Memórias.



Se ela soubesse o que estava acontecendo... Mas pela primeira vez ela estava sem noção do perigo que corria. Não, ela não estava morrendo como ela achava, mas pior, alguma coisa estava roubando seu tempo, alguém estava roubando sua vida, sua energia.
- Aubrey? – Ela escutou a voz que há tanto tempo não escutava. – Você está bem querida? Nós temos que ir.
Então abriu os olhos: Era sua mãe, com seus olhos de uma cor que só ela tinha.
“Mamãe?” Ela pensou, não estava acreditando, sua mãe estava em sua frente.
- Vamos queridas, nós precisamos ir! – a senhora Bloom disse, acendendo as luzes.
“Queridas?” Aubrey pensou. Quem estava ao seu lado? E ao olha ela viu sua irmã com cinco anos, o mesmo corte de cabelo, a mesma cara de sono os olhos diferentes. Ela estava em sua casa, em Fairview, era aquele dia. O dia em que tudo desabou.
- Para onde nós vamos? – Effy perguntou a Aubrey.
- Nós temos que ir. – Aubrey respondeu. Ela estava apavorada. – Papai está esperando no carro, Ela pegou as coisas que não conseguiam largar.
- Eles nos acharam? – Effy disse.
Aubrey se lembrava de todas as frases ditas naquele dia. Elas ecoavam em sua cabeça todo o tempo.
- Aubrey! – Effy disse. – Vamos, a mamãe pediu pra gente ir. Alguma coisa deve estar acontecendo.
- Effy não! – Aubrey puxou a irmã. – Não podemos, nós temos que...
- Meninas! – Marissa gritou.
- Vamos Aubrey! Vamos! – Effy puxou a irmã.
Aubrey e Effy desceram as escadas um cobertor e duas bonecas trazidas das França pelos pais de Marissa.
- Vamos, papai está no carro. – Aubrey disse mesmo sabendo o que estava acontecendo. – Eu não vou deixar eles te levarem dessa vez.
- Hey Aubrey! – Effy disse. – Vamos mudar a cor dos olhos, para confundir mamãe e papai.
- Não Effy! – Aubrey ficou brava. – Eles me querem, eles me levarão dessa vez.
- Aubrey? – Effy perguntou. – Eles não estão vindo te buscar.
- Claro que estão. Eles te levaram embora da última vez...
Aubrey ficou calada. Ela estaria mudando tudo? Ela estava mudando o passado?
- Eu estou bem! – Effy disse. – Eu estou bem. Eles não vão me buscar hoje. Eu estou bem...
Aubrey não entendia. Tudo em sua cabeça estava misturado:
Passado e presente.
O que ela sabia e o que ela não sabia.
Ou se estava em sua casa ou se aquilo era um sonho.
Ela sabia que se aquilo fosse um sonho ela já deveria acordar. Toda vez que ela sonhava com aquilo ela acordava no momento em que os seus olhos trocavam de cor com os de Effy. Não era um sonho, mas a menos que ela pudesse voltar no tempo aquilo não era real. Não, apesar de todas as habilidades e poderes que ela guardava Aubrey não sabia voltar no tempo.
Ela não conseguia mudar o passado também, por isso sabia que não era realidade. Ela não havia cruzado a linha do real para o imaginário. Ela estava no meio, se equilibrando para entender sua existência.
- Aubrey, me escute! Você nunca me deixou te dizer o que acontecerá: Você irá crescer com a mamãe, você conseguirá ficar longe das pessoas malvadas e então eles perceberão que você é quem eles querem. E então você vai estar tão forte que quando eles aparecerem para te buscar que você vai acabar com eles. – Effy disse abraçando a irmã.
- E você? – Aubrey perguntou, com lágrimas nos olhos.
- Não se preocupe comigo. – Effy a soltou e olhou nos olhos. – Eu sou tão forte quanto você Cricket. Agora, eu juro que vou te manter a minha vista. Você é com quem eu preciso me preocupar.

Aubrey abre os olhos. Ela está viva, ou pelo menos ela pensa que está.

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