Que lindo seus cabelos
Molly conseguiu um pijama de Rony para que seu convidado não tivesse que dormir de roupa. Ficou um pouco grande para ele, já que o ruivo era bem mais alto, mas naquela situação isso era o que menos importava. “Estou usando um pijama do Weasley! Que PORCARIA!”, pensou mirando-se com uma expressão de desgosto. Draco teria ficado enojado de verdade se soubesse que anos antes Rony havia emprestado aquele pijama para Harry Potter. Os namorados se despediram discretamente (traduzindo: sem beijo na boca) porque toda a família assistia a cena e Gina já tinha dito antes que não se sentia a vontade em fazer cenas românticas na frente de seus pais. Draco olhou com curiosidade quase cientifica o quarto do cunhado. “Laranja...”, foi a única coisa que ele pensou. Era tudo muito laranja, e laranja era uma cor muito brega na opinião dele. A colcha da cama, os pôsters na parede, as cortinas. “Chudley Channons? Um time perfeito pra um perdedor como o Weasley...”, pensou Draco, um torcedor incondicional do “Manchester Avengers”. Draco estava chocado achou que ninguém podia ser mais fã de um time de Quadribol do que ele, mas ao ver o quarto de Rony não duvidava mais de nada. Uma coisa que fez o louro ter vontade de rir foi uma grande foto na parede, era enorme, e nela estavam Rony e Hermione. Ela estava pendurada nas costas dele, e beijava sua bochecha fazendo o menino corar. “Que meigo!”, ele riu zombeteiro. - Tá rindo de que Malfoy?! – Rony jazia de braços cruzados no canto do quarto. Draco achou que se dissesse o real motivo da graça levaria um grande soco na cara, e ele lembrava muito bem da ótima pontaria do garoto. Não ia arriscar. - Chudley Channons... – ele apontou o pôster do time – Um bando de perdedores. - Não seja ridículo! Eles são os melhores! É impossível que você seja cretino o suficiente pra não reconhecer um grande time de Quadribol quando vê um. - Não só eu reconheço como torço pra um. Não é apenas um grande time, é o melhor. – Draco disse com superioridade – Os Manchester Avengers são os MESTRES do Quadribol! Rony riu com desprezo e provocou: - As bichinhas de azul bebê? Deprimente até mesmo vindo de você... - Eu vou adorar ver “as bichinhas de azul bebê” massacrarem os babacas de laranja no próximo mês. – Draco desafiou. - Ah! Isso nós vamos ver, Malfoy! Eles podiam ter ficado discutindo por horas, mas um barulho vindo da porta os silenciou. - Já fizeram amizade?! – Carlinhos brincou. - O que significa isso? – Draco se assustou ao ver todos os irmãos Weasley entrando no quarto e formando um circulo em volta dele. - Só umas perguntinhas que não pudemos fazer lá em baixo. – Percy disse seriamente. - O que você quer com a nossa irmãzinha, Malfoy? – perguntou Rony. Draco não se intimidou. O que eles podiam fazer? Bater nele? De jeito nenhum, senão como eles iam explicar isso para a mãe de manhã. - O que vocês acham? Um pensamento obsceno, machista e bastante óbvio passou pela mente de Fred e ele avançou furiosamente pra cima de Draco. - Seu filho da mãe...- ele não pode fazer o que tinha vontade porque Carlinhos o segurou e conteve sem dificuldade. Ao perceber o que tinha dado a entender o louro revirou os olhos nas órbitas. - Que mente poluída! Eu não estava falando disso... “Ate porque se fosse isso que eu quisesse já teria conseguido a muito tempo, seus idiotas.”, ele completou em pensamento. - Quais as suas intenções com a Gina?! Nós não vamos deixar você estragar a vida dela, tá entendendo? – Rony estava totalmente vermelho. - Quais as suas intenções com a Granger? Quais as intenções de qualquer pessoa que namora? As minhas são iguais as de todo