Quando o mundo torna-se escuro



Ao menos ele sabia do que se tratava.


-O sr. sabe do que se trata? – ouviu ele uma voz que tentava demonstrar um mínimo de esperança... A voz de Ronald Weasley. E o diretor não o culpava de atrapalhar, sentia a preocupação deles, lia nos olhos dos dois.

-Receio que sim, Sr.Weasley – disse o diretor ainda analisando os corpos inertes – Me recordo vagamente, e pouco sei dos efeitos que causam. Apenas recordo-me do nome... Memento Mori.Um termo em latim, se não estou equivocado.

-E o que nós vamos obter sabendo o nome da maldição e não sabendo qual é o efeito dela? – perguntou Rony, não percebendo o tom arrogante que carregava sua voz. Olhou para Harry com esperanças de que o amigo concordasse com ele... Mas Harry estava aprofundado em seus pensamentos, para falar a verdade ele estava perdido, não sabia se apoiava o amigo ou se se perdia nas palavras do professor. Céus, se o próprio Dumbledore, o bruxo mais sábio, não sabia do que se tratava, como saberiam eles? Ou melhor, como descobririam os riscos que sua amiga corria?

-Através dos livros sr. Weasley. Seguindo o exemplo que tenho certeza que a Srta.Granger lhe daria, ler. Apenas nessa fonte acharemos a resposta pela qual ansiamos – disse Dumbledore com seu habitual tom calmo. Analisou demoradamente a flecha marcada à fogo na palma dos dois – Enquanto isso, preciso levá-los para o St.Mungus. Preciso de uma confirmação do medibruxo para deixá-los em mãos de Papoula. Que é totalmente confiável, não que tenham me perguntado. E, assim que os dois acordarem, poderão ajudá-los a descobrir sobre a maldição e a lutar contra ela.

-Lutar contra a maldição? – Rony entrou em choque. Não esperava essa resposta do professor, não tão cedo – Como assim, lutar contra a maldição? Existe, decerto, uma possibilidade de Hermione não acordar mais?

Então, a mera possibilidade de morte que o preenchia a cabeça era concreta?
Hermione, a sua menina, sua mãezinha, sua irmã, seu amor, teria realmente a chance de deixá-los?
Como seria uma vida sem ela?
Quem mais iria puxá-los a orelha, se preocupar com eles, cobrar atividades?
Para quem mais bateria o seu coração, pertencente à castanha mais nobre, em sentimentos, que ele já vira?
Como ele iria respirar sem ela?

Apesar da situação, Dumbledore não perdia o tom calmo. Apenas olhou-os com compaixão. Apenas dois adolescentes, carregando tanto peso em suas costas. Eram apenas dois meninos, que haviam se tornado homens precocemente.

-Sim, corre...

Lágrimas brotavam dos olhos de Harry, escorregavam por seu rosto e quebravam no chão.
Apenas não queria pensar, não queria imaginar, não queria viver aquela idéia.

-Hermione... – sussurrou rouco.Com o temor estampado em sua face, lívida.

O mundo já não tinha graça, desde então, tudo havia adquirido uma tonalidade cinza. Os dois se trancaram no quarto de Rony e não pronunciavam palavra. O tédio e o silêncio eram como um protesto para a amiga, um pesar. Apenas não queriam pensar em luto.
Sra. Weasley ficou abalada, certamente, ver seus meninos naquele estado... Céus, só Merlin sabia que o seu estado piorava mais e mais, aquela maldita guerra...

Mas não podia deixar os dois sem comida e bebida. Então, com eles concordando, ou não, passou a levar comida e água, passando-as pela portinhola.
Respeitava a ação dos dois, apenas... Respeitava-os.
...

Já se passara quase um mês desde que Hermione e Draco haviam sido tomados pela maldição, e, desde então, permaneciam em Hogwarts. Havendo passado antes pelo St.Mungus, mas sendo enviados para a escola. Os medibruxos não sabiam exatamente o que fazer a seu respeito. Apenas haviam indicado esperar. Tarefa que Harry e Rony faziam há tempos.

Faltava exatamente um dia para começar o ano letivo. E Rony e Harry continuavam em seu pesar de tédio e silencio. Sra. Weasley continuava a alimentá-los passando a comida pela porta. Sua preocupação crescia a cada dia, hora, minuto, segundo.

As malas já tinham feito, tempo dentro do quarto para eles havia em sobra. Aceitaram sem protestos comparecer à escola. Desejavam que isso acontecesse o quanto antes.
Ansiavam ver a sua menina.

À noite Rony não agüentou, faltava apenas um dia para voltar à Hogwarts e rever a amiga, a ansiedade, ou temor, falou mais alto que o pacto.
Não se agüentava mais, e soltou a primeira palavra após um mês de silêncio...

-Harry, e se ela não acordar nunca mais? – Dizendo isso estava temendo as palavras, e o pior de tudo, temia a resposta para sua pergunta. – O que nós faremos sem ela? Esse mundo vai desabar, ela é uma das melhores coisas que aconteceu em nossas vidas, e do nada, ela corre o risco de ir embora, de nos deixar para sempre...

Harry olhou-o. Em seus olhos refletiam o apoio necessário ao amigo. Ele, Harry, poderia perder a amiga, mãezinha, irmã. Mas Rony perderia a amiga, a mãezinha-menina, e o amor de sua vida.
Apenas queria ver os olhos castanhos, os mais brilhantes, abertos de novo. Apenas queria olhá-la nos olhos e dizer como é grande o seu amor por ela. E dizer o quanto a saudade e o medo corroeram-no enquanto ela permanecia inerte e desacordada.
Apenas queria abraçá-la, sentir seu cheiro, ouvir sua voz.
Os trouxas têm razão, só se dá valor quando se perde.
E Harry sabia como a palma da mão o que significavam tais palavras.
Não que ele não desse o valor necessário a Hermione, mas com essa guerra, havia esquecido da amiga. Enquanto ela morria de preocupação por ele, o mesmo ficava trancado no quarto, ignorando-a.
Que belo ingrato que ele era!

-Eu também não sei... Acho melhor nós dormirmos, e não pensarmos nisso. Amanhã a veremos. Amanhã... – Harry soltou uma lágrima, mas tentou esconder se virando para o outro lado e fechando os olhos. Não por vergonha de chorar na frente do amigo. Mas sabia que Rony o fazia todas as noites, assim como ele, e que o estado do ruivo estava mais crítico que o seu, e não queria contribuir para mais noites de sono perdida do seu amigo. Ele tinha que servir de apoio ao ruivo.

...

A manhã na Toca foi silenciosa, só se ouvia o barulho das canecas colocadas na mesa e torradas sendo deliciadas.

Gina estava com uma cara de quem não dormia havia séculos, seu rosto continha imensos círculos abaixo dos olhos, seu cabelo não tinha mais cor, seus olhos estavam sem vida e sua pele pálida.

Mesmo quebrando o pacto durante a noite, Harry e Rony ainda não pronunciavam palavra.

-Vocês realmente não vão falar nada comigo? Só vou poder vê-los no Natal... – disse Sra.Weasley jogando os talheres dela na mesa e começando a chorar... O que deixou todos que estavam à mesa olharem para os dois, dava para sentir o desespero deles. Mas a Sra.Weasley também se preocupava com Mione, e eles não estavam ajudando-a.

