Saindo da Toca



Capítulo III
Saindo da Toca

"Toda grande caminhada começa com um simples passo."
Buda

O dia amanheceu ensolarado, e, mais que isso. Na opinião de Gina havia algo de mágico naquela manhã. Talvez fosse pelo ocorrido na noite anterior, talvez pelo sonho agradável que tivera, ou simplesmente por se tratar do aniversário de Harry.
Mas ela acreditava que era a soma dos três motivos que a deixavam com aquele sorriso bobo nos lábios.
Levantou da cama relativamente cedo, Hermione ainda dormia no colchão ao seu lado, por isso tomou cuidado para não fazer barulho quando saiu do quarto.
Desceu as escadas sem se importar em encontrar os tios de Harry já acordados, ela só pensava em ser a primeira a poder lhe dar os parabéns. E teve sorte, Harry já estava na sala.
Ela o observou de longe, sem ser vista, achando graça do pijama que ainda vestia. Harry devia ter crescido desde as últimas compras de roupa que fizera, por que a calça e os braços estavam ligeiramente a mostra, o que acusava que o número que vestia era menor do que deveria ser.
Mas algo na expressão séria dele lhe chamou a atenção.
_Acredita nesse relatório?
_Não há o que duvidar, Harry. – era a voz ponderada de seu pai – Mas Moody achou muito estranho. Disse que nunca viu Savage dar um relatório tão certinho e detalhado. Na verdade eu acho um exagero do Moody, mas temos que concordar que ele conhece bem esse pessoal, a maioria dos Aurores que trabalham conosco é do tempo dele. – Gina não precisou esticar o pescoço para saber que Harry e Arthur conversavam através da lareira da sala – O que você acha?
_Acho que Moody é o louco com mania de perseguição mais sensato do mundo... – disse o rapaz sério – Ele fala que poderia ter sido o que?
_Feitiço de memória, talvez ou a maldição Imperius... Ele não duvida da lealdade de Savage, e olha que ele duvida da lealdade até da própria sombra.
_Também pudera, se minha esposa tivesse sido torturada e morta por comensais, acho que seria difícil duvidar da minha vontade de matá-los.
Harry passara bom tempo de sua vida “reclusa” levantando a vida de cada um daqueles que se propunham a lutar do lado deles, não queria, nem imaginava a possibilidade de ser traído com foram seus pais. E embora soubesse que somente as informações que obtivera não seriam necessárias para se proteger desse perigo, se dedicou bastante a isso.
Ele levou as mãos a cintura, pensativo.
_Vou tentar descobrir algo por aqui.
_Não será bom alarmá-los...
_É verdade... Mas fique tranqüilo, não vou fazer isso.
_Certo, aguardo novo contato seu, ok?
_Ok, sr. Weasley, obrigado por me avisar.
_Não há de que, Harry. A propósito, estão todos bem?
_Ah sim, estão. – ele sorriu – Estão dormindo...
_Nossa, é cedo ainda não é? Desculpe, mas precisava falar com você antes dos seus tios levantarem.
_Tudo bem.
_Bom, vou indo então. Até mais e Feliz Aniversário, novamente.
_Obrigado, sr. Weasley. Até.
A fogueira se apagou. Harry sentou pensativo no sofá e Gina permaneceu o admirando um certo tempo, até que ele virou o rosto em sua direção.
_O que a senhorita está fazendo parada ai, posso saber? – perguntou, antes que Gina se desse conta que ele a vira.
_Eu? Ah... Tava te observando, não pode? – e sorriu o seu melhor sorriso.
_Sei... – ele disse, rindo também, mas era certo que não acreditara na desculpa dela. Esticou a mão para que Gina viesse se sentar ao seu lado - ...O que está fazendo fora da cama tão cedo, heim, mocinha?
_Queria ser a primeira a te dar parabéns. – em seguida deu-lhe um demorado beijo.
Harry não se absteve, claro, mas ela logo percebeu que o rapaz não estava tão aberto como na noite anterior.
_O que foi? – perguntou quando romperam o beijo.
_Gina... Eu pensei muito essa madrugada e...
Ela levantou raivosa.
_Olha Harry, se você vai me falar que prefere que eu fique longe por causa do perigo poupe suas salivas ok!
Ele tentou abrir a boca, mas não teve tempo. Gina não costumava deixar que os outros argumentassem com ela quando brava... Igualzinha a mãe.
