No ministério



No domingo a família está reunida, todos os Weasleys estão na toca para o almoço. Harry olha a profusão de ruivos reunidos, tentando se lembrar do nome das esposas e dos filhos. É informação demais! Não tem memória que agüente. Pensa. Além dos sete filhos agora há também noras e netos o que praticamente triplicou o número de pessoas que participam dos tradicionais almoços domingueiros

Gui e Fleur têm dois meninos. Julian de cinco anos e Morris de dois. Carlinhos e Dominique têm Leah com quase três anos e o recém nascido Arthur. Percy e Penélope se casaram e tem Antony de seis meses. Fred se casou com Angelina e tem Sarah que está com um mês. Jorge se casou com Alicia que espera o primeiro filho para qualquer momento

Harry está observando os filhos brincarem no jardim com as outras crianças. Gina chega e senta-se no seu colo.

Harry olha pra ela e diz – Obrigado

Gina olha pra ele sem entender, ele continua – Obrigado por ter me dado essa família. Por nunca ter desistido de mim...

Ele acariria o rosto da ruiva cujos os olhos estão cheios de lágrimas. Beijam-se sem reparar que Rony e Hermione chegam

Rony – Ei! Eu sei que vocês estão vivendo juntos. Mas precisa dessa agarração o tempo todo? (o ruivo fala meio enciumado)

Hermione – Rony! Sua irmã já é bem grandinha!

Gina – Quem vê até pensa que vocês dois não fazem coisa pior naquela casa vazia...

Rony fica vermelho como um pimentão, Hermione sufoca uma risadinha – Tomou! É isso que dá implicar com a irmã mais nova (Diz beijando o ruivo)

Rony – A gente queria falar com vocês

Hermione – É... A gente queria convidar você e a Gina pra serem padrinhos do nosso casamento.

Rony – Eu sei que você ainda não se lembra de tudo, mas você sempre foi o meu melhor amigo... (olha para Hermione) Nosso melhor amigo!

Hermione – Aceitam?

Harry – É claro!

Rony e Hermione sorriem felizes. Harry continua. – Eu me lembro de muita coisa. Quase tudo... (Fica sério por um momento). Lembro-me da escola... De várias pessoas... Mas da guerra! Por mais que eu tente...

Gina – Não vamos falar sobre isso hoje. Dentro de poucos dias você vai tomar mais uma dose da poção, quem sabe mais alguma lembrança vem à tona.

Os dois casais são interrompidos quando Molly chega chamando para almoçar. Harry decide não tocar mais no assunto da audiência e aproveitar o dia com a família

XXXXX

Dois dias depois Harry, está se preparando para a audiência no ministério.

Gina – Você tem certeza que não quer que eu vá?

Harry – Não é necessário. Seu pai irá comigo.

Gina – Nervoso?

Harry – Não... Mas estou um pouco preocupado. Com certeza eles irão me fazer perguntas que eu não sei responder. (ele passa a mão pelos cabelos como se esperasse, com esse gesto, arrancar alguma lembrança de dentro de seu cérebro) Droga! Se eu me lembrasse... A última coisa que me lembro é de sair daqui com o Rony e a Hermione... As outras lembranças vão e vêm e são totalmente sem sentido

O senhor Weasley chega - Já está quase na hora. Vamos?

Ambos aparatam para o ministério

XXXXX

NO MINISTÉRIO

Harry e Arthur entram na sala da audiência. Harry olha a sua volta e lembra-se que já esteve naquele local. Mas Dumbledore estava comigo. E agora...

Ele senta-se em frente a uma bancada onde vários bruxos o encaram com ar inquisidor. Um deles começa, Harry o reconhece embora se lembre dele ligeiramente mais jovem. Imediatamente a imagem de sua ruiva lhe vêm a mente. Ela e aquele homem... Dino Thomas

Bem. Senhor Potter. Nós convocamos a sua presença para prestar esclarecimentos a respeito do que aconteceu há sete anos. (Dino fala com voz autoritária e Harry não pode deixar de notar uma certa mágoa em seu olhar. Será que ele queria alguma coisa com a Gina? E agora que eu voltei...)

Harry – Eu gostaria de poder ajudar. Mas não me lembro

Dino – Não se lembra? (semblante dele é de quem não acredita)

Arthur – Nós o resgatamos numa ilha no sul do pacifico. Fazia sete anos que ele estava vivendo com os trouxas. Ele estava completamente desmemoriado.

