Capítulo 6
6) Capítulo 6
I lie down and blind myself with laughter
Well, a quick fix of hope is what I'm needing
And how I wish that I could turn back the hours
But I know I just don't have the power
Could it be any harder – The Calling
Abriu a porta lentamente, e adentrou no aposento. Sorriu ao ver o quarto completamente decorado. As paredes eram cor-de-rosa bem suave; nas estantes havia vários ursinhos de pelúcia. Uma poltrona branca e confortavel encontrava-se perto do berço. Ele caminhou até o móvel e ao tocar em um enfeite que estava pendurado, uma singela música instrumental começou a tocar. Nunca esteve tão em paz como naquele momento.
- Harry... – um sorriso ainda maior se esboçou em seus lábios ao ouvir a voz dela. Ao se virar, a encontrou de pé na porta, usava um vestido branco e tinha as mãos no ventre.
- Mione. – ele tentou dar um passo para chegar até a mulher, mas seu corpo não obedeceu. Por mais que tentasse, não podia se mover. Olhou para a morena e se desesperou ao ver lágrimas escorrendo por sua face – Qual o problema, Mione? – disse, ainda tentando recuperar as forças.
- Oh, Harry... – a voz dela saiu como um sussurrou carregado de tristeza. Naquele momento, Harry pôde ver figuras negras se aproximando dela.
- Atrás de você! Mione, fuja agora! – gritou. O desespero o deixaria louco, seu corpo ainda imovel. Tinha que fazer algo, mas não podia.
- Harry. – ela não se movia. Quando o primeiro feitiço a atingiu, seu grito gelou o corpo dele.
- Parem! Não a machuquem! – o moreno assistiu a tortura, incapaz de ajudá-la. Assim que o corpo de Hermione caiu sem forças, Harry sentiu seu corpo tremer – HERMIONE!
As gargalhadas dos vultos misturavam-se com os gritos da morena, e ele pensou que enlouqueceria a qualquer instante. Precisava fazer alguma coisa. Entretanto, seu corpo só o obedeceu quando os vultos desapareceram. Ele finalmente pôde correr até Hermione, ajoelhando-se ao seu lado. A morena parecia estar num estado de semi-consciência.
- Mione... – ele a chamou, tremendo.
- Por que você não me ajudou, Harry? – murmurou, com um triste sorriso.
- Eu tentei, mas eu não conseguia, meu amor.
- Por que, Harry? Por que me deixou sozinha?
- Não lhe deixei sozinha! Estou aqui, Mione! – Harry beijou a testa dela, depois a abraçou com força.
- Por que, Harry? Por quê? – ela começou a repetir, mas sua voz ia ficando cada vez mais fraca. Ele fechou os olhos, perdido em sua própria dor, enquanto suas mãos deslizaram pelo ventre dela. Sentiu algo morno, e ao abrir os olhos percebeu que sua mão estava manchada de sangue.
- Não. Por favor, não as tire de mim... Eu imploro! – pediu, desesperado. Naquele instante, as paredes do quarto começaram a ser tingidas de vermelho. De repente, Harry estava envolto em sangue...
- NÃO! – gritou ao mesmo tempo em que seu corpo se arqueou na cama. Sua testa estava repleta de suor e seu coração batia disparado. Imerso na escuridão, tateou o abaju ao lado, e seu quarto tornou-se parcialmente iluminado – Maldito sonho!
Ele resmungou, enquanto sua respiração ia, aos poucos, se regularizando. Estava tendo sonhos estranhos há quase um mês, e esse em especial o atormentava há uma semana. Por que não parava de sonhar com elas? Harry afastou as cobertas, e ficou de pé. Chovia forte em Madri naquela noite sem lua. Seu olhar perdeu-se na escuridão do céu que parecia estar desabando. “Por que, Harry? Por que me deixou sozinha?”. Ele cerrou os punhos, será que Hermione o atormentaria para sempre?
- Maldição! – ele murmurou, irritado. Não a via há mais de três meses, por que não poderia esquecê-la?
Quando se virou, seu olhar recaiu sobre um pequeno carrocel que havia comprado ha alguns dias. Não sabia por que exatamente havia comprado o objeto, mas não resistiu. Apertou um botão e algumas luzes se acenderam, os cavalinhos alados começaram a se mover e a melodia soou pelo aposento. Era a mesma melodia nostálgica de seu pesadelo. Harry suspirou, fechando os olhos.