_Se não gosta de estar comigo: fale! Não fica pondo a culpa em Você-Sabe-Quem e companhia.
O rapaz não gostou nada da insinuação.
_Pare de falar besteiras. Eu só to tentando te proteger.
_Você não está me protegendo, sr. Harry Potter, só está terminando comigo. Não pense que eu não entendi, ok.
Ele cruzou os braços sobre o peito.
_A é senhorita sabe tudo e o que você entendeu?
_Que você não quer nada comigo. – mais uma vez ele abriu a boca pra retrucar, mas Gina foi mais rápida – Tudo bem, serio, você não precisa ser meu namorado se não quiser só por que sou a irmã do seu melhor amigo. Não precisa mesmo... Mas eu preferia que me dissesse a verdade, só isso.
_Gina... – ele ia negar o que ela afirmava desde o começo da conversa, mas as palavras lhe faltavam, nada parecia suficientemente bom para faze-la entender.
Houve alguns segundos de silencio, até que ela, mais calma, voltou a se pronunciar.
_Serio, Harry. Ta tudo bem. Melhor deixarmos tudo como está mesmo.
Ela se virou e subiu a escada sem muita presa, mas Harry não teve vontade de para-la, não sabia o que ia dizer e, no fundo, aquilo vinha de encontro com a decisão que tomara a noite. Mesmo que ele não gostasse da idéia de que a garota achasse que o que ele sentia por ela não era real, aquilo a afastaria dele.
Respirou fundo e lançou um ultimo olhar na direção em que Gina se fora. Para sua surpresa encontrou os olhos castanhos do amigo a encara-lo.
_Feliz aniversário. – disse Ron, depois olhou displicentemente na direção em que a irmã seguira, para só então voltar os olhos para Harry novamente e completou – O que houve?
Ele deu de ombros, depois deixou o corpo cair no sofá novamente.
_Ainda tentando terminar com ela?
_É... Mas a Gina não entende...
_Que está tentando protege-la? – Ron deu de ombros – Quem entenderia isso, também... Independente do perigo, quando a gente gosta quer estar do lado, não é?
Harry olhou Ron por cima de seus óculos redondos, o amigo lhe pareceu tão maduro de repente.
O ruivo percebeu o olhar questionador e não ficou nada a vontade com ele. Enfiou as mãos no bolso desconfortável, esperando que o amigo continuasse a conversa.
_O que a Gina não entende... E você pelo visto também não Ron, é que eu tenho... – a palavra parecia difícil demais de ser pronunciada, por isso demorou a completar a frase - ...medo.
_Medo, Harry? Você? – de repente o ruivo pareceu ganhar vida novamente, tirou as mãos do bolso, deu alguns passos e se sentou do lado direito do amigo enquanto falava – Essa é muito boa, você é o cara que enfrentou os Comensais da Morte quando eles invadiram Hogwarts; invadiu o Ministério da Magia para salvar o Sirius – ele ia enumerando os fatos à medida que contava nos dedos longos de suas mãos – O cara que viu Voldermot voltar a vida, E DUELOU com ele. Você consegue produzir um patrono desde os 13 anos; já enfrentou e matou um Basilisco; humm, vou pular a parte do Aragoge se não se importa, isso não me traz boas recordações... Onde parei, ah sim, o cara que sobreviveu e finalmente o mais novo apanhador da história de Hogwars... E você me diz que tem medo? Isso é piada, né?
Harry riu. Não havia como ter outra reação diante da cara que Ron fazia.
_É cara... Eu tenho medo... – então o sorriso se desfez, suspirou e encostou a cabeça nas costas do sofá – Tenho medo por que sei que não fiz nada disso sozinho e Voldemort também sabe. – demorou um pouco para continuar – Ele sabe que se me tirar vocês eu caio Ron... E esse é o meu maior medo.
_Se ele te tirar a gente outras pessoas estarão ao seu lado, Harry. – era a voz sensata de Hermione que acabara de entrar na sala – Você sempre terá em quem se apoiar por que está fazendo a coisa certa. - Ron concordou com a garota que agora sentava do lado oposto ao dele, junto a Harry. Ela pegou a mão do amigo entre as suas e finalizou - E isso Voldemort nunca vai poder tirar de você.
Harry concordou em silencio.
_Acho que... Você está certa.
_Eu sempre estou certa, Harry. – disse pomposa – Agora sobe e vai trocar essa roupa que você está ridículo nesse pijama.

