A grande batalha
Harry olha para a casa onde passou o primeiro ano de sua vida. As coisas poderiam ter sido tão diferentes. Pensa. Como seria se meus pais estivessem vivos? Será que mesmo assim eu teria conhecido a Gina? Será que eu teria me apaixonado por ela? Será que os gêmeos existiriam? Bem, acho que nunca vou saber. Ele fala para si mesmo tentando pensar apenas na vida que tem agora e não na vida que poderia ter vivido
Ele respira fundo e entra no jardim. Da mesma forma que fez há sete anos, Rony e Hermione o seguem – Foi aqui que nos separamos. (ele fala para os amigos) É a partir daqui que vocês me contam o que aconteceu.
Hermione começa– Assim que chegamos, nós ouvimos barulho nos fundos da casa. A marca negra estava no céu. Ouvimos gritos vindos de lá... Em um minuto os comensais invadiram tudo... Eles já haviam atacado várias pessoas, nós soubemos mais tarde. Depois que tudo acabou nós descobrimos que as pessoar atacadas eram trouxas de uma aldeia próxima, os comensais queriam causar tumulto e afastar-nos uns dos outros.
Rony continua. – Eles nos cercaram. Não eram muitos, mas tinham o elemento surpresa. Eu senti algo me atingir, um comensal lançou um sectumsempra. Por sorte a pontaria não foi das melhores e somente fui ferido no braço, como eu caí devido ao susto ele achou que havia me atingido mais seriamente e assim eu consegui dominar alguns deles. Quando tudo acabou foi que eu notei que você e a Hermione tinham desaparecido...
Hermione agora conta a sua parte – Eu ouvi gritos no fundo da casa e fui pra lá. Antes de chegar eu senti algo me atingir... Senti uma dor lancinante. (ela para por um momento como se estivesse sentindo novamente toda a dor) Como se dezenas de lanças entrassem em meu corpo ao mesmo tempo. Depois eu fiquei sabendo que era a cruciatus. Não sei dizer por quanto tempo fiquei dominada... (ela seca uma lágrima com as costas das mãos) Às vezes parece que foram horas...
Harry olha preocupado pra Hermione – Se você não quiser continuar, não precisa...
Hermione segura a mão de Rony com força, ela seca outra lágrima com as costas da mão – Não... Eu consigo. Não sei como, eu consegui pegar minha varinha e derrubar um deles. Não me lembro que feitiço usei. Só sei que não consegui usar o avadra... Não consegui!
Rony a abraça – Tudo bem (sussurra)
Hermione – Mas eu dei sorte. Ele caiu e bateu a cabeça em uma pedra. Ficou desacordado, o imbecil. (sorri) Se Voldemort sonhasse, o maldito comensal estaria frito. Pra nossa sorte os seguidores dele não primavam pela inteligência... Só pela crueldade... Mas não deu tempo de eu me recuperar. Um outro comensal me atingiu e eu apaguei...
Rony – Eu cheguei e vi Hermione caída... Havia um comensal sobre ela. Felizmente eu cheguei antes que ele fizesse algo.
Harry olha assustado para os amigos. Ele não tinha idéia que havia sido tão sério para os dois também. Hermione quase foi... Se o Rony não chega a tempo... Nunca vou me perdoar por tê-los exposto a tanto perigo
Rony – Eu peguei minha varinha e fui pra cima dele... Fiz uma coisa que nunca achei que fosse capaz...
Harry olha pra Rony assustado. Será que ele usou o avada?
