PERFUMO E VASILYKUS



Éden Perfumo. Draco amaldiçoava os tempos mais amenos e civilizados dos dias atuais. Nos velhos tempos, quando bruxos resolviam na marra as suas pendências, ele lançaria uma ou duas maldições imperdoáveis naquele sujeito. Um bastardo filho da mãe!


Depois do episódio do “Potter 500”, Perfumo protocolara junto à direção da Liga Inglesa de Quadribol uma representação contra Harry Potter, alegando que o jogador dos Cannons usava “magia excessiva”. O que era um eufemismo para trapaça.


É evidente que um bruxo tem que usar magia para guiar uma vassoura a quinze metros do solo. Mas isso é máximo de poder mágico que se admite numa partida de quadribol. O bruxo ou bruxa em questão não pode enfeitiçar goles, balaços ou pomos mais do que os feitiços normais que acompanham essas bolas. Que são fabricadas de forma a dificultar a sua condução, sobretudo os balaços e o pomo. Usar mais alguma magia para facilitar as ações de um jogador ou de um time constitui “magia excessiva”, punida com suspensão, perda de pontos da partida e até, no limite, com a exclusão do esporte.


É terminantemente proibido a um bruxo usar a sua varinha contra uma das bolas ou contra os seus adversários, embora os bruxos tenham, por lei, o direito de portá-las e utilizá-las exclusivamente numa emergência durante a partida. Lançar a goles, arremessar os balaços ou pegar o pomo de ouro, tudo isso deve ser realizado só com a força dos braços ou com a perícia e os reflexos de vôo. Qualidades que “Mergulho” Potter tem de sobra!


A Liga Inglesa, satisfeitíssima com as rendas das partidas envolvendo os Cannons e com o sucesso da atual temporada de quadribol, nem mesmo deu importância à representação de Perfumo. Havia um ou outro dirigente que não gostava de Harry, achando-o um “adorador de trouxas e sangues-ruins”, mas esses não se atreveriam mais a importuná-lo, pois não queriam ser associados às armações do ministério deposto no ano interior.


Perfumo recorreu então aos adversários da Inglaterra nas Eliminatórias Européias, julgando que essas equipes poderiam entrar com uma representação junto à Federação Internacional de Quadribol. Nem mesmo havia passado por sua cabeça interpelar a Divisão de Esportes Mágicos do Ministério Britânico. Com os comandados do atual ministro Arthur Weasley por lá, sua chance de conseguir uma denúncia contra o “Santo Potter” seria nula.


Alemães, cipriotas e noruegueses, para a surpresa de Perfumo, mandaram-no para o inferno e a sua denúncia para o lixo. Era evidente que pretendiam ganhar da Inglaterra nas Eliminatórias Européias, mas estavam muito mais ansiosos para pôr as mãos nas rendas que os jogos contra a seleção de Harry Potter certamente trariam do que partilhar das suas trapaças. O jogo entre Alemanha e Inglaterra estava com os ingressos esgotados há meses. Os alemães queriam ver ao vivo a sensação do quadribol inglês.


Foi Demetrio Vasilykus, presidente da Federação Grega de quadribol, um dublê de empresário bruxo e picareta profissional que atendeu ao desejo de Perfumo encaminhando para Federação Internacional de Quadribol uma representação contra Harry, alegando que esse usava magia de maneira irregular para guiar os seus arremessos das goles e enfeitiçava ilegalmente o pomo de ouro para apanhá-lo. XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX


Um certo desânimo se abateu sobre o time da Inglaterra. Enfrentar a Alemanha, uma das seleções mais tradicionais do quadribol europeu sem Harry “Mergulho” Potter decididamente não animava os jogadores. Mesmo Cho Chang, que herdaria naturalmente a posição de Harry não parecia feliz.


- Não é desse jeito que eu gostaria de ganhar a posição – confessou a jovem descendente de orientais.


- Eu sei, Cho – respondeu Harry – Ninguém está culpando você.


Harry ocupava uma grande poltrona que dividia com Gina. A esposa tinha os braços em torno dele à guisa de consolo e conforto. Os demais jogadores comentavam aos cochichos o absurdo da situação.


- Eu joguei uma temporada na Grécia – disse Imelda Price, goleira reserva da seleção – Esse Vasilykus é um sujeito bem sinistro. Dizem que era um dos simpatizantes de “você-sabe-quem”.


