Capítulo 1
Capítulo 1: Sobre sonhos, cartas e arrombamentos
Um grito ecoou no nº 4 da Rua dos Alfeneiros. Um garoto de dezesseis anos acordava assustado em sua cama. O suor escorria pos sua face e sua cicatriz ardia com uma intensidade incrível enquanto ele tentava normalizar a respiração, que estava ofegante. Não agüentava mais aqueles pesadelos, e eles estavam cada vez piores desde aquele dia em que saiu do labirinto do Torneio Tribruxo carregando o corpo sem vida de Cedrico Diggory nos braços, a quase 2 anos. Desde que Lord Voldemort se reerguera nada mais era como antes. As ruas eram tomadas pela neblina e escuridão noite e dia pela fuga em massa dos dementadores de Azkaban. Os noticiários trouxas informavam a população a todo o momento sobre acontecimentos “anormais” e mortes misteriosas que ninguém sabia explicar. Mas ele sabia. Sabia que tudo de estranho e anormal que estava acontecendo era culpa de Voldemort , e sabia que nada voltaria a ser como antes enquanto o Lord da Trevas não fosse derrotado...Enquanto ele, Harry Potter, não o matasse.
Ele passou a mão pelos cabelos negros, umedecidos pelo suor e levantou-se de sua cama, indo em direção a janela do quarto. Ele ainda pensava em tudo o que estava acontecendo. Sua vida mudara tanto em tão pouco tempo...A quase sete anos ele era um menino magricela de 11 anos, que dormia embaixo da escada e derepente descobriu que era um bruxo e que tinha sido o único a sobreviver a um ataque direto do bruxo das trevas mais poderoso de todos os tempos. Agora ele já tinha 16 anos, pronto para fazer 17. Havia descobrido que, não só era “o menino que sobreviveu”, como que também cabia a ele matar o Lord das Trevas. Todo aquele estranho mundo com que ele havia se acostumado a conviver, o mundo em qual ele se encaixava estava de cabeça pra baixo e todas as pessoas que ele amava estavam escapando por entre os dedos dele e iam desaparecendo ao longe, sem que ele pudesse fazer nada para impedir. Primeiro Sirius, agora Dumbledore...Já não sabia mais o que fazer nem o que pensar.
Ele olhou para o horizonte. Ainda estava escuro, não devia ser mais de 3 da madrugada e ele sabia que não iria conseguir voltar a dormir. Ele então sentou em sua cama e empenhou-se em lustras o cabo de sua Firebolt. Lembrava-se dos jogos de quadribol que havia jogado pela Grifinória, das comemorações que aconteciam depois de cada vitória. Sua mente congelou-se e sua respiração pareceu parar por um momento. Sim, existira uma comemoração em especial: aquela em que ele a havia beijado pela primeira vez...
Seu coração deu um salto com a simples lembrança da ruiva. Como doera terminar com ela, mas era preciso. Não poderia continuar com ela, de maneira alguma! Isso seria a mesma coisa que oferecer um pedaço de carne a um bando de leões famintos. É claro que Voldemort não perderia a chance de o atingir usando-a, e ele não iria permitir que ela caísse nas mãos dele, não outra vez. Não importa o que lhe custasse.
Ele ouviu um ruído e olhou para a janela recém-fechada, avistando uma pequena coruja, do lado de fora, carregando uma pacote no mínimo umas duas vezes maior que ela batendo no vidro, pedindo passagem.
- Pichí!
Ele abriu a janela para janela para que ela pudesse entrar, e assim que ela o fez ficou voando de um lado para o outro do cômodo, fazendo muito barulho, impedindo que o garoto pegasse o pacote que ela carregava.
- Pichí! Fica quieta! Você vai acordar meus tios!
A pequena coruja parou um pouco de piar, mas continuou voando em círculos pelo quarto.
- Fica parada, se não eu não vou conseguir pegar a carta do Ron!
Ele subiu em cima da cama e começou a pular tentando alcançar a coruja. Finalmente lê conseguiu pegá-la ele desamarrou o pacote da pequena perna da coruja e a colocou na gaiola, junto com Edwiges.