Será que havia um outro significado por trás daquele “sonho”? Seria um aviso? Ele voltou para a cama, ainda ouvindo a melodia. Talvez Hermione estivesse precisando de ajuda, mas... Não era obrigação dele ajudá-la, afinal ela não significava nada em sua vida. Revirou os olhos, já deitado, por mais quanto tempo conseguiria continuar se engando? Se ela precisava dele, não poderia virar as costas.
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- Mamãe, eu preciso mesmo ir! – Hermione disse, sorrindo. Toda vez que ia visitar os pais era a mesma coisa, eles insistiam para que ficasse, pelo menos até o bebê nascer.
- Mas, querida... Não é bom ficar sozinha naquele apatamento no seu estado!
- Eu estou grávida, e não doente, mamãe.
- Ainda assim, nós preferiamos que ficasse. – seu pai falou, carinhosamente.
- Eu sei, mas não posso. – Hermione abraçou os pais, e se despediu.
Em seguida, caminhou até seu carro, e acenou. Sentia deixar seus pais, sabia que se dependesse deles passaria toda a gestação ali, redeada de mimos, mas tinha sua vida em Londres. Ligou o som, e dirigiu sem pressa de volta para seu apartamento. Foi quase uma hora e meia de viagem, até que finalmente chegou. Guardou o automóvel na garagem do prédio, e após cumprimentar o porteiro, seguiu para o elevador. Quando chegou ao seu andar, abandonou o elevador e caminhou até sua porta. Contudo, ela estancou ao ver alguém parado ali. Ficou vários segundos parada, incapaz de se mover ou falar algo.
- O que faz aqui?
- Preciso conversar com você. – sua expressão era indecifrável. Ela percebeu que havia um embrulho nas mãos dele.
- Por favor, Harry... Não veio brigar, não é? – sua voz soou tão triste, que Harry sentiu um terrível desconforto.
- Não. – ele olhou para o ventre dela.
- Então, o que quer? – Harry ficou em silêncio – Talvez queira me deixar louca é isso? Por que, Harry? O que eu te fiz para você agir assim comigo?
- Você não fez nada, Hermione. – ele notou que os olhos dela brilhavam. Não demorou para que as lágrimas comecassem a rolar por sua face.
- Então, por que me deixou sozinha, Harry? Por quê? – seu sonho preencheu sua mente, e Harry sentiu seu corpo ficar tenso. Contudo, nenhum vulto apareceu e começou a atacá-la. Hermione largou a sacola que segurava e levou as mãos a face, num choro compulsivo.
Sem nem perceber, ele começou a se aproximar dela. A envolveu com um braço, enquanto segurava o embrulho com a outra mão. Hermione chorou em seu ombro, provocando um aperto no coração dele. Ela murmurava coisas quase inaudíveis, ao mesmo tempo em que Harry acariciava suas costas. Então, Hermione sentiu-se fraca, e apoiou-se ainda mais nele.
- O que houve? – ele quis saber, percebendo que a mulher se segurava em sua camisa.
- Nada. – Hermione respirou fundo, engolindo o próprio choro e se afastando. Entretando, não tinha forças para se afastar dele.
- Vem, eu a levo para dentro. – a voz dele estava tão suave, que Hermione perguntou-se se não estava sonhando. Caminhou lentamente, e após destrancar a porta, seguiu com Harry para o apartamento. Ele a ajudou a se sentar no sofá, mas continuou de pé – Quero saber se você ainda faz parte da Ordem.
- Claro que sim! – ele cerrou os punhos.
- Mas você está grávida, Hermione!
- E daí? Estou grávida, mas não estou morta! Enquanto eu puder, continuo ajudando a Ordem! – ele bufou de raiva – Contudo, a partir do momento em que saiu de minha vida, acredito que isso não é da sua conta!
- Tem razão. Não deveria ter vindo... Se é tão teimosa a ponto de continuar lutando mesmo nesse estado, o problema é só seu! – ele teve vontade de esbofeteá-la para ver se entendia que deveria se afastar. O maldito sonho não o deixava em paz, e Harry sentia que algo de ruim estava para acontecer.
- Exato. O problema é meu! Tenho meus ideais Harry, e não vou abandoná-los como você fez! – ele cerrou os olhos, irritado.
- Eu deveria imaginar que seria perda de tempo vir aqui! – Hermione ergueu as sobrancelhas, confusa. Não compreendia o que ele queria falando aquilo – Se quer continuar arriscando seu pescoço, vá em frente e morra por seu precioso ideal! Eu não dou a mínima para o que pode acontecer com você ou com essa menina estúpida!