88888888888

Desde que seu pai e tio foram resgatados das mãos do Ministério, logo após a morte de Dumbledore, todos aqueles que lhe restavam para chamar de família habitava o mesmo local.
Às vezes os estúpidos Aurores tentavam surpreende-los, sem sucesso, é claro, já que os quatro fugitivos, se refugiavam no subsolo da casa deixando Narcisa sozinha para recepcionar os invasores.
Os porões daquele lugar eram locais de difícil acesso (para não dizer nulo), tamanha a quantidade de feitiços de reclusão que haviam sido colocados e recolocados ali, através dos séculos.
Somente um Malfoy, de sangue, era capaz de localizar a entrada com precisão.
Sendo assim, a Mansão Malfoy era o seu refugio... Ou deveria ser, se houvesse algum resquício de paz naquele lugar.
Naquele começo de tarde, sua tia Bellatrix chegou a sala com cara de poucos amigos. Mesmo assim o cunhado não poupou saliva. Ele adorava irrita-la. E Merlin sabia o quanto ela o detestava por isso.
_Está atrasada para o almoço.
_Pois para mim vocês que estão adiantados. – disse, enquanto sentava-se e cobria o colo com o fino guardanapo de tecido – Ao que parece nossos relógios não estão em sincronia.
_Ah, deve ser por isso que você anda se atrasando para todas as refeições, não é?
Draco nem se deu ao trabalho de soltar um suspiro cansado, aquelas implicâncias infantis entre seu pai e sua tia não valiam nem o esforço físico que o suspiro requeria. Era algo tão idiota às vezes, mas imprescindível quando os dois habitavam o mesmo ambiente, mesmo que por alguns minutos.
_Lucio, deixa a Bella em paz. – murmurou Narcisa, sentada ao lado direito dele na mesa – Nem Rodolpuhs desceu para o almoço ainda.
_Ele não virá. – respondeu a morena, ríspida. Não haveria maiores explicações.
Mas Lucio não costumava entender esses avisos, ou melhor, fingia não entende-los.
_E por que ele não vem? A mamãe colocou ele de castigo, foi?
_Não é da sua conta Lucio.
E não era mesmo. Rodolfus estava resolvendo pontos importantíssimos para que a missão que lhes fora destinada pudesse transcorrer como planejado.
Bellatrix sabia que a mesma não havia sido informada ao outros Comensais e se o Lorde das Trevas assim decidira, não seria ela que o contrariaria.
Até por que deixar Lucio na curiosidade era muito prazeroso.
Ela esticou o braço para pegar o copo da bebida que haviam acabado de servir-lhe. A marca lhe ardeu como a muito não fazia, mas a mulher não deixou aquilo transparecer.
Bebeu um pequeno gole, devolveu o copo a mesa, pediu licença e se retirou antes que o cunhado pudesse perguntar algo.
Seguiu para seus aposentos e só então desaparatou.
Sabia bem que aquele chamado era dirigido só a ela. Não tinha como explicar com palavras, mas a forma como a marca negra ardia quando a convocação era particular era diferente daquela quando todos deveriam se apresentar.
Dessa forma aparatou na sala em que seu mestre habitava agora, a antiga mansão da família Gaunt, descendentes diretos de Salazar Slytherin.
Pedro Pettigrew a aguardava, parecia um elfo doméstico tamanha era a sua falta de utilidade.
Não conversavam. Ele sempre tivera receio de se dirigir a ela dado a forma como Bellatrix lhe encarava nas pouquíssimas vezes que tentara.
O motivo era simples, ela tinha repulsa por ele. Sentia um asco enorme só de olhar para aquele monte de bosta, incapaz de lutar, não apenas pela total incompetência para tal, mas principalmente pelo medo que tinha de ser sucumbido pelo adversário.
Odiava pessoas assim... incapazes.
Rabicho esticou a mão, indicando a ela a entrada da biblioteca.
