades para evitar deixar pistas digitais. Então utilizou um dispositivo de hacker para encontrar a fonte do e-mail. Vinha de um servidor de outro país, e se conectava diretamente a uma cidade do Peru. Além do mais, uma cidade perto da fronteira com a Colômbia. Ela copiou a informação sem arriscar-se a deixá-la no risco rígido e desconectou-se.

Imprimiu todo o resultado de sua busca para deixar o computador acessível se ela estivesse online, e as colocou na bolsa. Sorriu sonolentamente enquanto deitava-se na cama dando um grande bocejo. Harry, pensou ela, ficaria impressionado.

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Para falar a verdade, ele ficou mudo. Examinou os números dentro do carro no estacionamento a caminho para o almoço.

-Isso é engenhoso – murmurou ele.

-Fizeram um bom trabalho para esconder a informação... – ela concordou.

-Não! O seu trabalho – corrigiu ele instantaneamente. – Isso é um trabalho de qualidade, Hermione. Trabalho de qualidade. Não consigo pensar em mais ninguém que pudesse ter feito melhor.

-Obrigada – disse ela.

-E você está tomando notas para Brody Vance – disse ele com desprezo à mostra. – Ele é que deveria estar trabalhando para você.

Ela deu um risinho ao imaginar Brody com um bloco e uma caneta sentado com as pernas cruzadas diante de sua mesa.

-Não combinaria com ele.

-Este trabalho que você está fazendo é que não condiz com você – respondeu ele. – Quando este caso estiver resolvido, quero que pense em mudar de carreira. Qualquer departamento legal com uma unidade de crimes virtuais se orgulharia de contar com você.

Com exceção do dele, ela estava pensando, mas não disse. Um elogio vindo de Harry valia muito.

-Talvez faz isso – disse evasiva.

-Farei bom uso disso – disse. – Onde você quer comer? – ele acrescentou.

-Geralmente como lá embaixo na lanchonete. Eles têm um especial do dia...

-Onde seu chefe almoça?

-Brody? – ela piscou. – Quando sua namorada está na cidade, ele geralmente vai a um restaurante mexicano, La Rancheria. Fica a três quarteirões daqui perto da rodovia norte – ela acrescentou.

-Sei onde é. Como é a namorada dele?

-Bem morena, bonita e chique. Ela é gerente de marketing de toda a região sudoeste, supervisora de vendas para a rede de distribuição de gás e propano. Vendemos para o mundo todo, é claro, não apenas no Texas.

-Mas ela viaja para o México e o Peru – murmurou ele ao virar o Jaguar em direção ao tráfego.

-Ela tem família nos dois lugares – disse ela desinteressadamente. – Sua mãe estava se mudando de uma cidade no Peru perto da fronteira com a Colômbia para a Cidade do México, e ela teve que ajudar na organização. Foi o que ela disse a Brody. – ela arqueou as sobrancelhas. – Estranho, pensei que Brody tinha dito que sua mãe tinha morrido. Mas por outro lado talvez não tenha realmente prestado atenção. Só a vi algumas vezes. Ela domina Brody completamente. Ele não é muito forte.

-Você gosta de comida mexicana?

-A verdade é que gosto – disse ela com um suspiro. – Você gostava de ovos ranchero no café-da-manhã – ela comentou, e depois arrependeu-se.

-É verdade. Você os fez para mim às quatro da manhã no dia em que meu pai morreu. Jessie estava em prantos, e Luna também. Ninguém estava acordado. Voltei do exterior sem jantar. Você me ouviu fazendo barulho na cozinha tentando preparar um sanduíche – recordou ele com um sorriso estranhamente terno. – Você se levantou e começou a cozinhar. Não disse uma palavra também – acrescentou ele. – Colocou o prato na minha frente, serviu o café e foi embora. – ele deu de ombros. – Não poderia falar nem para salvar a minha própria vida. Estava arrasado demais com a perda do meu pai. Você sabia disso. Nunca compreendi como.

-Nem eu – ela confessou. Ela olhou para fora da janela.

-O que em Vance te atrai? – ele perguntou repentinamente.

-Brody? Bem, ele é gentil e animador. Sempre faz as pessoas se sentirem bem sobre si mesmas. Gosto de estar com ele. Ele é... não sei... agradável.

