Encontros e desencontros

Encontros e desencontros



“Campos. Campos e mais campos ornados de flores, com a relva tão verde e intensa que lembrava-lhe uma pintura. Mas ele não queria ficar ali. Era estranho... Ali era tão perfeito, tão certo, tão... Tudo. Por que não haveria de ficar ali? Ao seu lado, uma figura feminina saía das sombras e tornava-se mais clara: Dallas. Ela sorria intensamente, agarrando-lhe pelo braço. Ali eles viveriam, juntos, e teriam um ‘felizes para sempre’. Mas aquilo parecia tão... Tão... Perfeito. Tão irreal, como um sonho, e sonhos podem parecer maravilhosos, mas não passam de... Sonhos. Não poderia viver intensamente feliz, engaiolado numa casa com cercas brancas, com três filhos e um sorriso no rosto de um lado ao outro. E jamais conseguiria ver-se a trabalhar para o sustento da família, por mais que quisesse.

- Sirius... Eu te amo. – Murmurou a jovem, aos seus ouvidos. Sirius não sabia o que dizer, não tinha o que dizer. Ele a amava? Se sim, quanto? Se não, então por que estava com ela?

- Obrigado. – Limitou-se a dizer, friamente. A menina olhara-o, e ele tinha consciência de que não era a resposta que ela esperava, mas... Ele não podia mais fingir, não queria mais mentir...”

- Acorda!!! – Berrou James, fazendo Sirius cair da poltrona defronte à lareira. Estava ainda meio zonzo quando James e Remus puxaram-no de volta à mesma.

- O-o que foi? – Perguntou sonolento.

- Ah, faz meia hora que estou chamando o seu nome para ver se você acorda, e nada. Você só fica aí, murmurando ‘obrigado, obrigado...’!! – Dizia o menino, mal humorado.

- Ah, James, Remus, obrigado por terem me acordado... – Disse num tom em mistura de sono e sarcasmo. – Que horas são?

- Ah, você não perdeu nada do dia, só as aulas da manhã, as da tarde e o jantar! – Disse Remus, um leve tom irritado na voz.

- Eu perdi, é? – Perguntou. – Ah, eu não estava me sentindo muito... Muito bem. – Ele piscou duas vezes, sonolento. Não queria muito conversar.

- E você precisa ir à enfermaria? – Perguntou James, preocupado.

- Não, não... Eu só vou ficar aqui, mesmo. Um pouco. – Disse decidido.

- Oh, então tudo bem. – Receou um tanto, mas Remus acabou cedendo. – Bem, vou dormir. A última aula foi decididamente muito... Igual. Boa noite.

- Ah, eu acho que vou dormir também, Sirius.

- Ora, ora, o James indo dormir cedo? – Caçoou Sirius. Não parecia muito consciente.

- Primeiro: Não está tão cedo assim. Já são 11:47. Segundo: Hoje eu tive uma pequena discussão com uma pessoa...

- Com Lily. – Afirmou o outro.

- Com Lily, e estou com a cabeça ``latejando´´. Vou dormir. Boa noite. – E ele rumou às escadas, subindo-as.

- ‘noite. – Murmurou Sirius. Depois que o menino sumiu às escadas, o salão entrou num terrível e até assustador silêncio, um silêncio que queimava por dentro e gelava por fora.

- Todo o tempo... – Sussurrava para si. – Todo o tempo, todos os instantes, em todas as horas eu estou... Vazio. O que há comigo? Uma angústia me invade... – Tudo ainda rodava em sua mente. O fervor dos lábios, a ternura do toque, o sentir de algo que não devia, mas queria... Não sabia se afagava ou se doía. – Não, não gostei... Não posso... – Mas ele sentia que sua resposta estava vazia. Por que não, afinal? É um amor, não é? Não, não é, não pode ser um amor, não por aquele... Por aquele... Por Snape. Ou pode?

- Tudo é tão... Confuso. Todos são cheios de... De regras. – Ele fechou os olhos, afim de esquecer tudo o que vinha sentindo, mas foi em vão. – Esse mundo é... Esse mundo onde... Onde eu vivo... Esse mundo... Meu mundo... É perdido. – As imagens iam e vinham, uma atrás da outra, sem parar. Sirius achava que se afogaria e tantas emoções misturadas. A monotonia dos dias, o fervor que jazia em seu corpo, a vontade de seguir seus instintos, o senso de fazer errado, tudo misturado com repressão, preso em seu coração. E um amor proibido e bonito que ele via nos filmes... Mas que sempre acabava bem.

Ou quase sempre.

- Eu odeio isso... – Ele reabrira os olhos. As chamas da lareira crepitavam ardentes, seu som ricocheteando longe, dentro da cabeça de Sirius, ajudando-o na tempestade que formava-se de figuras, sons e retalhos de reflexos, cenas do passado.