Harry sorriu ao ver a letra do amigo na carta. Abriu rapidamente e começou a ler:
Ele riu de novo ao ler o nome do destinatário. eles agora não podiam mais citar o nome de Harry nas cartas, por ordem do Ministério, que dizia ser para garantir sua segurança. Mesmo Harry achando isso uma perda de tempo eles mesmo assim arranjaram algum nome para substituir o de Harry nas cartas, e os apelidos idiotas que Malfoy lhe dera vieram bem a calhar.
- Malfoy...- ele cerrou os dentes e fechou o punho com força ao lembrar daquela doninha. Onde ele devia estar agora? Com certeza em algum buraco sombrio comemorando a morte de Dumbledore juntamente com Snape e Voldemort...Desgraçados, eram o que eles eram. Mas eles pagariam por tudo o que fizeram. Ele próprio se encarregaria de matá-los.
Ele saiu de seus desvaneios com um pio de Pichí, que parecia lembrá-lo de ler a carta do amigo.
Tudo bem com você? Bom, espero que sim, porque aqui em casa as coisas estão de cabeça pra baixo! Fleur está eufórica! Fica encanando com os mínimos detalhes e isso já está deixando mamãe a beira de um ataque de nervos! Gui disse pra ela não se estressar, que Fleur só está querendo que saia tudo perfeito, eu já digo que é frescura...
Hermione já está aqui e está ajudando mamãe com os preparativos com aquele jeito dela de “deixe-tudo-comigo-que-eu-sou-a-senhorita-sabe-tudo”!
Você vem para o casamento, não vem?
Papai disse que a Ordem só está esperando você completar 17 anos pra te tirar daí, isso se você quiser, é claro...
Precisamos conversar sobre “ela”, você tem muito o que me explicar. O presente é “dela” também.
Abraços, Ron.
Harry ficou feliz pela carta, mesmo sendo curta e não dizendo muito coisa, pelo menos significava que o amigo não tinha ficado bravo por ele ter terminado com Gina. Pelo menos não muito. Ele abriu o pacote que veio junto com a carta e ao ver o conteúdo seu coração parou de bater por um segundo e logo em seguida passou a bater num ritmo descontrolado.
Ele tirou de lá um belo porta-retrato de madeira, cheio de arranjos nas bordas, que continha uma foto dele e da menina à beira do lago de Hogwarts. Estavam abraçados e sorrindo. Devia ter sido tirada por Colin, melhor amigo da menina, logo após que eles começaram a namorar. Ela estava com aquele sorriso encantador que ele tanto amava, o sorriso que o fazia perder o chão.
Dentro do pacote havia outra carta, pequena, era quase um bilhete. Ele reconheceu a letra e o perfume da ruiva no pequeno pedaço de papel. Ele abriu a carta e começou a ler:
Sei que não devia falar seu nome nas cartas mas eu acho essa medida que o Ministério tomou extramente idiota, me desculpe.
Espero que você tenha gostado da foto, é a minha favorita! Tenho tantas lembranças boas desse dia...
Queria tanto que você estivesse aqui...estou com saudades.
Eu te amo.
Com carinho, Gina.
Harry estava estático. Gina fora curta e direta, uma das principais características dela. Mas ele não esperava por aquele “Eu te amo” dito de forma tão carinhosa. Não podia negar que aquelas 3 palavrinhas tinham feito um estrago enorme na cabeça e no coração dele. Quer dizer, mesmo depois do que ele disse no enterro de Dumbledore, mesmo ele tendo terminado com ela de uma hora pra outra, ela ainda queria estar com ela e dizia que o amava? Felicidade era pouco comparado ao que ele estava sentindo.
De repente ele ouviu um forte estampido vindo do andar de baixo. Ele se levantou com um salto e colocou as duas cartas e o porta-retrato em cima da cama. Pegou a varinha e a segurou com firmeza enquanto abria a porta do quarto e se dirigia para o corredor.
Ouviu a porta do quarto dos tios ser aberta de supetão, revelando a face já púrpura de seu tio.
- Seu moleque! O que diabos você está aprontando aqui a essa hora da noite? Já disse que não quero você fazendo da suas “esquisitices” dentro da minha casa! - disse Tio Valter, apontando um de seus dedos gordos para Harry.
- Pai? O que está acontecendo? – Duda também havia acordado e já estava no corredor junto aos pais
- Ta tudo bem Dudinha querido. É só seu primo insolente aprontando de novo – Tia Petúnia já tratou de abraçar o filho corpulento e tentar acalmá-lo como se ele ainda fosse um bebê.