- Não fale assim de nossa filha! – Hermione ficou de pé; seu corpo tremia de raiva. Como ele podia ser tão grosso?
- Eu falo como eu quiser! Vocês duas são uma desgraça em minha vida! – disse completamente fora de si. Ha dias não conseguia dormir ou pensar direito, por causa dos sonhos, e a culpa era de Hermione e da menina. A mulher tapou os ouvidos com as mãos – Por que você tinha que aparecer em minha vida novamente e contar que estava grávida, Hermione?
- SAIA DAQUI! – ela gritou, aproximando-se dele. Começou a acertá-lo no toráx, tentando passar um pouco da dor que sentia para ele – VÁ EMBORA!
- Pare com isso, Hermione! – o moreno largou o embrulho no chão, e a segurou pelo punhos, e a encarou com raiva. Ela tinha a respiração irregular, e o rosto vermelho e molhado de lágrimas.
- Quer saber, Harry? Não são meus ideais que me matarão, mas sim suas ações. – ela falou, puxando os braços para se soltar dele.
Ele ficou imóvel, as palavras dela zumbindo em suas mente. Fechou os olhos, e só então, ele compreendeu o seu sonho. Os vultos não eram comensais, mas sim cópias de si mesmo. Não eram feitiços que a torturavam, e sim palavras cruéis. Ele era quem a estava matando aos poucos, mas... Era isso que queria? Como poderia querer tanto mal a alguém que sempre o ajudou? Quando Hermione passara de aliada à inimigo? Ele suspirou tristemente, o que estava fazendo?
- Hermione... – ele caminhou até a ela, que se encontrava perto da janela.
- Saia daqui! Vá embora.
- Eu queria...
- Eu disse para ir embora! – a mulher virou-se, irritada. Seu olhar estava repleto de ódio – Nunca mais quero ver você, Harry, nunca mais!
- Eu entendo. – Harry a olhou com tristeza, mas no instante que ia dar meia volta e sair, percebeu que a morena não estava bem – Algum problema?
- Não lhe interessa! Vá embora, já disse! – só que ela se desequilibrou, e se Harry não corresse, teria caido no chão.
- Hermione? – ela havia perdido a consciência. O desespero tomou tomou conta dele, e antes que percebesse a abraçou forte e desaparatou.
Surgiu próximo ao St Mungus, e seguiu para o hospital com a morena nos braços. Amaldiçoava-se mentalmente, nunca deveria ter dito aquelas coisas para ela. Se Hermione morresse... Não, ele não queria pensar naquela posibilidade. Entrou desesperado, e ao encontrar o primeiro medibruxo na frente, ele disse.
- Preciso de ajuda!
- O que houve? – o homem questionou.
- Eu não sei exatamente, mas ela desmaiou... E ela está grávida, precisa fazer alguma coisa! – o medibruxo percebeu que a roupa de Hermione estava molhada.
- A bolsa rompeu... Betty, prepare a sala de parto! – ele ordenou a uma mulher que passava. Enquanto isso, uma outra mulher trouxe uma maca – Coloque-a aqui, senhor.
- Por favor, não a deixe morrer. – Harry implorou.
- Farei o possível. - eles partiram, levando Hermione.
O moreno sentiu suas pernas trêmulas, então, caminhou até um banco que havia ali. Enterrou a cabeça nas próprias mãos, e pela primeira vez em anos, ele chorou novamente. Não soube exatamente quanto tempo permaneceu ali, imerso na própria dor. Quando o medibruxo se aproximou novamente, ele respirou fundo, e ficou de pé novamente.
- E então?
- O que o senhor é delas? – homem perguntou.
- Sou o pai da criança! – afirmou Harry.
- Bem... Então, senhor Potter é exatamente com o senhor que tenho que falar. – ele deu uma pausa, como se hesitasse, mas prosseguiu – Deve saber que era uma gravidez de risco.
- Sim, eu sabia.
- A senhorita...
- Granger! Hermione Granger.
- O estado da senhorita Granger é grave, teremos que fazer uma cesariana... Precisamos saber se...
- O quê? – ele perguntou, impaciente.
- Se tivermos que escolher, quem deveremos salvar? – o ar pareceu insuficiente naquele momento, e Harry deu um passo para trás – Sei que é uma pergunta complicada, mas há essa possibilidade.
- Como pode pedir que eu escolha entre a vida de minha filha e da mulher que amo? – as palavras sairam de sua boca, sem que pudesse evitar.