Um estrondo fora ouvido da porta e ele virou o rosto à mesma rapidamente. A porta fora aberta de uma vez só e defronte a ela estava a professora de Herbologia, o rosto contraído numa expressão de fúria e seriedade. Quando os olhos da mesma pousaram-se sobre o menino, os lábios contraíram-se.

- Senhor Black! – Disse firmemente, chamando-o.

- Sim, professora? – Ele receava algo. Mais uma coisa para preocupar-lhe?

- Chame Potter e Lupin, agora! Isso é muito sério! – Disse friamente. Sirius sentiu um arrepio na nuca. “E agora, o que será que eu fiz?”, pensou enquanto subia as escadas rapidamente.



***//***



No salão comunal da Sonserina há algumas horas mais cedo...

- E aí, Bellatrix? Você sabe por que o Tom nos chamou? – Perguntou um menino dos olhos azul-celeste e os cabelos negros como a noite.

- Sei sim, mas vocês não saberão por mim. – Murmurou. Eles caminhavam pelos corredores em rumo ao quarto de Lucius Malfoy.

- Qual é, Bella? Você sabe que pode confiar em mim! – Disse angelicalmente pousando a mão sobre um dos ombros da jovem. Com a mão esquerda segurava firmemente sua varinha.

- Se você quiser continuar com todo o seu corpo, é melhor tirar suas mãos de cima de mim! – Acertou irritada. Odiava aqueles seres, os dois meninos que acompanhava. Ela parou de repente e bateu numa porta à direita, no fim de um dos corredores. A porta abriu-se para eles e dela puderam ver Tom sentado sobre a cama e Lucius a um canto, numa cadeira. Do outro lado estavam os outros membros do grupo.

- Bom dia, Alan. John. Prontos para entrarem para ficarem ao nosso lado? – Perguntou Tom, um sorriso cortando-lhe a face, mas os olhos frios dizendo claramente que não estava para brincadeira.



***//***



- James, acorda! – Dizia Sirius aos ouvidos de James, que dormia a sono solto. – Acorda! Acorda... ACORDA!!! – Berrou finalmente, fazendo com que o outro pulasse da cama de susto, dando-lhe o troco por tantas outras vezes que o menino fizera-lhe o mesmo. Ele ria muito enquanto o outro olhava-o, irritado.

- Por que é que você me acordou? – Perguntou de mau humor.

- A professora está lá embaixo, no salão comunal, muito irritada. – Alertou. – Ela disse para eu chamar você e o Aluado.

- Ah, não! O que é que eu fiz agora? – Ele parou por um instante, pensativo, e logo em seguida voltou-se ao outro. – Será que ela descobriu sobre as bombas de bosta?

- Sei lá! Vou acordar o Remus... – Sirius afastou as cortinas e caminhou até a cama de Remus, enquanto James vestia-se.

- Remus! – Disse enquanto afastava as cortinas. O menino estava sentado na cama, zonzo de sono. – Você já acordou?

- Também, do jeito que você é TÃO discreto para acordar os outros... – Ironizou, descendo da cama. Eu já vou descer para que quer que seja.

- Certo. – Disse Sirius a si mesmo. “Mas que diabos aconteceu para a professora vir aqui no meio da noite? Não pode ter sido as bombas de bosta, ou ela esperaria até amanhã. Deve ter sido algo muito, muito grave mesmo...”, pensava. “Mas... O quê?”.

- Vamos? – Perguntou James aos outros dois.

- Estou pronto! – Afirmou Remus, e os três desceram às escadas.



***//***



- Er... Eu não entendi. – Disse o menino, os olhos azuis confusos. A porta fechara-se às suas costas e ele não estava gostando muito daquilo, mas não tinha mais para onde fugir. Eles eram muitos...

- Bellatrix, explique a situação ao menino. – Disse Tom, cruzando os braços e fechando os olhos, em nervoso. Odiava explicar. Odiava leigos...

- Bem, Alan, nós temos uma espécie de associação... E só associa-se quem achamos que pode trazer algum benefício ao grupo. – Disse a jovem, um meio sorriso nos lábios vermelhos. – E achamos que você e John podem.

- Eu? John? O que nós podemos fazer? – Ele continuava sem entender muito bem. Tom fez um barulho de reprovação. Todos no ambiente começaram a sentir-se desconfortáveis. A maioria não gostava de um Tom irritado ao lado...

- Bem, a questão não é O QUE vocês podem fazer, e sim se FARÃO qualquer coisa para entrar. – Disse a menina, os olhos claros reluzindo à luz do ambiente.

- Eu... – Começou Alan. Nunca ouvira falar naquilo. Já John...

- Eu farei. Qualquer coisa, qualquer uma, se eu puder ser um de vocês. – Disse decidido. Tom abriu os olhos e examinou o jovem. Os cabelos castanhos e os olhos um pouco mais claros, alto, as expressões firmes. Parecia realmente ter tomado uma decisão.

