Floresta Proibida
Perdidos! Como poderiam estar perdidos? Seguiram cada indicação que Dumbledore deixara num velho pergaminho após a sua terrível e lastimável morte. E como resultado, ele, Ron, Hermione e a pessoa que ele menos queria que ali se encontrasse, Gina, encontravam-se perdidos entre os embustes amaldiçoados da Floresta Proibida.
Fora há dias a morte do professor Dumbledore, mas aquele momento nunca se apagaria da sua mente e nunca descansaria enquanto não encontrasse Snape, perpetrando a sua vingança em memória do Director de Hogwarts que tanto o protegera, que tanto o ajudara, que tanto o amara como a um neto ou um a filho… e que inconscientemente confiara naquele traidor, confiança essa que o levou à morte. Não permitiria que o mundo vivesse nessa injustiça, seria demasiadamente vil.
- Harry, como saímos daqui? – perguntou Ron, tirando-o dos seus pensamentos melancólicos.
- Bem, em princípio o caminho seria por aqui – murmurou olhando o pergaminho atentamente. Era constituído por um pequeno mapa de difícil prospecção delineado a tinta vermelha, correspondente a uma parte da floresta, e a uma série de pistas que lhes indicavam o caminho… ou Harry assim o pensara.
Hermione tirou o pergaminho das mãos de Harry e observou-o atentamente, enquanto Ron deixava fluir da boca comentários que pouco os ajudavam, como por exemplo: A floresta é toda igual! As árvores são iguais, não se vêem animais em lado nenhum, não há pontos de sinalização… como é que podemos achar seja o que for?!
- A “árvore branca da Lua”… segundo o mapa deveria estar por aqui…
- Certo, mas o que é a “árvore branca da Lua”? – quis saber Harry olhando em volta.
- Não me lembro… - murmurou Hermione com os olhos semicerrados de concentração. – A “árvore branca da Lua”… possivelmente tem alguma coisa a ver com Herbologia, mas não me recordo de falarmos disso nas aulas…
Enquanto os três amigos tentavam se lembrar de algo que os elucidasse sobre a constituição de uma “árvore branca da Lua”, enquanto toda a floresta parecia pintada de negro, Gina caminhava perto deles, observando cada pormenor invisível aos olhos de alguns.
- Hermione, tens a certeza que a “árvore branca da Lua” é uma planta? – perguntou por fim, baixando-se sobre alguma coisa.
- Bem… é uma mera suposição, apesar de poder ser qualquer coisa…
- Uma pedra talvez? – sugeriu Gina sem os olhar.
- O que queres dizer com isso? Encontrastes alguma coisa? – inquiriu o irmão, aproximando-se rapidamente, ao que os outros imitaram-no.
Rodearam-na e ficaram a olhar para o que parecia ser uma pequena pedra incrustada no solo repleto de folhagem e animaizinhos rastejantes. Esta tinha uma coloração pálida e brilhante, e tinha uma forma irregular.
- Eu sei que é só uma idéia, mas se levarmos à letra, “árvore branca da Lua” dá sensação que é uma planta que cresce na Lua, mas na Lua não há plantas! Só pedras. Logo…
- Logo é possível que seja uma pedra… - completou Hermione passando a mão pelo cabelo num gesto meditativo. Voltou a olhar para o papel – “E a árvore branca da Lua indicará o caminho a seguir; mas cuidado, ele é secretamente guardado por mantos negros de escuridão”.
- Deve ser frio, possivelmente – comentou Ron ironicamente, encolhendo os ombros.
- “Mantos negros de escuridão”… fazem-me lembrar alguma coisa… - murmurou Harry pensativamente. – E apesar de não saber o quê, tenho um mau pressentimento sobre esses “mantos”.
Os três olharam o amigo, preocupados. Os pressentimentos de Harry eram sempre para se levar a sério, porque, ultimamente, Harry parecia ter obtido um sexto sentido que o conseguia guiar, como se Dumbledore ali estivesse em espírito a orientá-lo, ou mesmo o seu padrinho Sirius…
- Então, para que lado temos que ir? – perguntou Ron, cruzando os braços.
- A pedra tem de indicar o caminho… por isso deve haver alguma pista incrustada, possivelmente – observou Hermione, examinando a pedra de todos os ângulos.