-Agradável – ele fez a palavra soar como um insulto. Entrou no estacionamento do restaurante mexicano.

-Você perguntou – ela salientou.

Desligou o motor e olhou rapidamente para ela.

-Deus me livre de uma mulher um dia me achar agradável!

-Seria necessário um milagre – disse ela delicadamente, e tirou o cinto de segurança.

Ele apenas riu.

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Eles tiveram um almoço sossegado. Brody não estava lá, mas Harry olhava em volta como se esperasse que o homem se materializasse bem ao lado da mesa.

-Está procurando alguém? – finalmente perguntou ela.

Ele olhou rapidamente para ela por cima da sobremesa, um flã de caramelo.

-Estou sempre procurando alguém – respondeu ele. – É meu trabalho.

Ela não pensava sobre seu trabalho. Sua arma o delatava totalmente, e às vezes ele mencionava um caso qualquer. Hoje seus esforços combinados lembraram-na, mas podia passar dias inteiros sem se dar conta dos riscos. Harry, na sua posição, inevitavelmente teria inimigos. Alguns deles devem ter sido perigosos, mas ele nunca se feriu.

-Pensamentos profundos? – ele perguntou-lhe ao notar sua expressão.

-Na verdade, não. Este flã está delicioso.

-Não é de admirar que seu chefe freqüente este lugar. A comida também é boa.

-Gosto muito de como eles fazem o café...

-Kennedy! – Harry gritou para um homem que acabara de entrar no restaurante, interrompendo o comentário de Hermione.

Um sujeito mais idoso olhou na sua direção, hesitou, e então abriu um grande sorriso ao se juntar a eles.

-Potter! – ele cumprimentou. – Que bom te ver.

-Pensei que você estivesse em Nova Orleans – Harry comentou.

-Estava. Terminei mais rápido que pensei! Quem é esta? – acrescentou ele com um olhar curioso para Hermione.

-Hermione é minha garota – disse Harry relaxado. – Hermione, este é Bert Kennedy, um dos meus agentes mais antigos.

-Prazer em conhecê-lo, sr. Kennedy.

-Digo o mesmo, srta...?

Harry ignorou a pergunta. Hermione apenas sorriu para ele.

-Teve alguma sorte com a dica do estaleiro? – Kennedy perguntou.

-Não deu resultado. – ele não olhou nos olhos do agente. – Talvez ponhamos um homem na Thorn Oil na semana que vem – disse ele num tom baixo, encoberto. – Falarei sobre isso com você mais tarde.

Kennedy tinha estado nervoso, mas agora relaxou e começou a sorrir.

-Excelente! Adoraria participar da vigilância – ele acrescentou. – A não ser que você tenha algo maior?

-Conversaremos sobre isso mais tarde. Tchau.

Kennedy acenou, e caminhou até uma mesa próxima à janela.

-Ele é um dos seus melhores homens? – perguntou ela a Harry.

-Kennedy é um renegado – ele murmurou friamente, observando o homem à distância. – Ele é o cara que trouxe mercenários para a minha batida sobre as drogas em Jacobsville ano retrasado, sem me avisar primeiro. Um dos seus agentes secretos quase morreu porque não sabíamos quem ele era.

-Os homens de Eb Scott – ela arriscou.

-Eu já estava perturbado porque Manuel Lopez tinha matado meu oficial secreto, Walt Monroe. Era meu agente mais novo. Enviei-o para se infiltrar na organização de Lopez. – os olhos dele estavam gélidos. – Queria pegar Lopez. Queria muito. Na noite da batida policial, não tinha idéia nem mesmo de que Scott e seu bando secreto estavam no lugar. Estavam atrás de um agente mexicano. Se Kennedy sabia, não me contou. Poderíamos tê-lo matado, ou a Scott, ou quaisquer dos homens. Não deviam estar lá.

-Espero que Kennedy viva o bastante para arrepender-se desta decisão.

Ele lançou-lhe um olhar frio.

-É claro que ele se arrependeu.

Ela não estava surpresa que o sr. Kennedy se sentia intimidado por Harry. A maioria das pessoas se sentia, ela inclusive.

-Obrigada pelo almoço – ela disse. – Gostei muito.

Ele a examinou com verdadeiro interesse.

-Você tem modos requintados – comentou ele. – Sua mãe também tinha.

Ela sentiu corar as maçãs do rosto.