Eles haviam feito um bom trabalho para tornar aquele lugar novamente habitável, após resgatar os pertences de Voldemort pelo mundo.
Sem mais delongas Bellatrix seguiu para o cômodo sozinha, a conversa com ela era SEMPRE particular.
_Bella... – disse a voz forte vinda de uma poltrona.
_Você me chamou, milorde?
_Você sabe que sim. Sente-se.
Ela o fez.
A poltrona indicada para o seu assento se posicionava ao lado da de Voldemort. Tinha as costas um pouco mais baixa também. Mas a maciês e o fino tecido demonstravam a procedência.
Voldemort parecia feliz, e isso a acalmou um pouco seu espírito. Seu lorde trazia um sorriso fino nos lábios enquanto a mão levada uma fina xícara de chá a boca.
_É hoje minha cara. – ela assentiu com a cabeça – Sabe, eu não estava muito certo de que o jovem Malfoy pudesse cumprir essa tarefa... Não esperava grandes coisas dessa missão. Mas quando soube que você tomou para si a função de treiná-lo, admito que criei expectativas sobre tudo isso.
_O garoto tem potencial para servi-lo, milorde. Só não teve um bom professor.
_Está insinuando que Lucio não é um bom serviçal meu, minha cara? – disse sorrindo. Ele costumava achar engraçado a disputa de poder entre os dois.
_Não, milorde. Apenas que não é um bom professor. Draco sabia muito pouco sobre o que realmente deveria saber... Quando comecei a treiná-lo ele nunca havia se quer proferido uma maldição imperdoável, senhor... – disse em um tom de absurdo – Não me admira que tivesse hesitado em usá-la no velho. Provavelmente teve medo de errar.
_Ele teve medo de muitas coisas que não deveria ter tido, Bella. Seu sobrinho ainda é instável por culpa desse medo que tem de morrer. – ela se mexeu no sofá, desconfortável, aquilo não era um bom comentário – A única coisa que me fez mante-lo vivo foi um outro sentimento que identifiquei... Algo bem mais forte que o medo.
Ela o olhou com curiosidade.
_Ódio minha cara! – completou Voldemort – Ele tem ódio mortal de Harry Potter. E esse ódio pode me ser muito útil, por isso poupei-lhe a vida. – ela assentiu novamente, ainda em silencio – Espero que você tenha reforçado esse ódio em suas aulas.
_Não era necessário reforçá-lo, senhor. Odiar o Potter, Draco já sabia... Eu precisava lhe ensinar como fazer para destruí-lo.
Voldemort riu. Bella era uma das poucas pessoas que escutavam aquela risada com certa freqüência. Além dela somente Severo Snape dispunha de tamanha proximidade.
_Você provavelmente está certa, Bella. Mas não lhe chamei aqui para discutirmos o isso. O que quero saber é se você vai se responsabilizar pelo desempenho do seu sobrinho?
Ela franziu o cenho.
_E por que eu deveria, milorde? Já fiz muito perdendo meu tempo o ensinando, e só o fiz porque um bom desempenho dele trará bons resultados a sua causa... Agora, se nem com o meu treinamento ele for capaz de cumprir sua missão, quem deve arcar com as conseqüências disso é ele mesmo.
Mais uma vez Voldemort riu.
_Essa é a minha Bella... Prática. – tomou mais um gole de seu chá – Acredita mesmo que o rapaz vá conseguir se infiltrar?
_Ela acenou positivamente.
_O Potter tem sentimentos, milorde. Esse é o ponto fraco no qual Draco deve acertar. Deixei isso bem claro para ele.
O lorde soltou um breve suspiro.
_Muito bem... diga-lhe que terá 48 horas para realizar a primeira parte da missão com sucesso.... Não vou adiar meus planos para dar-lhe mais tempo, entendeu... E acrescente que não adiantará me pedir perdão novamente. – ela assentiu em silencio – Agora pode ir.
Bella se levantou, curvou o corpo numa reverencia masculina e saiu.
48 horas era muito pouco tempo, mas ainda sim era melhor do que nada.