-Vocês são muito mal agradecidos... –disse Fred. Media as palavras. Mas queria fazer com que os dois parassem com aquela besteira e não deixassem sua mãe na mão quando esta mais precisava.
Aquilo era puro egoísmo, mesmo sendo inconsciente.

Os dois apenas o olharam. E Gina sentia uma incrível admiração por seu prato vazio no momento.

Mas algo lhes tirou a concentração e todos que estavam à mesa olharam para a janela.

-Edwiges... – cochichou Harry para que ninguém ouvisse. Levantou-se e foi à janela, descobrir quem mandara a carta...

Quando olhou para o envelope da carta viu o símbolo de Hogwarts. Ficou com medo do que aquela carta poderia estar trazendo. Pode ser uma notícia boa, mas ao mesmo tempo pode ser uma coisa horrível. E por um instante Harry ficou paralisado olhando para aquele símbolo e já imaginou ele lendo as palavras de Dumbledore ”Sr. Potter, não queria lhe dar a notícia assim, mas srta. Granger não agüentou a força maligna da maldição e faleceu esta manhã...”
Deveria abri-la? Suportaria as palavras? Conseguiria manter-se em pé depois de ler o inevitável? Resistira à idéia?

-De quem é a carta Harry, querido? – perguntou Sra. Weasley, enxugando as lágrimas teimosas, se levantando de sua cadeira e chegando perto do moreno... Foi quando também reconheceu o símbolo... –Leia em voz alta, querido, por favor...

Harry abriu o envelope, sua mão tremia como nunca havia sentido antes, e com medo do que viria, desdobrou a carta com bastante cuidado como se houvesse dentro do envelope alguma bomba que com um toque pode explodir... E virou para si, pra poder ver claramente o que estava escrito.

”Caros sr. Potter e família Weasley...


Alegro-me ao informa-lhes que Srta. Granger e Sr. Malfoy acordaram, esta manhã às 05:45 a.m.
Apenas uma cegueira, que presumo ser temporária, ficou como vestígio da maldição.
Quando chegarem à Hogwarts, terão meu passe livre para vê-los.

Atenciosamente,
Albus Dumbledore.”


-Merlin ouviu minhas preces... – disse Sra. Weasley chorando.

-Finalmente... –Rony sorriu pela primeira vez. O que foi um alívio para todos. Harry também começou a sorrir abertamente. Só de pensar que ele temia o que estava escrito.

Todos foram aos seus próprios quartos para se trocar e ver se tudo estava guardado, se não haviam esquecido nada. Rony e Harry estampavam em seus rostos um sorriso de orelha a orelha.
Essa foi a melhor notícia que eles receberam neste ano.

-Hoje só uma coisa está triste... –disse Rony olhando decepcionado para Harry, mas ainda não escondendo a felicidade.

-O que pode estar errado? –perguntou Harry soltando uma leve risada.

Foi para a janela e admirou o céu. Nunca estivera tão azul, tão límpido. Se fosse noite, teria se alegrado ao contar a boa notícia à estrela de Sirius. Mas se contentou a murmurar o acontecido e agradecer ao sol.

-Hermione não vai estar no trem para corrigir os erros da criançada. Armar detenções para eles cumprirem. Tirar pontos... – respondeu o ruivo meio tristonho.

Não pôde conter uma risada, que escapou pelo seu nariz.

-Então faça isso por ela. Acho que ela vai ficar muito feliz ouvindo você contar para ela quantas coisas você viu, as crianças aprontando e quantas detenções você deu para elas. –disse Harry dando um leve tapa nas costas do amigo, e sorrindo... Hoje nada lhe tiraria este bom humor.

-Boa idéia, mas mesmo assim... – diz com um sorriso bobo e cansado.

Dormir, era a única palavra que vinha à cabeça de Harry. Como precisava dormir, durante décadas não dormia descentemente. E não estava agüentando esperar uma oportunidade para fazê-lo.
...
Chegaram na estação de trem com uma ajudinha dos dois carros do ministério de magia.
E na plataforma 9 e ¾ viram que faltavam somente 10 minutos para o trem partir. Entraram rapidamente, somente para pegar um lugar e deixar as coisas no trem, e voltaram para se despedir da Sra. Weasley que já tinha parado de chorar e estava feliz que os meninos não iriam embora sem lhe dizer sequer palavra.

-Olhem, bastante cuidado neste ano. E nada de estar tentando invadir o Ministério da Magia, e nem ir para a floresta proibida! Cuidado, não vão se meter em encrenca... –dizia ela, mas foi interrompida pelos gêmeos...

-Mamãe... –disse Fred.

-Deixa eles... –continuou Jorge

-Mas não se preocupe – continuou Fred com um sorriso brincando em seus lábios

-Eles lhe trarão a cabeça de Voldemort como lembrança, numa caixinha de fósforos – atentou Jorge, rindo.

A Sra.Weasley olhou-os severa.Como poderiam brincar com um assunto sério como aquele?

Apesar de parecer uma cena ridiculamente infantil, para a idade dos gêmeos, Sra.Weasley pegou-os pelas orelhas e, para total divertimento dos expectadores, deu-lhes sermão ali mesmo.

-Muito engraçado, Fred e Jorge Weasley! – ralhou – Quantas vezes eu preciso repetir que não se brinca com a morte? Francamente!

-Claro que não mamãe... –disse Jorge.

-Nós não estamos brincando com a morte, claro que nós sabemos... – ironicamente continuou Fred.

-Que vamos morrer um dia... –continuava Jorge.

-Oooou será que não? – brincou Fred

-Shh! Fala baixo, Fred, senão irão descobrir da Pedra Filosofal que fizemos – disse Jorge, ainda falando alto.

A matriarca apenas lançou-lhes outro olhar severo. E virando-se para Harry, Rony e Gina. –Meus queridos. Só quero falar duas coisas. Primeiro: cuidado com as suas vidas, não as arrisquem facilmente. E segundo: cuidem bem da Hermione, e apóiem-na, porque ela vai precisar muito. Ela vai passar por uma fase muito difícil da vida dela...
E, Gina, procure dormir mais, querida.

Os três acenaram com a cabeça e cada um deu um abraço na Sra. e no sr. Weasley. E como de costume Sra. Weasley começou a chorar e os gêmeos foram abraçá-la ouvindo sobre como todos cresceram e sobre como um dia ela vai ficar sem nenhum filho para cuidar, pois todos vão se casar, ter filhos e ir embora.
Rony foi para o vagão dos monitores e Gina foi se sentar com Harry. Ela continuava com aquelas olheiras horríveis, mas pelo menos com um sorriso bailava em seu rosto.

Quando o trem partiu Harry finalmente resolveu perguntar da ruiva o motivo das olheiras, o que lhe pareceu muito idiota depois que resolveu pensar melhor. E ela respirando fundo começou a contar...

-Eu venho tendo pesadelos nestes dias, faz uns três dias que não consigo dormir... –disse a ruiva começando a bocejar, sua voz saía fraca. Mas Harry não conseguiu decifrar se era cansaço, ou sono.

-Está tendo pesadelos? Com o que? –perguntou Harry preocupado.

-Deixa isso pra lá... Não importa... – a ruiva bocejou mais uma vez e sem perceber deixou a cabeça escorregar para o colo de Harry, o que o deixou meio sem jeito, não sabia como reagir.

Não se passaram mais de trinta segundos e Harry viu Gina dormindo profundamente.
Tendo-a ali tão próxima, ele pôde admirá-la mais minuciosamente. Analisou o lindo caminho de sardas que iam de uma bochecha à outra, passando pelo caminho do nariz, os longos cílios, o desenho da boca, o formato dos olhos, o rosto angelical, a serenidade enquanto dormia.
Céus, ele estava pensando em ter Gina Weasley em seus braços?

