*~ A mudança ~*



Harry acordou radiante no outro dia, a muito tempo não sentia-se feliz, estava precisando mesmo de alguma coisa para animá-lo. Levantou-se da cama, colocou os óculos e desceu para tomar café. Nem se importava com as críticas do tio, com a implicância de seu primo Duda, só queria que o tempo passasse logo para ir para Hogwarts no dia primeiro de setembro.
Queria ver Gina, Rony e Hermione. Estava arrependido de ter pensado mal deles. Chegou na cozinha, sua tia Petúnia, uma mulher magra com cara de cavalo, deu uma olhada de esguelha para ele. Harry nem ligou. Sentou-se na mesa e olhou para seu prato. Estava vazio. Olhou para a tia que retribuiu o olhar.

– Nem adianta ficar olhando pra mim assim – disse ela – Você não vai comer mais nesta casa conosco.
– E porque não? – perguntou Harry.
– Por que você já é maior de idade nesse seu mundo maluco e sabe muito bem se cuidar sozinho, então porque não vai morar lá?
– É isso mesmo – disse tio Válter, um homem gordo com um grande bigode ruivo, entrando na cozinha – Você não é mais bem-vindo nessa casa.
Duda, seu primo gordo com cara de porco estava sentado na mesa comendo como sempre seu grapefruit que sua mãe sempre dava pra ele com o objetivo de vê-lo magro, estava prestando atenção na conversa doido para ver tio Válter brigando com Harry.
– Você tem até o final do dia para arrumar suas coisas e sair daqui. – disse tio Válter feliz.
– E pra onde que eu vou? – disse Harry. Por um lado estava feliz porque iria se ver livre deles e por outro lado estava triste porque não tinha lugar para ir.
– Se vira garoto – disse tio Válter – Você não tem um monte de amigos estranhos lá desse seu mundo maluco? Vai morar com eles!
Harry zangou-se com o que ouviu.
– Eles não são estranhos! – disse Harry quase gritando – Eles gostam de mim mais do que vocês, vocês são muito ignorantes e se acham o máximo só porque tem um carro, uma casa grande e um filho que só porque ganhou uma medalha de latão acha que é o dono da rua e pode bater em todo mundo!

Duda parou de comer seu grapefruit e olhou zangado para ele, fez menção de levantar da cadeira mais tia Petúnia segurou nos ombros dele e o colocou sentado de novo. Tio Válter estava ficando nervoso, a veia em sua têmpora estava começando a saltitar, estava ficando vermelho. Harry não se arrependeu de ter falado aquilo, sentiu- se aliviado, a muito tempo estava com isso preso na garganta e consegui colocar pra fora.

“Agora que eles vão me colocar pra fora de uma vez.” – pensou ele olhando firmemente para a cara vermelha do seu tio – “ Não sei para onde ir.”
– Vá para seu quarto agora e arrume suas coisas o mais rápido possível! – disse tio Válter vermelho – Quero ver você fora desta casa hoje!
Harry nem esperou ele terminar, subiu correndo as escadas, entrou no seu quarto e trancou a porta. Estava ofegante, mas pensativo, ficou andando pelo quarto pensando para onde ir, até que veio uma idéia em sua cabeça.
– Claro! – disse ele – Como não pensei nisso antes?! A Toca!
Na mesma hora ele pegou um pergaminho e uma pena, deitou-se na cama e começou a escrever:

“Rony,
Como você já deve saber, um dia o meu tio iria me expulsar daqui, esse dia foi hoje. Eu também já desconfiava que ele fosse fazer isso.
Eu não tenho lugar para ir, será que eu podia ficar ai na Toca só por uns dias até eu arranjar um lugar pra morar?
Me responda o mais rápido possível.
Harry”