88888888888

_Feliz Aniversário meu querido!
Era mais do que estranho ver Petúnia correndo para abraçar o menino, chegava a ser surreal. Uma cena tirada de algum quadro de um pintor surrealista, talvez.
Simplesmente não era normal.
Mais fora do comum ainda era o sorriso alegre que o sr. Durley tinha enquanto balançava quatro tickets na mão esquerda.
_Anda, pegue! – disse quando finalmente a tia o largou – É pra você.
Ele o fez desconfiado, pegou os cartões e os examinou.
Não entendeu.
Voltou a encarar os tios.
_Entradas... Para um jogo de futebol?
_Não, não, não. – disse Durley balançando o dedo de um lado para o outro – Não é um jogo de futebol qualquer, isso ai são entradas para a final da copa dos campeões Harry... – o rapaz teve uma péssima sensação ao escutar seu primeiro nome na boca de Valter – Liverpool x Real Madri.
Harry continuou olhando para os convites com certa desconfiança.
_O que foi? Não gostou? – perguntou Valter.
_Ah, gostei, gostei sim. Obrigado.
_Então você vai, não vai? – perguntou Petúnia empolgada.
_Não creio que será possível...
_Eu te disse que ele faria isso, não disse Petúnia? – gritou tio Valter enquanto os olhos da mulher pareciam se encher de lágrimas – Eu falei que não tentaria agradá-lo, que ele ia adorar nos fazer essa desfeita.
_Não estou fazendo desfeita nenhuma. – respondeu o rapaz bravo – Eu gostei do presente e ficou muito feliz de que, finalmente, tenham lembrado do meu aniversário – alfinetou – Só que não vou poder ir.
_Não vai poder ir... – resmungou Valter novamente – Você sabe quanto custou esses quatro convitinhos garoto? Uma fortuna!
Ele não estava se importando muito com a reclamação do tio, mas começou a ficar difícil quando Petúnia desabou a chorar.
_Eu me empenho tanto... Tanto para te agradar. Foi tão difícil arrumar essas entradas e eu tinha certeza que você ia adorá-las. – e chorava – Só queria que entendesse que gostamos de você mesmo que seja um... Um... – engoliu a palavra e continuou a chorar – Sua mãe gostava tanto do Liverpool, achei que ia adorar também...
_Como?
Ela levantou os olhos molhados pelas lágrimas.
_Achei que ia gostar.
_Já disse que gostei, tia... Mas o que você disse sobre... Sobre a minha mãe?