Balançou levemente a cabeça para afastar tais pensamentos insanos. Ele era homem, e sabia apreciar o que era belo, apenas isso. Tentou enganar-se.
E ainda havia Cho, não tinha certeza quanto á ela. Era tudo tão repentino para ele.
Não poderia amar, era seu destino. Iria morrer, mais cedo ou mais tarde, nas mãos de Voldemort.
Nunca fora pessimista, mas achava sinceramente que suas chances eram mínimas com um bruxo talvez mais poderoso do que Dumbledore. De que podia um simples bruxo de 17 com um tão poderoso quanto o Lord das Trevas?
E ele, Harry, não sabia o necessário sobre feitiços. E ainda continuava terrivelmente péssimo em poções.

O resto do caminho foi quieto devido ao fato Harry não podia levantar, se não ia acordar a ruiva. Depois de vaguear entre olhar a paisagem e o belo rosto de Gina, acabou dormindo também.
Só acordaram quando estavam quase chegando, pois Rony veio avisá-los que era para eles trocarem de roupa. E quando viu Gina dormindo no colo do Harry olhou meio torto pro amigo, mas como era sobre Harry que se tratava, ele não viu motivos para desconfiar dele.
Só havia esquecido de uma coisa, Harry era um adolescente como qualquer outro.


...
Chegando em Hogwarts Harry, Rony e Gina não quiseram nem saber sobre quem vai pra que casa, e seguiram caminho a Ala Hospitalar. Pelo caminho Rony contou há quanto tempo ele estava esperando o momento da volta dela. Que ele sonhava toda noite com esse momento, que agora ia ser como se eles nunca tivessem se visto, tamanha seria a felicidade.

Quando chegaram à Ala Hospitalar viram que Hermione estava com os olhos enfaixados, assim como Draco Malfoy... Os amigos se perderam em pensamentos por um tempo, mas logo lhes veio na mente a carta que Dumbledore tinha mandado logo de manhã... E lá realmente estava escrito que os dois estavam com uma cegueira, certamente temporária. Mas mesmo assim uma mão invisível teimava em apertar-lhes o coração.

Os três sentaram-se ao lado da amiga, ela parecia estar dormindo, apesar de não terem certeza pela faixa que encobria-lhe os olhos. E não quiseram acordá-la. Apenas ficaram a velando. Como se a vissem pela primeira vez.

-Rony, Harry? – perguntou a garota, em um tom fraco. Como se tivesse lutando para que sequer um fio de voz saísse.

-Minha menina... –disse Rony sorrindo de orelha a orelha, apesar de seu sorriso anunciar felicidade, as lágrimas que banhavam seu rosto denunciava o seu profundo estado de tristeza e melancolia.

-Harry.....Porque....Rony...Porquê está tudo tão escuro?– perguntou a garota, esforçando-se para pronunciar algo, sua voz saiu trêmula e apavorada. Mas talvez seus ouvidos não quisessem escutar a resposta. Estaria ela cega, pra sempre? À sua frente só via a escuridão, o que a desesperava profundamente. Queria ver, nem que fosse pela última vez o sorriso de seus amigos, se tinha o mesmo desenho de sempre, se ainda formavam covinhas, se seus olhos formavam um arco quando sorriam.
Em sua mente, apenas repetia a mesma palavra “Cega”

Era essa a profunda perturbação que sofria, o que ecoava em sua mente quando não ouvia mais vozes, o que fazia com mais intensidade do que antigamente, assim como o seu tato havia sido apurado.
Nada mais a importava. Não poderia ver a cor e a profundidade do céu, admirar as estrelas, ver como os olhos dos seus amigos brilhavam, se o pôr-do-sol continuava tão belo e se a lua continuava tão prata e brilhante.
Seu mundo tornara-se uma eterna escuridão.Somente o sono amenizava a sua dor.

Reunindo o máximo das suas forças levantou o suficiente para que pudesse ficar sentada. E estendeu a mão trêmula para sentir os seus amigos.
Sentiu quando seus dedos tocaram numa superfície macia, e desenhou o seu contorno, sentindo um caminho úmido, que ia de onde achava que seriam os olhos, até o queixo, contornou lábios finos, e acariciou a bochecha. Era Rony, o conhecia, mesmo cega.
Então levou sua mão ao seu próprio rosto, e sentiu as bandagens que encobriam toda a região onde costumava usar para enxergar, seus olhos.
Céus, haviam tirado-lhe a visão!

Ela ainda poderia chorar? Mas, mesmo que pudesse, as lágrimas haviam entalado em sua garganta, como se houvesse um nó ali.
Queria apenas dormir e esquecer tudo aquilo. Era um sonho, sim, um sonho sem nexo algum.
Talvez se dormisse e acordasse tudo voltaria a ser como era antes. E sua primeira atitude seria admirar o amarelo do mais belo do sol.

-Estaremos sempre aqui, Hermione! Sempre! – disse Harry. Sua voz trêmula fez com que Hermione percebesse, sem enganos, que ele estava chorando.

Então se abraçaram, os três, como um voto, uma força, como um pacto silencioso. Ou algo maior, que selava a sua amizade, e dizia o quão ela era bela, e eterna.

Gina sabia que jamais entraria para o Trio Maravilha, como assim eram denominado os três. Certamente, entrara há pouco tempo nas aventuras deles. Porque havia se iludido? Não merecia tanto.
Já estava preparando-se para deixar o recinto. Quando dois braços fortes a puxaram e a fizeram entrar no abraço coletivo.
Harry havia, silenciosamente, selado a sua entrada definitiva no Trio, agora Quarteto.
Só que ele não sabia que havia feito-a entrar em sua vida também, mais do que era saudável dizer.

-Irei ficar assim para sempre? – perguntou Hermione, sua voz era fraca e cansada, o gosto amargo da verdade bailava em sua boca e escorria-lhe pela garganta, nunca sentira-se tão péssima, tão frágil.
Seu rosto que estava em um quase tom verde, de tão pálida.
Mas Rony nunca havia achado-a mais bela.

-Não, Mi, jamais – pronunciou-se Gina. Sua voz trêmula e vacilante não saiu melhor do que a da amiga. Mas só em ela falar, já era um avanço.

Hermione não pôde deixar de sorrir. Sim, Gina havia vindo também.
Oh, como queria visualizar a imagem daqueles três, que não fosse em sonhos.

Passou novamente a mão em suas bandagens, sentindo a textura macia das faixas. Sua memória parecia uma caixa vazia. E as poucas informações que tinha, não faziam sentido. Não até certo ponto.
O que acontecera durante a festa de Harry? Lembrava da declaração de Rony, ou o que seria uma.
Mas depois disso, tudo ficou escuro. E era assim que estava até agora, escuro, como nunca tivera antes.

Lembrava-se de que, quando pequena, fechava os olhos e imaginava-se cega, apenas para tatear as paredes da casa e dizer que conhecia o caminho. Como era ingênua, pura e inocente, como todas as crianças. Não havia ainda descoberto que era bruxa, que havia uma guerra mesmo sem ela saber, e que um dia ela presenciaria uma.

Era como se seu medo da escuridão voltasse à tona. Nunca se sentira tão sozinha, esquecida. Mesmo com seus amigos ao seu redor. Não podia vê-los, apenas sentir suas presenças, ouvir suas respirações, sentir suas peles.
Definitivamente, não era a mesma coisa.

