A LOJINHA DO TRANCO



Nada era mais belo naquela manhã que a leve brisa batendo no rosto ao olhar as silhuetas dos pequenos casebres próximo dali, pensou Harry debruçado no vão da janela. O garoto acordara a pouco de vestir o roupão e se deixar venerar pela bela vista que se tinha do seu quarto.
Os cabelos esvoaçavam-se lentamente, seguindo o ritmo frágil dos ventos, sua cicatriz ficava a mostra, mas rala, sem realce, se não soubessem que a tinha, ficaria imperceptível. Os olhos se fechavam a cada brisa mais forte que os atingia, sentia prazer em deixar o rosto exposto à tamanha gelidez. Seu coração batia suave e sua mente deixara toda preocupação de lado, Harry passara alguns bons minutos admirando o horizonte enquanto o sol brigava para aparecer diante das nuvens azuis, quase negras.
- Bom dia! – Harry chegara à sala de jantar. – Bom dia... Rony... Fred... er ... – Virou-se para o outro lado da mesa onde o outro gêmeo sentara. – Jorge?!
- Ainda nos confunde, Harry?! – Jorge riu com o irmão.
- É que são tão iguais! – Disse envergonhado.
- A cara, não esquenta! – Piscou Fred. – Até a mamãe me chama de Jorge.
Aquele início de manhã mostrava que o dia seria um dos poucos tranqüilos e divertidos ultimamente para Harry.
- Onde esta a Hermione... o Senhor Arthur?! – Harry já enchera sua xícara com o leite que saía ainda fumaçado do bule.
- Ah, Harry, advinha o que o ministério mandou pelo Moody ontem à noite para Mione. – Rony encheu-se de orgulho.
- Não me lembro do Moody ter trazido nada para a Mione. – Disse ele tentando forçar a memória.
- Você não viu, quando ele deu a ela, nos te procuramos pra mostrar, mas você já tinha subido para dormir.
Harry fez cara de dúvida, Molly, que colocava mais torradas na mesa, exibia uma certa satisfação no rosto.
- É, Harry, não é só você quem ganha cargos importantes nessa casa. – Exclamou Fred engolindo alguns goles de suco.
- Como assim? – Harry continuara sem entender.
- Harry, a Mione foi chamada pra ser assistente Junior do primeiro Ministro, ela vai ocupar o lugar do Percy!
- Serio?! – Harry engasgou coma torrada. – A Mione? E o Percy?
- Sim, é serio sim! O Percy foi enviado para fiscalizar o primeiro ministro dos trouxas... – Rony ficara ainda mais orgulhoso pela noiva. – E a Mione... ela recebeu uma carta do Scrimgeour, dizendo que Hogwarts recomendava a Mione... er... leia a carta... ela mandou lhe mostrar. – Rony retirou a carta do bolso e deu ao amigo de fronte a mesa.
Harry apanhou rapidamente o pergaminho, que antes hipnotizou Hermione e começou a ler:

“Bom noite, Srta. Granger.

É por meio do primeiro ministro que lhe enviamos está carta de apresentação.

Você foi recomendada entre meio de trezentos ex-alunos da escola de magia e bruxaria de Hogwarts, para integra um dos cargos mais privilegiados aos recém formados.

Será uma grande satisfação para o Ministério da Magia e para o primeiro ministro, Rufus Scrimgeour, que você ocupe o cargo de assistente Junior do mesmo.

Aguardaremos sua presença amanhã as 9:00 horas da manhã no escritório do Ministro, no Ministério da Magia..

Atenciosamente, a coordenação ministerial.”

