Capítulo 3



CAPÍTULO 3:

-O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI? – ao entrar em sua sala, Ginny se depara com Harry sentado em uma mesa posicionada, de maneira a formar um ângulo reto com a sua, uma mesa que até sexta-feira, último dia em que havia visto sua sala, não estava lá.

-Bom dia! - disse o moreno à guisa de resposta, após levantar a cabeça e encará-la com um leve sorriso nos lábios.

“Não acredito. O que ele tá fazendo aqui? É castigo, só pode ser castigo.”, pensou enquanto, olhava para o moreno, que após alguns instantes abaixou a cabeça e voltou a se concentrar no que estava fazendo antes da chegada da moça.

Ginny, continuou olhando em direção a mesa de Harry, enquanto se deslocava até sua mesa e se sentava. Durante algum tempo, tentou sozinha, achar respostas que justificassem a presença do moreno em sua sala.

Desistiu de tentar e resolveu descobrir, pelo jeito mais fácil, perguntando ao próprio:

-Hey! – ele não respondeu - Hey! – falou num tom mais alto. Assobiou, mas ele continuou na mesma posição – Psiu! – parecia não ouvi-la – Harry! – Imediatamente ele levantou a cabeça.

-Sim? – perguntou, solícito.

-Você por um acaso desenvolveu algum problema de audição?

-Não – respondeu, com uma expressão confusa.

-Estou lhe chamando a horas... – disse exagerada – ...e você não responde.

-Só escutei você chamar meu nome uma vez.

-Eu te chamei cinco vezes, e você só me ouviu na última.

-Não eu ouço muito bem, e o que ouvi foi: Hey, Hey, um assobio curto, Psiu e só depois o meu nome – enquanto falava ia contando nos dedos de uma mão.

Ginny, sentiu as orelhas queimando, indicando que a raiva estava subindo.

-Pois então, se ouviu por que não respondeu? Só estamos você e eu aqui, com quem mais eu poderia estar falando, querido? – falou com uma calma forçada.

-Bem, é que meu nome é Harry, se você, ou qualquer outra pessoa quiser falar comigo, eu acho que deve me chamar pelo nome – respondeu de maneira casual – Agora que isso ficou claro, por que estava me chamando?

Ginny, respirou fundo na tentativa de se acalmar.

-O que você está fazendo aqui? – perguntou suavemente.

-Trabalhando! – respondeu como se fosse a coisa mais óbvia.

-E desde quando você trabalha aqui?

-Desde de hoje.

-Tidwell não me disse nada!

-Ele não deve ter tido tempo.

-E porque ele te colocou na minha sala?

-Por que você era a única sem parceiro.

-Certo...

Ginny parou de olhar para Harry, e passou a examinar os pergaminhos que estavam na sua mesa. “Agora vou ter que ficar o dia inteiro com ele”, pensou em desespero. “Ginevra, se controle, você já superou o que sentia por ele. A presença dele não vai te abalar”.

Passado alguns minutos em silêncio, a garota não resistiu e olhou de soslaio para a mesa dele. Continuava concentrado, lendo alguns pergaminhos, enquanto fazia anotações em outros. Como ele ficava lindo com aquela expressão séria, a sobrancelha franzida, os músculos do rosto tensos, a boca definida... Interrompeu seus devaneios, sacudindo levemente a cabeça, para espantar os pensamentos incômodos.

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Com os olhos ainda fechados, esticou o braço e tateou o espaço a sua frente. Vazio. Abriu os olhos, aos poucos foi ganhando consciência e então, lembrou o porque do espaço ao lado estar desocupado, “Como ele pode ser teimoso desse jeito?!”.

Falshback:

Após o seu plantão no St. Mungos, Hermione foi direto para sua casa. As costas doendo horrores, os pés latejando e cabeça zonza. Como estava grávida de quase 8 meses, seu chefe quis dispensá-la do serviço, mas ela não aceitou e agora amargava as conseqüências de ter passado horas em pé, na emergência do hospital.Tomou um banho, colocou uma roupa bem leve e foi dormir o sono dos justos.