Como se lesse seus pensamentos, Rony fala – Não... Não foi o avada. Eu usei a cruciatus. Lembra que em dcat a gente viu que pra usá-la a gente precisa querer causar dor? Pois é... Eu queria... Quando eu vi a Hermione caída e aquele monstro em cima dela... Quando eu pensei que se chegasse um minuto mais tarde... (Rony agora parece falar consigo mesmo) eu vi que eu podia causar dor... Vi que eu QUERIA causar dor... Acho que fiquei meio fora de mim... Mas hoje eu sei que poderia tê-lo matado. Acho que só não o fiz porque a Mione acordou e impediu
Hermione continua a narrativa – Eu acordei meio tonta e vi o Rony atacando o comensal. Quase não o reconheci. Ele estava transformado. O comensal soltava gritos terríveis e o Rony não parava. Eu não fiquei com pena dele, mas havia acabado de passar pelo mesmo sofrimento... E eu gritei.
Rony – Eu parei quando ouvi o grito dela. Foi como se eu tivesse recebido uma bofetada... Ela estava caída e muito fraca. Eu chamei você para me ajudar... Aí eu vi que estávamos sozinhos. E os comensais continuavam atacando... Até hoje eu não sei explicar como a gente conseguiu enfrentá-los... Quando tudo acabou, eu deixei a Hermione por alguns instantes e entrei na casa pra procurar você. Mas não havia nada... Aí eu a peguei e nós andamos pela cidade durante um bom tempo. Havia corpos por toda parte... Corpos de trouxas. Num local meio abandonado, já fora da cidade eu vi o corpo de Voldemort... Ou o que restava dele. Mas nem sinal seu... Só seus óculos e sua varinha... Eu te procurei, eu juro! Mas meu corte voltou a sangrar... Sangrava muito e a Hermione estava desacordada novamente. Eu tinha que leva-la ao hospital... Desculpa cara!
Mas Harry já não ouve. Ele entra na casa que foi de seus pais. Fala aos amigos que estão indo atrás – Não. Por favor. Eu preciso ir sozinho...
Rony e Hermione ficam aguardando do lado de fora e Harry entra. Não pode evitar um suspiro ao imaginar seus pais sendo mortos naquele lugar.
XXXXX
Sua mente, no entanto volta há sete anos atrás...
Harry entrou na casa sozinho. Ele ouviu o barulho lá fora, mas algo o puxava para dentro da casa. Ele percorre a sala, passa pelo corredor e sobe as escadas até o quarto de seus pais. Olha a cama de casal onde um pijama masculino ainda repousa como se esperasse ser vestido ao anoitecer... Olha o berço posicionado ao lado da cama... Olha o porta-retratos onde uma foto da pequena família sorri e acena pra ele
Harry sente seus olhos se encherem de lágrimas ao pensar na vida que não teve, em todos os anos vivendo com seus tios como se fosse um objeto indesejado, mas que não se pode jogar fora.
Ainda banhado pelas lágrimas, ele solta um grito rouco, vindo do fundo da sua alma – ONDE ESTA VOCÊ? MALDITO! EU ESTOU AQUI! ESTOU ESPERANDO!
O silêncio seria total se Harry não houvesse percebido um ligeiro sibilar. Ele olha pelo quarto e percebe Nagini em posição de ataque no berço que um dia havia sido seu. Harry empunha a varinha, mas antes que possa fazer alguma coisa ele ouve uma voz, uma voz que algum dia, há muito tempo atrás, foi humana – Nos encontramos novamente, Harry...
O menino que sobreviveu vira-se e vê uma figura sinistra parada na porta do quarto
Harry controla a custo o seu ódio – Pela última vez, espero.
Voldemort – Um não pode viver...
Harry completa – Enquanto o outro sobreviver...
Harry segura a varinha na sua frente. Voldemort sorri com desdém – E aí potterzinho, preparado pra soltar um avada?
Harry ouve calado. Ele sente a sua cicatriz latejar. Voldemort continua – Por que você não tenta? Antes que eu acabe com você... Desta vez a sua mamãezinha não está aqui pra te salvar. Aquela sangue ruim idiota...
Harry – NÃO FALE ASSIM DA MINHA MÃE!
Voldemort – Ah... Então o Harry sente falta da mamãezinha. Mas ela não está aqui por sua culpa!
