Capitulo 6



Capitulo 6

-Harry, você está acordado?

-Estou sim.

As sete da manhã, Harry não só estava acordado como já havia terminado sua série de exercícios matinais e sua meditação. Só estava surpreso pela ligação de sua tia Miranda.

-Algo errado?

-Ligue a televisão. Rápido!

Correndo para a sala de estar de seu apartamento, Harry agarrou o controle remoto e apertou o botão.

-Mas o que está passando de tão importante na televisão, a essa hora?

-Você não vai acreditar! É a mulher que você viu no bar no outro dia. Está no programa Bom Dia, Nova York, da rede WNY. Está falando sobre os artigos que vai escrever para a Metropolitan.

Estreitando os olhos, Harry apertou outro botão e a imagem de Hermione Granger, sentada confortavelmente em uma poltrona, apareceu. Estava junto a um jovem simpático, com todo o jeito de apresentador de televisão. Harry não precisou olhar duas vezes para sentir que a aparência e o sorriso branco do homem eram de dar nos nervos.

Havia mantido distância dela por quatro dias, de propósito.

Ah, ela havia entregado o artigo no prazo. Esme o deixara sobre a sua mesa assim que o recebera. Não podia negar o talento que ela tinha para criar vinhetas. Eram vívidas, com muito humor e grande habilidade para criar personagens interessantes. A malícia usada para falar dos texanos que causaram tanta confusão arrancou gostosas gargalhadas de Harry. Ele só não ficou feliz com a descrição que ela fez do homem que a salvara naquele dia.

O texto era tão transparente quanto ela, deixava transparecer o brilho de sua personalidade.

Observando-a rir de algo que o “sr. Dentes Brancos” havia dito, ele pôde sentir todas as sensações que sempre o faziam chegar à mesma conclusão. Ele a desejava.

E o fato de ter ficado sem vê-la por quatro dias em nada havia mudado isso.

Como podia ficar com uma mulher imprevisível como Hermione? Uma mulher que aceitava dar entrevistas para falar de seus artigos sobre a “saia mágica” sem sequer o consultar?

-Ela é a mulher que vendeu os artigos para a Esme... Por que não me contou?

-Eu ainda não sabia naquele dia... – disse Harry, torcendo para que a tia não esticasse o assunto.

Quando o apresentador do programa se inclinou e colocou a mão em Hermione, Harry se aproximou ainda mais da televisão e aumentou o volume.

-Ela está falando sobre uma saia que atrai os homens como imã – disse Miranda.

A câmera deu um close em Hermione enquanto ela explicava como a “saia mágica” funcionava. Falava das roupas que todas as pessoas têm e que acreditam dar sorte, de chapéus e camisas que são usados como amuletos. Chegou até a arrancar uma confissão do apresentador, que admitiu ter uma gravata da sorte, que sempre usava em entrevistas que prometiam ser difíceis.

-Como ela é segura! E simpática! – observou Miranda.

Harry tinha que tirar o chapéu para Hermione. Ela conseguira fazer com que a idéia de uma “Saia mágica” não parecesse tão absurda quanto era.

E o modo de ela sorrir para o apresentador fazia com que os dois parecessem um casal de namorados adolescentes, daqueles que não se largam por um minuto.

-Foi uma ótima idéia tê-la mandado fazer propaganda de seus artigos para a revista – aprovou Miranda.

-Não foi idéia minha – disse Harry mal-humorado, esquecendo-se de mencionar que a última coisa que ele queria era promover aqueles artigos, cujas publicações já ia ocorrer contra a sua vontade.

-Bem, quem quer que tenha tido a idéia foi um gênio. Noventa por cento das mulheres solteiras de Manhattan vão querer pegar a saia emprestada. E, sem dúvida todas elas vão comprar as próximas edições da Metropolitan, para se informar sobre o assunto. Você tem idéia da audiência desse programa?