-Quem esta ai? –o quarteto escutou uma voz muito conhecida por todos eles logo ao lado. Era Draco, que acordou com a conversa deles.

Sua voz não continha mais aquele tom debochado e sarcástico de sempre. Era um tom cansado, baixo.
Suas energias pareciam tão esgotadas quando as de Mione.
E Rony não sentiu mínima pena ao ofender-lhe.

-Não interessa Malfoy... –disse Rony em um tom onde se expressava somente o ódio. Se Dumbledore não tivesse o protegendo não responderia por seus atos. E, mesmo se fosse expulso, não se arrependeria depois.

-Weasley. Estava me perguntando a razão desse forte odor desagradável, mas parece que descobri a resposta por mim mesmo –disse, apesar de suas energias serem mínimas, ainda não ficava por baixo nas discussões. Era mais que seu orgulho poderia suportar.

Rony levantou, como sempre Malfoy havia cutucado-lhe a ferida. E aproximou-se da cama do louro, olhando-o com um olhar quente de ódio.

-Vou avisar-lhe apenas uma vez, Malfoy, ouse mexer comigo, família, ou amigos. E irá se arrepender desde o dia em que sua alma podre veio sujar o mundo. Já te aturei demais, e aviso-lhe logo, não tenho mais paciência. Acabou no maldito dia em que você resolveu invadir a minha casa com sua corja de assassinos. Então, assim que voltar ao normal, procure manter uma distância aconselhável para a sua saúde. Porque, por enquanto, não bato em cegos.

Invadido minha casa” . As palavras do ruivo ecoavam em sua cabeça. Como ele teria invadido a casa do Weasley, se nem ao menos lembrava-se disso? Oh, sim, lembrava de ter feito o plano, torturado para conseguir informações. Mas não lembrava de ter realmente acontecido.
Recordava-se de estar se preparando com os Comensais, ainda no esconderijo, e repassando todas as fases do plano, lembrou-se do seu temor, suas mãos suando e o coração batendo forte. Mas depois, tudo se tornava uma escuridão. Não se lembrava mais de nada.
Maldição! O que havia acontecido a ele?

-Rony, pára. Ele não vale seu estresse. Ele é apenas um idiota... –disse Hermione, tentando acalmar o ruivo. Rony, por vezes, poderia ser brincalhão, mas, sabia ser bem sério e meter medo quando queria.
Ali estava um Rony que Hermione ainda estava descobrindo, um Rony maduro, mais sério, compenetrado, e, talvez, mais sensível.

Naquele mato tinha coelho. Pensava.
Malfoy havia invadido a Toca, como Rony soltara, e estava cego assim como ela.
Quando iriam se importar em trazer-lhe informações?
Seja o que houvesse acontecido, Malfoy estava envolvido.
E sua intuição dizia que iria precisar do auxílio dele mais do que desejaria.

-Ora, quem está aqui... – disse, maldoso, mas ainda cansado – Sangue-ruim Granger! Porque está aqui na enfermaria, sangue-ruim? Quem fez algo a você? Lembre-me de depois agradecer a essa pessoa.

E com horror Hermione ouviu um urro de dor. Rony tinha se descontrolado. Certo que Malfoy tinha provocado, mas bater em um cego era total covardia. E Rony estava esperando a oportunidade de surrar Malfoy há tempos.

Harry encarregou-se de segurar o amigo, enquanto Gina repetia palavras para deixá-lo mais calmo.

Logo após o acontecido eles ouviram os passos da Madame Pomfrey. Draco pelo visto também ouviu, pois fez mais drama do que geralmente faz. E quando ela entrou na Ala correu para a cama que Draco estava...

-O que aconteceu aqui? – pergunta ela olhando para Harry, Rony e Gina, esperando explicações.

-O Weasley idiota... Me deu um murro, com todas as forças dele. – disse Draco.

Ele, normalmente, teria repelido à enfermeira. Assim como repelia à todos que lhe ofereciam ajuda, não precisava de ninguém, era egoísta e quase auto-suficiente.
Mas, somente naquela noite, não queria procurar intrigas. Ainda não estava fisicamente preparado para isso.

-Oh certo, e você é o santo da história. Me faz acreditar em Papai Noel.- ironizou. Mas quando Madame Pomfrey o olhou severa, escondeu o seu sorriso debochado. E, como presente de boas vindas, tirou cinco pontos da Grifinória, pelo comportamento de Rony.

Logo que a enfermeira retirou-se Malfoy começou a cantar em um tom baixo e irritante “Weasley é nosso rei” apesar de ter se tornado sem graça há séculos, o louro ainda encontrava motivos para rir.
Não que fosse do seu feitio cantar algo, não desde que se tornara um Comensal da Morte, mas sabia que o grifinório não iria atacar-lhe novamente. E estava sendo prazeroso perturbá-lo.

Rony estava pronto para atacar o garoto, de novo. Mas não seguiu em frente, pois Hermione segurou-lhe a mão vacilante, depois de várias tentativas de cometer esse ato, finalmente tinha conseguido acertar o caminho e altura, e ter a mão dele entre as suas.

-Não, Rony! Não faça isso, por favor. Ele ainda é um Malfoy, mas agora está cego. É covardia, você querendo ou não. Se não pode fazer isso por ele, faz por mim.

Rony sorriu-lhe triste, apesar de saber que ela não o veria. E movimentou a boca, mesmo não saindo as palavras, formando a frase “Amo você”. Silenciosamente.


-Ainda não acredito que estou a te ver. – disse Harry, sentando-se ao lado dela e acariciando-lhe os cabelos volumosos.

-Minha menina – disse Rony.

-Minha mãezinha – seguiu- o Harry.

-Minha irmã – completou Gina.

Então os quatro se juntaram para mais um abraço. Poderiam ficar se abraçando durante a noite inteira. Apenas queriam sentir Hermione viva, sentir seu coração pulsando, ouvir o som de sua respiração.
E nunca mais pensar na hipótese de chorar em luto dela.

Mas algo, mais precisamente um barulho, fizeram-nos se afastar.
Era Dumbledore, entrando na enfermaria.

-Sinto interromper tão bela demonstração de afeto. Mas, poderia, vocês três, acompanhar-me à minha sala? – perguntou dirigindo-se a Rony, Gina e Harry. E, quando viu que estavam prestes a contestar ergueu a mão – Terão todo o tempo do mundo para curtir a Srta. Granger, mas o que tenho de falar a vocês não pode ser mais adiado.

-E quanto a mim? – perguntou Malfoy indignado do outro lado, atraindo a atenção de todos os presentes – Ninguém vai me explicar que diabos aconteceu comigo? Não quero ficar nessa escola pateticamente ridícula, me misturando com sangues-ruins e traidores do sangue! Você perdeu, Dumbledore, nada é como você insistiu que eu acreditasse, o Lorde me mostrou caminhos melhores. Ganho mais, por pouco que dou. Não existe o lado bom, existe o poder. Oh, sim, o poder que corre nas veias. No final, ninguém se lembra dos heróis, e acabam se voltando contra eles, sequer são agradecidos. Mas os vilões, meu caro, os vilões jamais são esquecidos.