Dino – Senhor Weasley! É Harry Potter quem deve responder as perguntas!

Harry – É verdade. Eu estou fazendo tratamento no St Mungus. Já me lembro de muita coisa. Mas não tenho idéia do que aconteceu na guerra, nem como cheguei à ilha. Eu vou contar o que me disseram...

XXXXX

As cenas a seguir aconteceram há sete anos atrás.

Maioke olha para o vulcão. Não falta muito agora. Pensa. O deus do fogo irá nos castigar. Ele está furioso com nosso povo. Mas o que estamos fazendo de errado?

Nós já fomos muito castigados. Nossas plantações morreram. Não conseguimos peixe. Muitos já morreram de fome.

Ele olha para seu povo que prepara as embarcações para fugir. Mas fugir pra onde? Todos nós nascemos e fomos criados aqui. Não conhecemos outra vida.

Ele não percebe uma jovem vindo em sua direção.

Milka – Pai... Precisamos partir. Todos estão prontos

Maioke olha pra filha e permanece calado. Ela insiste – Pai... O deus do fogo... Não temos muito tempo

Maioke – Eu sei...

Milka – Então vamos logo. Se ele lançar fogo nosso povo não escapa. Você deve liderar a partida, você é o chefe

Pai e filha dirigem-se as embarcações.

Eles estão em alto mar. O céu está cinza devido à fumaça lançada pelo vulcão, como se não bastasse existe também a ameaça de uma tempestade.

Maioke (lutando contra o vento) – Os deuses estão furiosos. Mas... Por quê?

Mal ele termina de pronunciar estas palavras, cai uma chuva torrencial. O mar fica mais revolto ainda. Ele vê um dos seus barcos virar, várias pessoas estão na água.

Os tripulantes dos outros barcos jogam cordas tentando resgatar os náufragos. A chuva cai cada vez mais forte. Um raio ecoa no céu. O clarão cega a todos...

Então... Da mesma forma que veio, a tempestade cessa. O sol brilha estrondoso no horizonte. Eles olham para o vulcão. Ele está em silêncio, está calmo como se nunca houvesse ameaçado entrar em erupção.

Maioke – O deus do fogo se acalmou. O que terá aplacado a sua fúria?

Milka – Pai! Olhe!

Eles vêem o corpo de um homem branco boiando no mar.

Maioke – A profecia...

E todos caem de joelhos

Mais tarde...

Milka passa um pano molhado na testa do desconhecido. Ela percebe que ele está ferido e ardendo em febre

Milka (para o pai) – Ele vai sobreviver?

Maioke – Faz dois dias que ele dorme e delira. Algo muito estranho está acontecendo. (sorri) Mas o que importa é que ele nos salvou. Ele vai sobreviver...

Milka acaricia os cabelos do estranho. Ele vai abrindo os olhos lentamente...

Por um momento ele vê uma figura ruiva o observando. Ele fecha os olhos e abre novamente. A figura ruiva não está mais lá nem em lugar algum. Ele vê uma mulher jovem e morena a seu lado, juntamente com um ancião.

Tenta se levantar. O ancião o segura – Não. (Diz ele). Você delirou por muito tempo. Deve descansar. Fique deitado.

Ele nota que os dois o olham curiosos – Quem é você? (a mulher pergunta)

Ele tenta responder, mas não consegue. A sua mente é uma página em branco...

XXXXX

De volta aos dias atuais

Dino – Então você não se lembrava de nada?

Harry – Absolutamente nada. Foi como se eu tivesse nascido naquele dia. Exceto...

Dino – Exceto?

Harry – Alguns sonhos que tive no decorrer destes sete anos. Mas eram muito vagos. Não significavam nada, pelo menos era o que eu achava na época. Agora eu sei que eram passagens da minha vida. Mas muita coisa ainda não tem nenhuma explicação pra mim. Os nativos falavam que eu só sobrevivi por milagre... Eu passei dois dias inconsciente, delirando.

Dino – E agora...

Harry – Lembrei de muita coisa do meu passado. Mas nada sobre a guerra

Dino parece desconfortável – O nome... Voldemort significa alguma coisa pra você?

Harry fica em silêncio. Os olhos... Olhos malignos! Pensa

Dino – Lembra?

Harry - Não... Eu vi uma sombra na hora que você falou. Mas foi tudo muito rápido! Eu sei que ele matou meus pais e muitas outras pessoas. Eu sei que lutei contra ele...