Harry preferiu nem pensar sobre o assunto. Concentrou-se na entrevista:

-Você se importa se eu perguntar sobre seu último artigo para a Metropolitan? Como definiria o homem “gostoso”?

-Ora, é o homem dos sonhos de qualquer mulher.

-Mas você tem de admitir que essa palavra traz uma conotação sexual...

-Sem dúvida... – Hermione retrucou com um sorriso malicioso.

-Está bem, está bem... Vamos para a prática. Vou lhe dizer o nome de algumas pessoas famosas e você nos diz seu... digamos, grau de gostosura, certo? Assim o nosso público poderá chegar a uma conclusão sobre o que é realmente “um homem gostoso”.

Mais uma vez a câmera focalizou Hermione, enquanto o apresentador listava nomes de diversos homens famosos. Primeiro foram políticos e astros de cinema.

-Gostaria tanto de conhecê-la... – disse Miranda. – Você não poderia arranjar isso para mim, Harry?

-Sábado à noite. Ela será minha convidada para o seu baile.

Harry notou a alegria contida da tia.

-Mal posso esperar para conversar com ela.

Ele também não via a hora de conversar com ela... Especialmente depois do susto que tomou ao vê-la naquele programa matinal.

Sua atenção foi atraída para o programa novamente. Para sua surpresa, o nome seguinte da lista era o dele.

-Vamos lá, Hermione, não tente escapar! E ele é “gostoso”?

-Muito – ela disse, sem titubear. – Sem a menor dúvida!

Ouvindo o sorrisinho malicioso da tia, Harry pôde ver sua foto sendo reposta no lugar e o rosto sorridente do apresentador.

-Todos ouviram em alto e bom som. Nossa convidada acabou de admitir que o editor-chefe da revista Metropolitan, que também é seu chefe, é um “gostoso”. Sr. Potter, se estiver assistindo ao programa, deixo meu convite para que esteja aqui na terça-feira seguinte ao Natal, para que possa nos dizer o que pensa da opinião de Hermione.

Dizendo isso ele piscou maliciosamente para a câmera.

-E todos vocês poderão se divertir com o nosso pequeno debate, Nova York. Durante toda essa semana, inclusive no dia de Natal, vocês poderão escrever para nosso site na Internet e dizer se concordam com a nossa convidada. O sr. Potter é ou não “gostoso”? saibam da resposta em nosso próximo encontro. Por hoje é só pessoal. Bom dia, Nova York.

Miranda continuava a rir, mesmo depois de a vinheta do programa ter sumido e os comerciais terem começado.

-Você tem idéia do número de pessoas que vai ligar a televisão na próxima quinta-feira só para saber se você aceitou ou não o desafio?

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Assim que a porta do elevador se fechou, Daryl abraçou Hermione.

-Você esteve divina, querida!

Hermione balançou a cabeça.

-Algo me diz que Harry Potter vai ficar possesso com essa história de ser gostoso ou não. E o desafio então? Ele vai ficar furioso comigo!

-Você está brincando? Ele deve estar rindo à toa! A Metropolitan vai sair nas bancas e todas as mulheres que assistiram ao programa de hoje vão querer ler o seu artigo. Uma saia que atrai os homens? Eu mesmo vou querer reservar no meu jornaleiro algumas edições. Além disso, ele está obviamente interessado em você, afinal, até lhe chamou para um encontro.

-Não – discordou Hermione. – Não foi a mim que ele convidou, foi a saia.

Daryl parou a um passo da porta giratória e virou-se para ela.

-Você não está falando sério.

-Estou sim – reafirmou Hermione.

Daryl colocou suas mãos nos ombros dela e se abaixou de modo que seus olhos se encontrassem.

-A única mágica que a saia faz é realçar o corpo que você tem e que é naturalmente bonito.

-É muito simpático de sua parte. Mas eu venho pensando sobre esse assunto. Ele não me ligou e nem deu desculpas para tentar me encontrar em quatro dias. Isso significa que ele estava encantado enquanto me via com a saia. Agora que isso parou de acontecer, o encanto acabou.