-Ela tinha obsessão por cortesia. – respondeu ela.

-Seu pai também. Eles eram pessoas boas.

-Como o seu próprio pai.

-Eu o amava. Minha mãe nunca o perdoou por deixá-la por uma mulher mais jovem – comentou ele num raro lapso. – Ela bebia como um gambá. Eu e Luna ficamos com ela porque fingiu no tribunal, não parecia alcoólatra. Ela ficou com a custódia e nos puniu pelas infidelidades do meu pai até a morte dela. Na época, já estávamos quase crescidos. No entanto, nós ainda o amávamos.

Ela não conhecera a mãe dos Potter muito bem. Luna relutara em convidá-la para ir a sua casa enquanto a senhora ainda estava viva, embora Luna passasse muito tempo na casa de Hermione. Luna e Harry gostavam muito do sr. e da sra. Granger. Eles traziam presentes de Natal maravilhosos para eles todo ano. Hermione se perguntou freqüentemente quanto dano a mãe de Harry tinha lhe causado nos seus anos de formação. Talvez isso explicasse muita coisa sobre seu comportamento eventual.

-Você amava a sua mãe? – ela perguntou.

Ele olhou para ela furioso.

-Eu a odiava.

Ela engoliu em seco. Seu pensamento retornou à festa, ao seu comportamento desinibido quando tinha tomado aquelas taças de champanhe. Recordara coisas terríveis para Harry, de sua mãe, de sua infância. Só agora ela entendia por que ele reagira tão violentamente. Não é de admirar que ela lhe tenha causado repugnância. Ele identificou o seu comportamento com o de sua mãe. Mas ele tinha dito outras coisas também, coisas que ela não conseguia esquecer. Coisas que magoavam.

Ela abaixou os olhos e olhou para o relógio.

-Realmente tenho que voltar – ela moveu-se de súbito.

A mão dele cruzou a mesa e cobriu a dela.

-Não – disse ele asperamente. – Não fique assim! Você não bebe normalmente. Nunca. Por isso é que o champanhe a afetou tanto. Eu reagi de forma exagerada. Não deixe que isso estrague as coisas entre nós, Hermione.

Ela tentava se acalmar, desviou os olhos. Em vez disso, viu sua boca, e foi pior. Era uma boca talhada, sensual e inesquecível. Ele era um especialista. Irresistível. Queria que ele a arrastasse para os seus braços e a beijasse até que desfalecesse, e isso nunca aconteceria.

Ela retirou a mão com um lento sorriso.

-Não estou guardando mágoas, Harry – tranqüilizou-o. – Escute só. Tenho um disquete cheio de cartas para terminar até a hora da saída.

-Tudo bem – disse ele. – Vamos.

Kennedy levantou a mão e acenou quando eles saíam. Harry retribuiu o cumprimento, enlaçou a cintura de Hermione ao saírem do prédio, soltou-a no momento em que entraram no estacionamento. Ele representava, ela devia lembrar-se, não precisava de mais dor na mesma têmpora.

Ele a deixou na frente do edifício com um olhar apertado e curioso que permaneceu com ela pelo resto do dia.

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Seu telefone tocou na manhã seguinte, bem cedo e ela atendeu descontente enquanto digitava.

-Alô.

-Ainda gosta de concertos sinfônicos? – veio uma voz profunda.

Harry! Os dedos dela voaram pelo teclado, cometendo erros.

-Ah, sim.

-Tem uma apresentação especial de Debussy amanhã à noite.

-Li a respeito no jornal – disse ela. – Apresentarão “Afternoon of a Faun” e “La Mer”, minhas duas favoritas.

Ele deu um risinho.

-Eu sei.

-Adoraria ir. – admitiu ela.

-Tenho dois ingressos. Apanho você à sete. Você terá tempo de jantar? – acrescentou ele, convidando apenas para o concerto, não para jantar.

-Claro – respondeu ela.

-Tenho que trabalhar até tarde, senão incluiria o jantar também – disse ele suavemente.

-Não tem problema. Sobrou um pouco de comida que preciso terminar – disse ela.

-Ótimo. Então até as sete.

