Mágoas Reveladas



Rua dos Alfeneiros nº4, véspera para meia-noite, silenciosa, nada que poderia chamar atenção à não ser por um garoto de aparentemente 17 anos, cabelos pretos rebeldes, olhos verdes, óculos e uma estranha cicatriz em forma de raio bem no meio da testa, debruçado na janela perdido em seus pensamentos. Quem o olhasse no momento nem poderia imaginar quantas coisas estavam rondando sua cabeça. Os acontecimentos dos meses anteriores pareciam não querer desgrudar nunca mais da sua cabeça. A descoberta do passado de Tom Riddle, as horcruxes, as detenções com Snape, a visita na caverna em busca do medalhão de Slytherin, a marca negra sobre Hogwarts, a tarefa de Draco Malfoy, a traição de Snape, a morte de Dumbledore, a descoberta do falso medalhão, o término do namoro com Ginny e as decisões que ele teria que tomar.
Decisões que ele sabia que não seriam fáceis, ele teria que fazer coisas que ele nunca imaginou. Era ele, ele quem tinha que destruir Lord Voldemort era ele o Menino-que-sobreviveu, o Eleito, Harry Potter.
Ele pensou, se nada disso tivesse acontecido, como ele teria sido feliz ao lado dos seus pais, ao lado de Sirius, teria uma infância feliz e não aquilo que agüentou nos Dursley. Iria pra Hogwarts, iria se divertir com seus amigos ia namorar Ginny. Mas será que se nada disso tivesse acontecido ele realmente namoraria a garota? Ele não sabia.
Ao lembrar da ruiva sentiu um aperto no peito, ele estava com saudades dela, saudades dos seus beijos, carinhos, saudades até mesmo de apenas olhar pra ela, admirá-la. Mas ele sabia que ele não poderia ficar ao lado dela, pelo menos não por enquanto. Não poderia perdê-la também, não poderia deixar ela cair nas garras de Voldemort. Ele queria estar junto a ela pra que ela pudesse apoiá-lo nos momentos difíceis, mas não poderia por a vida da garota em risco apenas pelo desejo de tê-la ao seu lado.
Olhou para o seu quarto, coisas espalhadas, e lá no chão dois colchões finos e esburacados, um vazio e no outro, um ruivo alto e com sardas, roncando. Olhou para cama, uma garota com cheios cabelos, dormia lá serenamente. Ronald Weasley e Hermione Granger, eram eles, seus amigos, que sempre estiveram ao seu lado. Não aceitaram ficar longe de Harry na volta de Hogwarts, eles iriam o acompanhar em tudo que fosse preciso, não importava a reação que os Dursley teriam ao vê-los ao lado de Harry, eles eram acima de tudo seus amigos, e queriam que superassem tudo juntos.
E foi assim, que absorto em pensamentos, sem nem menos se dirigir para seu colchão, Harry Potter adormeceu.





- Harry – ele ouviu uma voz feminina de longe chamando pelo seu nome.
- HAARRYY – ele acordou assustado, dando de cara com a garota de cabelos castanhos na sua frente.
- Que foi? Aconteceu alguma coisa Mione? Por que você tá gritando? – perguntou ele assustado.
- Não aconteceu nada não, é que eu fiquei preocupada, quando eu acordei você tava ai sentado todo torto, dormindo.
- Ahh... Tá tudo bem então?
- uhum – a garota concordou com a cabeça – E a propósito, FELIZ ANIVERSÁRIO – disse o abraçando.
- Hey, que gritaria é essa? To tentando dormir!!!
- Ah Rony, deixa de ser chato, eu tô dando parabéns pro Harry, e também já passou da hora de você acordar – a garota falou ofendida olhando para o ruivo.
- Tudo bem, tudo bem já to levantando – ele falou com cara de ofendido, já se levantando – Parabéns cara, já é homem agora né?
- Ah brigado, vocês dois, sério. Vamos descer pro café da manhã? Daqui a pouco alguns membros da ordem já devem estar aqui pra buscar a gente – o moreno disse um pouco mais animado.
- Ok! Eu só vou ao banheiro trocar de roupa enquanto vocês se trocam e a gente já desce.
- Ok Mione – falaram juntos, Harry e Rony.
Alguns minutos depois os garotos se dirigiram pra cozinha pra tomar café da manhã, se é que podiam chamar aquilo de café da manhã. O que antes era pouco para Harry, diminuiu gradativamente após a chegada de Rony e Hermione, mas eles não se importavam, afinal, mantinham uma reserva de doces escondidos no quarto de Harry.
- Bom dia Sr e Sra Dursley – Hermione disse sendo completamente ignorada pelos integrantes da família.
Deu de ombros, já estava se acostumando, embora não deixasse de sentir um pouco de repulsa por aquelas pessoas, pensar que Harry teve que agüentar isso por 16 anos de sua vida era realmente repugnante.

