Palavras Confusas



Capítulo 2 – Palavras Confusas




As pessoas diziam que ela era muito explosiva. Impaciente e pavio curto, mas ela não podia mudar as características de uma Weasley. Não era à toa que ela tinha cabelos cor de fogo.

Contudo, francamente, ela não se lembrava de sentir-se com tanta raiva mesmo em suas lembranças mais escolares e acadêmicas, onde a irritação era quase diária, principalmente com as pessoas daquela laia. Porém na escola, claro, esse era o tipo de coisa banal que deixava sua cabeça de imediato. Mas não agora. Não nessa situação.

Passar pelo Quartel de Aurores havia sido outra coisa que deixara-a extremamente furiosa. Aqueles olhos insolentes de alguém ainda mais atrevido fizeram-na queimar por dentro e Gina quase poderia Ter gritado se isso não soasse tão insano. Para mostrar que pouco estava ligando Gina lançou seu melhor pior olhar a ele. Os passos apressados, no entanto, mostravam que hoje ela estaria num péssimo humor. Adentrou o Escritório do Uso Impróprio da Magia com os punhos crispados, tamanha sua cólera. Foi direto para seu escritório particular, alheia às pessoas com quem ela esbarrara na entrada.

Gina jogou-se na sua cadeira, bufando e com uma vontade enorme de chutar algo, mais precisamente a cara de um certo loiro. O que havia dado nela para pôr sua reputação abaixo justamente na frente de... Malfoy?

A porta interrompeu suas divagações, abrindo-se com cautela enquanto Maggie Doherty introduzia seu pequeno rosto na abertura mínima.


- Gina? – chamou, enquanto recebia um som de impaciência da ruiva, mostrando que ela estava claramente ouvindo – É que... Tem alguém aqui procurando por você.

Ela revirou os olhos, tentando parecer neutra em seguida ao olhar Maggie. Gina engoliu todas as palavras grosseiras que vieram a sua boca, falando apenas:


- E quem é? – perguntou, sem conseguir conter uma nota detestável em sua voz.

Se fosse aquele impertinente Draco Malfoy...


- Luna Lovegood. – disse, abrindo mais a porta, como que convencida que Gina não fosse atacá-la se a visitante estivesse por perto.

Os pensamentos ridículos sobre os acontecimentos anteriores foram imediatamente afastados para o fundo de sua mente, enquanto as madeixas douradas de Luna adentravam o escritório. A sua alegria estava bem à mostra e um sorriso radiante desenhava-se no rosto da loira, que parecia quase querer saltitar. Por mais que estivesse ainda aborrecida sobre essa péssima manhã, Gina não pôde deixar de sorrir, mesmo contra sua vontade.


- Vejam só quem está feliz... O que houve com a Srta Sorriso?

Luna atravessou a sala em passos leves. Ela sentou-se à frente de Gina, logo depois entregando o cachecol esquecido em sua casa. Luna, com a face iluminada, esperou um pouco para responder.


- Nada de muito importante, Gina. Eu só... Bem, eu só acho que as coisas vão mudar um pouco.

Gina levantou as sobrancelhas, curiosa pelo tom que Luna usara.


- Ah, é? Mudar como?

Luna desviou os olhos, observando o pé esquerdo que batia silenciosa e insistentemente no assoalho. Respirou fundo antes de retornar a falar.


- Escuta, nós podemos adiar aquele almoço que marcamos para hoje?

Gina enrugou a testa pela mudança abrupta de assunto. Aliás, estranhou que Luna estivesse adiando tal encontro, de modo que fora ela quem marcara-o, reclamando que havia tempo que as duas não almoçavam juntas. Gina realmente concordava com ela, por achar que estava trabalhando demais e esquecendo-se de sua vida pessoal, e acabou por confirmar o compromisso.


- Ahn... Acho que sim. – ela parou um pouco – Por quê?

Luna fez um barulhinho nasal que denotava divertimento. Sua mão direita foi direto para a orelha, coçando sua ponta, como sempre fazia quando não sabia como iniciar uma conversa. Gina analisou-a momentaneamente, perguntando-se o que havia acontecido de tão fantástico para todas essas reações de Luna.


- Porque... – Luna suspirou – Rony me convidou para almoçar com ele e eu meio que aceitei.

Gina arregalou um pouco os olhos, deixando a boca cair descaradamente, recompondo-se em seguida.


- Er... Luna---

Luna parou-a. Ela tinha certeza, pela expressão da ruiva, que Gina ia começar a discursar, como fizera certa vez.


- Gin. Você sabe que isso é importante para mim!