- É isso mesmo, Imelda – concordou Draco Malfoy, que entrava nesse momento na sala de reuniões dos Cannons – Vasilykus é definitivamente um sujeito do mal. Eu apurei que os próprios jogadores gregos não ficaram contentes com a atitude dele. Mas todo mundo tem medo de criticá-lo abertamente.


Enquanto os jogadores e a comissão técnica do selecionado inglês aguardavam, Malfoy, Milos Roberts, presidente da Federação Inglesa, Eusebyus Natingale, chefe da Divisão de Esportes Mágicos do Ministério Britânico e Angelina Johnson, presidente do sindicato dos jogadores, saíram em busca de informações mais consistentes, todos dispostos a mover céus e terra, se necessário, para garantir que Harry pudesse atuar na seleção inglesa.


- Os alemães dizem que não se opõem ao fato de Potter jogar contra eles – explicou sucintamente o dirigente do quadribol inglês – O problema é a Federação...


- O sindicato dos jogadores da Alemanha publicou uma nota a favor do Harry e condenando o tal Vasilykus – declarou Angelina – A Federação dos Jogadores de Quadribol da Europa também deve soltar uma nota nas próximas horas. Pelo que eu percebi ninguém gostou muito da representação contra o Harry.


- Bom, isso é evidente – opinou Rony, às voltas com um grande cálice de suco de abóbora – Se a moda pega, qualquer jogador pode ter a carreira prejudicada. Basta que um cartola inescrupuloso lance uma acusação.


- Sem contar – ponderou Draco – que isso não seria bom para os negócios. E o quadribol é hoje acima de tudo um negócio. Harry tem arrastado multidões de bruxos por onde passa. Tenho certeza que alemães e noruegueses não gostariam de ter uma diminuição no número de espectadores nas partidas como mandantes só por que uns sujeitos suspeitos de simpatia com “você-sabe-quem” resolveram implicar com o maior jogador do mundo no momento.


- E seria muito constrangedor para esses selecionados se eles se classificassem usando expedientes questionáveis – disse o Sr. Natingale – Quanto ao patife do Vasilykus, deixem ele comigo. Conheço muita gente na Grécia que não simpatiza com ele. Vou levantar algumas coisas sobre ele...


- Quer dizer que há coisas embaraçosas na vida desse sujeito? – sorriu Draco, como se o natal houvesse chegado mais cedo – Me dêem vinte e quatro horas, senhores. Ninguém mexe com um jogador do meu time sem sofrer as conseqüências! XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX


Do perfil de Harry Potter elaborado por Vanessa Carmichael para a revista “Seewitch”:


(...) A nova tentativa de prejudicar Harry Potter, agora como atleta profissional, pareceu não abalá-lo mais do que abalaria a qualquer outro jogador de quadribol. Nós não o vemos exigindo privilégios de salvador do mundo mágico. A sua indignação não é a indignação de um garoto arrogante que se imagina detentor de privilégios, mas sim de um atleta que se julga injustiçado, acusado de trapaça por utilizar apenas os seus talentos naturais.
A sua indignação, diga-se de passagem, é menor do que a da sua esposa Gina ou do seu sócio Draco Malfoy. Os jogadores da seleção inglesa, que estavam reunidos, treinando para o jogo contra a Alemanha, foram unânimes em sair em defesa de Potter. Mesmo desafetos declarados, como Rogério Davies e Darius Thompson, acabaram solidarizando-se com ele.


Provavelmente a péssima repercussão da representação contra o Eleito, associada à sua postura magnânima, contribuíram decisivamente para afastar a possibilidade de qualquer suspensão. (...)


No dia seguinte ao recebimento da representação contra Harry Potter enviada pelo presidente da Federação da Grécia à Confederação Européia de Quadribol e à Confederação Internacional, a Federação Inglesa recebeu uma notificação para apresentar a defesa do jogador. Segundo Natingale e Roberts isso era um bom sinal. Não havia uma suspensão imediata. Harry continuou treinando, apesar do treinador White ter intensificado também os trabalhos com Cho Chang para qualquer eventualidade. Na entrevista coletiva, dada após outra grande exibição no treino daquela tarde, Harry foi, entretanto, taxativo:


- Nunca escondi que era um sonho de infância jogar pela Inglaterra. Mas, sinceramente, estou cansado dessas pessoas que vivem me acusando de coisas que eu nem imagino. Se as acusações persistirem, pretendo encerrar a minha carreira de jogador de quadribol profissional.


Um frenesi tomou conta da sala de reuniões dos Cannons, onde se realizava a entrevista coletiva. Os jornalistas estavam espantados com a declaração de Harry.