Dando sinais de impaciência, Daryl a soltou, virando-a de frente para uma porta de vidro, onde ela podia ver seu reflexo.

-Olhe bem, Mione. Ele a chamou para sair porque você é você. Uma pessoa meiga, inteligente, simpática e muito bonita, mesmo quando não sou eu quem a veste. Você está deixando um trauma do passado influenciar seu presente.

-Ele não me ligou!

-Ora, vá até o escritório com a desculpa do casaco dele... E aproveite para contar-lhe sobre as ameaças que você vem recebendo.

Hermione fez uma expressão de medo. Aquelas mensagens já a estavam perturbando. Estava recebendo uma por dia, desde a última segunda-feira. A voz era sempre fria, e as palavras sempre as mesmas.

-Nós concordamos que devia se tratar apenas de algum excêntrico.

Daryl deu de ombros.

-E deve ser mesmo. Mas nunca é demais ter um chefe preocupado com você.

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Harry estava irritado com o mundo. Até mesmo com os passarinhos que cantarolavam alegres pelo Rockfeller Center.

-Bom dia, sr. Potter. – Linda Parker dirigiu-se à mesa de Harry, com uma pilha de cartas e mensagens. – Seu irmão ligou duas vezes...

-Pois se ele ligar novamente diga que eu estou em uma reunião, e que não posso ser interrompido em nenhuma circunstância. E telefone para Hermione Granger.

-Ela não estava linda essa manhã?

Harry virou-se para a secretária e a encarou, tentando adivinhar se ela estava sendo irônica ou ingênua.

-Você assistiu ao programa?

Ela inclinou a cabeça.

-Claro, eu assisto todos os dias. A sua idéia de colocar Hermione no programa foi uma grande estratégia. Toda a equipe só fala nisso.

Harry olhou ao seu redor e pôde ver um grupinho de três mulheres que estavam perto do bebedouro a olhar para ele, como se estivessem analisando alguma coisa. Uma delas chegou a levantar o copo em um brinde. As outras duas cochichavam entre si.

Linda Parker pigarreou.

-As ligações não pararam desde o programa. E aposto que vão triplicar no dia em que você aparecer no programa. Todas as mulheres em Nova York estão ansiosas por vê-lo ao vivo.

-Eu... – Harry começou, mas antes que pudesse deixar claro que não iria aparecer em programa nenhum, o telefone dela tocou.

-Escritório de Harry James Potter. – em silêncio, ela lançou um sorriso a Harry. – Sinto muito, ele chegou sim, mas já está em uma reunião, e não pode ser interrompido. Sim, eu dou o recado, sr. Potter.

Já sentado em sua mesa, Harry começou a selecionar as mensagens que havia recebido. Duas eram de seu irmão, que nunca telefonava para ele. Outra era de James McCarthy, o “sr. Dentes Brancos”, as outras, de mulheres que ele não conhecia. Mulheres interessadas em conhecer um gostoso?

Quando chegasse a redação, Hermione Granger teria que lhe dar muitas explicações.

Quando afastou as mensagens na mesa, um envelope que estava no meio delas lhe chamou a atenção. O envelope não continha selo nem endereço, só havia nele o nome de Harry, com um carimbo escrito “confidencial” em cima. Curioso, ele o abriu. Palavras recortadas de jornais e revistas estavam coladas em um papel e formavam as frases da carta:

“Pare de imprimir toda essa porcaria. Aqueles que espalham o sexo irão perecer. Segunda à noite foi apenas um aviso. O último, por sinal”

Harry rapidamente se dirigiu à porta.

-De onde veio esse envelope?

Abaixando-se, Linda Parker levantou um envelope que estava dentro do cesto de lixo.

-carta comum.

-Tente descobrir quem mandou essa carta.

-Devo deixar recado na secretária eletrônica de srta. Granger?

Harry balançou a cabeça em um gesto negativo. Mal teve tempo de entrar em seu escritório e o interfone tocou.