- Esse menino sim tem ambições. – Tom levantou-se de súbito. – E fez a escolha certa. – Ele olhou ao outro, que estava pensativo. Faria qualquer coisa? Não parecia ser o certo, contudo, se não escolhesse...

- Eu também farei qualquer coisa. – Disse meio decidido. Mas sabia que dali para frente não teria escolha. Seria um deles...

- Bem, vocês provaram que podem fazer qualquer coisa, mas não que farão qualquer coisa. – Disse calmamente Lucius. Seus olhos azuis acinzentados estavam frios, gelados. – Mas para serem aceitos, terão de fazer... Terão de provar que são dignos do nome dos Death Eaters.

- E... Como provamos isso? – Alan repentinamente, sem qualquer motivo aparente, teve uma pequena aceleração em seu coração, e isso seria de... Medo?



***//***



Remus, James e Sirius desceram as escadas e pararam defrontes a mesma, olhando para a professora, já impaciente.

- Vamos, vocês três! – Bradou.

- Para onde, professora? – Perguntou Remus, confuso.

- Para a diretoria! – Disse indignada por ser interpelada tão tolamente. – Sigam-me, agora!

- Como é que é?!! – Surpreendeu-se James. – O que foi que nós fizemos? – Ele mal acabara de perguntar, a professora virara-se rapidamente e aproximara-se de seu rosto, ficando com seu nariz quase junto ao dele. Seus olhos estreitavam-se de segundo a segundo.

- Senhor Potter, não temos apenas uma suspeita, temos uma prova de que você e seus dois amigos estragaram uma das paredes de Hogwarts com algo muito suspeito... Sangue de coruja! E há alguns dias corujas vêm desaparecendo do corujal...

- M-mas...! Não fomos nós!! – Protestou Sirius. Pela primeira vez na vida diziam a verdade sobre algo para uma professora.

- Veremos, senhor Black, veremos! – E ela saiu pelo buraco do quadro, seguido por três garotos confusos e surpresos.



***//***



James, Sirius e Remus andavam pelos corredores de Hogwarts, as varinhas empunhadas. James, que andava pouco mais à frente, tinha o braço esquerdo esticado à frente, o feitiço lumus a iluminar o caminho deles.

- Vamos! Senão eles vão nos pegar! Mais rápido! – Sussurrou Remus, empurrando Sirius à frente.

- Calma, calma!! – Protestou o outro. Eles pararam defronte à porta do salão principal e passaram por ela, virando-se à parede da mesma. James tirou a varinha do bolso rapidamente, enquanto Sirius tomava um livro muito grosso das mãos de Remus. Ele leu para James, que repetiu suas palavras, acertando o feitiço na parte de cima da porta.

- Pronto, agora está feito. – Murmurou James, mas eles ouviram um ruído às suas costas e passos a afastarem-se. – O que foi isso?

- Eu não sei... Vamos dar o fora daqui! – Sugeriu Sirius, e os três saíram correndo o mais rápido possível, em rumo às masmorras...



***//***



A professora parou em frente à gárgula e balbuciou palavras que foram inaudíveis aos três garotos, que tentavam imaginar o que acontecera de fato para estarem lá. Qual era a prova?

A gárgula moveu-se, deixando à mostra uma escada circular. A professora conduziu-os por ela e chegaram a uma pequena porta de madeira.

Quando a professora bateu à mesma, esta abriu-se e eles puderam ver o diretor por ela. Ele parecia entretido em alguns papéis sobre a sua mesa. A professora empurrou os meninos para dentro da sala e fechou a porta às suas costas, ficando do lado de fora da mesma.

O homem juntou os ditos papéis e bateu-os na mesa para endireitá-los. Olhou os meninos de longe e voltou sua atenção a um rolo de pergaminho sobre a mesa. Pegou uma pena ao lado e molhou-a no nanquim, passando a escrever no rolo.

- Sabem por que estão aqui, rapazes? – Perguntou.

- Bem, professor... Na verdade, não. – Disse Remus.

- Pois bem, a acusação é: Vocês escreveram palavras ofensivas sobre a porta do salão principal.

- Não! – Bradou Sirius.

- Isso não foi uma pergunta, senhor Black. – Afirmou. – Vejam a prova chave!

Ele esticado a mão aos meninos, as folhas nela. Eles pegaram-nas e deram uma boa olhada e... Ficaram perplexos. Não eram folhas, eram fotos bruxas, nas quais viam-se escrevendo Hogwarts School, Fuck You, Fool!.

- M-mas... – James realmente não entendia. Não estiveram lá, não fizeram isso, então... Como? – Não fomos nós...

- Não é o que as evidências apontam, meu jovem. – Ele disse, e tomou as fotos das mãos dos garotos. – Bem, depois de limparem essas palavras e pintarem a porta, terão um mês de detenção e escreveremos à seus pais, além de perderem pontos em algumas matérias, de professores que ficaram horrorizados com tudo isso.