Harry se afastou e olhou em volta… como poderia uma pedra indicar um caminho? Era como outra pedra qualquer com um tom rústico de inutilidade. Observou Hermione a estudar a pedra, e algo lhe chamou a atenção… um brilho no casaco que a amiga trazia vestido, e esse brilho era emitido pela pedra!
- Afastem-se da pedra! – ordenou tão repentinamente que Ron, Hermione e Gina se assustaram e deram um salto para trás.
- O que se passa? – inquiriu a namorada preocupada.
Era o que Harry pensara, a indicação estava à sua frente, mas de uma visibilidade quase nula. A pequena luminosidade que a Árvore Branca da Lua, isto é, a pedra, deixava escapar, entranhava-se pela densa floresta, interceptando troncos e os ramos mais baixos, e reflectindo-se em poças de água permanentes.
- Reparem bem, a pedra emite uma luz que se prolonga pela floresta, vejam! – disse Harry, indicando o quase imperceptível raio de luz que ele detectara graças ao facto de ser apanhador durante tanto tempo.
- Claro… como não pensei nisso? – inquiriu Hermione batendo na testa. – Vá, vamos seguir a luz, para saírmos daqui o mais depressa possível.
Seguiram-na longamente, virando a cabeça a cada barulho sombrio que se fazia ouvir.
- Esperem - pediu Harry parando. Tinha ouvido um sussurrar estranho, algo que rastejava perto deles. Viu um pequeno movimento a um metro de distância, mas quando se aproximou não parecia haver nada, só um manto de folhas secas e velhas. – Hum…
- O que se passa? – perguntou Gina.
- Pareceu-me ver algo – respondeu Harry segurando a varinha tensamente. – Vamos continuar, não deve ter sido nada.
Subitamente voltou a ouvir. Agora tinha a certeza que não eram só as folhas, mas algo mais. Surgiam sussurrares rastejantes, ora de um lado, ora do outro, da sua frente e de trás.
- “Mantos negros de escuridão”… Lethifolds! – exclamou Harry, lembrando-se das aulas do professor Lupin, em que tinham falado desse terrível e sombrio monstro (o Lethifold… é uma criatura rara. (…)Lembra um manto negro, talvez com um centímetro e pouco mais grosso (mais grosso ainda se matou recentemente e digeriu a sua vítima) que desliza pelo chão durante a noite. (…) o Patronus é o único feitiço que repele o Lethifold. Como ele costuma atacar as suas vítimas durante o sono estas raramente têm possibilidade de se defender. Depois de conseguir sufocar a presa, o Lethifold digere o alimento (…) abandonando o local… sem deixar traços de si nem da sua vítima. Extraído de Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los por Newt Scamander.)
- Ó Meu Deus… - gemeu Hermione, olhando em volta sem nada ver.
- Tens a certeza que o Dumbledore era boa pessoa? Ninguém no seu perfeito juízo nos mandaria para um sítio destes! – protestou Ron, tentando se acalmar.
- Deve ter sido por uma boa raz…
- Harry! – gritou a voz de Gina aflita, enquanto se ouvia o seu peso a cair no chão amortecido.
Os três se viraram para trás e viram uma espécie de manto a avançar sobre a jovem Weasley, tendo-lhe já coberto as pernas quase até os joelhos. A varinha jazia a um metro de distância da sua mão, impossibilitando-a de alcançá-la.
- Expecto Patronum! – gritou Harry, sendo imitado de imediato por Ron e Hermione. Ambos tinham aprendido a invocar o Patronus na Armada de Dumbledore.
O veado prateado, em toda a sua beleza e grandiosidade, saltou sobre o monstro, arrancando-o com os seus poderosos chifres de Gina, que se levantou urgentemente para apanhar a varinha.
Na direcção deles avançavam já outros Lethifolds, possivelmente entusiasmados por terem humanos ao jantar… ou ao almoço, ou ao lanche… a densa floresta não deixava passar um único raio de luz que lhes indicasse as horas.
- Corram! São demasiados! – gritou Harry fazendo sinal para onde se dirigia a pequena pista que seguiam.
Não hesitaram. Os patronus, para tristeza dos seus criadores, ficaram para trás a combater os monstros arrepiantes, dando-lhes tempo para uma “retirada estratégica”. Correram até a exaustão, até as suas pernas praticamente se recusarem a andar e desembocaram numa clareira… numa espantosa clareira!
N.A.: Espero que tenham gostado! Comentem please
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