é a letra dele!!



Para a família Weasley aquele verão foi muito atribulado. A caçula da família, por exemplo, chegou de Hogwarts apagada, triste, abatida despertando os cuidados de todos. Nem mesmo os preparativos para o casamento do irmão puderam anima-la, embora tivessem feito com que ela sorrisse umas poucas vezes. Molly tinha decidido ter uma conversa séria com a “sua menina”, para descobrir qual era o problema, mas não foi necessário... Gina acordou, um dia depois do casamento de Gui, com um sorriso de orelha a orelha. Ninguém teve tempo de perguntar a ela o motivo da mudança de humor...
Quando a trupe dos Weasley seguiu para o quarto onde Harry dormia eles constataram assustados que ele não estava mais lá. “Ele foi raptado”, concluiu acertadamente Rony. Ele foi encontrado naquela mesma tarde, em Godric´s Hollow, ferido, confuso e atordoado, mas com uma certeza: Voldemort estava morto. Nenhum corpo foi achado, apenas uma marca escura no chão, a varinha quebrada pela pressão da mão e um cheiro que indicava que nada vivo poderia estar ali. Para Harry aquele era o fim de um tormento de anos, para o Ministério da Magia era o começo do caos. A maioria dos Comensais havia morrido, mas alguns tinham conseguido fugir e todos os esforços estavam concentrados em captura-los.
Apesar disso, só o que ocupava Gina agora era esperar que Draco mandasse notícias. E ele estava demorando demais, e ela começava a ficar em pânico. Ela sabia que não era seguro lá fora, com Comensais fugitivos e aurores com ordens de atacar primeiro e perguntar depois. Ambos eram uma ameaça para o rapaz. Mas, na manhã que iria para Hogwarts, quando ela sentou-se na mesa para tomar café da manhã (só ela e sua mãe, já que nenhum dos irmãos estava em casa e Arthur estava de plantão no Ministério) uma ave branca, parecida com uma pomba, trouxe uma carta. Gina correu para ler...
“Virgínia,”
Ela sentiu o coração disparar. A letra... Ah! A letra era dele, sem dúvidas!
- Quem mandou essa carta? – perguntou a mãe, intrigada pela ave não ser a habitual coruja.
- Er...A Lenina! – ela exclamou o primeiro nome que lhe veio a mente.
- Mas da onde ela tirou esse passarinho? – ela perguntou displicente, oferecendo água para a ave.
“Boa pergunta!”, Gina passou os olhos pela carta procurando algo que respondesse aquela pergunta.
- É que ela está passando as férias em... – ela leu o cabeçalho da carta – Marselha?! É...er...Marselha, na França (!!!), é lá que a Leny está...estava! – ela disse lembrando que hoje mesmo elas estariam juntas no Expresso de Hogwarts.
Molly achou estranho mas não perguntou mais nada, até porque não havia mais tempo, tinham que sair imediatamente. Gina guardou a carta no bolso da calça, apanhou sou malão e, junto com sua mãe, viajou via flú.
***
No trem, Gina teve que controlar a curiosidade, só pôde ler a carta duas horas depois do início da viagem. Dividia uma cabine com Colin e Lenina, o que impedia qualquer tipo de privacidade. Mas eles dormiram logo, eles sempre dormiam durante a viagem. Aproveitando a deixa, Gina pôs-se a ler silenciosamente.
“Virgínia,
Está muito brava? Espero que não, mas creio que sim. Sinto muito pela demora, mas não foi possível escrever antes. Todo o tipo de coisa insólita me aconteceu desde que eu saí da sua casa...”
Ele descreveu uma confusão na King´s Cross, os aurores fiscalizando cada ser vivo que entrava ou saia do “Expresso Continental” (que transportava os bruxos pela Europa) e contou que todas as viagens mágicas estavam paralisadas. Ele ficou muito surpreso ao ver que as viagens trouxas também estavam sendo vigiadas (sem que os “tolos” trouxas percebessem, é claro).
“Eu não demorei muito pra perceber que só tinha duas saídas: pedir uma informação aos adoráveis rapazes do Ministério (seu irmão Peter estava lá, sabia?) ou sair da Inglaterra a moda trouxa.
Sim, eu fiz isso mesmo. Pode dar risada. Eu saí do país naquela coisa de metal que eles fazem voar sem magia. Impressionante! Perguntei pro trouxa que sentou-se ao meu lado como aquilo funcionava, mas ele não sabia! Como os trouxas são imbecis o suficiente para entrar numa coisa daquelas sem nem saber como ela funciona?! (no meu caso era uma emergência! E eu não pretendo fazer isso nunca mais!) Bem, de qualquer modo eu gostaria de saber como eles botam aquele pedaço de metal no ar sem a ajuda de magia...”
Ela realmente deu risada ao imaginar Draco usando roupas trouxas, dinheiro trouxa e andando num transporte trouxa. Gina achou muito familiar quando ele se referiu à maquina de voar como “impressionante”. Ele não sabia, mas tinha falado exatamente algo que o pai de Gina falaria.
Ele disse que havia escolhido a França por ser o único país onde conseguiria se comunicar (já que tinha aprendido o francês quando criança). Disse também que sua intenção era ter ido a Paris, mas ele tinha pego o avião errado, ou comprado a passagem errada, ele não sabia ao certo. Só sabia que tinha ido parar em Marselha, onde estava vivendo discretamente numa “estalagem trouxa”, que foi o nome que ele deu para um hotel. Tinha preferido uma instalação trouxa para evitar perguntas comprometedoras (“Um Malfoy seria facilmente reconhecido na França”, segundo ele.), mas estava se informando sobre a vida mágica da cidade.
“O serviço não é ruim, mas a comida... nossa! Nem minha mãe cozinha tão mal assim! As coisas são todas sem tempero! Falando em ‘minha mãe’, você tem alguma notícia? Pela agitação que vi na King´s Cross deu pra notar que algo sério aconteceu. Temo que tenha a ver com os planos que meu pai tinha para aquela noite... Por favor me dê notícias,... mesmo que sejam más notícias.”
Essa última virgula deu um nó na garganta de Gina. Ela sentiu que naquele ponto ele ficava mais sério, provavelmente já pressentia as notícias que estavam por vir. “Pobrezinho do meu querido...”, ela pensava em abraça-lo enquanto contraia os músculos instintivamente. Escrever uma resposta seria mais difícil do que ela imaginara...
“Creio que já disse tudo e que a carta termina aqui. Escreva depressa!
Draco Malfoy.”
“Só isso?!”, ela fez um muxoxo. Ela estava se derretendo toda só por ele lhe ter escrito e não ia ter nenhuma frase doce? “Quem mandou se apaixonar pelo Malfoy!”, ela pensou conformada, ao mesmo tempo em que notou que havia algo escrito nas costas do pergaminho.
“Eu estava errado, eu não tinha dito tudo ainda! Eu te amo e gostaria que você estivesse aqui.”
Gina sorriu imaginando com que relutância ele tinha escrito aquelas linhas e se perguntou se ele sabia o quanto elas lhe fariam feliz. Dobrou a carta com cuidado e guardou-a no malão. Então recostou-se na janela e dormiu um sono leve até chegar na escola.

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