Vin (vinho)

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Capítulo III
Vin (vinho)
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Cabelos longos, lisos e negros. Magra, de porte majestoso. Olhar penetrante e expressão de constante chacota. Vestida com um elegante vestido vinho tomara que caia, deixando os ombros finos e ossudos a mostra. Segurava uma taça de champanhe, a rodando displicente entre os dedos.
Era como ver o amigo Sirius Black usando saias...
Mesmo nunca a tendo encontrado pessoalmente, James sabia que estava a frente de ninguém menos que Bellatrix Lestrange, irmã mais velha de Narcisa.
E, pelo pouco que ouvira falar dela, já dava para imaginar o tamanho do problema que criara para si mesmo e para sua [i] Blanche [/i].
-Bella,... Eu... – Narcisa começou a gaguejar, de tão nervosa não conseguirá nem pensar em se afastar dele (embora não fosse adiantar de muita coisa, o flagrante era obvio. Não havia como explicar [i] aquilo [/i]) – Nós... Eu... Eu estava...
-Nua e beijando a boca de outro homem, sim, eu vi. – a irmã abriu um sorriso maior – Traindo seu pretendente bem no dia da sua festa de noivado, minha irmã... Nunca achei que fosse ter tanto orgulho de você.
Ao ouvir a palavra noivado, James encarou Narcisa surpreso e a mesma pareceu incomodada com o fato da irmã ter lhe adiantado a informação.
-Noivado?
-Ah! O rapaz não sabia? – novamente Bellatrix sorriu triunfante – Enganando dois homens ao mesmo tempo, Cissy?! Merlin! Finalmente uma irmã a minha altura.
-Cala a boca, Bella! – rugiu a loira, se afastando de James.
A mais velha ergueu uma das sobrancelhas, num gesto muito parecido com o do Sirius, quando contrariado.
-Acho melhor você se preocupar com que eu [i] mantenha [/i] a minha boca fechada sobre o que estava acontecendo aqui, Narcisa. – lançou ela, numa voz ameaçadora – E posso garantir-lhe que ser rude comigo não é uma boa opção.
James assistiu perplexo a sempre tão mimada Narcisa Black, abaixar a cabeça resignada e pedir desculpas à irmã. Em seguida ela se afastou por completo dele, pegando seu robe esquecido sobre a cama e o vestindo.
O rapaz revirou os olhos, irritado.
-É verdade isso, Narcisa? – perguntou – Está ficando noiva de alguém, hoje?
-Ah sim, está sim. Na verdade estamos todos lá em baixo, a esperando, para começar o jantar... – respondeu Bellatrix, já que a irmã o encarava sem conseguir dizer uma palavra.
James lançou a Bellatrix um olhar cortante, por alguns segundos. A morena piscou duas vezes, interessada.
-Eu tenho a impressão de te conhecer de algum lugar, rapaz... – disse – Qual é seu nome, mesmo?
-Não acha mesmo que serei idiota a ponto de dizer-lhe, acha?
A sra. Lestrange sorriu maliciosa antes de caminhar alguns passos, parando a frente dele, em seguida, olhou-o de cima a baixo.
Girou a taça na mão enquanto o observava meticulosamente.
Ainda muda, sustentando apenas aquele sorriso irritante, caminhou um pouco para o lado direito, avaliou-o novamente da cabeça aos pés, depois para o lado esquerdo, repetindo a ação.
-Pela sua bela figura, não. – respondeu, tomando um gole da sua champagne – Mas se for o amigo do idiota do Sirius, como estou pensando que é, certamente é um idiota, como ele.
Bella ergueu uma das mãos para alcançar queixo de James que era apenas alguns centímetros mais alto, e virou-lhe o rosto de um lado para o outro, o avaliando novamente.
-Sim, sim, é você sim... – ela deu tapas gentis na face dele, após soltá-la – Mudou um pouco, é verdade... Cresceu. Ganhou músculos. Mas ainda posso reconhecer o pirralho irritante que passara alguns dias de férias com Sirius no Largo Grimmauld, certa vez.
Ele franziu o cenho sem se lembrar do ocorrido, depois a recordação foi lhe inundando a mente, havia sim visitado os Black, em seu primeiro ano em Hogwarts, mas não se lembrava de ter se deparado com a prima mais velha de Sirius, a qual já havia se formado no colégio quando eles finalmente engessaram os estudos. James realmente não se lembrava dela, mas, pelo visto, a recíproca não era verdadeira.
Ela continuava a encará-lo com um olhar atrevido e penetrante. James sabia muito bem que não poderia desviar dos olhos negros antes que ela quebrasse o contato visual, ou admitiria que estava com medo da situação. E certamente ele não estava.
Ficariam assim por horas a fio se a voz de Narcisa não os tivesse acordado.
-Bella... Você não... Você não vai contar nada, não é?
A irmã a encarou por um segundo, sabendo que quanto mais demorasse a dar a resposta, mais tempo torturaria a jovem loira.
-Talvez eu não diga nada, Cissy. Mas isso vai custar algo... – e voltando os olhos novamente para James completou – ...a vocês.
-A nós? – perguntou James irônico.
-Bella, por favor, faremos... – ele voltou os olhos para a loira, ela resolveu concertar – Eu farei qualquer coisa, mas você não pode dizer nada a ninguém...
-Estou certa que fará, minha irmã. Estou certa que fará... Mas vai ter que persuadir o seu amigo a me obedecer também se quiseres mesmo que eu não os delate.
James riu.
-Te obedecer? Esquece, não há como a Narcisa me convencer a te obedecer... – na falta de elogios melhores, resolveu utilizar o que Sirius sempre usava para se referia a ela - ... sua víbora.
-Não? Pois bem, se Narcisa não consegue te convencer talvez isso consiga, senhor James Potter... – droga! Urrou mentalmente, embora a expressão externa não transparecesse o desagrado pelo fato de que ela sabia o nome dele – Nesse exato momento Lucius Malfoy, o noivo dela, está lá em baixo, a esperando para colocar-lhe um anel de ouro cravejado de brilhantes no dedo e, não importa quanto tempo leve, caso ele descubra que ela o trai descaradamente justamente nesse momento, e com você, Potter, pode ter certeza que terás inveja do que ele vai fazer com a Cissy...
Dizendo isso ela virou-se em direção a porta, mas, antes de sair concluiu.
-Pensem bem nisso antes de recusarem o meu pagamento. Ainda não sei o que vou pedir, mas pensarei em algo bem ruim... Não se preocupem.
E bateu a porta atrás de si.
Narcisa soltou um suspiro cansado, deixando o corpo cair sentado na cama.
Só então o encarou.
James tinha o olhar ainda perdido na porta. Ao senti-la o mirar voltou-se para ela.
-Você está ficando noiva de Lucius Malfoy? – perguntou, ainda incrédulo. A loira acenou com a cabeça, tristemente – Por que?
-James... Eu... Eu não posso ter essa conversa com você. Não agora, por favor. Tenho que me arrumar... Eles estão me esperando.
-Gosta dele?
-James... por favor.
-Certo. – ele voltou-se para a varanda por onde entrara – Eu vou embora, - de súbito virou-se novamente para ela – mas isso não vai acabar aqui, Blanche, nos ainda vamos conversar, entendeu? – e saiu, deixando-a sozinha de vez.

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