Harry procura as palavras, mas o nó que se formou em sua garganta não permite que ele fale. Voldemort continua destilando todo o seu veneno – Sua mamãezinha, seu papaizinho tão arrogante quanto você... O Black, esse ainda amargou anos em Azkaban, como se fosse meu seguidor... Quem mais? Ah! Como pude me esquecer... O velhote, Dumbledore. Pois é, Potter você tem uma quantidade de mortes razoável nas costas.
Harry sente vontade de vomitar. A dor em sua cicatriz é quase insuportável. Ele sente seus músculos retezarem-se tamanho ódio que está sentindo. As juntas de seus dedos ficam brancas de tanto apertar a varinha, seus dentes estão trincados e o suor começa a escorrer na sua face
O lorde das trevas continua, sarcástico – Acho que estou esquecendo alguém... Ah. Claro! O seu amiguinho de Hogwarts, como era mesmo o nome? Se continuar nesse ritmo logo se comparará a mim no número de mortes
Harry sente seu coração falhar uma batida. Ele nunca admitiu, mas lá no fundo sempre se sentiu culpado pelas mortes. Mas ouvir isso doía, principalmente ouvir de alguém que parecia contente com isso. Ele puxa o ar para seus pulmões com uma certa dificuldade e encara Voldemort
Voldemort continua – Nervosinho Harry? A verdade dói? Você é culpado... VOCÊ! E é tão covarde que nem tem coragem de tentar me matar antes que eu o destrua! Lembre-se apenas um pode viver. Ou será que além de tudo é covarde?
Harry sente a sua cicatriz pegar fogo e aperta a varinha com uma força descomunal apontando-a para Voldemort que está estranhamente calmo.
Antes que faça alguma coisa Harry para. Ele olha para Voldemort e pensa. Há algo errado... Ele não vai se defender? Está fácil demais...
Nagini! Ele se lembra de repente. Eu sou uma anta mesmo! Se eu não acabar com ela, não vai adiantar eu tentar atingir o maldito!
Harry aponta a varinha para Voldemort. O sorriso do lorde morre quando Harry se vira rapidamente a atinge Nagini com um sectumsempra.
O feitiço a atinge em cheio, a cobra se parte ao meio. O sangue jorra atingindo Harry. Voldemort olha pra ele como se não acreditasse...
Harry olha para Voldemort – O que foi? Não esperava que eu acertasse seu bichinho? Ou será que ele não é apenas um bichinho...
Voldemort permanece calado olhando pra Harry. Subitamente um brilho de ódio toma conta de seu olhar – Você sabe... (ele murmura)
Harry – Sim eu sei! Quer saber do que mais eu sei? Que tal o medalhão de Salazar? Ou o anel de seu avô... Ah! Tem a bainha da espada... Que coisa feia... Não conseguiu pegar a espada e teve que se contentar com a bainha... Não percebeu que a espada poderia destruí-la? Sim, porque ela foi destruída! Todas elas foram!
Harry nota toda a raiva nas feições de Voldemort. – Agora somos só nós dois... (o lorde das trevas fala)
Harry – Exatamente. Só nós dois...
Antes que Harry possa concluir um feixe de luz negra sai da varinha de Voldemort. Ele só tem tempo de lançar um feitiço de proteção. Pra sua surpresa um feixe branco sai de sua varinha e se entrelaça ao feixe da varinha de Voldemort. É quase como se ela tivesse vida própria. Harry sente uma ligeira tontura... Seu corpo é sugado por uma espécie de redemoinho. Ele percebe que o mesmo está acontecendo com Voldemort...
XXXXX
Harry abre os olhos um pouco confuso. Ele olha para os lados a procura de Voldemort. Mas ele não está lá. Há apenas corpos... Muitos corpos. O silêncio gélido às vezes é interrompido por gemidos e pedidos de socorro. Harry olha ao redor sem saber o que fazer...