Passaram se alguns minutos silenciosos, até que, quando já estavam acabando Harry decidiu falar.
- Tio Valter, será que posso falar algo pra vocês? – perguntou
- Hum – o tio soltou um grunhido baixo, como nem ele, nem a tia falaram mais nada ele decidiu começar.
- Primeiramente, como já foi dito a vocês, hoje eu completei 17 anos e, portanto atingi minha maioridade bruxa, e, hoje estarei partindo definitivamente dessa casa. Não posso dizer que fui feliz aqui, ou que tive uma boa infância, mas eu não vou criticar a vocês. Pelo menos vocês me aceitaram aqui, e isso ajudou bastante a me proteger. Vocês a sua maneira cuidaram de mim, e bem.. Impediram que piores coisas acontecessem comigo. Mesmo eu nunca tendo ouvido uma palavra de afeto ou carinho de vocês, vocês de uma maneira são a minha família e são os meus últimos laços de sangue. E não poso deixar de admitir que soltei algumas risadas aqui, quando o Duda ganhou aquele rabo, ou quando ele comeu os caramelos dos gêmeos e ficou com a língua inchada e... – ele parou ao ver a coloração que se formava na cara de Valter, e a mão de Duda se fechando. – Bem, de qualquer maneira, da maneira que puderam, mesmo sem saber disso vocês me protegeram, e nada mais justo que eu proteger vocês. Diariamente vão ter algumas pessoas da ordem por aqui, para ver se está tudo bem com vocês e tudo mais. Bem e por último eu gostaria de fazer um último pedido. Daqui a pouco alguns “amigos” irão buscar a mim, Rony e Mione. Nós vamos tentar ser o mais discretos possíveis, porém, eu ficaria muito agradecido se vocês não interferissem ou xingassem. E por último podem dar graças a deus, o garoto enxerido, está finalmente indo embora, finalmente seus sonhos se realizaram. – acrescentou a última frase com uma raiva disfarçada.
Sr. Dursley engoliu a seco, Duda fez uma enorme cara de satisfação e a Sra. Dursley ficou com uma aparente preocupação na face. Harry levantou-se sendo repetido por Rony e Mione e, subiu para o seu quarto em silêncio.

- Harry, o que você falou lá em baixo, foi bem bonito – Hermione disse um pouco após entrarem no quarto.
- É mesmo cara, eu nunca pensei que você soubesse falar bonito assim. – Rony disse dando umas risadinhas.
- Bem eu acho que consegui extravasar tudo o que eu tava sentindo. Mas, vamos deixar isso pra depois, nós temos que arrumar nossas coisas para partirmos para sua casa Rony, e bem, temos bastante coisa a fazer.
- Harry, por Merlin, você já é de maior agora. Você PODE fazer magia. – disse Hermione indignada Não acredito que você se esqueceu. – disse rindo
- Ah, esqueci, mas ah você não pode falar nada, Srta. Mas não tem madeira. – o moreno retrucou caindo nas gargalhadas.
- Nossa Harry eu quase tinha me esquecido, aquela hora definitivamente a Mione esqueceu que era uma bruxa – Rony disse rindo.
- Tudo bem, tudo bem, chega de zombarem de mim, ou eu vou ser obrigada a lembrar todas as cenas ridículas que vocês me fizeram presenciar – disse Mione sem deixar de rir também.
- É acho melhor pararmos por aqui, eu não sei se faria bem pra minha auto estima a Mione relembrar algumas coisas – Rony acrescentou.
- Faço minha as suas palavras Rony – Harry disse e pegando seu malão e apontando a varinha para as coisas no quarto disse: - Fazer malas. – gesto que foi repetido por Rony e Hermione.