- Sra. Potter, a senhora concorda com isso? – perguntou um repórter da Rádio Bruxa.


Gina estava ao lado de Harry como sempre. Ela segurou a mão do esposo e lhe sorriu compreensiva após a declaração bombástica. Discutira o assunto com a ruiva, o cunhado e Hermione no dia anterior. Estes achavam que era um absurdo ele se deixar derrotar por sujeitos desprezíveis como Vasilykus, mas compreendiam o seu ponto de vista. Surpreendentemente, Malfoy não tentou demovê-lo da decisão. Apenas tranqüilizou o sócio, afirmando que ele não precisaria chegar a isso. Malfoy, aliás, andava absolutamente confiante. De maneira misteriosa recomendou a Harry que se empenhasse nos treinos.


- Algo me diz que você vai jogar – dizia cheia de segredos.


- O meu marido tem o meu apoio, qualquer que seja a sua decisão – explicou Gina com a firmeza e a lealdade que Harry imaginava impressos nos genes dos Weasleys – Acho, por outro lado, que o quadribol perderá mais do que ele – acrescentou de maneira incisiva.


- Você encerraria a carreira com vinte anos de idade? – perguntou abismando um jornalista do Profeta Esportivo.


- Vinte e um – corrigiu o Eleito.


- Mas, vocês está afirmando que não vai jogar mais? – insistiu o mesmo profissional da imprensa bruxa.


- Eu estou afirmando que estou cansado de ter que provar que não estou trapaceando, que não estou usando magia excessiva, que não quero prejudicar ninguém, que quero viver a minha vida e jogar pelo meu clube e pelo meu país. Acho que eu tenho o direito de estar cansado de sujeitos como esse Vasilykus, que aliás, eu nem mesmo conheço. Eu não preciso disso. Eu posso simplesmente jogar quadribol com os meus amigos. Eles nunca me acusaram de trapaça. Bem, o Rony me acusou algumas vezes – disse com um sorriso – Mas, acho que ele não sabe perder...


O comentário arrancou algumas risadas, mas todos estavam visivelmente transtornados. XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX


Vanessa Carmichael:


(...) Eu estava presente na residência de Harry Potter quando ele anunciou sua disposição de, no limite, abandonar o quadribol se as pessoas continuassem duvidando do seu talento natural e persistissem as acusações grosseiras contra ele. Houve quem interpretasse a declaração como uma chantagem. Como uma forma de comover as pessoas e demover a Federação Internacional de Quadribol de seu intento de instaurar uma investigação.iXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX


Quem teve essa impressão não conhece Harry Potter. Potter é uma das pessoas mais sinceras que eu conheço nas suas declarações públicas. Como eu já disse anteriormente, ele não age e pensa como uma celebridade. Não possui assessores de imprensa (para a contrariedade de seu sócio Draco Malfoy) e nem instrutores que monitoram cada declaração sua, diferentemente do que ocorre atualmente com a maioria das celebridades do mundo bruxo.


Uma prova disso é que antes da sua controversa declaração, o jovem reuniu-se com três pessoas, cuja opinião ele sempre leva em conta: sua esposa, Gina, se seus amigos Rony e Hermione Weasley.


Ora, se fosse apenas um jogo de cena, qual a necessidade de dialogar com as pessoas mais próximas sobre a sua decisão? (...)


- Você não deveria dar essa satisfação a eles, Harry – disse Hermione com a sinceridade que sempre usava com o seu melhor amigo – Continuar jogando seria a melhor resposta para esses canalhas!


- A gravidez está afetando a minha Mione... – declarou Rony, entre o divertimento e o espanto.


- Posso saber porque, Ronald? – perguntou Hermione com uma ponta de contrariedade. Harry e Gina seguraram o riso.


Tiveram essa noite de folga, após mais treinos estafantes. Só agora o treinador e o preparador físico começariam a diminuir a intensidade dos treinamentos, priorizando os fundamentos do jogo propriamente ditos. Harry e os irmãos Weasleys estavam tão cansados, contudo, que ficaram em casa. Na verdade estavam todos na casa de Rony e Herrmione, vizinha à de Harry e Gina e Hermione preparava um jantar para eles. O mais novo casal Weasley quase teve outra briga quando Rony propôs comprar um jantar no pub que havia nas imediações, pois não queria que a esposa “se esforçasse”.


- Pensei que você achasse o quadribol o mais próximo... como você diz mesmo? – fingiu pensar Harry – Ah, “o mais próximo de uma arena de gladiadores romanos”. E a quinze metros de altura!”