“Mamãe”, uma voz ecoou em sua mente,ela simplesmente se aconchegou mais no travesseiro ignorando a voz. Passados alguns instantes, “Mamãe, acorde!”, agora sentiu uma corrente de ar incômoda na sua orelha esquerda, levantou uma mão e a sacudiu como se estivesse espantando um mosquito.

Sentiu uma mão grande e quente sobre seu abdômen, e logo em seguida seus lábios foram tocados, por algo macio e quente, “Acorde, meu amor!”. Abriu os olhos devagar e encontrou, parado a sua frente, um rosto másculo cheio de sardas. Olhos profundamente azuis, um nariz um pouco avantajado e lábios curvados em um sorriso, também compunham a paisagem.

Sorriu. Esticou os braços preguiçosamente, para em seguida envolver o pescoço do homem a sua frente com eles. Ele também a abraçou, beijou-lhe os lábios e depois o abdômen protuberante.

-Que saudades! – disse a morena.

-Eu também estava morrendo de saudade, dos dois! – disse o homem apontando a barriga dela com o olhar.

-Ele também estava com saudade de você, não é meu amor? – a moça disse enquanto acariciava o ventre.- Há quanto tempo você chegou?.

-Faz umas cinco horas.

-Por que não me acordou antes?

-Você parecia precisar descansar, não quis incomodá-la

-Hum... E você? Não dormiu depois que chegou?

-Dormi durante umas duas horas, no sofá mesmo.

-Por que não veio se deitar aqui?

-Já disse, não queria lhe incomodar, eu ocupo muito espaço – disse divertido.

Após o comentário, Hermione adquiriu um expressão de fúria.

-O que você não queria, era dividir a cama com um barril! Não queria que EU, o balão, atrapalhasse o SEU sono – disse a morena com raiva e com lágrima nos olhos.

Rony se desesperou com a reação da esposa. A gravidez tinha deixado-a, com uma leve propensão a oscilação de humor.

-Não é nada disso Mione, eu só não queria lhe incomodar!

-É isso sim, é isso sim – disse já chorando – Eu estou enorme, e o Sr. – sibilou – não quer dormir junto da sua mulher gorda! – finalizou caindo num choro desesperado – Eu me sinto feia, inchada, minhas costas doem, os meus pés não cabem em nenhum sapato, passo o dia pensando em comida e mesmo quando estou comendo, eu penso em comida.

-Meu Merlin! Mione... Inferno Sangrento... não chore, eu prometo que da próxima vez eu vou lhe incomodar! – disse de maneira nervosa.

-Eu não quero que você sinta pena de mim! – disse em meio ao choro.

-Mione, o que é isso? – tentou abraçar a mulher, mas ela se afastou.

-Não me toque, seu legume insensível!

Ron levantou da cama e ficou andando de um lado para o outro do quarto sem saber o que fazer para evitar o choro da esposa. Depois de percorrer quilômetros dentro do próprio quarto, viu que Hermione estava um pouco mais calma.

Se aproximou aos poucos, com medo que a mulher lhe atirasse algo, como já havia feito outras vezes. Quando conseguiu alcançar a cama, se ajoelhou, passou a mão nos cabelos cheios da morena, que havia enfiado o rosto no travesseiro, e disse num tom doce e desesperado:

-Mione, por Merlin, me diz o que eu posso fazer pra você parar de chorar. Eu juro, que não te acho feia ou gorda, tá, talvez você tenha engordado um pouquinho e tomado um espaço maior na cama... – Hermione levantou os rosto subitamente e lhe lançou um olhar assassino, Ron engoliu em seco e rapidamente completou -... Erm... o que eu quero dizer é que eu acho que você ficou linda, mais linda do que você sempre foi.

-Você jura? Jura que não está enojado com a minha aparência?

-Enojado?! Mione, eu estou extasiado! Isso sim! Como disse, você ficou mais linda assim. Uma imagem perfeita, magnífica, fenomenal, fantástica, espetac...

-Tá, tá, já entendi – disse divertida.

-E então? Você me perdoa?

-Não sei... – disse tentando esconder o riso.

-Eu faço qualquer coisa.

De repente a morena teve uma idéia.

-Qualquer coisa?

-Qualquer coisa.

-Qualquer coisa mesmo?!

-Já disse que sim, meu amor.