Ele nem leu a carta depois que escreveu, chamou Edwiges que estava encima da sua gaiola e amarrou o pergaminho na perna dela. Soltou-a pela janela e ficou olhando até ela virar um pontinho preto no céu. Correu até sua mala e começou a juntar os pergaminhos, os livros, os tinteiros, as penas e as suas roupas e jogando de qualquer jeito na mala, não tinha muita coisa mesmo, no armário só tinham roupas velhas que eram de Duda e que não cabiam mais nele. Nem pegou as roupas, tinha nojo de usá-las, depois conseguiria roupas novas. Foi até a tábua solta debaixo de sua cama, pegou o bolo da Sra. Weasley e alguns doces que ele sempre pegava de madrugada na geladeira e escondia ali. Pegou sua Firebolt, sentou-se na cama e ficou admirando sua vassoura, tinha vontade de montar nela ali mesmo e começar a voar. Guardou tudo na mala e foi até a janela esperar Edwiges voltar com a resposta da carta dele.
Ficou olhando a rua, vários carros estavam passando, crianças indo para a escola correndo, homens de terno indo para o trabalho. “Como meu mundo é diferente”– pensou ele agora olhando para o céu azul à espera de Edwiges, nada dela aparecer.
Estava impaciente, seria muito bom morar com seu melhor amigo e estar sempre perto da sua namorada, poderia jogar quadribol sempre que quisesse, agora que é maior de idade poderia treinar azarações com Rony, Fred e Jorge, teria o carinho de uma mãe, a Sra. Weasley.
Ficou pensando um bom tempo até que avistou Edwiges. Correu para a janela, ansioso para ver o que estava escrito naquela carta. Ela entrou e pousou na cama, Harry fez um carinho na sua cabeça e desamarrou a carta da perna dela. Abriu a carta quase rasgando e leu:

“Oi Harry
Eu já imaginava que eles iam fazer isso, e se você pode vir morar aqui...
Claro que sim!
Vai ser muito legal você morando aqui com a gente, minha mãe e Gina adoraram a idéia!
Vamos passar ai na sua ex-casa ás 13h pra te buscar, se prepare porque o seu tio não vai gostar.
Ah! Vou levar um daqueles caramelos Incha – Língua pro seu primo, ele vai gostar.
Rony”

Harry riu. Olhou para o relógio, eram onze horas ainda. O que ia fazer até uma hora? Não podia sair do quarto, seu tio iria começar a implicar com ele de novo. Pegou o livro que Hermione deu pra ele e começou a folhear em cima da cama, não tinha o mínimo interesse em ler aquele livro enorme, ficou só olhando as figuras com saudade da escola, viu o lago negro, a torre de Astronomia, até a cabana de Hagrid estava na foto, tinha também as fotos dos antigos diretores, alguns ficaram olhando pra ele com cara de deboche, outros sorriam e acenavam e outros não faziam nada. Folheou o livro todo umas três vezes e guardou na mala. Sentou na cama, passou a mão pela sua cicatriz e lembrou-se da luta que teve com Voldemort no Ministério da Magia. ”Onde ele pode estar agora?”– pensou ele. ”Deve estar por ai tramando alguma coisa, agora que Dumbledore está morto ele tem liberdade pra fazer o que quer, por que Dumbledore foi o único bruxo que Voldemort teve medo” – falou agora a voz na cabeça dele.

– Isso é verdade. – disse ele baixinho.

Olhou novamente para o relógio, era agora meio dia. Ficou perdido em pensamentos que perdeu a noção do tempo, colocou Edwiges na gaiola, pegou a mala e desceu devagar as escadas para não fazer barulho. Foi até a sala e sentou-se no sofá, Duda tinha saído. ”Deve ter ido bater em alguma criançinha”. – pensou ele. Tio Válter entrou na sala, viu ele sentado ali e olhou emburrado pra ele.

– Já arrumou tudo. –disse tio Válter olhando feio pra coruja – Que bom. Que horas você vai?
– Daqui a pouco meu amigo Rony vai vir aqui me buscar. Vou morar com ele por enquanto. – disse Harry sem olhar pra ele com os olhos fixos em uma sujeirinha no chão.
– São aqueles que vieram aqui te buscar da última vez?
– São sim. Por quê?
– Eles não vão vir pela lareira de novo, vão? – disse tio Válter. Harry reparou que tinha um certo medo na voz dele.
– Não faço a mínima idéia. – disse ele quase rindo.

