A razão das lágrimas



Capítulo Um
A razão das lágrimas

Quando Harry Potter acordou na manhã fria e nevoenta do dia 14 de Julho de 2011, surpreendeu-se ao sentir o travesseiro úmido. Abriu os olhos lentamente, tateando a mesa de cabeceira para encontrar seus óculos. Sentia que sua cabeça estava pesada, sentia um aperto na garganta e uma dor desconfortável no peito. Suas mãos tremiam e seus olhos mal mantiam-se abertos. Sentia sua respiração arfando, sua cabeça estava um caos.

Desde a morte de Dumbledore, quando estava no sexto ano em Hogwarts, Harry passara a sentir-se extremamente só, mesmo com seus amigos ao seu redor. Rony e Hermione haviam se casado, Dino estava namorando uma garota chamada Kylie, Simas estava noivo de Parvati Patil e Gina havia voltado de Paris, foi fazer uma entrevista com Joli Chanson, uma cantora francesa que havia traído o marido com o carteiro.

Gina. Como sentia falta dela. Dos estonteantes olhos azuis, que pareciam duas belas safiras. Dos longos cabelos ruivos, que, como Harry gostava de lembrar, balançavam ao vento. Dos lábios rosados e doces que faziam Harry estremecer a cada toque nos seus.

A bela ruiva estava trabalhando no Profeta Diário Teen, que fora criado especialmente para os leitores adolescentes que não agüentavam mais aquelas notícias sem graça e deprimentes sempre noticiadas no Profeta Diário. Além do mais, fora Gina quem havia tido a idéia de criar um jornal destinado para o público jovem. Ela achou que, certamente, faria mais sucesso, pois como a maior parte da população bruxa é jovem, pensou que, se houvesse um jornal destinado a esse público, certamente faria sucesso. E realmente fez.

Ela era a editora-chefe e umas das repórteres, pois Gina não queria ficar por fora dos acontecimentos. Queria estar sempre presente nas catástrofes, entrevistando famosos, entre outras coisas do gênero. A equipe da ruivinha era pequena, mas colaboradora. Havia Kylie Simons, namorada de Dino, que era outra repórter e competia amigavelmente com Gina pelas notícias mais interessante. Amigavelmente entre aspas, pois as duas às vezes irritavam-se uma com a outra e Gina sentia uma vontade intensa de demiti-la, mas ela era uma boa repórter, além de escrever muito bem. Não seria justo demiti-la. Havia também Judy Connels, uma irlandesa eloqüente que sempre sabia o que dizer, o que fazer, o que escrever em todas as ocasiões. E por ser altamente detalhista e perfeccionista, fora escolhida como revisora geral. Rhonda Fields era a editora de arte, responsável pelos quadrinhos, charges e as crônicas ilustradas que escrevia. Era uma moça muito inteligente, além de ser casada com um repórter do Profeta Diário, Benjamin Fields.

Havia outros integrantes, como Tamy e Verethy Orneds, duas irmãs que trabalhavam, respectivamente, como colunista-social e repórter. Às vezes as duas discutiam, deixando Gina altamente irritada. Mas também não podia demiti-las: onde iria encontrar duas irmãs tão engraçadas quanto Tamy e Verethy? Beth Goldberg era a responsável pela impressão do Profeta Diário Teen. Era ela quem devia revelar as fotografias, alinhar as palavras e páginas e colocar tudo na ordem seqüencial e imprimi-las.

Depois da morte de Voldemort, o mundo bruxo estava finalmente em paz. Claro que, às vezes, uma morte ou outra aconteciam: maridos estressando-se e, acidentalmente, atingindo a esposa com o feitiço errado; duelo amigável entre colegas de trabalho que, de vez em quando, ocasionada em morte ou em ferimentos graves; e até mesmo cantores de rock que era atingidos por feitiços que fãs mandavam, tentando conjurar flores no palco.

