Capítulo VI
Capítulo VI – Amigos... nada mais que isso...
- Quanto você tem de busto?
- Hein? – Hermione indagou.
- Quanto você tem d...
- O que está fazendo papai?
- Estou tirando as medidas para seu vestido de casamento...
- O QUÊ? Ainda bem que o senhor citou. É EXATAMENTE sobre isso que eu queria falar. Que história é essa de sair dizendo que eu e o Mark vamos casar?
- E não vão? Bem, eu estava pensando em encomendar o bolo na Mark...
Hermione nem percebeu e já gritava ao telefone.
- Papai! Não quero bolo! Não quero vestido! Não quero casamento!
- Não quer casamento? O Mark disse que anunciasse o seu noivado.
- Nunca disse isso! – Hermione suspirou de cansaço. – Que loucura!
Seu pai riu, como se entendesse algo.
- Tem razão. Tem medo da atração cada vez maior que sente por ele.
- Que horror! Não pode me impor. Não pode me obrigar... As coisas não funcionam assim. Olhe só você e a mamãe...
- Hermione... eu só a conheci no dia do casamento.
Hermione ficou boquiaberta, não sabia disso.
- O q-que quer dizer?
- O nosso casamento foi combinado. Só nos conhecemos no dia do casamento, nem sequer podíamos olhar um para o outro. Eu estava apaixonado por outra garota, e a sua mãe nem queria me ver, não queria nada comigo. Disse que eu tinha sobrancelhas enormes e um cérebro pequeno. Um dia, fiquei muito doente, com escarlatina... e ela ficou ao meu lado. Cuidou de mim com carinho. Pela primeira vez, gostei dela. Do carinho nasceu o respeito. Do respeito o afeto. E o afeto aumentou até tornar-se amor.Um amor maior do que eu esperava. Dê uma oportunidade ao Mark. Talvez não goste dele agora. Mas talvez o ame lá mais tarde.
Hermione ficou em silêncio, então o pai continuou.
- Devia ter-te contado sobre a sua mãe e eu há mais tempo. Desculpe. Mesmo assim agora você não tem muito tempo pra pensar... Mark está indo para aí.
- O quê?
- Ele quer ficar junto da noiva, não o culpe.
“Só me faltava essa.”
- Valeu pai, te amo.
Ela desligou o celular.
“Por que eu simplesmente não matei o cara quando eu tive chance? Quando ele ainda comia lama... teria sido fácil afogá-lo.”
Correu para Gina, que terminava de reservar uma larga porção da praia para o casamento.
- O que acha Mione? – a ruiva estava feliz da vida.
- É perfeito, acho que serão os primeiros a casar nessa praia.
- Então Harry? – ela o encarou.
- Se é isso que quer - Ele sorriu para Gina. – por mim tudo bem.
- Viu por que eu vou casar com ele Hermione?! Ele é tão bom comigo.
“Panda”.
Gina respirou fundo e soltou:
- Vocês dois poderão perfeitamente planejar tudo sem mim.
- O quê? – Harry e Hermione falaram ao mesmo tempo.
- Vou ausentar-me durante uma semana.
- Como assim ausentar-se? – Harry parecia nervoso.
- Tenho que voar para os Estados Unidos. Talvez paguemos a alguns fornecedores. É um momento crítico. Por isso não há porque perder o impulso. Calma! Confio em vocês. Farão um ótimo trabalho.
- Gina quer o arco perpendicular á praia – Harry falava enquanto caminhavam. Encostou-se num coqueiro.
- Fica harmônico.
Encararam-se por um instante. Harry foi jogado para trás quando o coqueiro cedeu e caiu sobre outro coqueiro, derrubando três consecutivamente. Hermione analisou o estrago.
- Você destruiu os coqueiros atrás do altar. – ela observou. É bom que saiba correr, porque a Gina vai te matar quando voltar. – ela riu ao ver Harry batendo a areia de sua camisa. Ele havia se arranhado na perna.
- Vem cá. – puxou-o para fazer um curativo. Ele observou sua destreza, fascinado.
- Desculpe... Por ontem, as coisas que eu disse... Não quis te chamar amarga e cínica. Você não é.
- Desculpe quando disse que o seu casamento ia fracassar.
- Desculpe quando disse que você foi uma oportunidade. Foi realmente feio da minha parte.
- Não foi exatamente a sério o que eu disse das damas de honra.
- Ao menos tenho 50% de possibilidade do meu casamento não fracassar? – ele brincou.
Ela passou algum tempo concentrada em seu olhar.
- Você e Gina vão ser muito felizes juntos.
- Você e Mark também. Vai funcionar.