- Mas isso não é justo! – Disse Sirius. Normalmente ele passava de ano por milésimos, perdendo pontos, nem sequer passaria.

- Isso é bem justo, já que destruíram propriedade do colégio. A escolha foi de vocês. – Ele disse calmamente, e voltou a escrever no pergaminho. Abanou uma das mãos, mandando os garotos embora.

Eles já saíam quando Remus parou de repente.

- O que foi, senhor Lupin? Quer mais alguns dias de detenção? – Indagou o homem.

- Senhor, posso ver a foto de novo? – Perguntou o menino, pensativo. O professor não queria muito, mas ficou curioso. Acabou cedendo à tentação.

Remus olhou a foto e logo, seus olhos brilharam em triunfo.

- Professor, não fomos nós. E temos uma prova. – Disse.

- Como é? Bom, defenda-se, então. – Disse.

- Bem, na foto, como você pode ver, James segura a varinha com a mão esquerda, então ele teria de ser canhoto, mas ele é destro. Logo, não poderia ser ele, e sim outra pessoa que tomou sua aparência.

- Entendo... Mas vocês poderiam muito bem ter armado isto para mim. – Ele parecia dividido.

- Professor, com todo o respeito, mas os feitiços não funcionam apenas com a mão certa, ou pelo menos funcionam melhor com a mão que o bruxo costuma usar? – E ele não esperou a resposta do outro. – Sendo esse feitiço um tanto complicado, principalmente porque se escreve com ele, não poderíamos ter armado isso.

- Sim, vejo que sim, mas... Como alguém poderia ter pego a aparência de vocês?

- Aí já não sabemos, professor, afinal, não fomos nós... – Alegou James.

- Entendo. – Ele parou e pensou por um segundo. Não tinha nada mais o que dizer, nem quem e como julgar. Assim, teve de ceder. – Bem, parece que vocês venceram. Boa noite.

Assim, os três voltaram-se à porta e passaram por ela, Remus fechara-a ao fazê-lo. Desceram às escadas e saíram para logo depois a gárgula tomar seu habitual lugar.

- Vocês fazem idéia de quem pode ter feito isso? – Perguntou James, enquanto rumavam à torre da grifinória.

- E você, James, acha que é muita coincidência terem feito isto justamente um dia depois de invadirmos o salão comunal da sonserina? – Remus andava pensativo. Suas expressões estavam calmas, mas os outros dois sabiam que dentro de sua mente tudo corria para achar uma solução. Dos Marotos, ele era considerado o mais inteligente.

- Realmente, Aluado. É estranho. – Disse Sirius. Ele, melhor do que ninguém sabia quem poderia ter feito aquilo a eles, afinal, Severus sabia que estiveram lá. Mas por algum motivo, não acreditava que ele fizera-o.

- Seja quem for que fez isso, sabemos que foi um sonserino. E só há uma maneira de descobrir quem foi. E, cá entre nós, que a verdade seja dita: É uma maneira bem divertida. – Disse James, soando traiçoeiro.

- Tortura? Mas torturar quem? – Perguntou Remus, ainda confuso.

- O único sonserino que não anda em bando: Snape! – Disse, sem poder esconder que estava ansioso por se vingar do garoto. Há algum tempo não fazia isso, afinal, o que mais queria era ficar perto de Lily e lembrava-se muito bem de como ela reagia quando via-o atacar outros alunos como Severus.

A essa altura, eles chegavam ao quadro da mulher gorda.

- Sonserinos são uma merda! – Disse Sirius alegremente ao quadro. – Quem inventou essa senha tem bom gosto. – Comentou.

O quadro adiantou-se à frente e eles passaram pelo buraco da porta. O salão comunal estava como haviam deixado: Vazio.

Eles rumaram aos quartos. Depois daquilo, tudo o que sentiam mudou. Até que foi bom para Sirius, porque ele pôde esquecer o que lhe aconteceu. Mas tudo estava apenas para começar...



***//***



O sol raiava do lado de fora do castelo, manchando as águas do lago e a relva recém cortada de lindos tons de ouro. O céu ainda estava iluminando-se, colorido de um laranja-avermelhado, que lembrava-lhe o tom da polpa de uma abóbora. Não gostava muito de abóboras, mas mesmo assim gostou de ver aquele ritual matinal. Já fazia muito tempo que não via-o, cerca de alguns anos.

Estava sentado ao leito do lago. Era tudo tão calmo e mesmo assim tão vazio. Ele não sabia se sentia-se bem ou mal, ou se não sentia. Apenas sabia que ali ele era alguém que não odiava a vida, que não odiava o tudo, nem o nada. Era apenas ele mesmo, Severus Snape, como não fora há tempos.