Os quatro os olharam impressionados com a quantidade de veneno que lhe percorria as palavras, ele era de fato um Comensal da Morte, formado. Deveriam eles começar a temer Malfoy? Mesmo sendo o sonserino que apenas os perturbava com palavras e feitiços comuns, ele agora estava de um lado completamente diferente do deles, mais precisamente o oposto. E parecia gostar do que fazia.
Ter prazer em torturar, em ouvir gritos de dor, de ver olhos vidrados, corpos inertes no chão, cheiro de sangue fresco, barulhos de batalha.
Ele havia seguido o caminho do pai. E, talvez, agora era hora de a Ordem preocupar-se com ele também.
Pô-lo atrás das grades, entregá-lo aos dementadores. Era o preço mínimo a ser pago por aquele ‘sujo’.

Mas Dumbledore apenas sorriu-lhe em compreensão.

-Tudo tem seu tempo, Draco, e, quando perceber do erro que está cometendo, voltará atrás de suas palavras. Não existe o lado bom, nem heróis, existem aqueles que lutam contra os que fazem o mal. Aqueles que se sacrificam em prol dos outros. E são sim eternamente lembrados.
Já conversamos sobre isso antes, Sr.Malfoy, e sabe que daqui, só vai para outro caminho. Então, dê-me apenas uma chance de mostrar-lhe o lado que vale a pena.

Ah, como ele sabia do que Dumbledore falava, que seu destino era Azcaban. Como aquele velho tolo estava equivocado. Era por demais esperto para manterem-no trancafiado em uma cela, e, tinha o Lorde, que decerto o salvaria.
Mas ele só não lembrava uma coisa, não deveria confiar demais naquele a quem serve.

Então o diretor saiu, sendo seguido de perto por três grifinórios extremamente curiosos. Do que estava Dumbledore falando? E, porque o chamava Malfoy pelo primeiro nome, assim como fazia apenas com Harry?

Apesar das inúmeras perguntas que surgiam na cabeça do trio por fração de segundo, o caminho foi percorrido silenciosamente.

Ao estarem na diretoria, Dumbledore sentou-se à sua mesa e conjurou três poltronas confortáveis.

-Desejam chá? – perguntou calmo, enquanto conjurava café para si mesmo.

-Não – disse Harry antes que qualquer um dos ruivos se pronunciasse. Estava ansioso para que tudo fosse esclarecido.

-Certeza? – perguntou Dumbledore, calmo, tomando pouco da sua xícara – Sei fazer um chá que é ótimo para vocês, nesse momento.

Como aquele maldito velho conseguia ficar tão calmo? Pensava Harry.

-JÁ DISSE QUE NÃO QUEREMOS O SEU CHÁ!!! – explodiu o moreno. Era demais para a sua cabeça. E aquela calmaria do diretor havia sido o ápice.

Das inúmeras reações que ele achou que o diretor teria, a única que ele não havia imaginado era sorrir. E fora exatamente isso que ele fizera. Apenas sorrira compreensivo para o seu aluno.
Então pigarreou fracamente.

-Vocês devem ter percebido que a memória da srta. Granger está um pouco afetada. Tem certas coisas que ela não se lembra.- diz olhando para os olhos dos três.– Apesar de, certamente, estar curiosa para saber o que lhe aconteceu para que lhe levassem a visão.

-Mas por que isso, professor? – perguntou Rony um pouco preocupado com o que pudesse acontecer, ou pior... Já aconteceu... Suas mãos estavam suadas e frias, e pequenas gotas de suor já escorriam por sua testa, sinais da ansiedade.

-Aconteceu um, de certa forma, episódio anormal. Uma maldição que julgávamos ter sido esquecida. E em poucos livros temos falando sobre ela, e estão espalhados pelo mundo inteiro.Memento Mori É um termo em latim, que significa: “Lembra-te, homem, que morrerás um dia”. É conhecida pelo desenho de uma flecha na palma da mão de quem foi atingido. Certamente a maldição faria com que a vida da Srta.Granger, fosse uma contagem regressiva para o dia do seu falecimento. Mas, como foram dois atingidos, algo que nunca havia acontecido antes, não poderei informa-lhes das conseqüências. E um dos principais efeitos colaterais é a perda de memória desde a hora em que foi lançado a maldição. Fazendo com que o atingido se esqueça de que está amaldiçoado e não viva a vida com a intensidade que seus últimos dias mereceriam ser vividos.

Os três mantiveram-se em silêncio.Milhares de perguntas e temores explodiam como bombas atômicas em suas cabeças. Era mais grave do que eles pensavam. Claro, não haviam fantasiado que era apenas uma cegueira temporária e suas vidas voltariam ao normal, claro que não. Seria bom demais para ser verdade. Mas, uma contagem regressiva? Era muito para que seus corações agüentassem sem sangrar.

-E...existe uma cura? – pronunciou-se a ruiva, sua voz baixa e temerosa. Rezava para que Dumbledore dissesse o que ela desejava.

-Não posso afirmar-lhes com uma possível certeza, Srta.Weasley, mas, presumo que haja. Nem que seja da mais difícil de ser encontrada. Mas há sim, uma cura.

A ruiva abaixou os olhos e sentiu um gosto salgado em sua boca, uma lágrima tinha desenhado sua bochecha e indo parar lá. O que haviam feito com sua amiga?

-Tal como Sr.Malfoy não se lembra do que aconteceu no dia 31 – completou Dumbledore. Mas ele sabia que o assunto ainda não tinha sido terminado.

-Ele está mentindo Dumbledore! Ele esteve lá, ele é um Comensal da Morte! – exaltou-se Harry, não agüentando seu ódio. Indignado de como o professor conseguia manter calma diante das piores situações. E isso estava o estressando.

-Assim como srta. Granger. Ela lembra que estava organizando uma festa surpresa para você Harry, até a parte em que conversara com o Sr.Weasley, mas, após isso, só lhe resta escuridão - disse Dumbledore, ainda bebendo calma e pensativamente o seu chá.

-Mas para invadir a Toca ele teria que arquitetar um plano, não acha? – perguntou o moreno que já estava de pé, com o roso em brasa de nervosismo – E isso já é um motivo para ele ir para Azcaban!

-Esse assunto só diz respeito a mim e ao Sr.Malfoy, Harry, então desejo que não volte a mencioná-lo.

Outro silêncio totalmente constrangedor. Harry bufava, agora já sentado, Rony escondia a cabeça entre as mãos e Gina admirava o chão.

-Como podemos ajudá-la? – perguntou Rony, levantando-se. O rosto vermelho por ter passado muito tempo com a cabeça para baixo.

Dumbledore respirou bem fundo, sabia que o que ele ia dizer neste instante iria mexer com todos eles.

-Não atrapalhando. Essa é a saída, e a resposta para eles se recuperarem. – diz Dumbledore olhando para Rony cuidadosamente. Mas parece que o ruivo havia entendido o recado.

-Como podemos ajudar ficando de lado? – perguntou Rony se confundindo mais ainda, as orelhas adquirindo um tom vermelho, como se tivessem em brasa. E Dumbledore sorriu tristemente.

-Eles estão muito frágeis neste momento sr. Weasley. E eles precisam achar a resposta, sozinhos. Ninguém pode interferir, se é que o Sr. me entende. Eles estão em uma ligação que somente eles podem achar a saída e mais ninguém.

-Então se eles não acharem a resposta... –disse Rony baixando a cabeça, não queria terminar essa frase. Mas pelo que Harry estava vendo, Dumbledore nem ao menos aparentava estar chateado com a situação. Ou ele não estava se importando, ou sabia esconder os sentimentos muito bem.

