A primeira carta



Capítulo Dois
A primeira carta

Harry encaminhou-se para o banheiro enquanto Gina descia as escadas para ir para a cozinha. O jovem fechou a porta atrás de si e encarou o seu reflexo no espelho. Seus olhos estavam vermelhos, olheiras projetavam-se sob os seus olhos, seus lábios tremiam e seus cabelos estavam mais desarrumados que de costume.

Piscou várias vezes para espantar o sono, jogou água fria no rosto e voltou a encarar seu próprio reflexo.

Como eu queria que Dumbledore estivesse vivo... Sirius também... e meus pais...

Saiu do banheiro e foi se arrumar, vestindo as costumeiras vestes bruxas e logo após descendo para tomar café da manhã com Gina. Encontrou-a sentada na mesa da cozinha, tomando uma xícara de café e lendo o Profeta Diário.

-Harry! – disse ela, alegremente, sendo recebida com um beijo.

-Bom dia, ruivinha. – disse Harry sorrindo.

-Adivinhe: Joli Chanson foi assassinada. – comentou Gina mostrando a primeira página para Harry.

-Mas... por quem? – perguntou Harry, intrigado.

-Parece-me que foi o marido ciumento: Damian Chanson. Mas o Profeta noticiou que foi o carteiro: Larry Holtenfrau. – suspirou, intrigada. – Como eles têm tanta certeza que foi Larry Holtenfrau, se o legista que examinou Joli é cego de um olho?

Harry não pôde conter o riso. Gina às vezes fazia uns comentários hilários. Ela certamente alegrava o dia de qualquer um.

Mas os risos de Harry se abafaram quando seu olhar caiu em um grande envelope pardo, deixado em cima da mesa, endereçado a ele.

-Gina... – disse Harry, curioso. – O que é isto?

A ruiva olhou para a carta e sorriu levemente.

-Chegou esta carta para você hoje de manhã. – respondeu. – Não há remetente, por isso achei estranho.

-Certo... – murmurou Harry tomando a carta nas mãos e virando-a para certificar-se que não se tratava de alguma carta perigosa.

Gina riu baixo.

-Harry, não é uma carta-bomba, isso eu posso lhe garantir. – disse, sorrindo.

Ele sorriu e se encaminhou para a sala de estar, deixando Gina intrigada. Sentou-se na poltrona grande e negra, onde costumava sentar-se para ler o Profeta Diário, e analisou a carta em suas mãos.

Parece-me uma carta normal...

Respirou fundo e notou que Gina estava certa: não havia remetente. De quem seria então? No verso do envelope estava apenas escrito, em uma caligrafia redonda e perfeita: Para Sr. Harry Potter, Rua Geller, 15, Londres – Inglaterra.

Isso tudo é muito estranho...

Abriu o envelope e tirou de dentro uma carta. Curioso para saber de quem era, Harry olhou para o rodapé da folha, mas não havia assinatura. A carta começava normalmente, com Caro Harry, mas não terminava com Atenciosamente Tal Pessoa. Harry estava curioso demais para saber de quem era aquela carta, que nem se dispôs a lê-la. Colocou-a de volta no envelope e guardou-a no bolso das vestes.

Voltou para a cozinha para tomar café, e Gina não estava mais lá. Sobre a mesa havia um pequeno bilhete.

Gina...

Pegou o bilhete nas mãos e leu-o.

“Querido Harry, recebi uma carta e tive que comparecer imediatamente ao Profeta Diário Teen. Harold descobriu alguma coisa que pode indicar quem assassinou Joli Chanson. Pode ser a notícia do século! Beijos, Gina”.

Harry suspirou, largando o bilhete na mesa e sentando-se. Mas da sua cabeça não saía um mistério: quem era o autor daquela carta?

Após tomar seu café da manhã, Harry aparatou no Ministério da Magia. Lá encontrou Geoffrey Anger e Elaine Southston, dois aurores, como ele. Cornélio Fudge, mesmo não sendo mais o Ministro da Magia, estava lá, usando, como sempre, seu chapéu-coco verde-limão.

-Harry, meu rapaz! – disse Fudge, pomposo. – Como vai?

-Ah, estou muito bem, senhor. – respondeu Harry, com um leve sorriso. – E o senhor?

-Vou maravilhosamente bem, Harry, meu rapaz! – sorriu, encantado por ver Harry. – Casei-me pela décima quarta vez.

Harry ergueu uma sobrancelha.

-Mesmo? – surpreendeu-se. – Mas que maravilha, senhor. Felicidades!

-Oh, muito obrigada, Harry.

Fudge parecia mesmo muito contente. Já Harry não conseguia entender como alguém poderia ficar feliz por estar se casando pela décima quarta vez. Ele mesmo não conseguia imaginar-se casando quatorze vezes. Sorriu, sem graça, e despediu-se de Fudge, entrando no elevador.

Apertou o botão de número 5 e esperou o elevador começar a mover-se. Mas antes que porta se fechasse, uma mulher entrou. Possuía cabelos louros, lisos e longos, olhos azul-esverdeados e um belo corpo. Harry não pôde deixar de notá-la. A moça carregava uma prancheta repleta de pergaminhos e uma pena de repetição rápida, que flutuava ao lado da prancheta. Harry lembrou-se de Rita Skeeter, e o incidente com a pena de repetição rápida quando estava no quarto ano... todas as bobagens que ela havia escrito.

A moça usava um crachá reluzente, mas Harry não conseguia ler o nome. Ela não aparentava ter mais de vinte, e era muito bonita.

Harry, pare de olhá-la! Você é casado!