mundo, Weasley! – Draco vociferou. - Não me compare com você, eu amo a Hermione! E pra sua informação e gente vai casar mês que vem. – em leve rubor cobriu o rosto de Rony quando ele citou o nome da noiva. - E o que você acha que eu vou fazer com a Virgínia? Prender ela numa masmorra? Acha que eu ia me sujeitar a vir na sua casa se eu quisesse apenas me divertir com ela? Não seja burro Weasley! Um silêncio tenso, juntas estalando, dentes rangendo e olhares muito raivosos. - Você gosta mesmo da minha irmãzinha? – Carlinhos perguntou calmamente. Draco hesitou em dizer essas sentimentalidades na frente de tantos garotos hostis, então apenas balançou a cabeça afirmativamente. - E tem alguma coisa que nós possamos fazer pra você desistir dela? – Jorge perguntou um fio de esperança. - Não. – Draco respondeu em voz baixa, mas sem hesitar. - Eu vou MESMO ter que conviver com você? – choramingou Ronald com o rosto contraído numa expressão muito infantil. - Receio que sim. – Draco disse desabando sentado sobre o colchão no chão. – Mas se isso te consola eu gosto tanto disso quanto você. Carlinhos bateu palmas para chamar a atenção. - Então se a conversa terminou eu vou dormir! – bateu nas costas de Percy e ele o acompanhou, sonolento. Subitamente o tratador de dragões voltou-se para Draco e assumiu uma postura assustadoramente agressiva – Mas se você machucar a minha maninha eu juro que arranco seu fígado, Malfoy. – então, como se nada tivesse acontecido voltou a sorrir jovial. - Boa noite! Logo que os irmãos mais velhos fecharam a porta, Fred pulou para frente de Draco e começou a gritar, saltitar e bagunçar o cabelo dele. - Temos um loirinho na família! – ele disse enquanto Draco tentava se desvencilhar da bagunça dos gêmeos. - Aceita um caramelo? – Jorge disse colocando três caramelos coloridos na frente da boca de Draco. Ele se afastou um pouco dos dois e recusou o doce com um sorriso esperto. - Não, obrigado, Virgínia me avisou sobre os caramelos. - Ah é? – os dois trocaram um olhar sarcástico e Jorge jogou um caramelo para Rony, outro para Fred e pôs o outro na boca– Mas aposto que ela não te disse nada sobre o nosso Pó Malfoy. - Mais um empreendimento de sucesso das Gemialidades Weasley! – riu-se Fred, e os irmãos saíram gargalhando do quarto. Quando Draco voltou-se para Rony viu que este também morria de rir, deitado na cama com as mãos na barriga. Era doentio, ele estava quase sem ar, e quanto mais olhava pra Draco, mais ele ria. - Eles botaram esse tal Pó Malfoy em mim, não é? – Draco disse com um olhar soturno e ares de resignação. Rony estava rindo demais pra falar, mas confirmou com a cabeça. - E o que isso faz? – o louro perguntou. Novamente o outro não pode falar, mas conseguiu fazer um ruído e apontar o espelho que pendia de um cordão do teto. Draco deu dois passos e já estava em frente ao espelho. “Porcaria de quarto pequeno...” - Você está uma gracinha Malfoy! Draco quase nem ouviu a ironia de Rony. Estava chocado. Estava embasbacado. Estava engraçado. Estava ridículo. Estava RUIVO! Cada orgulhoso fio do seu cabelo platinado estava num tom absolutamente Weasley. Ruivo, como seu detestado companheiro de quarto e toda a sua família. - Quanto tempo isso vai durar? – questionou sem tirar os olhos de espelho. - 24 horas... – o outro respondeu rindo um pouco menos. Draco sentou-se no seu colchão e riu uma risada insana por alguns minutos antes de finalmente deitar. Antes de fechar os olhos ouviu a última gracinha do dia: - Boa noite cabeça vermelha! - Vai se ferrar Weasley! Rony ainda deu uma derradeira risada antes de cair no sono.
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