Harry relera mais duas vezes o pergaminho que vinha seguido por um carimbo com dos M’s ao verso.
- Isso assim... – Harry estava realmente surpreso. – Assim do nada?!
- Não gostou, Harry?! – Fred quem falava.
- Er... é ótimo para ela, uma grande oportunidade... gostei sim, a Mione merece. – Ainda surpreso, riu.
- É maravilhoso, Harry, a Mione é tão-o intelig-Gente... linda... – Rony parecia estar flutuando por um mundo de fadas. – Perfeita!
- E o papai foi acompanhando ela, Harry! – Disse Jorge tendo medo da cara de palerma que o irmão produzia.
- Uh!
Rony ficara todo o café da manhã sonhando acordado com Hermione. Fred e Jorge faziam bolhas dentro dos seus copos assopradas por um canudo, tirando assim algumas risadas de Harry, enquanto Molly e Dorothy retiravam a mesa.
- Pra que uma vida melhor que a do Dumbledore?! – Fred pronunciou-se ao ralar um dos braços na tela fina do quadro no qual o ex-diretor dormia.
Harry, Rony e Jorge riram.
- Sim, Harry... Vamos?! – Harry exibia a mesma cara de duvida que a pouco fizera na mesa do café.
- É, você prometeu ontem a noite!
- Ah, sim! Você quer ir, Rony?! – Rony já voltara a seu estado normal.
- Sim, eles já me chamaram também.
Os irmãos e Harry ficaram um bom tempo conversando sobre as novas invenções e acontecimentos que vinham ocorrendo. Fred parecia uma criança rolando no sofá branco da sala, antes de Harry e Rony colocarem as vestes de passeio.
- Vamos então?! – Aparataram da própria sala.
Uma correria, uma agitação que Harry não via fazia tempos dominava, duas garotas loiras esbarravam-se nele ao surgir no meio da rua do Beco Diagonal, estavam de frente a imensa loja de paredes douradas, a mais chamativa de todo o Beco.
- Nossa! – Harry e Rony ficavam boquiabertos.
- Linda, não?! – Jorge agora quem fazia a cara de demente de Rony.
- Vamos, vamos entrar! – Disse Fred ajeitando a placa luminária na calçada que dizia “Genialidades Weasley”.
O chão de pedras estava lá abaixo dos pés de Harry, o que o fazia lembrar a primeira vez que vira o Beco Diagonal com Hagrid.
- Bom dia, Senhores! – Exclamou um rapaz assim que Fred e Jorge adentraram o local com Harry e Rony. Ele parecia aparentar uns 20 anos, usava uma capa laranja enorme com um ‘GW’ bordado ao peito, que cobria até os sapatos.
- Ah, Harry, esse é o Maicô Braunt, nosso novo contratado. – Fred acabava de limpar algumas migalhas de broa da capa do rapaz. – Precisa ter mais cuidado com esse uniforme, custou uma fortuna!
- Olá! – Cumprimentaram, Rony e Harry.
- Você é o Harry? O Harry Potter? – Gaguejou. – O da cicatriz? – A postura formal de Maicô ao atender a entrada da loja, fora completamente mudada pela admiração.
- Já começou! – Disse Fred largando um olhar penetrante no rapaz.
- Desculpe, senhor, é que...
- É que ele é o Potter, mas não faça mais isso! – Jorge exigia.
Maicô colocou-se no mesmo lugar que antes e Harry com os irmãos continuaram a percorrer a loja, praticamente vazia.
- Harry, deve ser chato ser famoso, não?!
- Eu quero isso! – Rony pegara um ursinho vermelho em uma das prateleiras.
- O amor é lindo! – riu Fred.
- Pode levar maninho, a Mione merece mesmo.
A manhã se passava cada vez mais rápida quando Harry se divertia com os amigos, depois de olhar todos os objetos mágicos que os gêmeos inventaram e a cada centímetro da loja, Rony e Harry se despediram de Fred e Jorge.
- Vamos pra casa, Harry?! – Perguntou Rony admirando a sorveteria reaberta.
- Não! – Pensou. – Temos que ir a Travessa do Tranco...
- Para que, Harry?! – Rony começara a ficar assustado. – Lá só tem aquele povo...
- Me siga, Rony!