-Combinado. – ela desligou. Suas mãos estavam frias como gelo e tremendo. Sentiu-se tremer por dentro. Harry a levaria a um concerto. Mentalmente reviu seu armário. Tinha apenas um vestido bom, um preto. Podia combiná-lo com seu casaco de inverno e um pequeno colar de pérolas que Luna e Harry lhe deram quando ela se formou na universidade. Colocaria o cabelo para cima. Não ficaria com uma aparência muito ruim.

Sentiu-se como uma adolescente no seu primeiro encontro até lembrar-se do disfarce. Estava representando. Mas por que num concerto?

A resposta veio de maneira inesperada. Brody passou no seu escritório alguns minutos após a ligação de Harry. Entrou no cubículo, parecendo nervoso.

-Algo errado? – ela perguntou.

Ele respirou longamente.

-Sobre o próximo sábado... – ele começou a falar.

-Não posso ir – ela deixou escapar.

Seu alívio era evidente.

-Estou tão feliz de você ter dito isso – respondeu ele sem energia de tão aliviado. – Cara estará aqui e quer passar o dia comigo.

-Harry dará uma festa de aniversário neste dia – respondeu ela, ciente de não ser convidada, embora Harry certamente gostaria que pensassem o contrário.

-Percebi seu almoço de ontem – disse ele. – Você o conhece há muito tempo?

-Muito tempo. – confessou ela. – Na verdade, ele me convidou para um concerto de Debussy...

-Debussy?

-Bem, sim...?

-Verei você lá – disse ele. – Eu e Cara vamos também, que coincidência?

Ela riu, e ele também.

-Não consigo acreditar! Nem sabia que você gostava de Debussy!

-Na verdade, não gosto – ele confessou. – Cara é que gosta.

Ela sorriu de modo travesso.

-Acho que Harry não gosta muito dele também, mas vai fingir.

Ele retribuiu o sorriso.

-Perdoe-me, mas ele não parece seu tipo – começou a dizer lentamente, corando um pouco. – Ele é muito severo, não é? Ele estava armado ontem, Hermione... – acrescentou ele quando ela caiu na gargalhada.

-Ele faz um tipo de trabalho de segurança de meio expediente – ela disse a ele, desviando sua atenção.

-Ora, ora! – ele sorriu de puro alívio. – Eu pensei que talvez você estivesse se envolvendo com o membro de uma quadrilha!

Ela lembraria de dizer isso a Harry. Não que o impressionasse.

-Não, ele não é tão ruim – assegurou-lhe. – Sobre sábado, Brody, eu cancelaria de qualquer maneira. Não era certo.

-É verdade – ele reforçou. – Somo convencionais, Hermione. Nenhum de nós sai dos limites. Aposto que você nunca foi multada por excesso de velocidade.

-Nunca – ela concordou. – Não dirijo mais, tive alguns problemas...

-Notei que seu amigo dirige um Jaguar novo.

-Ele e a irmã são independentes financeiramente – disse ela. – Possuem um rancho e têm uma das melhores criações de gado do sul do Texas, assim ele pode ter um Jaguar.

-Entendo. – ele colocou as mãos nos bolsos e a observou. – Debussy. Por alguma razão nunca pensei em você indo a concertos.

-Mas vou, a balé e teatro também, não muito ultimamente.

-Seu amigo também gosta?

-Ele me ensinou – ela confidenciou. – Levava a mim e a irmã a apresentações na nossa adolescência. Dizia que precisávamos ter cultura, porque era importante. Éramos pouco interessadas na época, depois aprendemos. Com exceção de Debussy – ela acrescentou com um risinho. – E às vezes acho que gosto deste compositor apenas para contrariá-lo.

-É moderna. Já eu sou fã de Beethoven.

-E eu não gosto de Beethoven, com exceção da Nona Sinfonia.

-Faz sentido, bem, obrigado pela compreensão. Nos veremos no concerto desta noite então!

-Acho que sim.

Sorriram, despediram-se e ela ficou curiosa sobre a coincidência.

Será que Harry soube que Brody e sua namorada Cara iriam à mesma apresentação? Ou tinha realmente sido uma coincidência?

Então outro pensamento brotou em sua mente. E se Harry vigiasse sua empresa por suspeitar de Brody como parte da organização do barão das drogas?



Obs:Oi pessoal!!!Ai está o capitulo 5!!!!Espero que gostem!!!!Próximo capitulo só na semana que vem!!!!Bjux e tenham uma ótima sexta!!!!!

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