As palavras haviam fugido de Gina, e ela estava procurando-as desesperadamente em sua cabeça. Gina levantou-se, andando de um lado para o outro, passando a mão pela nuca várias vezes seguidas. Alguma coisa dizia dentro dela que Luna estava se precipitando depois do fim da relação entre Rony e Hermione. Ela recostou-se na parede.


- Luna... – ela parou por uns segundos – Eu não sei o que dizer.


- Um “vai em frente” seria um bom começo.

Ela suspirou longamente, ambas as mãos cobrindo sua boca.


- Olhe, – procurou pelos olhos de Luna com os seus próprios. Encarou-a com seriedade – só me prometa uma coisa, certo?

Luna não sabia se deveria concordar com Gina. Ela desviou o olhar por um instante e retornou à ela. Seu sexto sentido falava que não era algo bom e ela hesitou.


- Depende do que for.

Gina estava com uma expressão inquisidora, provavelmente querendo que Luna confirmasse com todas as letras, mas o receio era muito grande. Oh, ela não deveria Ter contado nada sobre Rony. Luna arfou, cruzando dois de seus dedos furtivamente em seu colo.


- Okay, tudo bem. O que é?

A ruiva fitou-a maternalmente. Novamente parecia nervosa.
- Prometa... Prometa que não vai se envolver com Rony. Não agora.

Luna enrugou o nariz, levantando-se também.


- Mas como--- Como assim? Quer dizer, Gina... – ela fez uma careta, não entendo onde Gina queria chegar com aquilo. Mexeu as mão em algum tipo de exasperação e indignação – Você sabe como eu gosto de Rony! Não dá para prometer uma coisa dessas, mesmo que você seja minha melhor amiga. É uma promessa sem cabimento!


- Lu, tente entender...


- Como eu posso entender uma coisa dessas? Isso não é lógico! Rony e Hermione já termin---

Luna parou, dando-se conta do motivo de tudo isso. Sentiu-se triste instantaneamente, olhando magoada para Gina, que se sentiu horrível. Sabia que ela havia tirado conclusões erradas. Abaixou a cabeça, escondendo o rosto com os cabelos.


- Então é isso. Hermione.

Gina abriu a boca, mas Luna continuou.


- Você quer que eu desista dele por causa de Hermione.

Gina sentiu vontade de se explicar rapidamente, antes que Luna tirasse outras conclusões. Ela tentou falar, mas ao ver que os olhos de Luna estavam brilhantes de lágrimas, parou a meio caminho.


- Puxa... Ela já teve a chance dela! Mas que droga! – xingou, quando sua face se umedeceu. Luna secou-o agilmente – Será que não é a minha vez de tentar ser feliz?


- Luna ---


- Cale a boca! Só porque você e Bruce terminaram não quer dizer que o resto mundo mergulhe em infelicidade.


- Não é isso ---


- Fica quieta! – os cabelos de Luna mexeram-se rapidamente a medida que ela se exaltava mais – Fica quieta. Não precisa mais dizer nada. Eu já entendi tudo. Eu só... vou embora.

Luna apanhou sua bolsa velozmente e sem nem olhar para trás, saiu do escritório batendo a porta com bastante força. Gina encarou o chão, sentando-se pesadamente na cadeira e pensando que o dia estava apenas começando.

**

A Sala de Reuniões estava quase completamente ocupada, exceto talvez por uma ou duas cadeiras que continuavam vazias. Ele sabia bem que o chefe odiava Aurores que se atrasavam, principalmente se estes eram muito novos e pouco experientes. Benjamin Andrews bufou, tamborilando os dedos rechonchudos na mesa, de uma forma que irritava. Ultimamente ele andava muito ocupado para ficar se importando com os tiques estúpidos de seu chefe. Benjamim enfim levantou-se da cabeceira da mesa, soltando fogo pelas narinas.


- Onde está aquele maldito Malfoy?

A maior parte das pessoas deu de ombros, ou sequer respondeu.


- Onde mais eu estaria?

Harry revirou os olhos. Draco sempre costumava ser o último a chegar nas reuniões, entrando ou interrompendo tudo para chamar a atenção para si. Draco adentrou a sala altivamente, jogando um rolo que ele identificou como sendo o mapa da costa oeste de Norwin que Benjamin pedira.


- Podemos começar a merda da reunião? – esbravejou Benjamin.

Tendo o silêncio como resposta, Benjamin sentou-se novamente, encarando os Aurores com dureza. Juntou as mãos dramaticamente à sua frente, unindo as pontas dos dedos.