-Mas não devemos esquecer a principal coisa... – disse ele, soando esperançoso. – Nós estamos lidando com a bruxa mais inteligente da idade dela. Ela achará a solução rapidamente.
-Tomara que aquela Doninha estragada não a atrapalhe. – disse Rony, encarando o chão, assim como sua irmã ao lado. Eles tinham que ajudar a amiga, era o dever deles! Jamais poderiam ficar de fora. Dumbledore estava louco quando propora aquilo à eles.

-Sr.Malfoy também esta nesta maldição... Ele também precisara participar da procura do contrafeitiço.- disse Dumbledore claramente, sua voz soava mais suave do que nunca. E Harry, sem vontade e forças para prolongar a discussão, perguntou se eles já poderiam se retirar. Poderia pular encima do diretor à qualquer momento.
Lembrou-se por um tempo do ano anterior, quando olhava para Dumbledore e sentia vontade de machucá-lo. Mas agora a vontade era totalmente sua.
Claro, não para machucá-lo, nem nada assim. Apenas queria sacudi-lo pelos ombros e gritar que ele era irritantemente calmo.

-Certamente sim, mas aconselho-os a dirigirem-se aos seus dormitórios. Amanhã poderão ver a Srta.Granger. Ela precisa descansar. Saberei se vocês não o fizerem.

E lançou-lhes um daqueles seus olhares enigmáticos e indecifráveis.

Harry, assim como Rony e Gina se levantam das poltronas e desejando uma boa noite para o professor se retiraram. Enquanto desciam pela estatua da gárgula não se atreviam em dizer uma só palavra. Muitos pensamentos invadiam a mente dos três. Mas sempre os mesmos.
O que aconteceria se Hermione, juntamente com Malfoy, não achasse a resposta?
E se acharem a resposta quando já fosse tarde demais, para algo ser feito?
E se acontecer o pior de tudo? Como eles iriam viver sem aquela garota que já estava na vida deles?
Como aquela melhor amiga, irmã, uma mãe mandona, desapareceria de suas vidas?
Essas eram as perguntas que mais atrapalhavam as suas mentes. E chegando aos corredores Rony não quis mais ficar calado. Aquele silêncio não ia ajudar.

-Eu torço que nessa procura eles obtenham sucesso. Mesmo eu não querendo que Malfoy sobreviva... – disse ele, amargo em suas últimas palavras.

-Mas já que Dumbledore falou que Malfoy é importante para essa procura.... Mas, quando tudo acabar, terei o prazer de fazê-lo sofrer, de algum jeito. Mas, primeiro, atacarei aquela corja de Comensais, Voldemort, e depois irei deliciar-me em uma tortura lenta, Malfoy ainda irá pagar por tudo o que fez, se não fosse por ele, Mione estaria aqui agora, com a gente – interrompeu Harry, e logo foi interrompido por Gina.

-Sucesso para os dois. Somente devolvendo o estado de Hermione ao normal, está ótimo. Podem jogar Malfoy para o fim do mundo, e que ele não volte nunca mais. – ignorou totalmente as palavras de Harry, sabia que o moreno estava fora de si e não seria capaz de fazer mal a uma alma sequer.
E fez das suas as palavras finais da noite.

Nenhum deles não se atreveu de falar mais que isso. Chegando a sala comunal, todos os três seguiram para seus devidos quartos, dizendo um rápido “boa noite” e se retirando.




..

Esforçou-se o máximo para conseguir ficar sentada.Como estava debilitada...
Não sabia se os raios de sol já invadiam as janelas, ou se a lua de prata ainda brilhava no céu.
Apenas não sentia mais sono.
Esforçou-se mais ainda para tentar lembrar-se o que lhe acontecera. Nada.

Sua memória havia sido apagada. Como alguém que apaga, com a borracha, o papel tão bem que não deixa sequer um vestígio do que havia escrito.
Era assim que se sentia, um papel vazio, sem marcas recentes.
Daria seu reino para saber o que tinha acontecido na noite de 31 de julho.

Ouviu um resmungo na cama ao lado. Malfoy, pensou.
O que havia acontecido com ela, poderia apostar tudo o que tinha que Malfoy estava no meio.
Só nem desconfiava como.

Então ouviu passos vacilantes. Primeiro pensou que deveria ser Madame Pomfrey, ou algum dos seus amigos.
Sentiu o colchão afundar rasamente ao seu lado. Como se alguém tivesse tateando sua cama até achá-la.
Sentiu novas batidas fofas ao redor de si.
E surpreendeu-se quando duas mãos fortes seguraram-na agressivamente os ombros e chocalharam-na bruscamente.

-Mas, o que..? – foi tudo o que conseguiu pronunciar enquanto sentia seu corpo e para frente e para trás tão rapidamente que chegava a doer. Então esquivou-se.

-Acorda, sujeitinha Sangue-ruim – ouviu a voz grosseira do louro.

-O que quer Malfoy? – perguntou em descaso.

-Deveria saber como se trata com respeito pessoas melhores do que você, Sangue-ruim asquerosa – disse. A garota sentia seu hálito bem perto de si. E aquelas palavras, mesmo ameaçadoras, não causaram um mínimo arrepio em si.

-E sei, mas as guardo para alguém que mereça. – disse, venenosa.

Continuava com a cabeça direcionada para frente. Se não podia enxergar, não fazia sentido ficar movimentando-a para lado qualquer.

-Deveria saber, Sangue de Lama, que posso ser mais perigoso do que pensa. Não sou mais um garoto fraco da Sonserina, tornei-me um Comensal da Morte, sirvo ao Lorde das Trevas, então, não ouse provocar-me. Não temo matar, o faço mesmo de olhos fechados. Então, guarde suas palavras venenosas, para alguém que te tema – disse ele.Ainda próximo.

Aquelas palavras só mostraram-na o quão asqueroso alguém poderia ser. Ele matava, torturava, servia à Voldemort.

-Não tenho medo de você, Malfoy – disse, firme.

-Nunca é tarde para começar.

Então ela pôde constatar que ele se afastava quando ouvia passos fortes pela enfermaria.
De que servira aquele louro incomodá-la, se nem ao menos havia lhe dito o que queria?

Deveria ter medo dele?
Certamente que não. Ele não era um Comensal, era apenas um menino mimado que achava que poderia ser tudo.
Mas, será mesmo que ele já havia matado alguém?

Apenas não entrava em sua cabeça. Ele não lhe parecia perigoso. Tanto que no terceiro ano lhe dera um soco, coisa que se orgulhava até o presente momento.

Ouviu a fechadura da porta ser forçada violentamente. E depois chutes, murros, na porta.

Ele estava tentando fugir! Mas porque Dumbledore trancara a sala? Ele nunca havia o feito antes.
Certamente ele previra a reação do louro e o fizera para que ele não fugisse.
E fosse para as mãos do Lorde.

Era verdade, Malfoy era um Comensal.
Mas ela ainda era uma ótima aluna, para temê-lo.

-Me tire daqui! – ordenou ele, alcançando finalmente a cama da morena, novamente, derrubando algumas coisas enquanto passava.

Ouviu-o, incrédula, em quem ele achava que poderia mandar?

-Nem que eu pudesse.

Ouviu-o socar a parede, frustrado.

-Velho filho de uma....

-Não ouse terminar essa frase, Sr.Malfoy! – foi ouvida outra voz, feminina e rouca, Madame Pomfrey.

Ouviu passos apressados e barulhentos ecoarem pela sala silenciosa.