– Eu não mudei de idéia, Harry! – indignou-se Hermione – Mas eu sei que você ama esse esporte. Você deveria lutar para continuar nele.


- O Harry está certo, Mione – declarou Rony de maneira surpreendente. Desde a discussão que tiveram há três dias, Rony havia respeitado a decisão do cunhado, enquanto Hermione, embora entendesse as suas razões, o incentivava a continuar a carreira – Ele não precisa disso. E seria bem feito pra esses cartolas cretinos ficarem sem o Harry!


- Mas o Harry ama o quadribol e não é justo! – insistiu a curandeira.


- Calma, amigos – disse Harry de maneira apaziguadora, temendo que o casal começasse mais uma briga – Cada um de vocês tem uma parte de razão nessa discussão. E você sabe que eu sempre levo a sua opinião em consideração, Hermione.


- Ele fica não uma gracinha não querendo me contrariar? – perguntou Hermione para Gina com um sorriso maroto – Eu imagino quando você estiver grávida...


- Ah, o Harry é muito fofo! – afirmou a ruiva.


- Por favor, Gina... – disse Harry, ficando levemente rubro – Ah, e cale a boca, Rony! – ralhou preventivamente com o amigo, que se preparava para fazer algum comentário sarcástico.


Demetrio Vasilykus não era exatamente o que Draco Malfoy esperava. O presidente dos Cannons esperava um sujeito com cara de bruxo das trevas, com vestes bruxas negras elegantes e com aquela arrogância típica dos bruxos aristocráticos. Eram assim os seus parentes e a maioria dos bruxos com os quais ele havia se relacionado na infância e na adolescência. Mas, não poderia estar mais enganado em relação ao presidente da Federação Grega de Quadribol.

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Naquela manhã, ao chegar no seu escritório, na sede das Organizações Potter-Malfoy, havia, esperando por ele, uma mensagem e uma chave de portal da parte do Sr. Vasilykus. Draco havia reunido um bom material contra o mandante da mensagem, preparando-se para atacá-lo pela imprensa como represália ao seu descaramento e à sua desonestidade.


Como o loiro não confiava muito no sujeito, avisou Gui Weasley e Olívio Wood sobre o encontro. Olívio insistiu para acompanhá-lo, afirmando que havia boatos sinistros sobre o homem grego. Draco tranqüilizou-o, dizendo que eles saberiam do seu paradeiro e que duvidava que o outro realizasse algum atentado ou algo do tipo. Não era do estilo dos bruxos das trevas avisar e marcar encontro quando pretendiam realizar algum intento maléfico.


Às dez da manhã em ponto, Draco Malfoy foi conduzido por uma chave de pontal para uma bela vila grega, às margens do Mediterrâneo, onde, diferentemente do que ocorria na Inglaterra, uma brisa morna soprava do oceano, tornando a temperatura bastante amena. Um homem moreno, muito forte conduziu o loiro ao interior da residência luxuosa, mas sóbria, onde um homem alto, vestido com roupas imaculadamente brancas e surpreendentemente trouxas, esperava por ele.


- Prazer, Sr. Malfoy – disse o sujeito de meia idade educadamente, estendendo a mão e depois se dirigindo a um pequeno bar, fazendo um gesto em direção a uma poltrona confortável, para que Draco se sentasse – O senhor gostaria de tomar alguma coisa? Tenho aqui bebidas trouxas e bruxas. Um chá, talvez?


- Obrigado, Sr. Vasilykus. Em Londres ainda são dez da manhã. É muito cedo para uma bebida ou um chá. Mas... Se o senhor tiver um daqueles cafés fortes que costumam tomar por aqui e se não for incômodo...


- Incômodo algum, Sr, Malfoy.


Vasilykus estalou os dedos e imediatamente um elfo igualmente vestido de branco, como um garçon de restaurante trouxa, aparatou na sala. Depois de receber instruções em grego, o elfo fez uma mesura e desaparatou. Instantes depois, estava de volta, trazendo um pequeno bule de café e alguns bolos e biscoitos numa grande bandeija de prata. O elfo ainda falou algumas palavras em grego ao anfitrião de Draco, que parecia um tanto contrariado com a conversa. Quando o pequeno ser desaparatou novamente, o homem grego disse, de novo no seu inglês com pouquíssimo sotaque:


- Humpf! Elfos remunerados! Minha família possuía centenas de elfos domésticos servos. Mas, agora seria politicamente incorreto não pagá-los. E esse aí pediu para o senhor mandar os seus cumprimentos a uma certa Hermione Granger, se o senhor a conhecer. Disse que ela é uma defensora intransigente dos elfos. Sinceramente, essa menina merece umas palmadas bem dadas!