- Muito bem. Little Hammer amanheceu com metade da cidade destruída e durante a noite foram registrados alguns fatos estranhos que devem ser levados em consideração quando as investigações começarem. – ele abriu o mapa, posicionando dois pesos de papel para cada uma das pontas – De acordo com as últimas informações que os Aurores que estão em Plyburgh nos passaram, a próxima reuniões de Lancelot e seus capangas vai ser em ao sul de Norwin, numa cadeia de montanhas que a população acredita ser mal-assombrada, provavelmente entre as fendas mais escuras e de difícil alcance. – ele apontou para o mapa – Aqui é o local mais propício para uma reunião desse tipo e o que nós temos que fazer é atacar por aqui. Será um ataque em grande escala, devo acrescentar. Nós não iremos até lá apenas para tentar prender Lancelot. Nosso objetivo principal é, com certeza, tirar dele aquela maldita espada.

Todos os Aurores já conheciam a história de Lancelot, o bruxo mais procurado na Europa na atualidade, havia meses. Mas tudo na vida dele não passava de um grande talvez.

Sabia-se que Lancelot havia ganhado esse nome porque desde jovem aprendera a manejar armas brancas, principalmente a espada, seu exclusivo objeto de ‘trabalho’ e obviamente a espada de Lancelot era muito mais poderosa do que qualquer outra conhecida. Era bastante inteligente e astuto e seus ataques sempre terminavam com suas vítimas sem alguma parte importante do corpo. Somente dias mais tarde os restos eram encontrados, aleatoriamente. Durante semanas a fio, os Aurores britânicos estiveram à procura de algum rastro dele e apenas agora uma pista havia aparecido novamente. Harry tinha quase certeza que Benjamin ia dividi-los em grupos para ir atrás de Lancelot, o que ele achava uma grande idiotice porque os ‘Cavaleiros de Lancelot’ eram muito ágeis e sempre atacavam em grupos numerosos, o que conseqüentemente enfraqueceria os Aurores.

Benjamin começou a se empolgar com plano de se esconder entre a cadeia de montanhas de Norwin, falando sobre como os Aurores deveriam agir e como deveriam abordar os Discípulos, ao pegá-los no flagra. Do modo como Harry havia pensado, Benjamin dividiu os Aurores em três grupos diferentes, e como Harry havia pensado desgostosamente, Draco trabalharia junto com ele.


- Certo, a reunião acabou.

Todos afastaram suas cadeiras e levantaram-se, exceto Benjamin, que juntou os vários pergaminhos espalhados pela mesa. Alguns colegas reuniram-se, conversando e discutindo a ida deles a Norwin, mas Harry não fazia questão de conversar com Draco. Ele saiu do Quartel de Aurores apressadamente. Ainda precisava ir até o Departamento de Catástrofes e Acidentes Mágicos, onde eles dariam-lhe todas as coordenadas sobre o último grande ataque de Lancelot em Little Hammer.

Os corredores estavam muitíssimo movimentados e Harry viu que precisava espremer-se entre as pessoas para poder alcançar o elevador mágico. Ele foi um dos primeiros a entrar, trazendo os pergaminhos com os poucos dados que possuía em uma distância que pudesse lê-los com clareza, até ouvir um pequeno choramingo ao seu lado. Rapidamente levou os olhos à figura que o ladeava e então voltou a sua leitura – mas ele se deu conta que quem estava chorando e fungando no elevador quase lotado era Luna. Luna Lovegood, com suas grandes orbes azuis e o nariz avermelhado.


- Luna? – chamou Harry, um tanto estupefato.

Ele lembrava-se perfeitamente dos anos escolares em que ambos haviam conversado. Não que os diálogos com ela fossem totalmente normais, porém a recordação da voz dela declarando que não chorava havia retornado aos seus ouvidos. A única vez que Luna havia chorado na frente dele tinha sido quando esta falara sinceramente sobre como se sentira quando sua mãe havia morrido. Ele também havia deixado escapar uma ou duas lágrimas quando falara de Sirius e seus pais e tudo o mais, e Luna, sorrindo entre o rosto úmido e dizendo que ele era o primeiro garoto que ela via chorar, tinha secado-as.

Agora, no entanto, Luna estava tentando recompôr-se e esconder o que quer que estivesse sentindo. Era uma ação contraditória aos próprios princípios dela de nunca se dar ao trabalho de esconder algo dos outros, Harry notou.


- Ahn... Oi, Harry.

Ele deu dois passos para chegar até ela, que havia abaixado a cabeça e limpado ao redor dos olhos as lágrimas que haviam caído. Luna remexeu na sua bolsa, provavelmente procurando por algo para secar-se e Harry resolveu oferecer um lenço que milagrosamente trazia consigo. Ele tirou-o de dentro do bolso interno do sobretudo e entregou a Luna, que mexeu a cabeça em agradecimento e velozmente usou-o.