-Queira voltar á sua cama, por favor – disse a enfermeira, seca.

Ouviu, horrorizada, o garoto soltar dos mais horríveis palavrões que tinha já ouvira. Claro, sem a enfermeira ouvi-lo. Mas como a audição de Hermione estava mais apurada que o normal, conseguira ouvir como se ele tivesse sussurrando-as em seu ouvido.

Sentiu ainda mais repulsa do louro.
Mesmo cego, não perdia a ignorância, e a mania de achar que era melhor que todos.
Seu orgulho era maior do que tudo, mas era um orgulho doentio. Um excesso de ego.

Ainda não sabia que horas eram, e quanto tempo levaria para seus amigos fazerem-lhe uma visita.
Sua única companheira era a solidão, que sentia certa graça ao incomodá-la por todo o tempo.

Ouviu alguns barulhos ao seu lado, no lugar que provavelmente estaria Malfoy.
Não queria saber o que ele estava aprontando, pouco lhe importava. O quanto menos contato tivesse com gente daquela laia de comensais, melhor seu estado de espírito estaria, e sua alma limpa permaneceria.

O tempo resolvera pregar-lhe uma peça, ou os segundos não passavam?

Ouvia o insuportável barulho do relógio pendurado na parede em frente a si, que nunca havia reparado antes.

Tic, tac Tic, Tac Tic, Tac

Estava sentindo-se amargurada, quando iriam esclarecer-lhe as coisas?

Tic, tac Tic, tac Tic, tac

Sentia na pele o que Harry sentira quando não o mantiveram-no informado de tudo, nas férias passadas

Tic, tac Tic, tac Tic, tac

O que acontecera a si ?

Tic, tac Tic, tac Tic, tac

Enquanto sonhava, só ouvia gritos, sendo respondidos com outros gritos.

Tic, tac Tic, tac Tic, tac

E um flash roxo iluminava a escuridão por escassos segundos.

-Draco?

Ouviu uma voz aguda, feminina, perfurar-lhe os ouvidos.

-Pansy? – ouviu a voz do louro. Algo soava diferente. Seria felicidade por alguém ir visitá-lo? Se é que Malfoy’s conheciam o significado de tal palavra.

-Vejo que sobreviveu – disse ela, sentando-se em uma cadeira próxima à cama do sonserino.

-Vocês irão me explicar que absurdo aconteceu comigo, e que diabos eu estou fazendo nessa escola inútil? – perguntou ele.

-Devo sentir-me feliz em vê-lo? Não perguntou – disse ela, em um tom doce falso – Não posso contar-lhe nada, pois não estava presente. Me deixou fora dos planos, como sempre.

-Guarde comentários para si mesma por enquanto, Pansy, a Sangue-Ruim pode ouvi-la – reclamou-lhe azedo.

Não enxergava, mas tinha certeza que Pansy havia virado-se para olhá-la.

-Devo dizer a todos que ainda respira? – perguntou ela, mais baixo que o eventual.

-Não, por enquanto. Apenas guarde a informação para si mesma. Irão descobrir por mim. Quero ter uma entrada triunfal carregando o corpo da fraqueza do escolhido. Irei realizar um massacre em frente à todos, um show de boas-vindas.

Hermione não deixou de, repentinamente, sentir um arrepio percorrer-lhe o corpo.
Malfoy seria tão mau o quanto não aparentava?
Uma grande parte de si dizia que era só blefe, mas uma parte, mesmo que mínima, dizia que ele poderia realizar tal atrocidade.

Era ela. Algo dizia-lhe isso. Malfoy estava a tecer um plano para tê-la morta em seus braços. Ah, mas não se entregaria tão fácil. Ele poderia ser um Comensal, mas ela ainda era a bruxa mais inteligente de Hogwarts.

Ouviu um barulho de uma porta sendo fechada.
Pansy havia ido embora. Sem ao menos dizer um tchau à Malfoy, e vice-e-versa.
Aquelas pessoas matavam, porque iriam se preocupar com boas educações?
Soava hilário.

Se perguntava porque Dumbledore ainda mantinha-os ali.
Deveriam ir para Azcaban, receber um Beijo do Dementador.
Era o que certamente mereciam.

Sempre achara os modos do diretor meio excêntricos.
Mas manter assassinos em um colégio era mais do que isso, era loucura.

Não duvidava de seu sábio mestre, apesar de não concordar com ele.

Soltou um longo suspiro.
Tédio.

A deixariam assistir aulas, mesmo cega?
Como faria as provas finais, sem sequer ter aprendido os assuntos desde o início?
Seria capaz de escutar o que o professor diria e anotar em sua mente.
Ao menos não ficaria para trás.

Mas sabia que Madame Pomfrey não a liberaria tão cedo.
Já estava cheia de ficar deitada, em mesma posição.

Sem um livro, sem companhia, e perto demais de um assassino de Sangue-ruins.

“Perfeito” pensou irônica.

Conseguiria andar?

Fez um leve esforço e ergueu-se o bastante para ficar sentada. Girou na cama e pôs-se de pé.

Ouviu um barulho ensurdecedor e sentiu doer seus joelhos.

“Outch” resmungou, pondo a mão onde havia batido.

Ser cega era muito mais difícil do que ela imaginava, quando pequena. Parecia que os moveis mudavam dos seus costumeiros lugares só para lhe pregar uma peça.

Pôs os dois braços à frente de si para evitar outro choque. Pensava que conhecia a Enfermaria como a palma de suas mãos, mas estava completamente equivocada.
Tudo parecia mudar, onde jurava que era um espaço vazio havia um móvel para ir de encontro com seus joelhos.
Que a essa hora já deveriam estar vermelhos e inchados. E latejavam de uma forma que estava deixando-a louca.

E seus joelhos bateram violentamente numa superfície fria. Julgou ser outro leito.
E não pôde segurar uma exclamação de dor. Suas mãos erguidas pouco estava adiantando, pois todos os moveis tinham a altura semelhante à das suas pernas.
Continuou a mover-se, mesmo que vacilante. Apenas queria sentir-se viva.

Sentiu sua mão bater com força, não propositadamente, numa superfície macia.
Que urrou de dor.

-Filha da p...!!! – foi o que ouviu logo em seguida.

Oh, tinha acertado Malfoy. Mas simplesmente não se sentia minimamente culpada.

-Tenha modos, Malfoy – repreendeu a garota.

-Sua suja, jamais ouse encostar sua pata em mim novamente. Fui claro? – ameaçou, sua voz era lenta e ameaçadora – Jamais ouse me contaminar com esse sangue sujo que corre nisso que deves chamar de veia. Senão irei forçá-la a aprender a jamais aproximar-se de um Sangue-puro.

Sentiu raiva, muita raiva. Aquele idiota sabia como lhe tirar do sério. Era como se ele tivesse lido um manual sobre si. Um dia ele iria precisar dela, tinha certeza, e faria com que ele retirasse cada ofensa suja que ousara dirigir à ela.

Apenas ignorou-o, apesar de seu desejo ser pular encima dele e socá-lo até a morte, não queria discutir. Seu estado de espírito não estava bom o bastante para sustentar uma discussão.
Então continuou o seu percurso.

Sentiu sua mão tocar uma superfície dura. Pensou ser a parede, mas quando escorregou a mão mais para baixo sentiu a fria fechadura. Era a porta.
Se não tivesse fechada teria saído e poderia desfrutar de companhias. Ouvir vozes, sentir que não havia apenas ela no mundo.