-Sim?

-A srta. Granger está em frente à minha mesa. Devo mandá-la entrar?

-Sim, faça com que ela entre imediatamente.

Estava indo em direção à porta, mas decidiu voltar para a mesa de reuniões.

O que estava acontecendo com ele? Estava furioso com ela, e não ansioso por vê-la.

Ia fazer apenas o que já deveria ter feito antes: obrigá-la a rasgar o contrato que havia assinado em troca de uma generosa quantia em dinheiro.

Quando ela entrou na sala, Harry percebeu imediatamente que os quatro dias de afastamento em nada haviam diminuído o desejo que sentia.

Hermione vestia uma camisa fina abotoada na frente. Fazia lembrar uma menina de colégio em seu uniforme.

Tudo o que desejava era agarrar-se a ela e possuí-la ali mesmo. Melhor ainda, queria se transportar com ela para uma praia, iluminada pela lua, com o som das palmeiras acima deles e as águas do oceano banhando seus corpos. Ninguém poderia impedi-los quando ele a tomasse uma vez... e outra... e outra.

A imagem que se formava em sua mente era tão viva que ele foi obrigado a interrompê-la bruscamente, para não perder realmente o controle.

Só o que devia pensar era que em poucos dias, aquela mulher estaria arruinando todos os planos que ele tinha para a revista.

-Vim devolver seu casaco... – ela disse. – Mas se não cheguei em uma boa hora...

-O que lhe deu na cabeça quando aceitou participar daquele programa? – Harry deu dois passos bruscos em direção a ela antes de parar novamente. Tinha que manter uma distância segura, ser racional, seguir seus planos... Mesmo que isso o matasse.

-Você está nervoso.

-E você é muito perspicaz.

Foi a vez de Hermione andar em sua direção, as bochechas começando a ficar rosadas.

-Sabe de uma coisa? Não há preço que pague a publicidade que eu fiz da revista hoje.

-Publicidade? Sensacionalismo seria a palavra apropriada. Como posso colocar essa revista na direção certa se você insiste em levá-la para um pólo totalmente oposto? Não entende que aquele homem infame que apresenta o programa chegou a me ligar? Ele espera que eu apareça no programa dela. Para quê, pode me dizer? Para me submeter a ficar ali, sob os olhares de meia dúzia de cabeças-de-vento, que avaliem se sou... Você sabe o quê.

-Preferia que eu tivesse dito o contrário?

-O que eu realmente queria era que você nunca tivesse ido a esse programa para se promover à custa da minha revista.

Harry percebeu claramente a dor nos olhos de Hermione quando terminou a frase. Sabia que cometeria um erro, mas mesmo assim foi em direção a ela.

-Não devia... – ele queria sacudi-la. Mas também queria beijá-la. Foi então que se aproximou mais e encostou os lábios aos dela.

Homem nenhum deveria ser capaz de se mover tão rapidamente.

E nenhum deveria ser capaz de beijar daquele jeito. Os lábios dele eram tão quentes, tão irresistíveis...

A raiva que sentia dele misturava-se ao prazer de senti-lo percorrer seu corpo com os dedos, com os lábios... A cada movimento dele sua excitação crescia. Não fora ali para isso, pensava, enquanto acariciava os cabelos macios dele.

Quando ele tocou novamente seus lábios, encostando todo o seu corpo ao dela, foi como se se abandonasse a um redemoinho de emoções. Sentia um desejo primitivo. Extremamente forte e fácil, totalmente assustador!

Mesmo tentando reunir forças para se afastar, suas mãos recusavam-se a obedecer sua mente, e ela o puxava ainda para mais perto.

-Como ousa desonrar seu pai?

A voz alta e estridente penetrou seus ouvidos.

Harry foi delicado, mas afastou Hermione no mesmo instante.



Obs: Aí está o capitulo 6 pessoal!!!!Próxima atualização só na terça(3/07)....Espero que gostem do capitulo!!!!Bjux....

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