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Mais ou menos meia hora depois, eles já tinham juntado tudo e aguardavam na sala de estar, anciosos. Pouco tempo depois ouviram o barulho da campanhia. Harry foi atender, e alguns segundos depois, cerca de sete bruxos adentravam a casa dos Dursley. Lupin, Tonks, Shackelbolt, Moody, Dedalo Diggle, e outros dois que Harry não reconheceu, cumprimentou a todos e quando já estava de partida, Petúnia o parou.
- Harry será que eu poderia falar um minuto com você? Não vai demorar, prometo.
- Tudo bem, vamos até a cozinha. Rony, Mione será que vocês podem esperar um pouco junto com o pessoal da ordem? Não vou demorar.
- Ok! – eles falaram juntos.
- Vamos então Tia Petúnia. – Harry disse dirigindo-se para a cozinha.
- Primeiro, gostaria de te pedir desculpas pelo modo que te tratei todos esses anos, é que toda vez que eu olhava em seus olhos eu via sua mãe e, é difícil pra eu admitir, mas eu sentia um pouco de inveja dela. Nossos pais sempre estavam tão ligados a ela, elogiando-a que eu ficava com raiva. Ela nem assim deixou de ser afetuosa comigo. Me manda presentes em meu aniversário, me convidou para o casamento, me convidou para te conhecer e eu recusei todos. – agora com os olhos marejados ela continuou – Mesmo eu não respondendo as suas cartas ela sempre se manteve preocupada, e nem por um momento pareceu desistir de reconquistar a amizade que nós tínhamos quando éramos crianças. Grande mulher sua mãe Harry, ela realmente era uma pessoa muito boa. Me arrependo de não ter passado mais tempo com ela quando pude. – e interrompeu um pouco, agora as lágrimas já descendo – E você se mostra um grande homem agora, que mesmo com o descaso que tivemos por você, ainda se preocupa com o nosso bem-estar. Você será um grande homem Harry, assim como ela foi uma grande mulher, e te desejo toda a sorte do mundo no que você vai fazer a seguir. Por favor, acabe com esse crápula que tirou a vida da minha irmã e do marido dela. E tome cuidado. – agora ela realmente estava chorando. – e antes de partir, quero te entregar isso. Foi a última carta que ela me escreveu, um dia antes de sua morte. Eu realmente estava pensando em me reconciliar com ela, mais não deu tempo, ela morreu antes. Essa carta é realmente importante pra mim, mas você merece ela mais que eu, Harry, ela te amava de verdade. Bom é só isso que eu realmente tinha a te dizer, mande notícias e cuide-se ok?
- Pode deixar tia Petúnia, vou fazer o possível – disse o garoto ainda espantado com tudo que a tia havia lhe dito.
- Promete? – Ela perguntou agora em meio a soluços, como se estivesse suplicando Por favor?
- Sim. Eu vou mandar notícias regularmente e prometo me cuidar. – ele disse.
- Bom, eu tenho que ir. Tchau, boa viagem. Boa sorte! – ela acrescentou um pouco mais calma, mas ainda banhada em lágrimas. E sem dar tempo para a resposta de Harry, subiu as escadas correndo.
- Harry! Vamos logo! – Harry ouviu ao fundo a voz de Rony
A voz de Rony serviu como um despertador, e ele logo saiu da cozinha, e depois da casa. Antes de fechar a porta deu uma última olhada, naquele lugar onde ele passou os piores momentos da sua vida, era o dia mais esperado da sua vida. Então porque será que ele estava com uma repentina tristeza? Ele não sabia, mas não esperou pra descobrir, fechou logo a porta e dirigiu-se para o pequeno grupo a frente.
- Como nós vamos? – ele perguntou se aproximando
- Chave de portal, o ministério autorizou, é o meio mais seguro agora. – respondeu Lupin pegando um chapéu velho. – No três todo mundo pega no chapéu. Um... dois... TRÊS!!!!







N/A: Essa é minha primeira fic, comentem aí por favor falando o que acharam.

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