Capítulo III



Desde que chegara a Miami, todos os dias de manhã ia para a praia correr. A partir dos onze anos havia se habituado a correr de manhã com o pai, e era graças a isso que conseguia manter o seu físico.
O Sol começava agora a surgir no horizonte, e a praia ainda estava vazia, o que tornava a corrida muito mais agradável. Teria que voltar naquela mesma noite, e por isso queria aproveitar todos os momentos.
Passou a manhã na praia, almoçou num restaurante à beira-mar, e a tarde foi passada em lojas. Não que estivesse interessada em comprar coisas para ela, mas queria levar lembranças para a melhor amiga. Acabou por lhe comprar um vestido de seda rosa claro, e para ela, comprou uma camisola azul celeste.
Quando regressou ao hotel, estava completamente exausta, e mal acabou de fazer as malas para a viagem, deitou-se na cama e adormeceu profundamente.
Ginny acordou perto da hora de jantar, mas sobressaltou-se quando reparou que apenas faltava uma hora para apanhar o avião. Tomou um duche frio por causa do calor que se fazia sentir, e foi até ao bar existente no hotel, onde comprou uma sandes e um sumo. Depois de comer, ligou o carro e dirigiu-se ao aeroporto.

********
Chegou a Londres por volta das onze horas, e passados dez minutos estava no seu apartamento. No correio havia cerca de uma dúzia de cartas, e tinha quatro mensagens no [i]voice-mail[/i]. Cansada demais para fazer o que quer que fosse, foi até ao quarto e deitou-se na cama olhando para a pouca chuva que caía do lado de fora da janela. Pouco tempo depois, dormia profundamente.
- Então como é que foi a semana?
- Óptima para descansar, Luna – disse ela divertida.
Desde que Luna Lovegood viera trabalhar para o jornal que ambas se tinham tornado grandes amigas. Luna era loura e tinha grandes olhos azuis. Tinha mais vezes a cabeça na lua do que por cima dos ombros, e a sua honestidade com toda a gente depressa seduziu Ginny. Eram as melhores amigas, e foi ela que mais a apoiara durante o seu divórcio com Draco Malfoy.
- Tens sorte. A semana tem sido tão monótona, que até o café perto de minha casa é mais interessante.
Ginny sorriu. Sabia o talento que a amiga possuía para a escrita, e não havia coisa que a divertisse mais do que uma história em que ela pudesse mostrar todo o seu talento. Quando não havia nada de interessante, Luna limitava-se a ver as fantásticas fotografias que Ginny tirava. Ela admirava-a, porque conseguia pôr as emoções do momento na fotografia. Faziam uma dupla extraordinária, e era por isso que eram consideradas as melhores.
- Visto que a semana tem sido tão chata, acho que te vais interessar por aquilo que encontrei.
- O quê? – perguntou ela, agora com toda a sua atenção na amiga.
Ginny retirou a carta que encontrara da mala e estendeu-a à amiga. Luna leu-a com interesse, e algumas vezes suspirou levemente.
- Onde é que encontraste isto? – perguntou Luna quando terminou a leitura da carta.
- Isso é ainda mais estranho. Encontrei-a dentro de uma garrafa na praia.
- Nunca conheci ninguém com tanta sensibilidade. E eu que pensava que os homens eram todos iguais.
- E são. Este, contudo, excepção à regra –disse Ginny divertida.
Passaram o resto do dia a discutir como seria aquele escritor apaixonado, e quem seria aquela mulher de sorte por ter alguém que a amasse daquela forma.
- Como é que pensas descobri-lo? – perguntou Luna enquanto caminhava ao lado de Ginny.
- Sinceramente, todas as ideias que tenho são completamente impossíveis, e aliás, provavelmente esta foi a única carta que ele escreveu, e infelizmente não é o suficiente para localizá-lo.
- Mas conseguias se tivesses mais? – perguntou Luna interessada
- Acho que sim. Apenas preciso de mais pormenores sobre ele, e depois... – mas interrompeu-se imediatamente
- Ginny, estás bem? – perguntou a amiga preocupada
- Óptima. Acabei de ter uma ideia que é capaz de funcionar. Vemo-nos amanhã –e iniciou uma corrida enquanto acenava à amiga em sinal de despedida.
Chegou a casa ofegante, mas rapidamente atravessou o corredor até entrar no escritório e se sentar na secretária. Olhou mais uma vez para a carta e começou a escrever numa folha de papel a ideia que tivera. Era assim que o ia encontrar, ela tinha a certeza disso.
Já passava das dez da noite quando Ginny Weasley finalmente se contentou com o que escrevera. A folha estava quase toda riscada e cheia de anotações, mas o que ela precisava para resolver o mistério estava ali. Alegremente foi até à cozinha e fez uma sandes, para depois se sentar à frente da televisão, esperando ansiosamente pelo dia seguinte.

*******
No dia seguinte, Ginny dirigiu-se animadamente para o jornal. Tinha enviado o artigo ao chefe na noite anterior, e ela queria ver em primeira mão como ficou a versão final. Pegou um exemplar que estava ao pé da porta do escritório que dividia com Luna e abriu-o.
- Que cara é essa? – perguntou ela quando viu a amiga entrar
- Tive uma má noite de sono, ao contrário de ti, que estás com um sorriso de contentamento estampado na cara. O que é que aconteceu? – disse Luna
- Lê – disse Ginny estendendo-lhe o jornal
Luna clareou um pouco a voz e começou a ler em voz alta:
- Sensivelmente, hà quatro dias um novo mistério apoderou-se da alma de duas jornalistas e preencheu por completo este jornal. Uma garrafa transparente, que continha uma mensagem, navegava sem rumo em alto mar, até ter sido apanhada. Lá dentro, uma bonita carta de amor, capaz de revelar o que poucos podem entender, emocionou até os mais insensíveis, porque não se trata de um simples texto, mas sim de palavras que só o coração consegue perceber. Como acreditamos que outras como esta possam existir, pedimos a todos que as possuam, que mandem uma cópia pelo nosso fax ou endereço (para saber os números, consultar a pág. 19).
- Então, o que achas?
- Acho que assim o vais encontrar de certeza – disse Luna agora também com um sorriso de orelha a orelha
- Espero bem que sim.
- Interrompo alguma coisa?
- Claro que não Parvati, entra – disse Ginny descontraidamente
- Vim entregar-vos isto, chegou agora por fax. E já agora, que história é essa de mensagem na garrafa? – perguntou desconfiada
Ginny já tinha o papel na mão e rapidamente começou a ler o que lhes tinha chegado.
- Li o vosso artigo, e sabendo que se apaixonaram por uma das cartas, vejo-me na obrigação de vos revelar a carta que me apaixonou. Nunca pensei que houvesse mais iguais a esta. Encontrei-a há seis meses numa praia perto de minha casa.

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