Uma reportagem incoveniente
No outro dia...
Gina acorda e percebe que está sozinha. Ela desce para tomar café e encontra apenas a sua mãe na cozinha. Nem sinal de Harry.
Gina – Bom dia mãe. Você viu o Harry?
Molly – Saiu cedo. Junto com seu irmão.
Gina – Estranho... Ele não falou nada ontem. Disse aonde ia?
Molly – Não... E eu também não perguntei. Eles falaram que voltam logo, a tempo para o almoço.
Gina – E as crianças?
Molly – Ainda não acordaram
Gina – Vou tirar esses preguiçosos da cama antes que fique tarde pra tomar café. Hoje é dia de recreação na escola e eles estão loucos pra ir (olha para a mãe) eu avisei que eles vão passar o dia lá?
Molly balança a cabeça afirmativamente - Eu preparei um lanche reforçado, nunca se sabe o que a escola vai servir para o almoço...
Minha mãe não tem jeito mesmo, não sei como ninguém aqui em casa ficou obeso ela pensa enquanto sobe para o quarto dos gêmeos.
XXXXX
CASA DA HERMIONE
Os três amigos estão na casa da morena. Logo que começou a trabalhar no ministério Hermione alugou uma pequena casa num bairro próximo ao beco diagonal. Embora Molly a tivesse convidado para morar na toca, ela delicadamente recusou. Ia ser muito difícil morar sob o mesmo teto que Rony e sob o olhar vigilante da senhora Weasley. Do jeito que aquele ruivo anda atiradinho ele ia acabar me criando uma situação constrangedora ela pensou com um sorriso maroto nos lábios
Rony e Hermione olham para Harry. Esperam que ele fale o motivo de ter solicitado esta conversa tão cedo embora tanto o ruivo quanto a morena já tenham uma vaga idéia do que se trata.
Hermione – Você quer conversar com a gente...
Harry – É... Andei pensando. Vocês partiram comigo para a guerra. Se me falassem o que aconteceu... Talvez isso ajudasse... Quer dizer, eu poderia me lembrar de alguma coisa...
Rony – Mas o medi-bruxo falou que não podemos forçar as suas lembranças
Harry – Eu sei. Mas não estou pedindo que contem o que aconteceu comigo... Quero que me falem o que aconteceu com vocês... Quem sabe assim eu me lembro de alguma coisa.
Os três ficam em silêncio por alguns instantes
Hermione – Pode ser que você tenha razão... (ela fala após analisar a situação)
Harry – E eu queria pedir mais uma coisinha...
Rony e Hermione olham pra ele. Harry continua – Eu queria ir onde tudo aconteceu e gostaria que vocês me acompanhassem.
Hermione – Essa é a... Coisinha? Você tem noção do que está pedindo?
Harry – Eu sei que deve ter sido difícil... Mas o medi-bruxo falou que ir aos lugares que foram importantes pra mim pode ajudar, eu tenho certeza que a chave para a minha falta de memória passa pelo local onde Voldemort foi derrotado... (olha para os amigos) Mas não sei se vou conseguir sem vocês...
Rony – Não sei, é arriscado... E se for pior?
Harry – Nada pode ser pior. Por favor... Eu preciso levar a minha vida adiante. E só vou poder fazer isso quando me lembrar do que aconteceu...
Hermione – Pode ser que você tenha razão. Mas confesso que me assusta a idéia de reviver tudo aquilo. Eu quase morri, o Rony ficou ferido
Harry – Vamos fazer o seguinte. Depois do casamento, quando vocês retornarem da lua de mel, a gente conversa sobre isso. Pra quem já esperou tanto tempo, mais algumas semanas não vai fazer diferença. E depois... Quem sabe eu me lembro de algo nesse intervalo (para Hermione) você descobriu alguma coisa?
Hermione olha pra ele sem entender - Como assim, eu descobri alguma coisa?
Harry (sorrindo) – Vai me dizer que você não andou lendo tudo que achou sobre feitiços de memória depois que fui encontrado...
Hermione – É verdade, pelo jeito você já se lembra mesmo de muita coisa. Mas não achei nada que explique essa falta de memória. Pedi pra McGonagall me enviar um livro da biblioteca de Hogwarts, um sobre feitiços proibidos. Pode ser que nele eu encontre.
Harry – Outra coisa... Não quero que a Gina saiba. Ela fica muito ansiosa... E com certeza vai querer ir também.
Rony – Isso não vai dar certo. Se ela descobrir não vai sobrar muita coisa de você pra se recordar. E nem nossa.
Harry – Eu sei... Eu realmente não gosto de esconder isso dela, mas não quero que ela crie expectativas. E se não der certo?
Rony e Hermione entreolham-se e não dizem nada.
Rony – É quase hora de ir, nós falamos que voltariamos para o almoço... (para Hermione) você vem com a gente?