- Eu tenho certeza que não nasceu o homem que conseguiria dá-las, Sr. Vasilykus – retrucou Draco friamente.


- Espero que não seja uma amiga sua...


- Uma grande amiga, já que o senhor perguntou. E ela se chama agora Hermione Weasley.


- Weasley? – perguntou o grego, surpreso – Não é o...


- Goleiro do meu time e do selecionado inglês. É esposa dele.


- Mas, essa garota não era namorada do Potter? – indagou surpreso o homem mais velho, para o divertimento de Draco. “Espere até o Weasley saber disso”, pensou maldosamente.


- Não, senhor. Potter casou-se com a irmã do Weasley.


- Sério? – perguntou Vasilykus cada vez mais surpreso – A tal “Garota Weasley”?


- Bem, agora ela é a Senhora Potter. O senhor não anda lendo as revistas de variedades, não é mesmo?


- Não tenho tempo para isso! – explicou o presidente da Federação Grega de maneira veemente – Mas, vamos aos fatos, meu jovem. Eu o chamei aqui para dar algumas explicações. E para algumas confissões que não devem sair dessa vila. Remo Lupin disse que Draco Malfoy é uma pessoa confiável e eu confio no juízo dele.


- O senhor conhece Remo Lupin? – perguntou Draco surpreso. XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX


A história de Demetrio Vasilykus era realmente admirável. E surpreendente. Seu pai havia sido um impiedoso empresário bruxo e estendeu os seus negócios (alguns bastante escusos) para o mundo trouxa. Apesar de lucrar com os trouxas, seu pai os odiava. Tinha todos aqueles preconceitos tolos (sim, Demetrio achava esses preconceitos tolos!) contra os bruxos nascidos trouxas e contra os mestiços. Era um admirador confesso de Voldemort.


Seu filho, felizmente, havia herdado do pai apenas o gosto pelo dinheiro e pelo poder, além da habilidade para lucrar com negócios nem sempre legais. Julgava, entretanto, as idéias extremistas contra trouxas um conjunto de baboseiras completamente fora de lugar. Para manter-se à frente dos negócios (muitos deles escusos), manteve a aparência de impiedoso e de compartilhar as idéias da família. O que era uma fachada eficiente, sobretudo agora, quando a maior parte dos seus negócios (inclusive os não muito legais) vinha do mundo dos trouxas.


Durante a guerra contra Voldemort, secretamente, havia contribuído com razoáveis somas de dinheiro para a Ordem da Fênix através do seu contato, Remo Lupin. A condição de lobisomem e proscrito afastava a suspeita dos seus deslocamentos constantes. Na verdade o ex-professor de Hogwarts era, junto com Alvo Dumbledore, os únicos que sabiam das verdadeiras lealdades do homem grego. Nem mesmo Severo Snape, que atualmente cuidava do setor de segurança do Ministério da Magia britânico, conhecia a posição de Vasilykus.


E naquele fim de manhã, num sossegado remanso na Grécia, à beira-mar, Demetrio Vasilykus não estava feliz. XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX


- Veja bem, meu caro Draco – disse o homem num inglês muito bom, deixando, contudo, escapar um quase imperceptível sotaque mediterrânico – Eu não gosto de ser enganado. Aquele maldito Éden Perfumo me garantiu que Potter realmente trapaceava. Que só trapaceando um sujeito poderia marcar quinhentos e dez pontos num jogo ou marcar pontos arremessando a goles do meio do campo. E eu acreditei!


- Mas, o senhor...


- Pode me chamar de Demetrio, meu caro rapaz – interrompeu-o o presidente.


- Certo... Demetrio – corrigiu-se Draco – Você nunca viu Harry Potter jogando?


- Ah, na verdade eu quase não tenho tempo de assistir as partidas – confessou o grego.


Como Draco Malfoy o olhava abismado, Demetrio explicou:


- Eu precisava de um pouco de prestígio social e principalmente uma fonte segura de recursos para disfarçar algumas das minhas atividades. Vamos! Não me olhe com essa cara! Você é um Malfoy...


- Cujos negócios atualmente são todos legais – retrucou o loiro.