Mas ele não conseguia parar de olhar para ela. Podia tentar distrair-se, olhando para o visor no elevador, que indicava em qual andar estavam, mas sempre acabava voltando o olhar para a moça.

Ela é muito bonita...

Harry despertou de seus devaneios quando a bela moça virou seu olhar para ele se sorriu. Ele sentiu as pernas tremerem,

-Bom dia. – disse a moça. Tinha uma bela voz, Harry tinha que admitir.

-Bom dia. – disse Harry, sentindo as bochechas esquentarem.

O que Gina pensará disto? Ah, Gina não se importará se você falar com ela, afinal, você tem que ser, no mínimo, educado.

-Qual andar? – perguntou ela.

-Hm... quinto. – respondeu Harry, sentindo um arrepio percorrer-lhe o corpo.

-Você é auror?

-Sim.

-Sempre quis ser auror, mas quando me formei decidi pela carreira de jornalismo.

-Mesmo? Em qual jornal você trabalha?

-No Profeta Diário, sou colunista-social.

-Isso é... muito interessante.

Harry sentia-se extremamente ridículo perto dela, afinal, ela era uma moça jovem, bonita e, obviamente, muito inteligente. E ele nem ao menos conseguira encontrar uma palavra melhor que ‘interessante’.

A moça olhou para ele, franzindo um pouco a testa, e sorrindo de lado.

-Você é Harry Potter, certo? – perguntou ela.

-Sim. – respondeu Harry sentindo-se extremamente idiota.

-Uma das minhas colunas sociais foi sobre você. – disse ela. – Comentei sobre o seu triunfo quase psicótico sobre Voldemort.

Triunfo quase psicótico?

Harry sorriu, altamente sem graça,

-Quer dizer, escrevi sobre o fato de você ter que arriscar sua vida para salvar o mundo bruxo, mas que o seu triunfo sobre Voldemort foi um triunfo quase psicótico, porque, pelo menos acho eu, você desejava, intimamente, perder a batalha.

-C-como assim? – perguntou Harry, intrigado.

-Você desejava morrer, não é mesmo? – disse ela, com simplicidade.

Ótimo, ela é uma jornalista doida de pedra...

-Hm... na verdade não. – disse ele, com um sorriso falso.

-Mesmo? – disse ela olhando para a prancheta em suas mãos. – Isso é muito interessante...

Olhou para ele, percebendo que ele sentia-se desconfortável.

-Ella Durney. – apresentou-se.

-Bonito nome... – disse Harry, simpaticamente.

-Hm... obrigada. – disse ela, sorrindo.

Esse elevador demora a se mover... Tanto tempo para chegar o quinto andar?

Finalmente a porta se abriu no quinto andar. Harry despediu-se de Ella e caminhou pelo saguão enorme e organizado. Entrou em uma sala espaçosa que possuía uma longa mesa, oito cadeiras, uma parede repleta de arquivos e outra parede repleta de estantes contendo livros curiosos.

Harry sentou-se em uma das cadeiras e olhou no relógio. Onde estariam eles? Haviam marcado a reunião para as nove horas em ponto.

Calma Harry, são apenas oito e cinqüenta e cinco...

Cinco minutos depois, exatamente as nove em ponto, entraram três bruxos e três bruxas. O bruxo mais velho, barbudo, usando óculos enormes, chamava-se Frederich Adso. Já o bruxo que aparentava ter, no mínimo, quarenta anos, chamava-se Hector Duvall. E o mais novo, mais ou menos da idade de Harry, chamava-se John Elfman. A bruxa mais velha, aparentando uns trinta anos, chamava-se Eleanor Clants. A de, mais ou menos, vinte anos chamava-se Bridget Engels. E a mais nova era Norah Farrow.

Todos eram aurores e altamente confiáveis. Por isso Harry sentiu-se à vontade para comentar:

-O que sabem daquela tal de Ella Durney?

Todos pareceram intrigados com a pergunta de Harry, deixando-o extremamente sem graça.

-A jornalista do Profeta Diário? – perguntou Hector.

-Sim. – respondeu Harry.

-É uma doida... – comentou John.

-Ora essa, Elfman, a moça não é doida! – discordou Eleanor Clants. – É apenas uma alma atormentada.

-Só diz isso porque foi madrinha do casamento dela. – disse Frederich.

-Exatamente. – concordou Eleanor, com um meio sorriso.

Harry balançou a cabeça.

Ninguém merece...

-Certo, a reunião de hoje é sobre o assassinato de Joli Chanson. – disse Norah, interrompendo a discussão.

O caso que Gina estava investigando!

-Tenho plena certeza que acontecendo como noticiou o Profeta Diário: foi Larry Holtenfrau que a assassinou! – disse Eleanor.

-Como você pode ter tanta certeza que foi Larry Holtenfrau se tem gente como Ella Durney trabalhando no Profeta Diário? – comentou Frederich.

-Qual é, Adso! – disse Eleanor. – Nós dois sabemos que Damian Chanson não faria uma coisa dessas!

-Quem comprova que não faria? – discordou Frederich.

-Ele estava na Austrália quando Joli foi assassinada!

-Ele nem ao menos tem álibi!

-Ele é um homem reservado.

-Ou altamente culpado.

-Ele estava na Austrália!

-Podia ter ido para a Austrália para criar a ilusão de não ter assassinado Joli e aparatado em Paris e, então, assassinado-a!

-Você é um bobo!

-Você é uma Maria-vai-com-as-outras!

-Você tem uma imaginação hiperativa!

-Você é uma mulher louca!

Harry olhou para Norah, que parecia não agüentar mais aquela falação toda.

-Já chega! – gritou, irritada.

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