Hermione balança a cabeça afirmativamente. Os três voltam para a toca
XXXXX
Eles chegam à toca. Assim que aparatam, percebem que há algo errado. Arthur e Molly olham pra Harry. Gina está de cabeça baixa. Harry percebe que ela andou chorando o que será que aconteceu?
Harry senta-se ao lado de Gina – O que aconteceu? Tudo bem com os meninos?
Gina olha pra ele e não fala nada. Arthur lhe estende um jornal. Aquela mulher de novo. Pensa Harry.
Ele começa a ler a manchete. HARRY POTTER VAI AO MINISTÉRIO PRESTAR ESCLARECIMENTOS! Por Rita Skeeter
Harry James Potter compareceu ao ministério de magia para prestar esclarecimentos a respeito da grande batalha na qual você sabe quem foi derrotado. Como é de conhecimento geral, muitos trouxas morreram sem explicação. Esperava-se que o menino que sobreviveu pudesse desvendar esse mistério que assola nosso mundo há sete anos.
No entanto, nossos informantes asseguram que Harry Potter trouxe mais dúvidas que respostas. Fica aqui a pergunta. Será que ele realmente não se lembra? Ou será que ele não quer falar? O que realmente aconteceu?
Harry termina de ler e percebe que todos olham para ele. Fecha o jornal furioso – Não acredito que esse jornal estúpido acha que estou escondendo algo! (encara a todos) Vocês não estão acreditando que eu estou fingindo...
Hermione – Claro que não! Mas...
Todos olham pra ela. Hermione continua – Já se passaram alguns meses desde que você chegou. E você ainda não lembrou o que aconteceu na guerra. Muita gente vai acreditar no que esse jornaleco fala, muita gente vai acreditar que você está fingindo...
Antes que alguém possa falar alguma coisa eles ouvem um barulho na lareira.
Arthur – Eu vou ver o que é (dirige-se a sala)
Pouco tempo depois ele retorna, seu semblante não é dos melhores.
Arthur – É da escola dos meninos.
Harry e Gina levantam-se ao mesmo tempo.
Arthur – Calma! Eles estão bem. Pelo menos fisicamente.
Todos olham sem entender, Arthur continua – A professora do Andy quer falar com alguém. Ele... Brigou na escola.
Gina – O Andy? Não acredito! Ele nunca faz isso. Deve ter acontecido algo que o deixou com muita raiva... (para de falar e olha para Harry e o jornal)
Todos emudecem. Gina contém as lágrimas. – Eu... Vou buscá-lo
Arthur – Não... Eu e sua mãe vamos
Gina – Não... Eu sou a mãe...
Arthur interrompe– Não discuta! Você é a mãe deles, mas qualquer um pode ver que você não está em condições. E depois, aquela repórter pode estar esperando. Eu e sua mãe vamos aparatar com as crianças. Você está muito nervosa, seria arriscado. Se você não conseguir...
Harry abraça Gina numa tentativa de acalma-la. – Seu pai tem razão. É melhor a gente esperar.
Gina – Quando esse pesadelo vai acabar? (a ruiva se esforça para não deixar as lágrimas descerem)
Harry – Quando eu me lembrar (ele abraça Gina)
Harry olha para o casal, Rony e Hermione entreolham-se numa compreensão muda.
Agora mais do que nunca eu preciso me lembrar pensa Harry. Isso já está afetando meus filhos...
Rony – Isso não pode ficar assim! Temos que fazer alguma coisa, essa mulherzinha persegue a Gina há sete anos.
Gina – Eu acabo com ela! Vou transformá-la num verme. Como se ela já não fosse um...
Hermione – Tem algo que a gente pode fazer.
Todos olham pra ela, Hermione continua – Todos até agora só conhecem a versão dessa repórter idiota. É hora de conhecerem a versão do Harry Potter
Gina – Você está sugerindo que ele dê uma entrevista a ela?
Antes que Hermione fale alguma coisa, Harry adianta-se – Não... Acho que sei o que ela quer dizer. Eu me lembro... (pra Hermione) você acha que a Luna vai topar?
Gina sorri entendendo tudo – Claro! Ela agora dirige o jornal do pai. Tenho certeza que vai adorar publicar uma entrevista exclusiva com Harry Potter
Hermione – Ela continua maluquinha. Mas é gente boa. Vou entrar em contato com ela, marcaremos pra depois do casamento
Rony – E antes da gente... (para de falar ao sentir o pisão de Hermione)
Gina – Antes que?
Harry Rony e Hermione entreolham-se, eles evitam olhar para Gina que está esperando uma resposta. Para alívio do trio, antes de qualquer um dizer alguma coisa Molly e Arthur chegam com Andy e Camy.
Andy olha para o pai. Harry não consegue desvendar seu olhar, um misto de vergonha e revolta.
Camy – Foi demais! O Andy mandou o David Smith longe! Sem usar as mãos! Ele foi parar do outro lado do parquinho! Também... Ele falou o que não devia...