- Sem dúvida, sem dúvida. Por favor, não se ofenda. O fato de não ser um Comensal da Morte não significa que eu seja cem por cento honesto. Longe de mim! Meu pai ficaria muito decepcionado. Espero que você não me julgue de maneira muito severa...


- Não o estou julgando, Demetrio – respondeu Draco.


- Fico feliz. Então, como eu dizia, o quadribol é uma forma de ganhar algum prestígio social e acobertar alguns negócios. Mas, a Federação Grega era uma bagunça. Nem tínhamos uma Liga Nacional. Eu coloco dinheiro do meu bolso na Liga. Até teremos um time nesse ano na Liga Européia de clubes, coisa que não acontecia há muitos anos. Os clubes quase me imploraram para assumir a Federação. É verdade que todos têm medo de mim – sorriu orgulhoso – Mas, estão contentes com a minha gestão.


- Que gestão, se você não acompanha os jogos de quadribol? – quis saber Malfoy.


- Ah, mas o meu vice-presidente acompanha! É um ex-jogador. Essa é a beleza da coisa. Eu coloco o dinheiro e ele faz as coisas andarem nos eixos. Pena que ele estava fora do país quando Perfumo me procurou... Eu achei que como presidente da Liga Grega eu deveria tentar impedir Potter de jogar.


- Mas... Ninguém disse para você que Harry é o santarrão mais honesto do mundo?


- Esse é o problema. Eu sei que ele é o Eleito e tal. Mas, sabe como é... Quadribol é quadribol! E todos os idiotas que me cercam não tiveram coragem de me contrariar. Ser temido tem as suas desvantagens. E sem o meu vice por perto...


- O que você pretende fazer agora?


- Bem, você já deve ter percebido a enrascada em que me meti. Todo mundo está contra mim! Isso não é bom para os negócios. Eu sei que você andou vasculhando a minha vida e pode me causar problemas. Não o quero como inimigo, Draco. E você descobrirá, como Remo Lupin descobriu, que ter a minha amizade pode ser bastante vantajoso. Conheço e me relaciono com pessoas que não gostam nem um pouco de seu sócio. Esse Perfumo, por exemplo. Eu sou capaz de apostar que ele se reporta a alguém que não gosta nem um pouco de você ou de Potter. Você não gostaria de saber o que o inimigo está fazendo e pensando? Pense bem... XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX


Embora Demetrio Vasilykus tenha reconhecido o seu erro, seria muito complicado simplesmente retirar a representação contra Harry. Mostraria a todos a sua falta de informação sobre o quadribol e definitivamente afetaria a fama de impiedoso que ele tão bem cultivava.


Por outro lado, o grego havia deixado claro a Draco que não tinha nada contra o seu sócio e que mesmo os jogadores e o público grego não haviam apreciado a sua atitude. A solução, encontrada depois de uma conversa de horas à procura de uma saída honrosa para o impasse, foi publicada no Profeta Esportivo do dia seguinte:


AS HABILIDADES DE HARRY POTTER SERÃO EXAMINADAS POR UMA COMISSÃO DA FEDERAÇÃO INTERNACIONAL DE QUADRIBOL:


"Em despacho publicado na tarde de ontem, a Federação Internacional de Quadribol, com sede em Haia, Holanda, decidiu em comum acordo com a Federação Grega e o Departamento de Esportes Mágicos do Reino Unido, submeter o astro do selecionado inglês e dos Chudley Cannons, Harry Potter, a uma bateria de testes que pretendem colocar um ponto final na acusação de uso indevido de magia sob a chancela da Federação Internacional dos Bruxos.


Lembramos que os antigos membros do Ministério da Magia do Reino Unido já haviam lançado essa acusação no ano passado, mas, como todos se recordam, elas foram desmoralizadas depois que foi revelado um complô do governo deposto com vistas a desmoralizar o herói do mundo mágico e se apropriar de maneira ilegal dos seus bens.


Eden Perfumo, presidente e proprietário dos Falcões de Falmouth, reiterou as acusações recentemente, tendo-as encaminhado a várias federações que não a acolheram, à exceção daquela presidida por Demetrio Vasilykus, representante da Grécia.


Esse jornal apurou, contudo, que os próprios jogadores gregos não ficaram felizes com a atitude do presidente da sua federação. Teodoro (Teddy, como é chamado pelos torcedores britânicos) Takinopoulos, jogador veterano, capitão do selecionado grego e há anos ídolo do Orgulho de Portree, questionado sobre a tentativa de impedimento de Potter, foi bastante lacônico, mas veemente:


'Potter é um ótimo jogador e um ótimo garoto. Não acredito que ele trapaceie e eu gostaria de derrotá-lo apenas dentro do campo'.