- Já desfizemos o noivado. – “Ou vamos desfazer assim que ele chegar aqui”.
- Sério? Sente-se bem assim? – ele assumiu um tom preocupado.
- Sim. O meu pai é que nos queria juntos.
- Porque ele queria isso?
- Talvez porque foi muito feliz com a minha mãe. – ela havia terminado o curativo.
Hermione voltou para seu apartamento, extremamente incomodada. Ela queria Harry.
Mark estava à sua porta.
- Como vai minha linda noiva?
- Senta aqui Mark. – ela o puxou.
- Está zangada comigo?
- Sim. Sim, estou zangada com você. Você disse ao meu pai que estávamos noivos. Já estava tirando minhas medidas para o vestido de noiva! Que mosca te mordeu? Nunca escuta! Mark, você e eu nunca estaremos de acordo sobre isso.
Ele parecia muito desapontado.
- Desculpe! Vou te deixar em paz! Não volto a te incomodar! Seremos amigos e pronto. – ela pausou. - Acredita que seremos só amigos? – ele tinha esperança na voz. Hermione quase sentiu pena. - Desculpe-me por ter te irritado.
- Isso é um truque?
- Nada de truques. Sério. Só quero que sejamos amigos. Prometo. Então, tem planos para o jantar?
- Mark!
- Não. Como amigos. Quero fazer um maravilhoso prato americano. Sente-se, vou começar.
Ele invadiu a cozinha de Hermione.
- Onde está hospedado?
- No apartamento em frente ao seu.
Mark faz o jantar rapidamente.
- É essa a sua especialidade? Macarrão com queijo instantâneo?
- É uma maravilha econômica. Só hoje comi duas caixas.
- Nada como uma dieta equilibrada. – Hermione brincou.
- Vejo que você está preocupada. – Mark observou-a firmemente.
- Não, não estou.
- Somos amigos e os amigos escutam os problemas dos amigos, por favor, me conte.
Ele era realmente adorável.
- Não há nada para dizer. Achei que podia controlar tudo e não posso. Conheci alguém que achava que era... E não é. Já se apaixonou por alguém quando era o momento errado? Muito errado? Sentiu coisas que não deveria sentir? – ela parou, respirou fundo e retomou - Não estou sendo clara...
- Entendo isso perfeitamente. Você o deseja como eu desejo você.
Hermione olhou-o penosamente. Sua garganta queria fechar. Mark continuou.
- Quero dizer uma coisa. Você precisa aprender a ter paciência. O amor nem sempre pode ser perfeito. O amor é só amor. Era o que a minha mãe dizia.
- A sua mãe era uma mulher muito sábia.
Ele piscou e foi lavar os pratos. Em seguida despediu-se.
- Eu passo aqui amanhã pra te ver. Meu vôo só é daqui a dois dias. – ele a beijou na face, desajeitadamente. E se foi.
Hermione tomou um banho demorado. A campainha tocou. Era Harry.
- Liguei pra Gina, ela disse umas coisas, vamos conversar?
- Espera. – ela estava só de roupão.
Trocou-se e pegou a bolsa.
- Vamos passear lá fora. – ela o puxou, trancando a porta atrás de si. Não queria que Harry visse a bagunça que estava o quarto da super-organizada-Mione.
- Gina quer cor chocolate nas toalhas de mesa. E camélias.
Eles deram uma volta. A brisa leve e quente era apaixonante.
- Que noite linda.
- Deprimente, não é? É nostálgico e romântico. – Harry corria os olhos pela praia, havia no final da praia um pequeno hotel onde vários casais dançavam. - Sempre imaginei um casamento pequeno. Amigos íntimos e família, numa praia, com uma brisa fresca.
- Bem, aqui estamos.
- É, estamos numa praia. Mas quase cento e cinqüenta pessoas não é a idéia que eu faço de amigos íntimos.
- Como se conheceram?
- A Gina e eu? Na universidade.
- Nas aulas?
- Não. Ela era corretora de apostas.
- Gina fazia apostas?
- Ela sozinha estabeleceu um circuito clandestino de apostas em Berkeley. Aceitava apostas para todos os esportes. Tinha uma loteria e fazia uma noite de jogo no dormitório.
Hermione levantou as sobrancelhas.
- Não acredito!
- Calma, a Gina não era assim. Ela era muito popular. Eu era o estudioso. Ela era a rebelde e... me escolheu.
Eles pararam de caminhar.
- É melhor a gente voltar. – Harry percebia o ar ficando frio. Era difícil prever tempestades.
- Eu também prefiro os casamentos pequenos... – Hermione disse, sem encará-lo - Era assim que eu faria o meu.
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