Molly interrompe – Vocês vão lá pra cima, direto pro banho e daqui a pouco a gente conversa.
Os gêmeos sobem de mãos dadas
Rony – Imagine quando ele tiver uma varinha
Molly – Rony! Não é hora pra brincadeiras.
Gina – O que aconteceu?
Arthur – A professora não soube explicar direito. Era hora do recreio e ela ouviu gritos no parquinho. Quando foi ver David Smith estava caído e Andy preparava-se para ir atrás dele. A professora separou a briga. Andy recusou-se a dizer o que aconteceu e ela achou isso. (mostra o jornal a eles)
Hermione – Vou mandar uma coruja pra Luna o mais rápido possível
Arthur e Molly olham pra ela
Hermione continua - O Rony explica, eu tenho que ir agora. (dá um selinho no namorado) não se atreva a ir lá em casa hoje (olha pra todos) é que vou provar o vestido. Tem uma superstição trouxa que fala que o noivo só pode ver o vestido no dia do casamento. Por via das dúvidas...
Aparata.
Gina – Eles já devem ter tomado banho. Vou falar com o Andy
Harry – Vamos juntos. Eu acho que preciso colocá-los a par de tudo (suspira) pelo menos do que eu me lembro
Sobem
Eles entram o quarto das crianças. Camy está deitada no colo de Andy. O garoto passa a mão na sua cabeça. Harry e Gina percebem que ela andou chorando.
Ela deve estar com medo que a gente castigue o irmão. Pensa Harry
Gina – Camy... Fique com a sua avó enquanto a gente conversa com o Andy
A menina cai em prantos – Por favor, não briga com ele. Foi minha culpa...
Harry e Gina entreolham-se sem entender
Gina – Sua culpa?
Antes que a irmã possa responder, Andy fala– Não! Não foi culpa dela... Foi minha culpa. O David falou o que não devia...
Camy – Mas se eu não tivesse chorado, vocês não tinham brigado...
Os gêmeos começam a falar ao mesmo tempo
Gina – Vamos com calma. Não estou entendendo nada. Camy, você primeiro.
Camy – A gente estava no parquinho. Eu vi que uns meninos olhavam pra gente e riam. Eu fui perguntar o que era tão engraçado. (olha pra Harry) eles saíram de perto. Eu fui atrás...
Suspira e soluça, as lágrimas descem copiosamente
Harry coloca a filha no colo e passa a mão no seu rosto secando suas lágrimas– Está tudo bem. Pode falar
Camy continua – Aí o David Smith disse que você era um covarde. Que você fingia não se lembrar (as lágrimas descem, olha para os pais) eu... Preciso mesmo dizer tudo o que ele disse?
Gina – Não querida... Continue.
Camy – Aí o Andy viu que eu estava chorando...
Andy – Eu perguntei pra ela o que havia acontecido. Ela não quis me falar...
Camy – Aí o David foi atrás do Andy e falou tudo de novo...
Andy – Ele falou que era uma vergonha ter um pai assim, falou muitas outras coisas... Eu fiquei com muita raiva... Mas não toquei nele. Eu juro! Quando eu vi, ele estava no chão... (olha pra Gina com os olhos marejados) a gente ta de castigo?
Gina segura a custo as lágrimas – Não... Você não teve culpa. Eles também provocaram.
Harry – Vocês vão ouvir muitas coisas... Mas a verdade é que eu ainda não me lembro de tudo... Eu quero lembrar, mas ainda não consegui. Mas eu prometo isso tudo vai acabar. Não falta muito
Camy – Eu sei pai. A mamãe falou que você tava doente... Mas eu não gosto que falem essas coisas...
Harry – Vocês vão ter que ter paciência. Não falta muito agora... Eu prometo pra vocês que vou me lembrar de tudo
Gina – Vocês devem estar com fome, desçam que já estamos indo.
As crianças descem
Harry levanta-se e vai até a janela. Gina vai atrás e o abraça
Harry – Tudo minha culpa. Droga! A última coisa que eu queria era que isso atingisse aos meninos...
Gina – Eu sei... Não fique assim, foi apenas uma briga de crianças
Harry – Não... Eles mal sabem ler. Se os amiguinhos do Andy fizeram esse tipo de comentário com certeza ouviram alguém falando... Eles não teriam maldade pra chegar a essa conclusão sozinhos
Gina olha pra Harry e não fala nada apenas permanece abraçada a ele
Harry – Às vezes eu fico pensando... Talvez fosse melhor que eu não tivesse sido achado. Vocês não iriam ter todos esses problemas...
Gina – Não repita isso. Nem de brincadeira! Depois que você sumiu, além dos gêmeos, a única coisa que me manteve viva foi a esperança de encontrá-lo
Harry – Mas não está sendo fácil...
Gina – Não está. Mas mesmo assim eu nunca estive tão feliz.
Beijam-se
Harry – Vamos voltar?
Descem de mãos dadas.
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