88888888888

Estádio Wembley, Londres, Inglaterra.
_Isso não é prudente...
_Você já falou essa mesma frase dez vezes, Hermione... Desde que chegamos ao estádio, e isso tem exatamente... – o ruivo olhou o pulso, como se lá houvesse algum relógio – Cinco minutos... Nós já sabemos que isso não é prudente...
_Então por que estamos fazendo isso?
_Caramba, é aniversario dele, Mione... Custa? Além disso é exatamente por não ser seguro que viemos junto, lembra.
Granger assentiu em silencio. Ron não estava exatamente certo, mas uma vez que o amigo decidira ir ao jogo, mesmo que desacompanhado, não haviam lhes restado outra opção se não acatar-lhe a decisão.
A idéia de fazer algo que a mãe gostava foi um pouco mais forte que a noção de perigo de Harry. Era impressionante como a lembrança dos pais lhe causavam aquela reação, a curiosidade de saber como eles agiam ou se sentiam era algo muito influente nos passos dele.
Mesmo com o acesso de raiva do atual organizador de suas ações, Mondy, a Ordem de Fênix teve que preparar um esquema de segurança para o evento. Nada grandioso, uma vez que Harry se recusou a sair com escolta. E, embora fosse fácil para ele identificar os bruxos infiltrados para assegurar sua proteção e um canto ou outro, tentou fingir desatenção para poder aproveitar o momento sem se lembrar de quem era.
Será que podemos comprar algo para comer antes da partida? – perguntou a ruiva que se mantinha calada até aquele momento, já virando na direção de uma das lanchonetes do estádio.
Qual não foi sua surpresa a se deparar com os longos cabelos platinados da amiga Lovegood, a cruzar a multidão de fãns.
_Luna! O que você está fazendo aqui?
A surpresa era mutua, mas a outra não pareceu transmitir na mesma intensidade.
_Oi Gina... Oi gente. Eu, bom... Papai está cobrindo o evento. Ele está fazendo uma série de matérias sobre costumes trouxas e me trouxe junto dessa vez
_Ei! Papai está acompanhando esse especial. - interferiu o mais alto deles, sob o aceno em concordância da irmã – Está adorando... Disse que está muito bem escrito.
Ela abriu um sorriso animado.
_Que bom, por que o meu pai anda se esforçando muito nisso... Tanto que está aqui hoje. Ele detesta multidão. Mas parece que futebol é um esporte muito famoso entre os trouxas...
_Praticamente o mesmo tanto que o Quadribol para nós. – disse Harry, e, pela primeira vez ela o encarou. Era como se não o tivesse visto até então.
_Você não deveria estar num lugar desses, deveria?
Abriu a boca para responder, mas nenhuma palavra parecia boa o suficiente. Afinal, ele realmente não deveria estar ali... E isso até Luna conseguia compreender.
_Estamos comemorando o aniversário dele. – respondeu Hermione, saindo em sua defesa.
A loira soltou um quase inaudível “ah” ainda encarando Potter com certo desagrado no olhar. Não era comum vê-la com essa expressão, talvez por isso o rosto fino e os olhos de um azul quase irreal, tenham lhe prendido por tanto tempo a atenção.
_Por que não me disse que vinha? – a voz de Gina, se dirigindo a amiga, lhe tirou do transe – Podia ter vindo com a gente. Onde você vai sentar?
Ela puxou o bilhete do bolso da alça jeans que usava. Harry sorriu ao perceber que ela havia colocado a calça ao contrário... Não era de se admirar já que a maioria das roupas bruxas traziam os bolsos internos. Ela provavelmente havia concluído que aquela veste também seria daquela forma.
_Arquibancada.
_Ótimo! Nós também. Pode sentar com a gente, o que acha?
O rapaz não pode deixar de perceber que a ruiva parecia animada demais com a possibilidade de ter alguém para conversar e esquecer sua presença sem precisar ser rude com ele.
_Eu vou adorar sentar com vocês... – e, de repente, para curiosidade de todos, ela virou a cabeça para trás, e começou a procurar ágüem na multidão – Mas eu não vim sozinha, Gina.
_O seu pai não conta. Ele não vai poder te dar a menor atenção enquanto estiver cobrindo o evento.
_É que... Bom... Não estou falando do meu pai...
_Não? – ruiva estava surpresa demais para perceber a aproximação da companhia de Luna – Com quem você veio então?
_Comigo, Weasley.
“Não, não, não...” dizia a voz em sua consciência, enquanto ela se virava, para confirmar o que seus ouvidos já haviam detectado “A Luna não pode ter trazido ele..”
_Smith... – sussurrou – O-que–diabos–você–está–fazendo–aqui?
_O mesmo que você, Weasley. Provavelmente... – se deu conta da presença de Harry, Ron e Mione - Oh! Não, não, desculpa... Eu não vim aqui namorar sabe... Já você, pelo visto...
Não era necessário conhecer muito a garota para perceber que ela ficara irritada com o comentário.
_Eu bom que reataram o namoro, Potter. Ela fica muito agressiva quando está na seca.
Harry levantou uma das sobrancelhas, levou as duas mãos aos bolsos, para que elas não voassem na cara do engraçadinho, e disse secamente:
_Vou comprar algo para comermos. – virou as costas e desapareceu no meio da multidão.
_Eu vou com ele... – disse Mione o seguindo.
_Nos vemos depois, Gina.
Ela lançou o seu pior olhar para o irmão, mas Ron não se importou. Se amiga dela a havia colocado naquela situação de ter que aturar o mala do Smith isso não era problema dele.

88888888888

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.