Arthur intervém – Os medi-bruxos disseram que as lembranças não devem ser forçadas. Ninguém sabe ao certo o que aconteceu. Pode ser um feitiço... Ou uma maldição... Se as lembranças não vierem naturalmente, as conseqüências podem ser terríveis.

Dino – Veja bem ,senhor Weasley. Essa guerra durou tempo demais. Não tivemos muita paz nos últimos trinta anos... Exceto o período que vai entre quando Você-sabe-que desapareceu e quando ele ressurgiu. Muita gente morreu, muitos estão irrecuperáveis. Mães perderam os filhos, esposas perderam os maridos, filhos perderam os pais... Nada mais natural que se queira saber realmente o que aconteceu. E se alguém pode esclarecer, esse alguém é Harry Potter.

O senhor Weasley vai falar algo, mas Harry adianta-se – Eu sei que todos querem saber o que aconteceu. Mas, acredite, ninguém mais do que eu quer que isso acabe! Eu preciso recuperar a minha memória para levar minha vida adiante com minha mulher e meus filhos!

Dino fica meio desconcertado com as últimas palavras de Harry. A audiência termina, Harry e o senhor Weasley saem da sala

Arthur – Harry... Você percebeu o que você falou?

Harry olha pra ele sem entender. Arthur continua. – Você disse que quer levar a vida adiante com sua mulher e seus filhos...

Harry olha espantado. Agora ele se deu conta do que falou

Harry (constrangido) – Senhor Weasley... Eu sei que o senhor deve ter ficado furioso quando a Gina ficou grávida... Mas eu gosto dela de verdade... Quando isso tudo acabar... Eu quero construir uma vida ao lado dela e das crianças... Eu já me sinto como se fosse casado com ela.

Arthur sorri – Não nego que num primeiro momento eu fiquei bravo. A Gina era a minha menininha e nunca havia me passado pela cabeça que um dia ela viesse a fazer sexo. Quando descobri que ela estava grávida estuporamento foi o mínimo que eu pensei em fazer com você. Mas quando tudo aconteceu... A Gina estava tão triste que eu agradeci por ela ter os gêmeos. Sem eles ela não teria tido forças... E além disso... Eu conheço a minha filha. Depois que ela se decidiu... Nada a impediria...

Harry – Eu gosto muito dela...

Arthur – Eu sei... Está escrito nos seus olhos. E ela é louca por você. Depois que os gêmeos nasceram, minha filha gastava todo o tempo que dispunha procurando pistas sobre o seu desaparecimento. Ela nunca desistiu. Procurou por toda parte, tanto no mundo bruxo quanto no mundo trouxa. Conseguiu convencer até seus tios a ajudarem.

Harry (espantado) – Meus tios?!

Arthur – É... A Gina cismou que você poderia estar em algum lugar no mundo trouxa. Ela e a Hermione fizeram varias fotos suas e distribuíram em jornais trouxas. O número pra contato foi o da casa de seus tios.

Harry – Ainda não entendi como ela conseguiu convencê-los.

Arthur – Por incrível que pareça a sua tia se sentiu culpada quando soube do seu desaparecimento. Ela pensou que não havia conseguido cumprir o seu papel de te proteger. (sorri) e você sabe que a Gina é bem persuasiva.

Harry – E como sei!

XXXXX

Já passa das duas da manhã e Harry, sem sono, observa Gina que dorme em seus braços. Ele acaricia os cabelos ruivos enquanto divaga. E pensar que há alguns meses atrás eu estava na ilha, sem fazer idéia que eu tinha uma família me esperando. É muita loucura... Eu, de um homem sem memória e sem passado a Harry Potter, o menino que sobreviveu, o garoto que derrotou Voldemort, o pai da Camy e do Andy, o marido da Gina...

É, Harry. Pra quem não tinha noção de quem era, até que não está nada mal!

Ele passa a mão nos cabelos da ruiva. Ela se mexe, mas não acorda. Eu tenho que recuperar logo todas as lembranças. Enquanto isso não acontecer não vou conseguir reconstruir a minha vida. Eu tenho que lembrar o que aconteceu na guerra.

Droga! Por que esse raio de memória não volta logo de uma vez? E o pior é que ninguém me conta nada. Não querem influenciar as minhas lembranças. Ele para por um momento. Só se eu...

Vou falar com o Rony e a Hermione. Eles sempre foram meus amigos. Não vão se negar a ajudar. Perdido nestes pensamentos ele adormece.

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