A poção da verdade
- Mamãe eu tenho que sair. – Gina disse arrumada com simplicidade enquanto apanhava um punhado de pó de flu. - Prá onde menina?! - MINISTÉRIO DA MAGIA – Gina respondeu e deu a direção ao flú simultaneamente. *** - Eu preciso falar com o Ministro! – ela repetia pela décima vez, dizendo cada sílaba separadamente – É muito importante! - Senhorita, eu não posso deixa-la entrar! Se quer informações sobre prisioneiros é no terceiro andar. – a secretária se perguntava aonde estava com a cabeça quando tinha aceitado aquele emprego. – Se a senhorita quiser eu chamo seu pai... Gina bufou e recomeçou, falando devagar, com um olhar de quem está prestes a explodir. - Eu não quero falar com meu pai, eu já fui ao terceiro andar, e eu só saio daqui depois de falar com o Ministro! - Mas senhorita ... A secretária estava pronta para recomeçar a ladainha, mas uma voz masculina surpreendeu as duas. - Bom dia. - Bom dia Ministro! – as duas disseram, mas a voz de Gina se sobressaiu. Ela apertou a mão dele antes mesmo que ele a estendesse – Eu estava justamente dizendo que precisava falar com o senhor! - Sim, eu ouvi. E o resto do andar também eu acho... – ele brincou. Gina enrubesceu, não tinha notado que estava falando tão alto. Muito constrangida ela pediu desculpas, mas reafirmou que tinha um assunto importante a tratar. - Sinto muito, Srta Weasley, mas eu tenho um compromisso em dez minutos. – ele disse sem parecer muito ansioso para o tal compromisso. - Mas vai ser bem rápido! – ela não notou mudança na resolução do Ministro e resolveu mudar de tática – É sobre o Sr Malfoy. – ela disse numa voz quase inaudível. “Vamos ver se eu entendi: a filha de Arthur Weasley está dizendo que precisa falar comigo sobre o filho de Lúcio Malfoy.”, Sirius pensou incrédulo. Ele cancelaria qualquer compromisso pra saber do que se tratava. Especialmente se o que ela fosse dizer tirasse Draco dali. As exigências e reclamações do rapaz estavam enlouquecendo todo mundo. Dentro da privacidade da sala, o Ministro convidou Gina a se sentar. - E então, de que de trata? - É mesmo verdade que o Malfoy está preso aqui, não é? Não me permitiram entrar e nem quiseram me dizer com certeza. - Sim. – o olhar pousado em Gina cheio de curiosidade – Ele está mesmo aqui, mas não é permitido que ele receba visitas fora da família. - Hum... – ela não tinha nada a dizer, mas não queria deixar uma lacuna de silêncio no ar. - Permita-me uma pergunta: ele não te mandou uma carta, mandou? - Ah! – Gina se perguntou como ele sabia – Mandou sim. A ruiva enrubesceu ao ver o rosto do Ministro se iluminar e sorrir. - Bem, e o que a senhorita tem a dizer? - Eu... eu... queria saber quando ele vai sair daqui. É... nós somos, amigos sabe... – ela disse de um jeito que não convenceria nem criança de três anos. - Ele estará liberado quando esclarecer aonde passou a noite de sete de julho. – curto e grosso. Estava realmente sem vontade de fazer rodeios. “Eu não acredito nisso!”, ele pensou divertido, se perguntando se a conclusão a que tinha chegado esta certa. “Um Malfoy e uma Weasley. O mundo está mesmo de ponta cabeça...”, ele pensou enquanto as orelhas de Gina ficavam rubras. - Sete de julho?! – ela engasgou – Onde ele estava em sete de julho? A noite? - Ahã... – ele balançou a cabeça - A senhorita faz alguma idéia? - Er... bem... faço. Ele... ele estava na minha casa. - Mesmo? – ele ergueu as sobrancelhas – Acho que seu pai não me disse nada sobre isso. Gina olhou para os próprios pés e meneou a cabeça. - Meu pai não sabe. – uma risadinha nervosa – Mas, o Dra... Malfoy! Ele passou a ...ele passou a noite lá na minha casa. Mas ninguém, além de mim, sabe. “Obrigado Deus!”, Sirius agradeceu mentalmente pela possibilidade de se livrar da presença irritante de Draco. - E a senhorita esta disposta a confirmar isso tomando a poção da verdade diante do Conselho? – ele disse urgente e esperançoso. Gina sorriu e pensou porque Draco não tinha feito isso antes. Ela passou a mão pelos cabelos sem perceber e começou a falar sorrindo. - Claro que si...NÃO! – ela berrou de repente. – É realmente preciso? Eu.. eu não posso! - Posso saber porque a Srta Weasley e o Sr Malfoy se recusam a tomar a poção?! – as esperanças tinham sido totalmente cortadas e isso era bem desagradável – Não mataram ninguém naquela noite, não é? - Ora mas é claro que não! – Gina cruzou os braços contrariada. Sem aviso prévio, o Ministro levantou e saiu da sala. Gina ficou assustada, mas achou melhor não sair do lugar. Dez minutos passaram como uma eternidade. Sirius entrou na sala com um acompanhante. - Draco?! - Olá Virgínia...! – ele disse com o rosto mais surpreso