Meio dia e meia. Tio Válter saiu da sala e foi para a cozinha ver tia Petúnia, Harry passou a mão pelos cabelos tentando abaixá-los mais não adiantou de nada. A Sra. Weasley sempre quando tinha uma oportunidade tentava abaixá-los, sempre com um pente molhado mais sem sucesso.
Finalmente, uma hora. A campainha toca. Harry levantou do sofá correndo derrubando tudo pra atender.

– Oi Harry! – disse Rony. Atrás dele vinham Fred, Jorge, Gina e o Sr. Weasley.
– Trouxemos os caramelos. – disse Fred mostrando um saco com um monte de caramelos roxos dentro.
– Duda saiu. Que pena. – disse Harry tentando ficar triste com a ausência de Duda.
De repente, Gina corre empurrando Rony e dá um abraço de quebrar os ossos nele.
– Que violência! – disse Rony levantando do chão e limpando a roupa.

Harry ficou sem ar depois daquele abraço. Não deu um beijo nela por que o Sr. Weasley estava bem ali perto vigiando, mais arriscou um beijo no rosto.
O sorriso de Gina estava de orelha a orelha. Harry nunca tinha visto ela tão feliz, olhou para o Sr. Weasley que sorriu e acenou pra ele. Fred pegou a mala, Jorge pegou a gaiola e foram em direção à calçada, Harry ficou procurando alguma vassoura, alguma coisa no chão que pudesse ser uma Chave de Portal mais não viu nada. Olhou para Rony, ele sorriu e apontou para um carro lindo que estava no outro lado da rua. Harry não acreditou, começou a rir.

– Nosso novo carro. – disse Jorge orgulhoso.
– Papai foi promovido a sub-secretário do ministro da magia. – disse Rony feliz.
– Sério?! – perguntou Harry surpreso – E a Umbrigde?
– Foi demitida por ser tão idiota e ter medo de centauros. – disse Gina rindo.
Todos riram, até o Sr. Weasley. Entraram no carro, tinha tudo de bom lá dentro, uma reserva de doces: Sapos de Chocolate, Feijõezinhos de Todos os Sabores, Tortinhas de Abóbora. Tinha também Cerveja Amanteigada, Suco de Abóbora, Chá quente.
– Pode se servir Harry. – disse Rony. – Eu sei que você esta com fome.
– E estou mesmo.

Harry olhou pra trás, seu tio Válter estava na janela do quarto, olhando feio para o lindo carro novo do Sr. Weasley. Harry não tinha boas recordações daquele lugar, agora ia viver uma vida nova, com pessoas que gostam dele de verdade, iria viver no mundo dele. Foram conversando até chegar na Toca que estava muito diferente, não tinha mais aquele aspecto de uma casa pobre. Estava linda, o quintal estava com muitas flores, ao lado da casa tinha um pequeno campo de quadribol onde ele tinha certeza que iria jogar muito. Entraram na casa, e Harry recebeu outro abraço de quebrar os ossos da Sra. Weasley que estava quase chorando com a emoção de ter ele morando ali com ela.
O abraço da Sra. Weasley foi tão forte que ele ficou tonto e cheio de dor na coluna. Gina começou a fazer massagem nas costas dele pra ver se melhorava, mais não adiantou.

– É melhor você subir e descansar um pouquinho meu filho. – disse a Sra. Weasley animada. – Eu vou guardar um prato de comida pra você.

Harry sorriu pra ela. Fred e Jorge ajudaram a levar a mala e a gaiola pra cima. Gina não desgrudou dele um minuto, não soltava da mão dele. Fred e Jorge ficavam rindo por trás deles e Gina mostrava a varinha pelas costas. Eles paravam de rir por que conheciam a azaração de bicho-papão dela.
Ele entrou no quarto, Gina desgrudou dele pra ele descansar, Harry nem tirou a roupa, deitou na cama e ficou olhando o teto daquele quarto diferente, não era mais empoeirado, era limpinho, cheiroso e bem iluminado com o sol que estava entrando pela janela. Ele estava muito feliz porque estava livre dos seus tios e de agora em diante teria uma vida diferente.

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