Harry andava esticando cada vezes mais suas pernas, Rony vinha em seu encalço, praticamente corria. Cruzavam por pessoas que se interrogavam e exclamavam o nome de Harry. Passaram pela Gambol & Japesm depois desceram a rua onde a loja de roupas Madame Malkim localizava-se, Harry andava tão destinado ao que iria fazer que esbarrou numa gaiola da Empórios de Coruja e nem percebera.
Rony já suava e arfava seguindo Harry. Entraram em uma rua na qual não tinha nem movimento, depois dobrou o beco sujo, as ruas escuras, as poucas pessoas que freqüentavam o pequeno beco eram super estranha, Rony esquivara-se de uma magricela de cabelos longos e boca torta que tentara acariciá-lo ao passar.
- Harry, por que viemos pra cá?! Pra onde está indo?
- Já chegamos. – Parou diante a uma lojinha completamente coberta por teias de aranhas, na vitrine eram expostos diversos produtos com aparência super antiga e aterrorizante.
- Borgins e Burkes?! – Rony lia a paquinha que pendia no teto.
- Sim, Rony!
Harry abriu a porta que com seu rangido despertou o homem careca que dormia numa cadeira a direita do balcão.
- Quem são vocês? – Esfregou os olhos.
- Potter e Weasley! – Disse Harry se aproximando do balcão, Rony se esquivava de tudo que chegasse a aparência de uma teia de arranha.
- O que procuram? Uma taturana Ibérica?! – O homem velho, vestindo uma calça jeans e um blusa preta vogada levantou-se da cadeira e ficou atrás do balcão, encarando a cicatriz de Harry.
- Quero apenas uma informação.
- Não dou informações... uh... Que tipo de informações você quer?
Harry havia tirado varias Galeões do bolso e os enfiou na cara de Borgins.
Rony olhava os detalhes que cada objeto exibia, e se assustava com a forma de cada um.
- Quero todas as informações que você ou seus livros me possam dizer sobre o Espelho de Ojesed ou sobre o Livro de Baungartem. – Harry apurava seus ouvidos para qualquer coisa que o homem viesse a falar.
- O Espelho e o Livro foram feitos por uma mesma família. Os dois são objetos hereditários, eu e o Burkes por anos tentamos comprá-los, mas o último dos Ojeseds confiaram o espelho ao Alvo Dumbledore e o Sr. Baungartem não vendia nem tocava aquele livro, por nada.
- Pode me falar algo que ainda não sei? – Harry fechou a mão onde estava os Galeões. – Mas... espera êh, vocês dois só se interressam por objetos das trevas, por que iriam querer o Espelho ou o Livro? – Rony só observava.
- Os dois unidos podem ser a maior arma das Trevas, garoto! – O velho olhava perplexo para os Galeões.
- Seja mais especifico! – Exclamou Harry.
- Isso é tudo que sei, não me pergunte como isso é possível ou se é realmente possível!
- Tem certeza? – Perguntou ríspido.
- Absoluta! – Hasteou a mão ossuda recolhendo os Galeões de Harry e os admirando.
- De qualquer forma, obrigado!
- Qualquer coisa...
- Vamos, Rony. – Harry já ultrapassava a porta deixando Borgins falando sozinho.

Farfalhavam-se as folhas e os ganhos das árvores aos arredores da Vila Lobo. A nevoa da manhã de entrada na quarta semana de setembro estava ficando cada vez mais fria, já que o outono vinha se despedindo. Moradores vizinhos da ‘Mansão Potter’ – como era chamada – tampavam a superfície das chaminés e outros catavam lenha pelo bosque, lenha que iria ser estocada por toda a temporada de neve e gelo.
Nessa época era a qual a Sra. Weasley perdia grande parte da tarde tricotando os casacos de frio para os garotos, agora eram precisos mais dois carretéis de lã para satisfazer a altura de Rony. Dorothy seguia os mesmo passos que Molly, mas parecia que o casaco de Dobby nunca crescia, isso se devia as embaraçadas e pontos mal feitos da elfa.

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