- Tudo continua a ser confuso, mas de uma coisa eu estou certo: Aproxima-se o dia da decisão, e nesse dia eu escolho o caminho que vou tomar, para bem ou para mal, melhor ou pior, mas eu vou tomar algum. – Alertou-se. Era muito cedo para a maioria dos alunos estarem acordados, mas para seu azar, os que estavam procuravam-no, e acabaram de encontrar.

- Snape! – Chamou uma voz ligeiramente irritante, mas familiar. Severus virou o rosto para trás e pôde ver o contorno de três formas a observarem-no. Eram os Marotos. Bem, pelo menos três deles, mas estavam lá, para o que quer que fosse.

- Ah, não! Vocês de novo? – Reclamou Snape, franzindo a testa.

- Nós também não ficamos felizes em vê-lo, sua criatura asquerosa-repugnante-merecedora-de-piedade! – Disse James raivosamente, os punhos fechados ao lado do corpo.

- O que querem? – Respondeu, olhando de um para outro, pousando os olhos por um segundo a mais em Sirius, que estava mais ao fundo. – Vieram só me incomodar mesmo, para não perder o costume?

- Na verdade viemos torturá-lo para que diga-nos algumas verdades. – Alertou Remus, sem expressão. Severus achou graça de sua franqueza, mas ele não seria torturado.

- Dêem o fora daqui. – Mandou de mau humor, voltando-se ao lago. A ondulação das águas era tão serena que parecia ondular dentro de si, no mar que afundava sua alma que inundava sua mente, afogando-o de todo.

- Ah, será que eles sempre escolhem a maneira mais difícil? – Ironizou James. Aproximou-se de Severus cauteloso e chutou-o nas costelas, derrubando-o no chão. Com os joelhos prendeu seus braços, a mão esquerda segurando o pescoço do jovem, que quase não conseguia respirar, a mão direita suspensa no ar, o punho fechado. – Agora você vai me dizer tudo o que eu quiser saber!

- Vá em frente... Pergunte... – Dizia quase sem ar. Remus e Sirius achavam aquilo um pouco... Exagerado, mas não podiam fazer nada.

- Quem roubou a nossa aparência para nos incriminar? – Perguntou James, raivoso.

- Eu... Não fiz... NADA. – Disse o outro. Com a ajuda de suas pernas, atirou James ao longe, chutando-o no estômago. Levantou-se de súbito e olhou com raiva para os outros dois. – Eu não sei de nada! – Olhou para Sirius. – Você será o próximo a tentar me derrubar?

Os meninos entreolharam-se e depois voltaram-se a James, que erguia-se vagarosamente ao longe, a mão pousada sobre o estômago. Olharam mais uma vez a Snape e depois foram até o amigo para ajudá-lo.

- Eles sempre acabam com o meu dia... – Bufou Severus, e rumou irritado ao castelo. Enquanto levantava James, Sirius olhava o jovem distanciar-se, marchando ao saguão de entrada, raivoso e só.

“Eu não entendo isso... Isso que sinto. Tenho todas as razões do mundo para odiá-lo, mas... Não odeio. Não mais... Mas por quê?”, perguntou-se confuso. Algo em si dizia, algo em si cantava uma triste canção...



Laços desfaço

Passos distantes

E eu sinto

Meu coração vai partir.

Bobagem

Não sou nem sei

Mas eu sinto

Que vou me quebrar.

Nem vejo, nem ouço

Nem quero isso

Só peço que esqueça

Tudo aquilo que se foi.

Laços faço

Sem destino, sem fim

Enquanto você não vê

Que são laços para ti.

E o meu coração chora

E eu inundo

E eu sinto

Que vou me partir.

Nada mais

Me faz sentir

E agora eu sei

Vou me quebrar.

Mas faço laços

Laços meus, teus laços

Que imortalizo dentro d’alma

No meu jardim.



- Sirius? O que você está olhando? – Perguntou James, apoiado sobre os ombros dos amigos. Severus dera-lhe um chute certeiro.

- Eu? Nada... Só... Nada. – Disse e eles rumaram para a enfermaria.



***//***



Snape acabara de entrar no Salão Principal. Antes vazias agora as mesas começavam a encher-se. As pessoas aglomeravam-se onde estavam as outras. Ele caminhou até uma ponta da mesa da Sonserina e puxou um prato de mingau para si. O dia mal começara e para ele já estava terminado.

Após algumas colheradas, ele sentira alguém sentar-se ao seu lado.

- Bom dia, Sevie. – Disse a menina Black. Ela também puxou um prato para si. Os cabelos caíam sobre o rosto, os lábios vermelhos contraíam-se. Ela estava radiante como sempre.

- Olá, Bellatrix. – Disse mal humorado.

- Nossa, aconteceu alguma coisa? – Perguntou a menina, interessada. – Você está mais mal humorado que o normal, se é que pode.

