NOTÍCIAS TROUXAS
Os três se juntaram em um caloroso abraço e ali ficaram, pensando em seus futuros, em sua amizade. Rony era o único que não chorava, mas um nó na sua garganta o incomodava.
- Estou com fome! – exclamou ele, para quebrar aquele clima – Vamos comer?
- Claro, vamos – assentiu Harry limpando as lagrima com o pulso – Vamos descer.
E assim foram os três. Enquanto desciam a bela escadaria, lado a lado, Hermione olhou pela janela, onde uma bela coruja sobrevoava os terrenos do casarão. Trazia consigo um pacote amarrado em uma das pernas e ia em direção à janela da cozinha, logo abaixo. Granger reconheceu à coruja e correu para o cômodo, seguida de perto pelos outros.
Entraram pela porta que dava a cozinha e viram que a coruja já repousava em um dos braços de Molly. Perto do balcão, Dobby e Dorothy caminhavam de um lado para o outro segurando pratos com uma comida que aparentava ser deliciosa. Molly repousou um tacho com uma colher de madeira sobre a mesa e desamarrou o pacote com sua mão gorducha, porém habilidosa.
- É pra Mione – disse ela, lendo o remetente e entregando com um sorriso o pacote para a sua nora – Mas, vão indo para a mesa. Dentro de minutos almoçaremos.
Rony antes de se dirigir à sala de jantar, apanhou sorrateiramente uma broa e escondeu nas suas mãos grandes. Comeu quando sentou-se na mesa. Harry e Hermione sorriram e sentaram-se junto dele.
A sala de jantar era um cômodo magnífico. Possuía uma ampla janela de vidro que dava para as colinas que se desenrolavam pela propriedade de Potter. A mesa de carvalho era trabalhada, esculpida no carvalho maciço, com desenhos de flores-de-lis e brasões antigos. Sob o chão de pedras perfeitamente encaixadas havia um belo tapete indiano, com franjas douradas e desenhos abstratos, que forrava parte do chão. Dezenas de castiçais de ouro pendiam nas paredes com velas brancas apagadas. Uma lareira feita com mármore negro ocupava o lado esquerdo da sala, com achas de madeira empilhadas dentro. Pendendo no teto, um lustre feito com gotas de cristal e com dezenas de esferas de ouro reluzia lançando luzes multicoloridas, que provinham da refração dos raios solares no cristal. Nos suportes de ferro, estavam hasteados quatro belos estandartes coloridos. Um deles era a bandeira da Ordem, com um campo dourado e uma fênix bordada. Outro era da família Weasley, a quem Harry havia presenteado, dotada de um fundo vermelho e de uma raposa amarela. A dos Black era negra, com um lobo prateado uivando para uma lua minguante. E finalmente, a dos Potter. Uma bela águia branca num céu azul celeste, alçando vôo.
Hermione desenrolava a corda do pacote e abria um jornal chamado The London Times, de autoria trouxa. Seus pais haviam mandado para ela, como sempre fizeram. Ela folheava-o, olhando notícias de seu país e do mundo.
- “Arsenal ganha mais uma do Manchester United... Kate Moss flagrada nua”...ai, que horror!
- ONDE? – Rony falara alto, olhando para Hermione. Logo recebeu um olhar mortal e um beliscão forte de sua noiva. Olhou para baixo – Desculpe, Mione, minha querida.
- Tsc, tsc...“Violência aumenta na capital... Audi lança novo modelo, ideal para longas viagens...” – e assim foi lendo, ocupando seu tempo. Contudo, na página n° 23, havia uma marcação feita com um marca-texto ao redor de uma notícia pequena no canto inferior da folha – “Mortes Misteriosas no Interior de Gwent, condado Inglês”.