Torcendo as mãos e olhando para a estampa da roupa, parecendo muito interessada, Hermione começou:

-Tem algo que quero lhe falar e bem... talvez não seja algo que você queira ouvir... – olhou de soslaio para o marido afim de ver a sua feição, ele a olhava com expectativa, continuou -... sendo assim, o que eu quero que você faça pra poder te perdoar, é que escute o que eu tenho pra falar até que eu termine, sem me interromper nenhuma vez.

Rony lhe lançou um olhar desconfiado, suspirou e disse:

-Se eu fizer isso você vai me perdoar? – a morena acenou em concordância – Vai parar de chorar? – novamente uma afirmação – então manda! – disse enquanto se sentava no chão ao lado da cama.

- Harry esta de volta – as orelha de Ron começaram a ficar vermelhas – o encontrei ontem no Beco Diagonal. Conversamos durante um bom tempo e ele mencionou que queria te ver, voltar a reunir o trio, sabe?!

O ruivo respirou fundo. Mais uma vez. E outra. Sua face já estava tão vermelha quanto seus cabelos. O seu olhar estava injetado. Os músculos da face tremiam. Ficou olhando pra mulher durante alguns segundos até que, num sibilo, disparou:

-Você já terminou? – Mione, acenou que sim com a cabeça – Ótimo! – disse enquanto se levantava e fazia menção de sair do quarto.

-Ron! – a moça chamou. Ele parou e a olhou por cima do ombro – Você não vai dizer nada?

-Não tenho nada pra dizer – falou lentamente e num tom venenoso.

-Por favor, diga alguma coisa! – disse exasperada.

-O que você quer que eu diga? – perguntou, no mesmo tom de antes.

-Qualquer coisa! O que está sentindo! Sei lá, qualquer coisa, contanto que diga!

-Agora eu é que digo, você pode não gostar de ouvir o que eu tenho pra falar.

-Experimente!

-Você está grávida, não quero discutir, você pode passar mal.

-Não se preocupe, eu agüento. É mais fácil eu passar mal se você não falar nada.

Rony girou o corpo ficando de frente para a mulher. Ela percebeu que os punhos do marido estavam cerrados, como se ele quisesse se conter, a respiração estava pesada, o rosto e as orelhas ainda vermelhos, parecia pesar as palavras que estava prestes a proferir. Finalmente se manifestou:

-Ele quer reunir o trio? – falou calmamente, a esposa anuiu – Que trio? Que trio,pelo amor de Merlin? Ele não quis reunir o trio antes, quando decidiu, sozinho, ir embora sozinho. Nem eu, nem você ou mesmo a namorada dele, fomos informados. E agora quando decidiu voltar, Merlin sabe por quê! Achou que o receberíamos de braços abertos?! Você pode ter perdoado o que ele fez, mas eu não, nem hoje, nem nunca. Eu não estou a disposição dele.

-Ron, não seja tão duro com ele – o ruivo soltou um risinho de escárnio – Você sabe muito bem que ele deve ter tido um motivo forte pra ir embora do jeito que foi. Quando estávamos conversando, ele falou algo como ter se ocupado durante anos combatendo fantasmas. Ele devia estar atormentado, por isso resolveu se afastar.

-Você sempre o defende! Sempre com a mesma história: “Ele está atormentado!”, “Ele é assim mesmo”, “Ele já sofreu muito Ron” – despejou numa fraca imitação da voz da mulher – Pois eu não estou nem aí! Ele não ligou pra ninguém quando se foi a sete anos. Se ele quer reunir o trio que arrume outro idiota para o compor!

-Então eu sou uma idiota? É isso que você quer dizer, Ronald? – perguntou, em um tom alto.

-Não que você sempre seja, mas está agindo como uma agora – devolveu em um tom mais alto.

-Como se atreve a falar assim comigo? Eu sou sua mulher, tenha mais respeito!

-Agora você se lembrou que é minha mulher?! – perguntou com um sorriso irônico – Mas não ontem, ontem você não lembrou, porque se tivesse lembrado, também teria lembrado que lhe pedi pra não tocar mais no assunto, teria concluído que passar horas conversando com aquele imbecil, e me fazer saber disso, me ofenderia, não só a mim, a minha irmã, de quem você se diz melhor amiga, a minha família, que é agora sua família também. Mas você não pensou em nada disso ontem!