- Aqueles malditos Marotos. Vieram me perturbar hoje, perguntando sobre alguém ter roubado a aparência deles… - Disse. Bella de repente desfez o meio sorriso dos lábios.

- E o que disse a eles? – Perguntou.

- Ah, eu disse que não sabia de nada. Que não tinha feito nada. E chutei o idiota-mor deles no estômago. – Disse sem emoção. Uma expressão de alívio passou pelo rosto da menina. – Porquê?

- Ah, nós fizemos uma pequena... Vingança. Eles invadiram nosso salão comunal querido, nós os ferramos. – Disse orgulhosa.

- Eles se ferraram mesmo? – Duvidou Snape.

- Bem, tiramos uma foto deles enquanto escreviam ali na porta! – E ela indicou a grande porta do salão principal, onde estavam escritas as palavras ‘Hogwarts School, Fuck You, Fool!’.

- Vocês se disfarçaram daquelas coisas podres? – Indagou Snape.

- Claro que não! – Arrematou a garota. – Usamos nossa astúcia novamente...

- AH, o velho truque de anunciar que estão acolhendo novos membros e depois alterar a memória das pessoas... Inteligente. – Disse ao levar outra colher a boca.

- Sim, é mesmo.

- Bella! – Chamou alguém às suas costas. Era Lucius Malfoy.

- O que foi? – Perguntou a garota.

- Preciso falar com você... – Ele olhou para Snape, que olhou de volta. – A sós.

- Certo. – Ela levantou-se. – Te vejo por aí, Sevie. – Severus levantou uma das mãos, sem olhar para trás. Esse era seu habitual tchau-sem-palavras.

Ele estava farto de ficar ali sem fazer nada. Como ainda havia tempo antes da primeira aula, foi dar uma volta, só para não ficar ali. Odiava lugares cheios.



***//***



- Fique quieto, senhor Potter. – Disse a mulher. Ela passava um líquido esverdeado que cheirava muito mal sobre a barriga do jovem. – Essa erva arde um pouco, mas vai passar.

Ela virou-se e tirou as luvas de borracha que usava. Guardou-as numa gaveta ao lado e virou-se aos outros dois meninos que esperavam o terceiro.

- Ele ficará bem. Podem ir. – Sirius e Remus já viravam-se quando a mulher segurou Sirius pelos ombros e virou-o de volta para si. – Você está trazendo muitos jovens machucados à esta ala, mocinho. Primeiro o tal de... De... Severus. Agora o menino Potter. Não meta-se mais em problemas, garoto. – E ela deixou-o partir.

Aconteceu tão rápido que Sirius ficara estagnado. “Por que ela tinha de falar? Por que ela tinha de falar?”, perguntava-se. Agora seria forçado a explicar-se aos amigos. A mulher mal fechara a porta da enfermaria, Remus virou-se ao outro.

- Snape? – Indagou. – Você trouxe Severus Snape para a enfermaria?

- Bem... – “Hora de usar isso que tem sobre o meu pescoço, e não falo do cabelo! A cabeça, Sirius! Pense, pense! E se eu... Bom, posso dizer que o vi afogando-se... Não, não posso. Ele odiaria-me para sempre se eu dissesse isso. Seria como delatar um crime, só que é mais profundo que isso. Bom, eu posso ter brigado com ele... Não, não faria sentido bater nele e depois trazê-lo para cá. Deve ter uma saída! Bem... Eu posso tê-lo... Acertado sem querer... E como não foi a minha intenção... Tê-lo trazido para cá!” – Eu o acertei durante um treino de quadribol, mas como não foi a minha intenção, eu meio que me senti culpado. Aquela criatura é mesmo digna de pena. Assim, eu o trouxe. – Mentiu.

- Ah... Bom, de qualquer forma, parabéns.

- Parabéns? – Surpreendeu-se o outro.

- Sim. Ser bom para quem lhe deseja o bem não lhe traz nada de novo. Mas ser bom com alguém que deseja-lhe o mal precisa ter força, até um pouco de coragem. Você provou que tem. – Disse o menino, calmamente. – Bom, eu vou para a minha reunião matinal dos monitores. Vejo-te na primeira aula, está bem?

- Sim... – Disse Sirius, ainda pensativo.

- Você vai aparecer desta vez, não?

- Claro que vou. Hoje eu estou muito bem! – Disse animadamente.

- Certo. Já vou, então. – E o menino saiu andando pelo corredor, rumando à sala reservada para os monitores.

- Coragem... Eu fiz o bom por ele por que era o certo... Ou por que eu quis?



***//***



Severus andava sem rumo pelos corredores. Não era porque não sabia aonde estava, obviamente, já que andava por aqueles corredores já há sete anos, era apenas porque não se importava em onde pararia.