- Tudo bem com você?

Luna não fez nada por um instante e Harry pensou que talvez não devesse ter perguntado coisa alguma, porque estava na cara que ela não estava bem. Não olhando-o, ela mexeu a cabeça em sinal negativo e Harry percebeu que não soube o que fazer. Ele pestanejou e estendeu o braço, afagando-a e posteriormente trazendo-a para mais perto de si, num abraço inicialmente desajeitado. Então Luna enterrou seu rosto no peito de Harry, retribuindo e passando seus braços ao redor dele. Harry não percebeu que o elevador já havia passado do andar do Departamento de Acidentes, entretanto ele não se importou.


- O que aconteceu?

Com a respiração ruidosa, Luna demorou algum tempo para responder. Ela soltou-se dele, abaixou a cabeça e limpou os olhos, dizendo lentamente numa voz embargada e contida:


- Foram... muitas coisas, sabe. Mas eu cheguei no meu limite, no meu ápice e não dá mais para continuar assim, entende? – Luna fitou Harry, parecendo segurar outro choramingo – Eu... estou cansada.

Ainda era cedo, mas para Luna era como se um longo dia de trabalho estivesse findando-se e o grande estresse da agitação da revista apoderando-se aos poucos do corpo dela. A porta do elevador abriu-se maiz uma vez, com um barulho metálico. Algumas pessoas já haviam saído anteriormente, mas agora elas estavam realmente esvaziando o elevador por ser o último andar.


- Vamos. Tem um café aqui por perto e... Eu posso levar você lá, se quiser.

Luna concordou, com um mero aceno positivo. Eles saíram do Ministério e Harry guiou-os até um simpático café que não era exatamente londrino. As pessoas estavam todas conversando animadamente, acompanhadas de grandes canecas de café quente e fresco. Haviam sofás e mesas dispostas pelo local, quase todas ocupadas. As risadas e sussurros que enchiam o lugar deixaram Luna mais reconfortada. Harry levou-a até uma mesa próxima do balcão, e pediu duas bebidas para ambos.


- Se eu posso perguntar, – ele falou, com cuidado – o que aconteceu?

Luna olhou para as mãos.


- Acho que você já deve saber que eu, bem, tenho uma queda por Rony.

Harry riu com calma, de um modo encorajador. Luna, impelida pelo sorriso de Harry, explicou sobre sua briga com Gina e sobre como ela não iria desistir do ruivo.


- Você... não pensa do mesmo modo, pensa?


- Não. Para falar a verdade, eu também acho que Rony e Hermione devam – ele fez uma pequena pausa – conhecer outras pessoas. Quer dizer, eles realmente não dão certo juntos. Sempre brigando, você sabe.

A expressão de Luna amaciou e ela rendeu-se a um sorriso. Tomou a bebida, mais calma e agradeceu a Harry pelo apoio. Ele pegou o copo de café – distraidamente Harry contou que havia adquirido o hábito de beber café com um amigo americano – e deu um beijo na testa dela, dizendo que não podia mais demorar-se. Embora não quisesse deixá-la, ele foi embora, apressado por causa de seu trabalho

**

Hermione esfregou os olhos, após dispensar seu paciente. Ela só havia chegado a metade do dia, e já estava bastante fatigada. Imaginava como estaria quando seu horário acabasse. Meramente olhou o relógio, constatando que o almoço era seu próximo compromisso. Ela pensou no que Mya havia falado – e logo depois balançou a cabeça, porque talvez Rony já tivesse algo para fazer. Mas ela achava bastante necessário que ele soubesse como Hermione estava bem depois do fim do relacionamento entre os dois, e um almoço para mostrar que eles seriam apenas bons amigos era fundamental.

Pensou em chamar alguém do próprio St. Mungus para acompanhá-la até algum restaurante, porém logo tirou essa idéia da cabeça. Ao invés, Hermione viu-se indo para a casa de Mya. Ela soltou uma grande exclamação de surpresa ao ver Hermione, que chamou-a para elas almoçarem juntas. Enquanto esperava Mya pegar seu casaco e sua bolsa, Hermione sentou-se no sofá e quando virou seu rosto para o lado pôde ver uma fotografia onde ela, Rony, Harry e Mya estavam juntos, numa festa que na verdade havia sido dada por Gina. Ela teve um impulso de virar a foto para baixo e então ela não mais veria o sorriso de Rony enquanto ele brincava com os cabelos dela.


- Vamos?