Esse parece ser o espírito dominante entre os azes do quadribol europeu. Vários sindicatos nacionais e a Federação dos Jogadores de Quadribol da Europa manifestaram-se contra qualquer punição ao jovem jogador da Inglaterra.


Draco Malfoy, sócio de Harry Potter no complexo empresarial denominado "Organizações Potter-Malfoy", e presidente dos Chudley Cannons, declarou a essa reportagem com a sua arrogância habitual:


'Ainda não falei com Harry, mas tenho certeza de que ele não se negará a calar a boca das pessoas. A propósito: se alguém estiver interessado numa aposta sobre a honestidade de Harry Potter, colocarei cinqüenta mil galeões a disposição. Adoraria que um certo Eden Perfumo apostasse mais uma vez. Estou começando a tomar gosto pelo dinheiro desse sujeito'.

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- Vamos logo com isso que o Toni me convidou pra almoçar. Estou louco para experimentar umas receitas africanas que só ele sabe preparar.


Ninguém esperava que no dia marcado para a “prova” de Harry estivesse presente a volumosa e imponente figura de Julius Halfenus Armstrong III, vice-presidente da comunidade bruxa norte-americana, fã de quadribol e cotadíssimo para assumir dentro em breve a presidência da Federação Internacional do mais popular esporte bruxo. O norte-americano, amigo dos jogadores e admirador confesso de Harry Potter, havia se deslocado desde a América do Norte para estar presente junto à comissão que iria averiguar se Harry realmente usava “magia excessiva”.


A comissão contava ainda com Tetsuo Ono, famoso juiz japonês e membro efetivo da Federação, Teddy Takinopoulos, capitão do selecionado grego, dois membros da Federação Internacional dos Bruxos, com estranhos instrumentos prateados que mediariam os níveis de magia emitidos por Harry. Nathingale, chefe da Divisão de Esportes Mágicos do ministério britânico, Roberts, presidente da Liga Inglesa, além da capitã Angelina Johnson acompanhariam os trabalhos. E Eden Perfumo. Que recebeu uma sonora vaia quando aparatou na entrada do estádio dos Cannons.


O público deveria ficar distante dos testes, mas Draco Malfoy “esqueceu” que era uma terça-feira, dia franqueado aos torcedores para visitar a sede e o estádio do time laranja. Quando Harry, a comissão e observadores entraram no campo de jogo, uma pequena multidão gritava o nome do Eleito e acenava bandeiras laranjas. Rony, Gina, Draco e Hermione estavam na arquibancada, no meio dos torcedores. Centenas de jornalistas e fotógrafos se acotovelavam nos limites do campo.


- O que eu tenho que fazer? – perguntou Harry para o juiz japonês.


- Nada demais – respondeu o oriental, cheio de simpatia.


- Suba na vassoura e atire aquelas goles que estão flutuando pelo campo. Depois tente apanhar os pomos que vamos soltar – explicou Armstrong III – Faça aqueles arremessos longos que você faz nos jogos e os instrumentos vão medir os seus níveis de magia. Aí vamos acabar com essa palhaçada – acrescentou o americano, dirigindo um olhar mortífero para Perfumo. XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX


Não havia como deixar de admirar Harry Potter numa vassoura! Todos diziam que ele parecia ter nascido montado em uma. Já era uma lenda a história de seu primeiro vôo com apenas onze anos de idade, quando executou um mergulho de quase quinze metros para pegar o lembrol de Neville Longboton que Draco havia lançado no solo.


Duas goles sobrevoavam o campo. Harry apanhou a primeira e a atirou em direção aos aros. Estava no meio do campo, mas a bola atravessou o aro à sua esquerda como se fosse um míssil. Os torcedores e muitos jornalistas aplaudiram. Fazendo uma curva fechada, ele apanhou uma outra goles e a atirou em direção ao aro do outro lado do campo. A bola passou pelo aro central com uma velocidade impressionante. Mais aplausos.


Naquele momento o pomo de ouro, um pomo novo, comprado para a ocasião, foi solto por um membro da Federação Internacional dos Bruxos. A pequena bolinha dourada rodopiou sem destino e voou rapidamente para baixo, para o canto oposto aonde Harry se encontrava. Realizando um mergulho eletrizante, o jogador dos Cannons desceu de maneira quase vertical em direção ao objeto dourado. Segundos depois, levantava vôo, saindo do mergulho, exibindo o pomo na mão direita. Flashs espocaram e assobios e aplausos encheram a manhã.