“Então o maldito Potter tinha razão em perguntar-me?”, pensou. Sim, se alguém poderia dizer a James quem teria-os incriminado, este alguém era Snape. “Mas por que diabos ele achou que eu contaria-o? Eu jamais faria isso, sabendo ou não, afinal, odeio James Potter e tudo o que exista sobre ele. Odeio-o antes de conhecê-lo, odeio-o antes de vê-lo, odeio-o antes de ter nascido. Eu nasci para odiá-lo, porque nasci como sou. Ele pode ter caído onde deveria, ter sido quem queria, mas eu não pude escolher... Traçaram meu rumo por mim, e terei de segui-lo. Eu parei de tentar achar um porquê nas coisas. Já não faz mais diferença. As mínimas coisas intrigavam-me. Eu sempre achei que em minha mente, as coisas eram mostradas em preto e branco e... Mesmo assim, eu não estou no preto, nem no branco, não tenho definição, nunca tive. O meu eu perfeito é a média, mas eu odeio-a. Eu odeio a mim mesmo... Isso só pode ser...”.

Ele parou de repente. Foi inevitável, como se seu corpo parasse por vontade própria. Snape não faria-o, afinal, nem olhava para frente, mas quando subiu os olhos, viu-o parado à sua frente, observando-o.

- Carma. – Concluiu. Só podia ser carma, ou então qual outra explicação racional explicaria como poderia encontrar-se tantas vezes com alguém que queria evitar, o maldito Sirius Black.

- Carma? Talvez... Realmente, é uma possibilidade. Mas algumas pessoas chamam... – Sirius aproximou-se dele sorrateiro. – Destino.

- Ah, cale a boca, Black! – Bufou Snape. – Você não sabe de nada!

- E você sabe? – Desafiou-o.

- Se eu sei ou não, o problema é só meu. – Respondeu e passou por ele, quase derrubando-o. Sirius puxou de volta para si, encarando-o.

- Severus Snape, é a pessoa mais ingênua que já conheci, sabia? – Perguntou, sério.

- Sério? Não me importo com o que pessoas como você dizem ou pensam! – Sussurrou em resposta, a raiva consumindo-o. Desde o dia de ontem, ele ruborizava só de ver o jovem, de lembrar daquilo, do que sentiu na pele, do gosto...

- Se você ainda não se deu conta, não se importa com nada nem ninguém! – Disse Sirius. Aproximou-se vagarosamente do menino, ainda fitando-o. – E nada nem ninguém importa-se com você.

- Não me fez falta até hoje, agora, solte-me. – Disse, desvencilhando-se dos braços do outro.

- Ainda não fez falta. Mas vai fazer... – Alertou-o Sirius. – O que você acha que teria acontecido se... – Ele aproximou-se dos ouvidos do garoto e baixou o tom de voz. – Se eu não estivesse lá... Quando você caiu no lago?

Snape calou-se por um momento. Não temia responder o menino. Sabia exatamente o que aconteceria.

- Aconteceria apenas o inevitável, que você conseguiu retardar. E só isso. – Disse friamente. Suas expressões de fúria foram-se e agora restava-lhe a indiferença.

- E você não quer retardar o inevitável? Ou você quer ir-se embora logo? – Sirius piscou, organizando os pensamentos. – Você já desistiu da vida, sem ao menos ter desfrutado seus bens?

- Ao que parece, Black, você já desfrutou o suficiente por nós dois e toda a Hogwarts. – Disse, e virou-se. Caminhou alguns passos e depois parou novamente. Sem se virar, falou: - Por que interessa-te tanto a minha vida ao ponto de largar a tua?

- Eu... – E calou-se. Não sabia o que dizer. Afinal, por que andava pensando tanto naquele ser, naquela vida, naquele tudo que estava fora do seu. Por que? – Não sei. – Limitou-se a responder.

- Você me confunde... – Murmurou Severus, para logo calar-se. Ele nunca sentira uma confusão tão grande dentro de si. Fora como se tentasse destruir barreiras que estavam encravadas nos confins de seu peito, no interior sombrio, tão sombrio e obscuro quanto uma noite sem luar, que era sua alma, que não poderia ao menos mover as tais barreiras, mas... Mas ele tentava. E não conseguia derrubá-la, não conseguia fazer nada. E sentia... Que o escuro poderia consumi-lo. – Mas o que tenho a perder? – Perguntou-se em voz alta.

Sirius olhava-o, intrigado. O menino parecia ser mais perturbado que ele mesmo, e seus temores também deviam ser maiores. Pela primeira vez, Sirius sentiu algo pelo diferente, pelo o que já fora odioso, e agora mostrava-se tão... Frágil, tão inseguro, tão... Amável.

Snape sabia que não tinha nada a perder em tentar romper barreiras imaleáveis. Ele nunca fizera nada, nunca fora ninguém, e aquela vida que tinha nem era uma vida, parecia uma maldição, uma semi-vida, uma vida amaldiçoada. Era como se ele tivesse nascido com um destino diferente, com um rumo singular, e que não tivesse escolhido, como não escolheu. E ele não queria aquilo... E ele não queria nada, a não ser poder escolher.