Sua cicatriz dói terrivelmente. É agora... Pensa ele... Apenas um de nós sairá daqui. Como se uma voz interna o ordenasse ele caminha, passando por cima dos mortos e feridos. Ele não sabe para onde está indo, mas sabe que deve ir.
Ele caminha por um bom tempo, de vez em quando algum ferido toca nele, mas ele não pode parar para ajudar. Ele se sente culpado, mas sua missão é maior.
Ele vê um vulto que também caminha em sua direção... Voldemort!
Os dois param frente a frente. Nenhum deles move um músculo sequer
Voldemort quebra o silêncio – Você poderia ser grande Harry... Poderia ter poderes que jamais imaginou. Será que você não percebe que é apenas isso que importa? Não existe o bem ou o mal... Apenas o poder... PODER!
Harry – Poder? Então foi o poder que te impediu de matar um bebê? Que te transformou num ser subumano? Esse é seu poder? Viver sozinho subjugando tudo e todos? E depois que você conseguir dominar o mundo? Depois que eliminar os trouxas? O que vai restar? Você vai estar sempre sozinho... SOZINHO!
Voldemort sorri sarcasticamente – Então somos dois, Potter. Eu não estou vendo ninguém a seu lado...
Harry – Eu tenho amigos.
Voldemort – Por quanto tempo? Até que aconteça algo a eles... Não foi sempre assim? VOCÊ causou a morte de todos os que o amavam! Por que isso mudaria?
Harry grita – É MENTIRA!
Voldemort – Mentira? Você realmente acha isso?
Antes que Harry consiga responder ele ouve alguns murmúrios que se tornam cada vez mais intensos. Ele percebe que os murmúrios estão dizendo seu nome. Ele olha para os lados e não vê ninguém, mas as vozes aumentam a ponto de se tornarem insuportáveis
Harry...
Harry...
Por que Harry...
Você podia ter evitado Harry...
Harry segura a cabeça com as mãos na esperança que as vozes parem. Ele vê Voldemort apontar a varinha pra ele, mas o lorde não faz nada. Sorri como se estivesse aproveitando o momento.
Então é assim, pensa Harry. É assim que acaba... Eu vou ser apenas mais um destes corpos... Vou me juntar àqueles que não consegui salvar. Então que acabe logo... Ele coloca a mão na cicatriz que parece estar a ponto de explodir e as vozes continuam. Ele já consegue até distingui-las. Seus pais... Sirius... Cedrico... Dumbledore. Quantos mais morrerão?
CHEGA! - Ele grita desesperado.
Voldemort olhar pra Harry. Há um sorriso maligno em sua face – Você nunca poderá dizer que o grande lorde Voldemort nunca teve clemência. (Ele grita enquanto aponta sua varinha)
Então Harry ouve uma voz diferente. Diferente, mas ao mesmo tempo conhecida... Quase um murmúrio. Gina! Ele fala pra si mesmo. Eu não posso desistir... Eu prometi... Eu prometi pra ela que voltaria!
Ele reúne suas últimas forças para empunhar a varinha.
Os dois atacam quase ao mesmo tempo – Avada Kedavra!
O grito ecoa pelos ares e ambos são atingidos um pelo outro. É como se o tempo parasse naquele instante.
Depois de um imenso clarão o céu escurece por alguns segundos. O barulho é estrondoso. Então... O sol aparece novamente...
Em meio aos cadáveres há outro corpo. Ou pelo menos, aquilo que um dia foi um corpo. Lorde Voldemort.
Do outro lado o nada... Apenas um par de óculos e uma varinha...
XXXXX
De volta aos dias atuais
Fora da casa Rony e Hermione aguardam. Já faz um bom tempo que Harry entrou.
Rony – Já faz tempo que ele está lá. Acho bom a gente dar uma olhada.
Hermione – Eu também estou ficando preocupada. Daqui a pouco anoitece e ele não saiu daí.
Eles entram na casa. Na sala nenhum sinal do moreno. O casal caminha até o quarto e dá de cara com Harry desacordado...
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