- Sinto muito, senhor Potter, mas realmente precisa escolher.
- Salve as duas, pelo amor de Merlim, salve as duas!
- Tentaremos, mas senhor, precisamos saber qual...
- EU DISSE PARA SALVAR AS DUAS! – as pessoas em volta olharam assustadas para Harry – E se repetir esta pergunta, eu vou estrangulá-lo com minhas próprias mãos e terão que arranjar outro medibruxo para salvar minha Hermione e minha flha, entendeu?
- S-sim... – ele respondeu, tremendo.
- Volte para lá agora mesmo e salve-as! – Harry mandou – Eu não me perdoaria se elas morressem!
Antes que Harry pudesse ameaçá-lo novamente, o medibruxo desapareceu quase voando. O moreno passou as mãos pelos cabelos, completamente desesperado. Como podiam querer que escolhesse uma delas? Chutou o banco a sua frente, completamente irado. Uma enfermeira se aproximou perguntando se podia ajudar em alguma coisa, e Harry apenas pediu que entrasse em contato com Gina.
A ruiva não demorou a chegar; assim que recebeu a coruja saiu em disparada para o St Mungus. Encontrou Harry sentado numa saleta reservada, completamente desolado; ele ficou de pé, e notou a raiva brilhando nos olhos dela.
- Estupefaça! – ela gritou e o corpo de Harry foi jogado contra a parede – Seu miserável! O que foi que você fez dessa vez, hein? – o moreno não respondeu, apenas manteve a vista baixa. Ele também não pegou sua varinha e cntra-atacou. Simplesmente ficou parado, enquanto a ruiva se aproximava – Eu nunca o perdoarei se ela morrer, entendeu! – e após dizer isso, Gina fechou o punho e acertou em cheio o nariz dele.
- Eu também nunca me perdoarei Gina. – ela ficou imóvel, apenas observando-o. Um pouco de sangue escorreu pelos lábios dele, mas Harry parecia absorto demais em uma dor bem maior que aquela causada pelo soco de Gina – E eu sei que eu merecia ser estuporado, merecia o soco... Eu merecia muito mais por tudo que fiz à Hermione.
- Onde ela está?
- Sendo operada. – ele respondeu, sem olhá-la – Ela entrou em trabalho de parto, mas estava muito fraca e precisaram fazer uma cesariana.
- Mas ainda faltava um mês para a Izobel nascer. Vai ser prematura.
- Sinto muito.
- Sente muito? É isso? O que você fez, Harry? O que disse dessa vez? – a ruiva o agarrou pelos ombros, mas ele não parecia ter coragem de encará-la – RESPONDA!
- Nós discutimos... Eu me descontrolei!
- Ah... Se descontrolou... Eu só não consigo pensar no que Hermione faria para lhe descontrolar. – Gina bufou de raiva.
- Estava confuso, droga! Estava tendo pesadelos estranhos, pensei que ela estivesse em perigo. Fui atrás dela para fazê-la se afastar das batalhas e...
- Hermione não está mais lutando, Harry! Ela ajudava nas reuniões e nos planos, mas há meses não sai em batalhas.
- Eu não sabia. – ele suspirou, tristemente – Pensei que ela estava em perigo.
- E estava... Mas não era você-sabe-quem que a ameaçava, mas sim você mesmo, Harry!
- Eu não quero que elas morram, Gina... – disse, arrependido de tudo que havia dito – Não quero. Jamais deveria ter ido embora... Eu não deveria tê-la deixado sozinha.
- Vamos rezar para que não seja tarde demais. – ela falou tristemente – Você a magoou muito.
- Eu sei, mas estou disposto a pedir perdão... Eu faço qualquer coisa para que ela me perdoe! – Gina o olhou bem nos olhos; sabia que ele estava dizendo a verdade.
- Oh, Harry... – ela o abraçou forte. Ele correspondeu, e abraçado a antiga amiga, chorou por todo o mal que havia feito a Hermione.
N/A: Bom... Penúltimo capítulo postado, breve eu posto o último!! \o/ Desculpa a demora, mas aqui está... Espero que vocês gostem... =) Já era hora de o Harry acordar né!? Ehuiheuieehiehuieheuihe... Bem... Não esperam muito do final não, porque eu sou péssima em finalizações, então, já estou achando que vai ser horrível!! Um obrigada especial a todos que leram, comentaram e votaram!! Beijos!! Pink_Potter : )
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