-Você considera eu ter conversado com Harry, que sempre foi meu melhor amigo, praticamente meu irmão, uma ofensa a sua pessoa?

-Foi o que acabei de dizer, meu bem – disse de maneira irônica.

-Você está sendo egoísta!

-Eu, EU estou sendo egoísta – disse enquanto batia as mãos no próprio peito – E ele Hermione? Você não considera o que ele fez egoísmo? Ele nos deixou pra trás, você, eu, Ginny, todos. Você não enxerga isso?

-Ele errou Rony, eu sei que ele pisou feio na bola, ao ir embora sem ao menos se despedir, mas quem não erra, ahn? Quem não erra?

-Mione, ele deixou a família dele pra trás! Eu sou um Weasley, isso é inadmissível pra mim, é a pior das traições, e pensei que fosse pra você também. Quando Percy nos virou as costas, você ficou tão indignada quanto eu, até aquele imbecil ficou!

-Rony, Harry é muito diferente do Percy, você sabe disso!

-É, eu sei, e é por isso mesmo que o que ele fez me incomoda mais, porque do jeito que Percy sempre se comportou, a atitude dele não foi grande surpresa. Agora do Harry eu nunca esperava, você não entende?

-Ron, tente entendê-lo – disse a morena em tom desesperado – Ele sempre foi seu melhor amigo, você o conhece, sabe que ele não fez isso por mal, é bem provável que tenha feito pensando que fosse o melhor pra nós!

-Não, Mione! Eu não vou tentar entende-lo! As boas intenções dele não justificam o que ele fez. Se ele tivesse parado pra pensar, ele saberia que ficaríamos chateados, magoados com ele. Nós somos adultos agora, a Guerra nos amadureceu, e adultos devem pesar a conseqüência dos seus atos, o Harry já é adulto, então, ele deve saber que depois do que fez, depois de deixar tudo e todos pra trás, ele não pode voltar e fingir, e pior, exigir que todos finjam que não aconteceu!

-Ele não quer que agente finja, ele quer o nosso perdão, só isso!

-Pode ser só isso pra você, mas pra mim não é!

O silêncio se instalou no quarto. Hermione olhava a lua que já aparecia. Ron focava um ponto qualquer. A morena viu o marido se dirigir ao closet e depois voltar de lá com uma muda de roupa na mão. Ele se dirigiu a porta para sair do quarto. Entendendo a intenção do marido, ela exclamou:

-Você acabou de dizer que agora somos adultos, e está tomando essa atitude infantil de ir dormir em outro quarto.

-Se você pôde perdoar a atitude do Harry, acho que poderá me perdoar também – disse sem encara-lá – Caso se sinta mal, me chame, estarei no quarto de hóspedes, boa noite, durma bem.

-Ronald! – ele parou, mas não se virou – ao menos pense nisso, por favor.

Rony saiu sem responder.

Fim do Flashback


Há dois dias que eles não dormiam no mesmo quarto. Depois de tomar um banho, resolveu descer para comer alguma coisa. Chegando a cozinha, encontrou o marido tomando o café da manhã. Olhou em direção a ele e o contemplou por alguns minutos, “Já chega, ele teve muito tempo pra pensar”. Quando começou a abrir a boca pra falar, a voz de Rony se fez ouvir:

-Eu já pensei, se era o que ia me perguntar.

-Eu não disse nada! – exclamou, assustada com o marido.

-É, não disse, mas ia dizer – devolveu de maneira divertida.

-Humf... E chegou a alguma conclusão? Digo, depois de pensar?

-Sim! Bem... não foi bem a uma conclusão que eu cheguei.

-E ao que foi então?

-A uma pergunta!

-Que pergunta? – perguntou confusa

-“Por que ela sempre consegue me convencer a fazer o que ela quer?”

-Então, quer dizer que... – disse animada.

-É, quer dizer que.. – disse divertido – Afinal não quero que o meu garoto nasça com a cara do Harry.

-O quê? Como assim?