- Eu... Eu não... – Disse num tom abafado, quase inaudível. Sirius tinha de fazer um esforço quase sobrenatural para discernir o que ele dizia. “Eu não posso... Eu não sei escolher, não isso, não a minha vida, não o meu destino”. Ele entendeu.

Era mais fácil deixar que outros traçassem seu futuro, sua vida, assim a culpa não seria sua, e ele teria com quem reclamar, o que revogar. A verdade era uma só: Ele era fraco.

Ao concluir o tal, seus joelhos fraquejaram, suas lágrimas, que não mostravam-se para os outros, afogavam seus sonhos, suas ambições, seus sentimentos, as esperanças que ainda agarravam-se em algo chamado coração.

Ele não tinha noção daquilo, mas Sirius segurava-o. Estavam sentados junto ao chão, Sirius segurando-o pelo dorso, que fora atirado para frente e quase batera no chão, não fosse pelo menino que ajudou-o.

Sirius puxou-o para perto, encaixando a cabeça do outro sob a sua. Não sabia o que fazer, não tinha o que fazer. Ele só sabia que sentia algo muito estranho... Estava quente, todo o seu corpo estava quente, parecia o inferno como nunca sentira, um inferno que não queimava, um inferno que não ardia, só esquentava-o. Sentia a respiração do outro em seu pescoço, ofegante. Parecia estar guerreando dentro de si.

Sirius colou seu rosto ao lado do rosto do outro, abraçando-o. O menino tremia um pouco. Que diabos acontecia na mente dele? O que poderia fazer?

E logo, aquele calor se extinguiu, tudo se extinguiu e nada mais restou-lhe, apenas algo que nunca sentira, uma sensação estranha... Não era ruim, não era boa, não era nada. Apenas sentia o toque, inconsciente de que seus lábios tocavam outro e que suas mentes tornavam-se uma.

E por um momento, ele sentiu toda a doçura dos lábios de Severus Snape, aquele que odiou, que repudiou, que destruiu, e que jurou não fazer de novo.

Logo, Snape deu-se conta do que estava acontecendo já há algum tempo e desvencilhou-se dos braços dele mais uma vez, ficando de pé de uma vez só. Não sabia exatamente o que dizer. Como pudera? Como pudera entregar-se por um momento sequer a Sirius?

Mesmo assim, mesmo odiando-o, mesmo sentindo que poderia explodir de raiva, sabia que em algum lugar de si, alguém, se não ele, sentia exatamente o contrário pelo mesmo garoto que sentava-se a sua frente. E via o que não queria, o que não podia acontecer, mas que por algum motivo, aconteceu.

Ele só via a verdade através de olhos que não eram seus. Eram olhos inimigos, e ao mesmo tempo, amigos. Olhares de loucura e de amor, de tristeza e de dor. Os olhos de Sirius eram os seus alertas, querendo ou não.

- Eu não gosto de estar com você... – Disse vagamente. Sirius não surpreendera-se tanto assim com o dito, mas intrigara-se por um momento, mas suas dúvidas foram esclarecidas pelo mesmo garoto. - Eu não gosto de estar com você porque quando feito isso... Eu vejo a verdade. E não gosto do visto.

- Eu... – Sirius olhava-o confuso. Também não entendia muito sobre o que sentia, mas sempre seguira seus caminhos por impulsos de sabe-se lá onde, e nunca caíra cego num buraco. O que sentia não pode ser tão ruim... E pelo menos não sentia-se mal em fazê-lo. Mas, ainda assim... – Não entendi.

- Eu também não. – Disse o outro. Sirius conseguira, pela primeira vez, ler os olhos daquele ser a sua frente.

- Vai fugir de novo? – Perguntou.

- Talvez... – Disse Snape, e para sua surpresa, dizia a verdade.

- E por quê?

- Porque eu não sei lidar com situações novas... – Os olhos do outro lutavam para não encontrarem-se com os de Sirius, olhando vagamente para outras direções.

- E por que você não tenta lidar? – Desafiou-o. – Você teme alguma coisa?

- Eu? – Fingiu Snape. – Eu não!

- Todos tememos alguma coisa. – Disse Sirius e levantou-se. – Mas eu não vou tentar porque tenho medo de estragar tudo.

Ele passou por Severus e olhou-o, um sorriso maroto cortando-lhe a face, enquanto o outro permanecia intrigado.

- Estragar tudo? Tudo o quê? – Perguntou Severus, mas Sirius apenas se distanciou lentamente. Snape parou um pouco e refletiu por alguns segundos. Depois balançou a cabeça, afastando os pensamentos e caminhou em rumo às aulas, como se nada houvesse acontecido.

Continua...

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