Capítulo IV
31 de Agosto de 1992
Meu amor,
Hoje olhei as estrelas, e agora parecem mais distantes do que nunca. Não acredito que durante tanto tempo pensei ser possível alcançar a estrela mais alta e ao mesmo tempo abraçar o horizonte. Agora, mais do que nunca, sei que isso é impossível.
Vivo neste mundo há 28 anos, mas parece que agora o estou a ver pela primeira vez. Quando estava contigo, tudo parecia perfeito, mas apenas agora é que me apercebo do que está realmente à minha volta.
Perdoa-me, meu amor, por não acreditar mais em milagres. Perdoa-me por não conseguir sonhar mais. Perdoa-me por deixar de acreditar na justiça. Perdoa-me por já não conseguir ser feliz.
Não imaginas a dor que sinto neste mesmo instante. Perdi tudo. O meu emprego, os meus amigos, a minha família, mas de todas as perdas, a tua foi a maior delas. Tento neste momento reter as lágrimas provocadas pela saudade, mas não consigo. Cada dia que passa o ódio por mim mesmo cresce de uma forma descomunal, e a ferida que tenho dentro de mim parece sangrar cada vez mais.
Já não consigo dormir, pois sei que, se o fizer, vou ver novamente a tua partida. As memórias tristes cavalgam incessantemente na minha mente, enquanto que as boas, parecem escapar-se entre os meus dedos.
O teu perfume ainda continua em casa, o teu toque ainda não me abandonou, o sabor dos teus beijos ainda estão na minha boca, a tua voz ainda está nos meus ouvidos, e a forma com que me completavas ainda está dentro de mim.
Isso, meu amor, asseguro-te que ninguém vai tirar de mim. Espero que algum dia haja aquilo que acreditávamos ser a justiça, e que ela me leve definitivamente para perto de ti, e quando isso acontecer, que sejas capaz de me aceitar novamente.
Com amor,
Harry
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- Anda lá, não podes ficar eternamente aqui fechado! – disse o homem enquanto seguia o amigo pela casa inteira.
- Estou disposto a tentar, agora pára de me chatear! – disse o moreno chateado.
Kevin Coston era considerado um dos homens mais bonitos de New Jersey. Tinha os cabelos castanho alourados que eram um pouco compridos, olhos azuis e um corpo musculado, resultado das horas no ginásio.
- Tens que sair, divertir-te, conhecer pessoas!
- Já te disse que não.
- Fogo! Parece que cada vez estás mais teimoso – disse Kevin chateado
- Mais uma razão para me deixares sozinho.
- Continuas assim, quando chegares aos quarenta vais ser um velho que não aproveitou a vida, cheio de rugas e cabelos brancos.
- Devias agradecer-me, assim não precisas de te preocupar com as mulheres à minha volta – disse o moreno sarcástico.
- Pára com isso, há montes de mulheres que davam tudo para que lhes piscasses o olho. Está na hora de te divertires e esqueceres a... – mas interrompeu-se de imediato
Sabia que tinha passado o risco. Kevin tinha sido o único em que ele tinha continuado a falar, e lhe dava permissão para falar sobre tudo. O único assunto em que ele não podia tocar era nela.
- Desculpa, eu não queria...
- Acho que está na hora de ires ao encontro dos outros, e pede-lhes desculpas pela minha ausência – disse o moreno sem olhar o amigo
- Claro. Eu... depois falamos. Fica bem – disse ele atrapalhadamente.
Ouviu a porta fechar-se pela saída do amigo. Os seus olhos verde esmeralda, tornaram-se escuros por causa da tristeza. Sabia que o amigo não fazia por mal. Na verdade, Kevin era dos poucos em quem ele confiava. Após o amigo ter ido à sua casa em Veneza, convencera-o a ir passar uns tempos em Londres. Depois de ouvi-lo durante meia hora, a dar-lhe mil e uma razões para Harry ir com ele, o moreno acabou por aceitar. Era graças ao poder de persuasão que Kevin possuía que lhe permitia dar a volta ao júri e ao juiz na sala de tribunal. Tinham sido os dois a conseguirem provar a culpabilidade de assassinos, e a inocência dos muitos injustiçados.
O último caso dos dois tinha sido o desmantelamento de uma rede nacional de tráfico de drogas, fazendo com que os seus nomes ficassem definitivamente marcados no ramo da justiça.
Depois disso, tinha se retirado dos tribunais, apesar da muita contestação por parte dos colegas e superiores. Todos sabiam que era por motivos pessoais, mas apenas Kevin sabia realmente o motivo.
Era considerado um dos homens mais bonitos de New Jersey. Era alto, moreno, com cabelos pretos despenteados, deslumbrantes olhos verde esmeralda, e um sorriso que conquistava qualquer uma. Mas, apesar disso, não era como Kevin. Em toda a sua vida apenas amara uma única mulher, e tinha a certeza que não amaria mais ninguém.
Lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto, fazendo-o despertar da visão da mulher que amava.
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- Muito bem agora, de onde é que esta carta veio? – perguntou Ginny entusiasmada
- De Charleston, uma localidade na Carolina do Sul – respondeu Luna ainda analisando a carta.
- Será que há mais como estas? – perguntou Parvati, lendo a carta pela milésima vez por cima do ombro de Luna.
- Não sei, mas vou dizer-vos já uma coisa. Seja ele quem for, já sou fã – disse Luna, fazendo com que as amigas rissem.
- Agora só temos que continuar à espera de outra – disse Ginny sensatamente.
- Isto se houver outra – disse Luna.
- Pára de ser desmancha prazeres Luna – repreendeu Parvati – vais ver que mais cartas irão chegar.
Ginny olhava a janela, perdida em pensamentos. Sabia que Luna podia ter razão. Aquela podia ser a última, e aí ela nada poderia fazer. Pelo menos sabia que ele era apenas um ano mais velho que ela, e que neste momento estava desempregado. E, claro, que se chamava Harry.
- Vamos esperar – disse Ginny por fim – e encontrá-lo-emos, disso tenho a certeza.
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N/A: Peço desculpa pela demora, mas o ultimo livro de HP e computador avriado tornaram impossível a postagem mais rápida. Critiquem, dêm sugestões, sintam-se completamente à vontade. Beijos a todos.
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