-Oras, você está grávida, não é? – ela fez que sim com a cabeça – E DESEJA que eu tente perdoar o Harry, certo? – Mione repetiu o gesto – Os trouxas não dizem, que quando você não realiza o desejo da grávida, a criança nasce com a cara daquilo que a mulher desejava... – ela balançou a cabeça, com um sorriso nos lábios, já tinha entendido onde o marido queria chegar, como ele podia ser bobo – Pois então, vou realizar o seu desejo para que nosso filho não nasça com a cara do Harry.

Hermione, saiu do seu lugar e foi sentar no colo do marido rindo. Deu-lhe um beijo nos lábios e disse:

-Rony, você é simplesmente inacreditável!

-Eu sei, eu sei.

-Isso não foi um elogio, meu bem – disse irônica.

-Credo, Mione! – disse fingindo indignação – Eu aqui me esforçando pra realizar todos os seus desejos, e você não é nem capaz de me proporcionar uma massagem de ego?!

Ela riu ainda mais.

-Eu te amo, sabia?! – disse enquanto encostava a testa a dele.

-Eu sei, eu sei.
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Ginny desaparatou no beco mais próximo ao restaurante trouxa em que tinha combinado se encontrar com Hermione pra almoçar. Enquanto caminhava pelas ruas, lembrava dos últimos dias. Primeiro Harry volta. Depois ele passa a trabalhar no Ministério pra ser mais específica, na mesma seção que ela, e como se isso não fosse o suficiente, na mesma sala.

As duas últimas semanas tinham sido cansativas, pra dizer o mínimo. Fora obrigada a passar a maior parte das horas do seu dia ao lado do moreno, quando não era na sala, eram nas missões a que eram obrigados a ir juntos, já que eram parceiros.

Assim que entrou no restaurante avistou a cunhada, que já estava debruçada devorando um prato. Se aproximou da mesa com um sorriso e disse:

-Pensei que iríamos almoçar juntas, mocinha!

Hermione só levantou a cabeça após colocar mais duas garfadas na boca.

-Ginny?! – disse com a voz emplastrada – É que você não chegava, eu estava morrendo de fome, resolvi começar sem você – conclui meio sem graça.

-Mione, eu fui pontual, como todo bom inglês. Cheguei na hora marcada.

-Bem... é que eu cheguei antes – disse com um sorriso amarelo.

-Quanto tempo antes?

Hermione pareceu ficar desconfortável.

-20 minutos?! – disse fazendo uma careta.

Ginny riu da cunhada, que se sentiu ofendida.

-Ora, Ginevra! Você sabe muito bem que o apetite fica potencializado com a gravidez, somando-se a isso a minha impaciência, eu simplesmente pensei que você poderia se atrasar e que eu e o bebê ficaríamos com fome. Pare de rir! – disse ao observar que a ruiva se divertia com a sua situação.

-Desculpe, Mione – disse tentando sufocar o acesso de risos e se sentando.

Ginny fez seu pedido assim que o garçom se aproximou, Hermione também pediu mais alguma coisa.

-Como andam as coisas? – perguntou Mione de forma casual.

-Tudo normal, a rotina de sempre com leves modificações – respondeu a ruiva tentando parecer mais casual ainda.

-Que modificações foram essas? – perguntou a morena curiosa.

-Nada demais... – disse Ginny antes de beber um gole de sua água. Devolveu o copo a mesa e continuou sem encarar a amiga -... só que o Harry esta trabalhando no Ministério, na seção de aurores, pra ser mais exata, na MINHA sala.

Concluiu e novamente levou o copo a boca, enquanto olhava de soslaio para Hermione, esperando que a morena se espantasse com a notícia. Porém, ela não pareceu espantada. Também tinha pegado o copo que estava a sua frente e bebia o seu conteúdo avidamente.

A cunhada depositou o copo na mesa, pigarreou e passou a observar um quadro que estava na parede oposta. Ginny, interpretando as atitudes da amiga, arregalou os olhos e disparou:

-Você sabia! Sabia que ele tinha voltado.

Hermione voltou a encará-la e com os lábios curvados em um sorriso sem graça respondeu:

-Sabia – disse, fazendo uma careta.

-E não me disse nada?