Arruaceiros às vezes causavam confusão nas ruas, criando duelos e acidentalmente atingindo desavisados que passavam naquela rua. Harry estremecia cada vez que Gina saía para cobrir um acontecimento desses, com seu amigo Harold Shaw, o fotógrafo do Profeta Diário Teen. Harry pensava no perigo que Gina podia estar passando, e no medo incontrolável de perdê-la para sempre. Não agüentaria perdê-la... Não ela, a razão da sua existência, a razão do seu amor, a razão... a razão das suas lágrimas.

Quando Gina saía, Harry sentava-se no sofá da sala de estar e chorava. Suas lágrimas inundavam sua camisa e ele sentia uma vontade imensa de impedi-la de sair de casa toda vez que ela tivesse que cobrir um acontecimento importante. Voldemort podia estar morto, o mundo podia, enfim, estar livre dos temíveis Comensais da Morte, mas Harry, ainda assim, tinha medo.

Tinha medo que outro bruxo das trevas fosse erguer-se e transformar o mundo bruxo num verdadeiro caos. Que um novo bruxo das trevas fosse aprender com os erros de Voldemort e surgir mais terrível e poderoso que ele. Harry temia isso. Temia que Gina estivesse em perigo. Não suportaria perdê-la.

Quando tinha apenas um ano de idade, perdê-la seus pais, James e Lily. Aos quinze anos perdera seu padrinho, Sirius. Ao dezesseis perdera seu amigo, Dumbledore. Não suportaria perder Gina, não importava o quão forte e corajoso fosse. Gina era sua vida. Ela era tudo para ele.

Harry havia pedido Gina em casamento no baile de formatura do sétimo ano. Vestia um terno preto e uma gravata vermelho-escuro e Gina vestia um longo vestido rosa-escuro. Estava magnífica, lembrou Harry, pensando na noite incrível que fora o baile do sétimo ano. As músicas lentas que tocavam eram uma deixa para Harry e Gina dançarem abraçadinhos, trocando palavras românticas e beijos temperados de Cerveja Amanteigada e Martini.

Na noite do baile, Gina tinha apenas dezesseis anos, enquanto Harry tinha dezessete. No ano seguinte, Harry começou a estudar para ser auror, enquanto Gina ia para o seu sétimo e último ano em Hogwarts. Tê-la longe de si fora difícil, mas Gina vinha para casa na Páscoa e no Natal.

O casamento foi perfeito. Harry nunca sentiu-se tão feliz quando viu Gina caminhar em direção a ele, com um perfeito vestido branco, segurando um buquê de rosas champanhe. Hermione fora a madrinha, e Parvati fora a dama de honra; Hermione vestia um longo vestido rosa-bebê, já Parvati usava um vestido em um tom de rosa um pouco mais forte, e segurava um buquê de rosas cor-de-rosa. Rony foi o padrinho e o encarregado de levar às alianças fora Flic, filho de Fleur e Gui.

Agora, aos seus dezenove anos, Harry morava com Gina em uma casa creme na rua Geller, em Londres. Todas as casas desta rua eram exatamente iguais. O que diferenciava-as eram os carros estacionados nas garagens, os animais que ali habitavam e os números dourados pregados na porta. Harry e Gina moravam na casa número 15, da rua Geller. Possuíam um carro branco e dois animais: Edwiges, a coruja de Harry, e Arnaldo, o mini-pufe de Gina.

Todas as manhãs Gina acordada às sete horas, tomava um banho, vestia-se e ia preparar o café da manhã. Ao se levantar da cama, sempre dava um leve beijo nos lábios de Harry, fazendo-o sorrir levemente. Harry então levantava meia-hora depois, tomava um banho, vestia-se a descia as escadas, encontrando Gina na cozinha, beijando-lhe apaixonadamente os lábios e tomando café da manhã com ela.

Mas não era uma relação metódica nem monótona. Gina adorava surpreender Harry, beijando-lhe o pescoço enquanto ele lia o Profeta Diário, de manhã, surgindo no banheiro de repente enquanto ele tomava banho e beijando-o apaixonadamente quanto ele estava quase dormindo, deixando-o completamente acordado no mesmo instante.