Hermione concordou, levantando-se e ignorando a imagem que vinha de volta aos seus olhos. Tão absorta estava em tirar Rony da cabeça que mal percebeu que Mya levava-a até o restaurante em seu carro. Não que Hermione não gostasse de andar em veículos bruxos – seu temor, na verdade, era a motorista. Insconscientemente, ela lembrou-se do segundo ano escolar de Harry, quando ele e Rony haviam chegado na escola no Ford Anglia voador do Sr Weasley, com o ruivo no volante. Um pequeno sorriso escapou-lhe, assim que a lembrança a arroubara. Para seu alívio, elas fizeram toda a viagem com os pneus bem rentes ao chão.

O restaurante era claramente francês e Mya explicou que havia conhecido o dono numa viagem turística a Bordeaux. O local estava bastante ocupado, embora não estivesse ainda lotado. Um funcionário ofereceu-lhes imediatamente uma mesa próxima ao bar, e Mya estava a aceitar, quando Hermione soltou uma alta exclamação, que foi notada por algumas pessoas próximas. Ela desculpou-se, não esquecendo de fitar a presença familiar que estava também no restaurante. Na verdade, se ela prestasse atenção, eram duas presenças.


- O que foi? – perguntou Mya, seguindo o olhar de Hermione. Ela boquiabriu-se com a coincidência – Oh! Rony e... Uh, quem é aquela?

Hermione analisou-os por mais alguns segundos antes de responder, sem pestanejar e numa voz seca que ela não reconheceu: “Luna Lovegood”. Ambos estavam conversando animadamente, sorrindo e comendo. Hermione, por algum motivo, sentiu-se incomodada e Mya interveio. Ela chamou Hermione, tocando o braço dela com delicadeza, como se estivesse com medo da garota.


- Você quer ir embora?

Hermione olhou-a como se Mya tivesse ofendido-a. Com a voz firme, ela pronunciou um “Não!”


- Muito pelo contrário. – dirigiu-se para o homem, que ainda esperava por uma resposta – Vamos ficar com essa mesa, obrigado.

Hermione sentou-se, forçando Mya a fazer o mesmo. Elas consultaram o menu, Mya notando que Hermione vez ou outra olhava por cima dele para enxergar os dois.


- Eu vou querer um ---


- Com licença.

Antes que Mya pudesse pará-la, Hermione havia se levantado para ir na direção dos dois. Ela sabia que Hermione não faria nenhum escândalo, mas como esta não andava agindo como ela mesma, Mya tinha motivos para desconfiar. Hermione estava a alcançar a mesa dos dois, quando Luna notou sua aproximação.


- Erm. Olá, Hermione.

Hermione lançou um olhar que deveria ser de cumprimento, mas que na verdade foi congelante para Luna. Depois ela fitou Rony, que também encarou-a do mesmo modo. Ela podia estar enganada, mas tinha quase certeza que a expressão dele era quase de desafio.


- Olá para os dois.

Rony empertigou-se, e fez menção de procurar pelo acompanhante de Hermione:


- O que você está fazendo por aqui?

Ela ficou com raiva com esse ato. Rony estava sendo irônico, porque ele sabia que Hermione não procuraria alguém tão logo. Ela iria pronunciar essa frase, completando com um “Diferentemente de você, não é?”, mas sabia que isso soaria como ciúmes e ciúmes era a última coisa que ela sentiria por Ronald Weasley. Ele poderia agarrar Luna na frente dela e Hermione juraria que não sentiria nada.


- Mya está comigo. – disse, displicentemente – Bem, eu só vim aqui para dar um ‘oi’ para vocês.

Rony deu um sorriso torto que pouco combinava com ele, pensou Hermione. Ela sentiu uma enorme vontade de acertar a cara dele com um soco pra tirar aquele sorriso de Rony.


- Hum.

Hermione viu-se sem graça e sem palavras.


- Ahn... Bom almoço para vocês.


- Certamente. – respondeu Rony, de um modo desagradável.


- Vejo vocês por aí.


Luna assentiu, Rony idem. Ela afastou-se, com um bufo reprimido, e sentou-se em frente a Mya. Antes que Mya abrisse a boca para perguntar algo, Hermione parou-a.


- Não fale nada. Vamos apenas almoçar, tudo bem?


- Tudo bem... Se você quer assim...

Hermione olhou de esguelha para os dois. Eles estavam rindo novamente e ela teve a estranha sensação de que ambos estavam falando sobre ela. Istantaneamente se arrependeu por não ter agido com uma postura mais madura.

“Quer saber?”, ela pensou “Eu estou pouco me importando com Ron ou Luna.”




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