-Bem... Foi você mesma que disse pra eu não tocar no assunto Harry se não me engano – disse com um sorrisinho irritante.

-É verdade... – disse num tom derrotado.

Nesse momento o garçom chegou a mesa com o pedido das duas, que permaneceram em silêncio até que Ginny não resistiu:

-Quando foi isso? – perguntou fingindo casualidade.

-O quê? – perguntou Hermione como se não soubesse do que ela estava falando.

-Não se faça de desentendida Hermione Weasley! – falou em um tom irritado.

-Ué... Pensei que não queria mais falar NESSE assunto. – devolveu a morena, irônica.
A ruiva lhe lançou um olhar cortante.

-Foi um dia depois dele encontrar com você – respondeu a morena.

-Como sabe que dia ele se encontrou comigo?! – perguntou a ruiva surpresa.

-Ora, ele me disse. Por quem mais eu saberia? VOCÊ não me disse nada.

-Ah! Quer saber? Vamos encerrar esse assunto! Confirmo o que tinha dito antes, não quero falar nele – disse enquanto abaixava a cabeça e começava a comer.

-Não! Não vamos mudar de assunto. Quando me pediu para não falar mais em Harry, foi com a justificativa de querer esquecê-lo. Agora que você o verá todos os dias, não vai poder fazer isso, então, por que não podemos falar nele? Isso é ridículo!

-Eu não quero falar! – disse, a ruiva ríspida – Como você mesma disse, de agora em diante o verei todos os dias, o que já é uma dose mais do que suficiente de Potter pra mim!

-Por Merlin, Ginevra! Você acha que não ter falado nele durante esses anos, fez você esquecê-lo? Você teve motivos bem fortes para se lembrar dele diariamente!

-Hermione! Por favor, não insista! Eu não quero falar disso! – disse a ruiva com ar cansado.

-Você TEM que falar! Esse assunto não envolve só você, não se trata só de você – disse Hermione em um tom um pouco alto.

-Quem decide isso sou eu! – disse, firme.

-Você só está pensando em você! Na sua mágoa! Não esta pensando em s... - parou de falar ao ouvir uma voz estridente chamar.

-GRANGER, WEASLEY! – a voz pertencia a uma mulher de cabelos lisos e negros, que se aproximava da mesa – Há quanto tempo!

-Não o suficiente... – disse Ginny em voz baixa, para que só a cunhada ouvisse.

-Como vai Chang? – perguntou Hermione, tentando segurar o riso provocado pelo comentário da ruiva.

-Muito bem, obrigada! – olhou para o abdômen protuberante da morena - Merlin! Não me diga que está grávida! – disse enquanto em uma dramatização, arregalava os olhos, abria a boca e a tampava com a mão.

Depois desse comentário, Ginny olhou de esguelha para a cunhada e revirou os olhos.

-Pois é! Oito meses – respondeu tentando ser cortês.

-Que ótimo! Posso me sentar aqui? Eu simplesmente DETESTO comer sozinha! – disse enquanto já se sentava.

-Sinta-se a vontade! – disparou a ruiva sarcasticamente, só que a outra pareceu não perceber.

-O que andam fazendo, meninas? – perguntou a oriental.

-Nada de interessante, só casa e trabalho. – respondeu, Mione.

-E você Weasley?

-A mesma coisa – respondeu sucintamente.

Cho ficou olhando de uma para outra, como se estivesse esperando alguma coisa. Hermione percebendo seu ar de expectativa e a falta de disposição da cunhada para continuar a conversa, perguntou:

-E você Chang? O que anda fazendo? – a moça abriu um enorme sorriso, e a morena entendeu que tinha acertado em cheio.

-Vocês nem vão acreditar! – disse numa voz excitada e fez uma pequena pausa. Como as outras não se pronunciaram resolveu continuar – Não sei se sabem, mas quando a Guerra estourou, meus pais e eu nos mudamos para a Itália, fugindo do tumulto...

Ginny lançou um olhar incrédulo para Hermione e apenas com o movimento dos lábios, repetiu a última palavra usada pela chinesa, que por estar envolvida demais no seu discurso, não viu.