ainda do que o dela. O Ministro voltou a sentar-se em sua cadeira, e agora olhava-os com alguma agressividade. - Pois bem. O que diabos aconteceu que impede vocês de tomarem a poção? Se nós não resolvermos isso AGORA os dois ficam detidos aqui. Gina empalideceu. - Mas senhor Black, nós não fizemos nada! - Nada de errado... – Draco confirmou com a cabeça. - Então vocês tomam a poção e vão embora! Ou me dêem um bom motivo para essa relutância. Gina, totalmente vermelha, aproximou-se da mesa, abaixou e apoio os braços na mesa. - Eu não posso! Não na frente do meu pai... – ela olhou de relance para Draco, que ouvia tudo, mas achou que não era bom interferir. Gina tinha mais chances de comove-lo. – Quando vocês perguntarem “O que vocês fizeram na noite de 7 de julho?” eu vou ficar em maus lençóis na minha casa... Entende? - Ah meu deus! – ele levou a mãos aos lábios para esconder um sorriso de compreensão tardia, mas logo se recompôs e falou muito seriamente – Nesse caso acho que posso abrir uma exceção. - Vantagens de ser o Ministro da Magia... – Draco não resistiu a fazer a ironia. A ruiva lançou um olhar maligno para o namorado, mas o Ministro não deu atenção. Ele estava mais ocupado em tocar uma caixinha prateada com a varinha e dizer algumas palavras que nenhum dos dois prestou atenção. Minutos depois, um senhor de idade entrou, levando um frasco de vidro com um liquido transparente que tanto Draco, quanto Gina, reconheceram como sendo a temida poção que os faria falar a verdade. - Os dois vão tomar a poção somente na minha presença. E o que for dito aqui não sairá daqui. Certo? - Certo! – Draco exclamou, e Gina só balançou a cabeça. Foi tudo muito rápido. Sirius não perguntou nada além do estritamente necessário e fez, ele mesmo, o relatório. Com um sorriso de alívio ele se despediu dos dois com um alerta. - Cuidado com o que vão falar hein! – ele riu-se – A poção vai estar fazendo efeito por mais uma hora, mais ou menos. Ah! E a propósito, felicidades. - Obrigada! – Gina agradeceu, mas Draco tinha pressa de sair e não disse nada. *** - Temos que sair desse prédio o mais depressa possível! – Gina puxava Draco pelo braço – Estou morrendo de medo de encontrar meu pai por aqui. Draco apressou o passo. - Eu também... – Draco disse horrorizado com o que tinha acabado de dizer. “O que foi isso?!”, ele perguntou-se sabendo que era efeito da poção. Eles estavam quase na porta quando o inevitável aconteceu. - Virgínia?! O que você está fazendo aqui?! – Arthur Weasley sorriu ao ver a filha, mas o sorriso sumiu por completo quando ele botou os olhos em Draco. - Eu vim ajudar o Draco a sair daqui! – Gina disse e mordeu o lábio com força odiando a poção com todas as suas forças. - Senhor Weasley, muito prazer! – Draco disse e Arthur lhe respondeu com interesse e surpresa. As palavras saiam da boca do louro em uma torrente – Eu sinto muito ter causado problemas na sua família, eu estou disposto a tentar mudar as coisas, eu espero que... - Já chega! – Gina deu um gritinho, antes que ele dissesse alguma “verdade” que piorasse tudo. Arthur suspirou, passou a mão na testa e olhou-os longamente. Talvez Draco e Gina nem notassem, mas estavam de mãos dadas e Arthur não deixou de perceber aquilo. A cena era bizarra demais para um pai zeloso como ele... - Eu vou me acostumar, garoto. – ele disse sem convicção – Seu nome é Draco, não é? - Sim. – ele se esforçava para não começar a falar de novo. - Bem... – um suspiro sonoro – Presumo que você não tenha onde ficar? Gina arregalou os olhos, percebendo aonde o pai chegaria com aquela conversa. - Sim, mas eu tenho algum dinheiro comigo, e como há muitos hotéis nessa parte da cidade... - Você vai pra minha casa. – ele disse suavemente, mas com firmeza – Minha família precisa conhece-lo e você precisa nos conhecer, se pretende levar a sério o relacionamento com a minha filha. E você pretende, não é? – nesse ponto ele ficou bem mais severo. Draco sentiu a poção fazendo efeito nele e por mais que tentasse não pode impedir-se de falar. - Sim! Totalmente a sério! Na verdade, eu quero casar com a Virgínia! – Draco queria que uma pedra caísse do céu na sua cabeça, nunca tinha se sentido tão constrangido na vida – e por mais que isso me seja penoso eu estou disposto a fazer um esforço pra me dar bem com os seus outros filhos detestáveis. Gina apertava boca com as mãos, para conter suas palavras e sua vontade de rir. - Então o nosso esforço fica marcado para as sete. Até lá garoto. – então ele voltou-se para Gina e deu-lhe um beijo na testa – Tchau queridinha. - Tchau papai! - Até a noite senhor Weasley.
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