- O almoço está pronto! – Molly entrara seguida por Dobby e Dorothy, respectivamente, cada um com uma travessa nas mãos. Arthur sentou-se na mesa – Temos hoje peru assado, salada de batatas e suflê de espinafre, regado com vinho e suco de abóbora! De sobremesa, sorvete de creme! Vamos, vamos, Mione, guarde esse jornal! Vamos almoçar!
Hermione largou contrariada o jornal no chão, servindo-se de batatas e de uma fina fatia de peito de peru. Tomava vinho. Rony pareceu esquecer de todos os problemas e dos amigos. Concentrou-se em seu almoço, colocando um bom naco de carne em seu prato, com mais três batatas e uma grande porção de suflê. Empurrava tudo com o suco de abóbora. Harry mal tocava na comida.
- E então, Arthur, o que aconteceu no Ministério da Magia? – perguntou Molly, tirando com as mãos uma coxa do peru.
- Ahhh, nada de bom, como sempre – Arthur estava apreensivo – Tivemos mais uma fuga. E um roubo também, talvez associado com o fugitivo. Ah, Molly, está tudo tão difícil...
- Quem fugiu? Eu conheço?
- Infelizmente, todos nós conhecemos. Foi Snape que fugiu... e o espelho de Ojesed foi roubado – Arthur percebeu o espanto na cara de sua mulher, mas não notou o mesmo espanto na cara de seu filho e de sua nora – Vocês já sabiam?
- Harry nos contou, Sr. Weasley – respondeu Hermione – Um fato lamentável, certamente. O que faremos?
- Vocês não farão nada – disse Molly, adiantando-se – Harry e Arthur deverão fazer, não é, Harry querido?
- Nós e mais alguns aurores, Sra. Weasley. Não se preocupe.
Continuaram comendo. Arthur e Molly discutiam sobre os acontecimentos no Ministério, enquanto os outros ouviam ou apenas comiam. As travessas foram praticamente todas limpas e os jarros de suco e vinho foram quase completamente tragados. Dobby, com um gesto de mão, fez sumir todos os pratos da mesa e em seguida Dorothy, com um gesto semelhante, fez surgir dois grandes potes com sorvete de creme, pequenas taças de porcelana e talheres de prata.
- Vou ficar gorda desse jeito! – Hermione se servia de uma generosa bola de sorvete – Rony não vai me querer assim!
Todos na mesa riram, e Rony deu um leve beijo em sua namorada.
O pessoal se dispersou. Os elfos foram para a cozinha com Molly, Arthur combinou para mais tarde uma conversa com Harry, que subiu para seu quarto junto com Rony. Hermione ficou na sala, lendo o jornal e voltando para a página 23.
Hermione terminou de ler espantada. E gritou dali mesmo para os amigos no patamar acima.
“Na tarde de ontem, um estranho fato abalou os arredores de Newham, cidade no interior do Condado de Gwent. Um homem e uma mulher foram encontrados mortos com inúmeros cortes em várias partes de seus corpos. Os para-médicos da cidade estão confusos, uma vez que mesmo com a quantidade de ferimentos, nenhum deles traria a morte das vítimas. Nenhuma fratura ou hemorragia interna foram detectadas, e suas mortes são misteriosas. Testemunhas e conhecidos afirmam que eles eram colecionadores e nessa manhã tinham se interessado por um velho espelho carregado por um rapaz muito obscuro e que sumiram depois de irem falar com ele. “A polícia está cuidando do caso e daremos respostas em breve”, falou o delegado da região.”
-O espelho de Ojesed! Snape também, quem sabe?! – Disse Hermione pasma.
- Snape, esse maldito assassino! – Harry estava furioso ao acabar de ler.
Ele voltou para seu quarto junto com Hermione e Rony, tinham combinado de falar com Arthur logo que chegasse a hora da pequena reunião. Precisavam discutir o que fazer. Snape já estava matando pessoas, já estava espalhando suas maldades pelos cantos que passava. Aguardariam, pensaram Rony e sua namorada.
Harry, ao contrário, precisava agir.
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