AZKABAN
O som intermitente da água escura do mar chocando-se contra à encosta de pedra onde se situava o castelo ecoava pela região. De quando em quando o barulho de aves rasgava o céu, assombrando o local. A espuma das ondas brilhava à luz prateada da lua, que naquele lugar tinha um brilho funesto.
As grossas paredes de pedra, juntamente com encantamentos antigos, isolavam completamente o som de dentro pra fora do castelo, aumentando ainda mais o sigilo. Vultos negros, confundidos com a escuridão da noite guarneciam as entradas e posicionavam-se estrategicamente em diversos pontos, eram dementadores.
Luzes fracas bruxuleavam de lamparinas penduradas nas paredes, revelando a mobília e o assoalho gastos, também, retratos dos antigos e recentes condenados, até mesmo o bruxo de cabelos negros e oleosos, famoso por suas habilidades com o uso de poções. Um auror trajando uma veste roxa dotada de capuz caminhava pelo corredor; a varinha em punho esperando qualquer ação estranha.
De aberturas nas paredes, protegidas por grades de ferro, um forte vento fluía, fazendo a chama de alguns lampiões dançar e a de outros apagar. A isso se deveu uma queda brusca de iluminação e o auror de capuz roxo demorou a notar um outro que fazia ronda em uma área próxima. O vigia tinha uma respiração forte, seus olhos corriam de um lado a outro, fitando cada mínimo detalhe ou mudança repentina.
A escadaria alongava-se por mais alguns metros e marcas de uma antiga rebelião eram notadas. Chegou enfim ao término da escada que dava para uma sala semi-circular de onde saíam vários corredores e inúmeras portas.
Seus olhos viram de relance uma janela e suas pernas o moveram até lá. Seus olhos brilharam por um instante dentro da escuridão do capuz. Seu rosto sentiu o vento gelado e sua mente vagou por lugares estranhos. Suspirou. Logo voltou a caminhar, tomando um dos corredores como caminho.
Viu um pouco depois dois aurores postados em frente a uma porta e ditou-lhes a senha, jogando para trás o capuz.
- Sangue de dragão Escocês recém-nascido de barriga branca!
Um dos aurores virou-se e esticou a varinha em direção a fechadura e, sem dizer qualquer palavra, a porta se abriu com um “clec” sonoro. Feitiços não verbais eram usados constantemente dentro de Azkaban.
- Não se demore – falou um dos vigias.
Com um gesto da mão, colocou de volta o capuz e entrou na sala, sussurrando um Lumus para iluminar o cubículo de cor branca. Um catre com lençóis brancos e um urinol de cobre eram os únicos objetos no local, um bruxo mal cuidado, sentado de qualquer jeito no chão olhou para o recém chegado. Seus olhos refulgiram.
- Severus, é chegada a hora – sussurrou o auror, agora despindo completamente de suas vestes roxas.
O bruxo mal cuidado levantou-se, exibindo as marcas da velhice e do cansaço. A barra de sua roupa arrastava-se pelo chão.
- Ah! Finalmente. Não agüentava mais esperar – disse Severus - Vamos, dê-me as vestes. Trouxe o que pedi?
- Ahm... Snape, sabes que não será assim tão fácil escapar de Azkaban... Aurores e dementadores demais. Você sabe como é.
- Trouxe ou não? – interrogou Snape, lançando um olhar venenoso – Rápido. Diga-me.
- Sim, sim. Eu o trouxe. Está no bolso interno da veste. Depois de sair, continue pelo corredor e encontre uma janela. É lá que você tem que agir.
Severus agarrou a varinha e riu ironicamente, apontando a peça de madeira contra o peito do auror:
- Hum... Ótimo! Abaffiato! Petrificus Totalus!
O auror caiu com um baque surdo no chão, inerte. Snape, olhando para os lados, colocou o corpo sobre o catre e logo se cobriu com o capuz, dirigindo-se à porta.
Passou quieto pelo aurores, agindo o mais naturalmente possível, guiando-se apenas pela fraca luz das lamparinas. Encontrou em seguida a janela e depois de mais alguns minutos saiu pela porta de entrada de Azkaban. O vento entrou por suas vestes uma boa sensação de frescor lhe veio, a lua que há tempos não via estava refulgindo para ele. Caminhou até a encosta rochosa da ilha e sem pensar duas vezes, se arremessou para baixo.
- Argh – um grito soou pelo quarto. Olhos verdes abriram-se arregalados, o suor escorria pela testa e passando por uma cicatriz em forma de raio de um garoto de corpo magro que se levantou com um salto. Acabara de acordar de um pesadelo.
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