Harry também adorava surpreender Gina, levando-lhe flores enquanto ela estava trabalhando, deixando uma caixa de bombons sobre o travesseiro dela com um bilhete perfumado escrito ‘eu te amo’, beijando-a no pescoço quando ela estava distraída, na cozinha, fazendo café. Era um relacionamento apaixonado e, digamos, extremamente quente.

Lágrimas escorriam pela face do rapaz, seu coração estava apertado, sua mente estava um turbilhão de pensamentos. Escondeu o rosto nas mãos e ficou pensando como seria se seus pais estivessem vivos. Sua vida, certamente, seria completamente diferente. Na verdade, seria ainda mais diferente se Tom Riddle jamais tivesse existido. Ou se Dumbledore jamais tivesse permitido que ele freqüentasse Hogwarts. Seria a vida de Harry perfeita ou imperfeita? Completa ou incompleta?

A porta do quarto se abriu e Gina entrou com um sorriso. Mas esse sorriso logo se desfez ao ver Harry chorando.

-Harry? – disse, preocupada. – Harry, o que houve?

O jovem apenas afastou as mãos do rosto e levantou a cabeça para observar Gina. Secou as lágrimas no dorso da mão e suspirou, longamente.

-Não foi nada, Gina. – disse ele, em voz baixa.

A ruiva sentou-se ao lado dele, segurando suas mãos e observando cada pequeno movimento seu. Mais lágrimas escorriam pelo rosto de Harry, suas mãos e lábios tremiam e sua respiração estava acelerada. Ele ficou de cabeça baixa, fitando o chão, preocupando Gina ainda mais.

-No que você anda pensando – perguntou Gina. – que está deixando-o assim?

-Nas mortes – respondeu Harry. – da minha vida.

-Meu Deus, Harry... – disse Gina, tocando-lhe a face. – Está pensando nos... seus pais, em Sirius e em Dumbledore?

Harry assentiu, sentindo que mais lágrimas estavam por vir. Gina pensava que Harry já tivesse superado todos esses acontecimentos, mas pelo visto ele ainda chorava por isso.

-Eu... também estava pensando – disse Harry. – na minha vida sem... você.

A ruiva estremeceu ao ouvir tais palavras.

-O... que quer dizer com isso, Harry? – perguntou ela, preocupada.

-Que eu simplesmente não conseguiria – suspirou ele. – viver em você, Gina.

-Harry... – disse Gina.

-Gina, deixa eu terminar, por favor... – suplicou Harry, olhando nos olhos azuis dela.

Ela apenas assentiu, tocando no rosto dele e sorrindo levemente.

-Sempre que... você sai de casa eu fico tão... preocupado. – disse Harry, respirando fundo. – Fico imaginando se você está bem ou se... está vida. Gina, eu simplesmente não imagino a minha vida sem você!

Os olhos da ruiva brilhavam com tais palavras. Seu coração batia rapidamente e ela sorria mais a cada palavra pronunciada. Abraçou-o fortemente e disse-lhe:

-Harry... você não faz idéia de como eu fico preocupada quando você vai para o Ministério. – sorriu, abraçando-o mais fortemente. – Sinto como se pudesse te perder e... Harry... eu não conseguiria viver sem você.

Soltaram-se daquele abraço e fitaram-se, sorrindo de leve.

-Eu te amo, Gina. – disse Harry beijando a testa da ruiva.

-Eu também te amo, Harry. – disse Gina sorrindo.

O rapaz beijou-lhe os lábios apaixonadamente, como se pudesse perdê-la a qualquer momento. Não suportaria uma vida sem ela, sem aqueles olhos azuis, sem aqueles lábios rosados, sem aquele jeito precioso... Nunca pensaria em viver com outra mulher. Queria apenas Gina. Ela era a única para ele.

-Prometa-me algo. – disse ele.

-Qualquer coisa. – suspirou a ruiva, beijando-lhe o pescoço.

-Prometa que será minha para sempre. – pediu Harry.

-Para sempre – disse ela. – e eternamente.

Ele olhou-a nos olhos, com um meio sorriso.

-Eu prometo, Harry. – disse Gina, beijando-o apaixonadamente. – Eu prometo.

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