-Srta.Granger! – ouviu um grito fino.

Madame Pomfrey só aparecia quando alguém estava fora da cama, ou era sua impressão?

-Vamos, venha, voltar ao seu leito – disse, segurando a mão da menina e arrastando-a.

Soltou um resmungo inaudível e deixou-se se guiada pela enfermeira.
Sentiu novamente a superfície macia da cama, e deitou-se nela.

-Abra a boca – disse Madame Pomfrey.

-Pra quê? – perguntou a grifinória, curiosa. Ah não! Era hora de tomar a poção.

Sentiu o gosto amargo descer por sua garganta. Como odiava ficar internada.
Perdia aula, ficava sem os amigos, sempre deitada, e ainda tinha que beber poções horríveis. Que sorte, não?

Então ouviu a enfermeira afastar-se.

-Faça o favor de abrir a boca, Sr.Malfoy – disse a enfermeira, seca.

Foi o que ouviu Hermione, deitada e curiosa na cama ao lado.

-Porque deveria? – perguntou o louro rude.

Como Hermione queria avançar encima dele e esfregar em sua cara que ele não era melhor do que ninguém.

-Poção – disse Mme.Pomfrey, sem paciência.

Sentiu o louro praguejar algo, certamente também já havia bebido sua dose.

Aquele escuro estava deixando-a louca!
Como iria viver assim?

Que fosse de fato passageiro, assim como tinha dito Gina. E estava contando os segundos para que passasse.
Quanto tempo iria passar assim?
Dias, semanas, meses, anos?

E ninguém ainda havia se comovido para lhe contar a história.

Ouviu a porta ser aberta e vários passos ecoarem pelo salão silencioso.

-Mione!! – disseram três vozes felizes, e sentiu vários braços ao redor de si. Seus amigos haviam chegado.

Sua ânsia tinha terminado. Eles tinham voltado, pra ela. Como era bom ouvir suas vozes de novo, depois de horas de vazio e escuro. Sentia-se renovada.

-Bom dia gente – disse, alegre – Então, como foi a primeira aula?

-Péssima – responderam Harry e Rony ao mesmo tempo – Snape.

Finalmente tinha achado um lado bom em estar na enfermaria. Não teria que aturar Snape na primeira aula do primeiro dia.
Poderia chamar de sorte?

-E temos uma surpresa maravilhosa pra você – disse Gina em voz de mistério.

-Lupin voltou a lecionar em Hogwarts! – exclamaram os três, felizes, ao mesmo tempo, como se tivessem ensaiado.

-Mentira!! – Desejava com todas as suas forças para que saísse logo dali e ir assistir a aula de DCAT – E ele não nos falou nada!

-Talvez ele quisesse fazer uma surpresa. – comentou Rony, feliz com a felicidade da castanha.

-Mestiços, sangues-ruins, e agora lobisomens como professores – ouviram uma voz arrastada e sarcástica – Isso aqui não poderia estar mais sujo.

-Cala a boca, Malfoy – disse Gina, com sua voz carregada pelo ódio. Hermione e Draco não puderam ver, mas naquele momento, suas orelhas estavam incrivelmente vermelhas, e seus olhos haviam escurecido.

-Olha só, a Weasley Fêmea aprendeu a falar. – debochou – Trago um recado do Lord pra você, ele quer agradecer por ser tão prestativa ao ajudar a liquidar sangues-ruins e mestiços no seu primeiro ano. E que as portas estarão abertas do nosso lado.

Após dizer isso soltou umas gargalhada repugnante, apesar de seu discurso não ter tido a mínima graça.
Malfoy’s nunca riam. E não era risada aquilo que saía de sua boca e preenchia o ouvido de todos.
Era um modo nojento de dizer que estava humilhando alguém.
Ele, certamente, ganharia muito mais se permanecesse calado.

-“Querido Tom, hoje eu tentei falar com o Harry, mas como sempre ele nunca me notou” – disse ele, citando divertidamente as frases escritas pela ruiva no diário – “Querido Tom, estou me sentindo tão confusa! Não me lembro mais do que faço e acordo com as vestes com sangue”

-Pára, Malfoy – advertiu Harry. Não iria deixar que aquele ser asqueroso zombasse dos traumas de Gina, de algo que ela estava tentando esquecer.

Olhou para a ruiva. Era como se um filme estivesse passando pela cabeça dela, devido à sua expressão, seus olhos estavam vagos , seu rosto estava pálido e quase verde, dando mais enfoque ainda à vermelhidão de suas orelhas.

-“Querido Tom, você pode me ajudar a conquistar Harry Potter?” – seguiu o louro como se não tivesse ouvido o inimigo, era como se tivesse cantando suas palavras – “Querido Tom, estou confusa! Hoje eu quis atacar Dumbledore, veio essa vontade assim do nada! Estou com medo”

-EU MANDEI PARAR – gritou o moreno, já vermelho. Assim como os da ruiva, seus olhos haviam escurecido assustadoramente, estavam agora quase pretos, trancados.

Gina estava jogada no chão, com as mãos tapando os ouvidos, olhos fechados e expressão de dor.
Seu rosto estava vermelho pela força que fazia para não lembrar. Mas as lembranças teimavam em preencher sua cabeça.

Harry rapidamente caiu ao seu lado e abraçou-a.
Sussurrando que estava ali e que nunca iria deixar que aquilo acontecesse de novo.

-Eu fui fraca, Harry – chorou a ruiva, com a cabeça no peito do moreno.

-Você teve uma coragem admirável, Gina, jamais diga isso de novo – disse o moreno, acariciando o cabelo da ruiva, enquanto sentia sua camisa molhar.

Hermione estava alheia a tudo. Seu rosto estava posicionado para a frente, apesar de não poder fazer e nem ver nada.

-Rony? –chamou a morena. Estranhando o ruivo não ter ainda gritado com o louro, ou pior, socado-o.

-Eu prometi, Mione, por você. Que não iria bater em Malfoy enquanto este tivesse cego – disse o ruivo, rouco ao seu lado, como se tivesse lido os pensamentos da morena.

E ela então sentiu dos braços fortes ao redor de si.
E perdeu-se em seu calor, sentiu-se protegida, aspirando aquele maravilhoso perfume que exalava deles.

-Eu tenho medo, Harry – disse Gina, baixinho – Tenho medo de que eu possa servir para ele de novo. Tenho medo que ele possua minha mente, que me faça matar alguém, ferir, torturar.

-Eu nunca irei deixar, Gina, ele chegar perto de você, sempre irei te proteger – sussurrou o moreno de volta, sua voz rouca e reconfortante.

Beijou-lhe o topo de sua cabeça.

-Promete? – perguntou a ruiva olhando em seus olhos.

-Prometo – ele disse, abraçando-a de volta.

Por um momento, abraçaram-se os casais.
Rony e Hermione estavam perdidos uns nos outros, em um abraço terno.
E Gina e Harry sentados no chão, sentindo a proteção e conforto um do outro.

E por um momento esqueceram-se que compartilhavam o local com um Comensal da Morte, que, no momento, morria de inveja do amor que exalava da alma deles.



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N/A.a: Uffa, finalmente... Desculpem pela imensa demora, mas a vida pessoal nem sempre nos deixa ter o luxo de entrar todo dia na internet... --‘
Mas mesmo assim, espero que aproveitem bastante esse capítulo, foi uma luta fazê-lo. Mas está ai...
Beijão..

By: Antonina...

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