Outro forte estampido foi ouvido, e esse veio seguido pelo barulho de algo caindo com um baque no chão. Os quatro imediatamente olharam para o andar de baixo mas não conseguiram ver nada devido a escuridão que ainda dominava o local. Harry se virou para os tios e apontou a varinha para direção deles.
- Vocês três fiquem aqui. Eu vou lá ver o que está acontecendo. – ele se virou e caminhou em direção as escadas.
- E quem me garante que você não vai explodir a minha casa com essa sua “coisa”, seu anormal? – Tio Valter já marchava em sua direção
- EU DISSE PRA FICAREM AÍ!...PETRIFICUS TOTALUS! – ele gritou o feitiço ao perceber que o tio não lhe daria ouvidos. Tio Valter caiu petrificado no chão e imediatamente a mulher e o filho foram correndo até ele tentar socorrê-lo. – E VOCÊS DOIS ME OBEDEÇAM, SE NÃO QUIZEREM FICAR COMO ELE! - Os dois acenaram com a cabeça, assustados.
Harry desceu as escadas cauteloso. Agora a sala estava silenciosa. Quando desceu o ultimo degrau ele pisou em algo, e viu que o barulho de algo caindo era a porta da sala sendo derrubada. Ainda com a varinha em punho e pouco se importando se estava ou não de pijama, ele saiu para a rua, procurando algum indicio de quem ou o quê havia arrombado a casa.
Ele já estava quase na esquina quando começou a olhar para os lados, para as outras casas. Parecia que ninguém havia ouvido o barulho vindo da casa dos Dursley, felizmente. É, feliz eram os trouxas que estavam desinformados de tudo o que estava acontecendo. Não sabiam da guerra e então não tinham nada com o que se preocupar alem de suas ocupadas vidas. Ele estava mergulhado nesses pensamentos que quase foi atingido pelo feitiço pronunciado por alguém atrás dele.
- Immobilus! – Harry conseguiu ser rápido e escapou por pouco do feitiço – Estupefaça! – Harry correu e se escondeu atrás do carro mais próximo. Ele olhou cautelosamente por cima do carro e viu que era um comensal.
- Saia daí bebezinho Potter, não seja covarde. Mostre que é igual a aquela escoria da humanidade que era seu padrinho idiota!
O sangue subiu a cabeça de Harry. O insulto a ele mesmo e em seguida à Sirius fez com que ele perdesse a cabeça. Ele se levantou e saiu detrás do carro, segurando a varinha firmemente na mão e ficando frente-a-frente com a comensal, a qual ele já havia reconhecido pela voz.
- Oh! Vejo que ainda não perdeu toda a sua bravura pequeno Potter! – Bellatrix Lestrange abaixou o capuz após Harry ter se levantado e mostrou seu rosto, que no momento esboçava um de seus maldosos sorrisos
- O que faz aqui Bellatrix? Cansou de ser capacho e resolveu fazer as coisas por conta própria? – Harry disse debochado. Ele pode ver a face da comensal se avermelhar.
- Estou aqui para terminar o serviço que o filhote covarde do Malfoy e o imprestável do Severus deveriam ter feito, Potterzinho. Acho que conhece o ditado: se quer algo bem feito, faça-o você mesmo.
- E seu mestre sabe que está aqui? Foi ele quem lhe deu ordem para vir me pegar? - Provocou Harry, tentando ganhar tempo enquanto sbolava algo para escapar da comensal.
- Ora Potter, não estou aqui pra ficar de conversinha mole com você...Estupefaça!- a comensal voltou a avançar pra cima do garoto, que desviava com dificuldade, enquanto rebatia com outros feitiços, claramente mais fracos. – Expelliarmus! – por fim, Harry foi atingido. Sua varinha voou longe e ele caiu no asfalto. Bellatrix sorriu. – Agora te peguei Potter! Avada Ked...
- Impedimenta! – Harry já havia fechado os olhos, esperando pela morte quando ouve outro sendo pronunciado por alguém. Ele abre os olhos e vê que quem havia pronunciado o feitiço era Lupin, que estava agora entre ele e Bellatrix.