–...Lá conheci uma trouxa americana que tinha uma agência de modelos. Stacy, a trouxa de quem falei, me chamou para trabalhar para ela, até hoje nem sei porque, não me acho tão bonita assim – disse com falsa modéstia – e era o que eu fazia até ano passado, eu era uma modelo trouxa. Esse ano voltei para a Inglaterra, e agora tenho minha própria grife, a Bruxique, é claro que vocês já devem ter ouvido falar, está fazendo um tremendo sucesso! Eu simplesmente NÃO esperava! – terminou com um risinho extasiado.

-Meu Merlin! – disse Ginny, batendo na testa e olhando para o relógio – Olha que horas são, a conversa estava TÃO interessante que nem vi o tempo passar. Infelizmente, tenho que voltar ao trabalho.

-Nossa! – olhou para o relógio – Eu também tenho que ir. Tenho horário marcado com o meu medibruxo. – disse, Hermione se aproveitando da desculpa dada pela cunhada.

-Ah! Que pena! – disse Cho fazendo um biquinho – tanto tempo sem nos ver, nós teríamos muito pra conversar.

-Pois é! – soltou a ruiva, fingindo decepção – que pena que o dever nos chama. Mas fica pra próxima, querida. Com certeza teremos outra oportunidade.

-Claro que sim! – completou Mione enquanto se levantava com dificuldade – Até mais Chang!

-O que é isso podem me chamar de Cho, já nos conhecemos a tanto tempo. Caso queiram me encontrar, sempre estou na minha loja. Passem por lá pra ver as últimas novidades, eu faço um desconto ótimo para conhecidos – disse e piscou marotamente.

-Iremos com TODA certeza, pode esperar, tchauzinho! – Ginny acenou afetadamente.

-Até logo, Chang! – disse Hermione e se afastou da mesa junto com a cunhada.

-Até mais meninas! – Cho disse enquanto acenava com a mão.

Já fora do restaurante, Hermione e Ginny se entreolharam e se puseram a rir.

-Meu Merlin! Ainda bem que você arrumou logo uma desculpa – disse a morena.

-Você vai ter que me agradecer pelo resto da vida.

-Pode deixar.

-Até mais então, mande um beijo para o meu irmão desnaturado, ele nunca mais foi a Toca.

-São os treinos do time. Ele chega em casa muito cansado. Mas a temporada já esta acabando, logo ele estará de férias e eu já estou de licença desde a semana passada, nós vamos poder visitá-los em breve.

-Tudo bem, vou ficar esperando – deu um beijo no rosto da cunhada e depois se abaixou para beijar a sua barriga – Tchau, meu amor!

Ginny já tinha se virado para ir ao beco desaparatar, quando a cunhada lhe chamou.

-Ginny! Nossa conversa ainda não acabou, depois vamos terminá-la.

-Não insista Hermione! – disse encarando a cunhada.

-Insisto sim! Já disse, isso não envolve só você, pare para pensar.

-Tchau, Mione! – se afastou apressadamente.

Chegou ao beco e antes de aparatar, um pensamento: “Como achei que tudo seria mais simples”.

Desaparatou.

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N/A: Olá pessoas, espero que tenham gostado do capítulo. Fiquei feliz desse tanto assim *autora abre os braços ao máximo* pelos comentários, não se preocupem a fic continuará sendo postada.
Léo Potter: Obrigado pelo elogia a fic. Segui o seu conselho, coloquei que é H/G e pode-se dizer que divulguei por aqui. Valeu por ter comentado.

Paulinha Potter: Que bom que gostou do meu jeito de escrever, continue acompanhando para matar sua curiosidade.

MarciaM: H/G 4EVER, eu acho que eu nem conseguiria escrever uma fic com um shipper diferente, eu considero uma blasfêmia esses dois com pares diferentes, assim como o Rony e a Hermione.

Tucca Potter: Concordo em gênero, número e grau, eles são perfeitos demais, lindos demais... Eles são “O casal”. Será que você acertou o que ele deixou para ela? Vamos ver *autora com olhar enigmático*.

Larissa Manhães: Certo... Eu estou ligeiramente assustada com você, uma maldição imperdoável tão cedo, mas eu nem comecei a demorar a postar *autora com olhar falsamente inocente*... Prometo que vou tentar postar os capítulos rápido.


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