POTTER! POTTER! O grito se fazia ouvir por todo o estádio.


- É isso aí, Harry! – gritava Rony – Mostra pra eles, garoto!


Um segundo pomo foi liberado. A bolinha ainda subia quando Harry acompanhando-a, realizou uma apanhada sensacional ainda na ascendente. Com a mão esquerda. Quando desceu até o terreno, desmontando da vassoura, carregava os dois pomos. A ovação foi ensurdecedora quando o Eleito exibiu para os fotógrafos, em cada uma das mãos, os objetos dourados.


POTTER! POTTER! POTTER!


- Impressionante! – exclamou o juiz japonês, cumprimentando Harry.


- Acho que só estuporando você a gente vai ter paz no jogo – gracejou Takinopoulos, dando-lhe uma tapinha amigável nas costas.


Os homens sisudos da Federação Internacional dos Bruxos, Armstrong III e Éden Perfumo analisavam os instrumentos que mediam a emissão de magia desprendida pelo jogador dos Cannons na sua demonstração. Angelina deu um abraço em Harry, cumprimentando-o e manteve de maneira protetora o braço direito sobre o seu ombro.


- É verdade que o senhor consegue realizar mágica sem varinha, Sr. Potter? – perguntou o mais sisudo entre os dois membros sisudos da Federação.


- Sim – respondeu Harry preocupado – Mas...


- Silêncio, por favor, Sr. Potter – Interrompeu o outro membro, examinando cuidadosamente os instrumentos.


Armstrong parecia tranqüilo. Perfumo encarava os dois técnicos da Federação com um olhar esperançoso. O juiz japonês e os dirigentes ingleses pareciam relaxados. Finalmente um dos técnicos chamou o norte-americano e cochichou alguma coisa no ouvido dele. Este fez um sinal afirmativo e conjurou, com uma varinha curta, um megafone mágico, parecido com aqueles que Vera Ivanova utilizava quando dirigia os treinos dos Cannons.


- EM NOME DA FEDERAÇÃO INTERNACIONAL DE QUADRIBOL – vociferou o vice americano no instrumento que amplificava a sua voz – TENHO O PRAZER DE INFORMAR QUE DE ACORDO COM O PARECER DOS TÉCNICOS EM EMISSÃO DE MAGIA DA FEDERAÇÃO INTERNACIONAL DOS BRUXOS, HARRY POTTER REALIZOU JOGADAS COM O POMO E COM AS GOLES SEM EMISSÃO ILEGAL DE MAGIA. A REPRESENTAÇÃO CONTRA ELE FOI CONSIDERADA SEM EFEITO E DECLARO QUE NÃO HÁ QUALQUER IMPEDIMENTO PARA QUE PARTICIPE DE COMPETIÇÕES OFICIAIS. BOA SORTE, SENHOR POTTER – concluiu o homem corpulento com um grande sorriso. O estádio vibrou com os aplausos e os vivas do público.


Enquanto a multidão entrava em campo, com Gina e Rony a frente, para carregar e abraçar Harry Potter, Julius Halfenus Armstrong III aproximou-se discretamente de Éden Perfumo, que parecia pronto a azarar ou lançar alguma maldição imperdoável em alguém.


- Eu conheço bem o seu tipo, Perfumo – disse calmamente o norte-americano – E sei com que tipo de gente você anda se encontrando.


- Não é da sua conta, balofo – retrucou o presidente dos Falcões de mau humor.


- Aí é que você se engana! – respondeu-lhe o homem gordo – Daqui a alguns meses a Federação Internacional de Quadribol terá um novo presidente. Que por acaso serei eu. Você pode começar a se preocupar, seu maldito adorador das trevas! Eu vou acabar com donos de time como você ou não me chamo Julius Halfenus Armstrong III! Tenha um bom dia. XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX


FINALMENTE!!!!! FOI UMA AVENTURA ESCREVER ESSE CAPÍTULO!!! O PC PIFOU E OUTROS PROBLEMINHAS MAIS!


NO PRÓXIMO, SEM FALTA, QUADRIBOL!!!! INGLATERRA E ALEMANHA!!!


NÃO PERCAM “LEMBRANÇAS DO VELHO MALFOY”, que por enquanto está interligada a “Copa Mundial”.


AGUARDO REVIEWS, CLARO!!!

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