- Bellatrix Lestrange... resolveu agir por conta própria agora? Ou Voldemort achou que apenas você seria o bastante para acabar com Harry? – Lupin falava irônico, mantendo a varinha apontada para Bellatrix, que estava completamente irada pela interrupção e por ter sido descoberta. Enquanto isso Tonks e Moody, que havia vindo junto com Lupin, foram ao auxilio de Harry.
- Você está bem Harry? – Ela o ajudava a se levantar, já que ele havia torcido o pé quando se jogou atrás do carro – Parece que você tem um certo talento para entrar em encrencas eim? – Ela disse sorrindo para o garoto, que retribuiu – Ah, espere...Accio varinha! – A varinha de Harry, que havia voado longe, voou em direção a mão da auror, que a entregou a Harry – Acho melhor você não ficar sem ela, devido as circunstancias – ela piscou para Harry.
- Moody, como Bellatrix conseguiu chgar até aqui? Até onde eu sabia Dumbledore havia colocado uma proteção na casa dos meus tios até que eu completasse os 17 anos... - perguntou Harry, confuso.
- Realmente, eu estou tão surpreso quanto você garoto. Minerva me contou sobre essa proteção de Dumbledore, e devo dizer que assim que retornarmos à Ordem irei procurála pra esclarecer as coisas.
- Isso é realmente...reconfortante. – Harry disse irônico e massageando o pé torcido, já que saber que a tal proteção que Dumbledore havia posto estava “falhando” e que Voldemort agora poderia entrar ali qualquer hora e matá-lo era no mínimo preocupante. Tonks sorriu
- Remo, Remo... que surpresa você aqui! Pensei que tivesse medo da lua. – Ballatrix sorriu malvadamente enquanto via o rosto de Lupin se contorcer – Mas não vamos prolongar mas essa conversa... Crucio!
Os gritos de dor de Lupin ecoaram na rua deserta. Devia haver algum tipo de feitiço contra som, já que parecia que os trouxas não ouviam nada. Bellatrix gargalhava.
- Fique com o garoto, Nymphadora. - disse Moody, partindo para ajudar Lupin. Ele tentou estuporar Bellatrix, que foi obrigada a interromper a tortura de Lupin para poder desviar. Ela e Moody começaram então a duelar e Tonks agora encarava a dúvida entre obedecer a ordem de Moody de proteger Harry ou socorrer Lupin, que agora estava caido no meio da rua, mas ela parecia ter decidido a dar prioridade a Harry.
Bellatrix e Moody continuavam em seu duelo acirrado. Embora não pudesse ser tão rápido quando a comensal, Moody tinha experiência e não tinha dificuldade em se defender e revidar os feitiços de Bellatrix, permitindo um duelo de igual para igual. Subitamente Bellatrix interrompeu os ataques e levou a mão ao braço esquerdo que queimava intensamente.
– Tiveram sorte, escória. Nos veremos em breve garoto. – ela olhou para Harry e sorriu com maldade. Com um aceno da varinha desaparatou. Assim que ela desapareceu Tonks correu até Lupin. Ele agora tentava se levantar, tremendo.
- Por Merlin Remo, você está bem? – Ela o amparava enquanto ele tentava recuperar a força das pernas.
- Sim Tonks, estou bem, só um pouco tonto - ele cambaleou um pouco mas conseguiu se manter de pé. - Voldemort está ficando ousado. Um ataque surpresa direto a Harry em meio ao mundo trouxa... Se bem que não podemos mais nos surpreender com nada.
- Sinceramente Remo, não creio que Bellatrix tenha vendo por ordem de Voldemort. O maldito deve querer acabar com Harry com as próprias mãos, Bellatrix deve ter vindo na esperança de agradar o mestre matando o garoto. – Moody dizia irado com seu olho mágico rodando para todas as direções se certificando que não havia ninguém na rua. - Feitiço de contra-som. com certeza ela não queria chamar atenção dessa vez, já que normalmente os comensais não se importam se os trouxas vêem alguma coisa ou não.
- Acho melhor irmos andando. Molly e os outros devem estar esperando por nós e por alguma noticia do Harry. - disse Tonks, parecendo estar com pressa.
- E eu? Vou ter que continuar aqui? – Harry se virou para Tonks já se irritando.
- Não garoto. Assim que trouxermos seu tio ao normal e pegarmos suas coisas estaremos te levando direto para a Ordem.
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