Capítulo 8



CAPÍTULO 8:

Tudo bem, ele sabia que não seria fácil quando tomou aquela decisão, sabia que teria que enfrentar muitos obstáculos para alcançar seu objetivo, mas achava que as suas batalhas seriam travadas a base de paciência, persistência e horas, e mais horas de conversa, nunca pensou que teria que lutar, literalmente, para recuperar o amor de Ginny e conquistar o do filho.

Depois da contenda no St. Mungos, voltou para a hospedaria. Tinha tratado os ferimentos com feitiços, mas definitivamente seu trabalho não se comparava ao da competente Madame Pomfrey, a enfermeira de Hogwarts que tratava as suas injúrias na época da escola, seu rosto e suas costas ainda eram acometidos por dores latejantes.

Só esquecia das dores quando lembrava da imagem da ruiva no hospital. Ela estava deslumbrante naquele vestido branco com estampa de flores. Ele sabia que ela adorava usar roupas trouxas, depois que foi apresentada a elas por Mione, não as largou, dizia que eram mais confortáveis do que as vestes bruxas. Na verdade, não só ela havia aderido a moda trouxa, depois da Guerra, a maior parte da comunidade bruxa consumia roupas e outros produtos do “outro mundo”.

Tomou um banho para relaxar os músculos doloridos e depois se deitou na cama, não tinha sono, mas como não tinha o que fazer, era a melhor opção, talvez isso ajudasse a melhorar a dor incomoda nas costas. De repente, uma lembrança lhe veio a mente.


Flashback:


Estava nervoso, não sabia como ela iria reagir. Havia convidado Ginny para jantar no apartamento que dividia com Rony, ia contar que estava indo embora, talvez até conseguisse dizer o porque, quem sabe assim ela compreendesse melhor a sua decisão.

Ron estava com Hermione, passariam o final de semana fora no litoral, para aproveitar a última semana de férias, ele voltaria para o curso de Aurores e ela para a Academia de Medibruxaria. Não haveria hora mais oportuna do que essa para uma conversa com a ruiva, já que estariam sozinhos.

Os anos que passou servindo os Dursley, afinal, tinham servido para alguma coisa, não era um exímio cozinheiro como a Sra. Weasley, mas a sua comida era até razoável. O prato não era sofisticado, mas era o favorito de Ginny, sapaghetti alla Carbonara, tinha aprendido a receita só por que ela gostava.

A mesa estava posta, lugar para duas pessoas, dois castiçais sustentavam velas já acesas, uma rosa vermelha sobre o prato que seria usado pela moça. Tinha preparado tudo com muito cuidado, na intenção de que a beleza do cenário reprimisse um pouco da raiva que com certeza a ruiva sentiria dele no final da conversa que teriam.

A campainha tocou, fechou os olhos e respirou fundo se preparando para o que vinha a seguir, se dirigiu a porta, segurou a maçaneta por alguns instantes antes de girá-la para abrir, e quando o fez ficou estático.

A noite seria uma tortura, era como se ela soubesse o que ele ia fazer, e não quisesse facilitar a sua árdua tarefa. Ela sempre foi linda, mas hoje estava ainda mais. Usava um vestido verde claro tomara-que-caia, numa altura um pouco abaixo dos joelhos; o cabelo estava preso num coque, mas havia alguns fios soltos sobre o rosto; os lábios brilhavam, provavelmente por estarem encobertos pelo gloss que ela adorava usar.

-Não vai me convidar para entrar? –o momento de contemplação foi interrompido pela voz da ruiva, que agora tinha os lábios curvados num sorriso divertido.

-Cl..Claro – se pos de lado ainda segurando a maçaneta da porta e indicando o caminho com o braço estendido disse –Entre!

A garota o fez e ficou esperando que ele fechasse a porta, mas novamente ele tinha voltado a contemplar a bela figura a sua frente, o que mais o impressionava é que mesmo vestida de uma maneira simples, ela parecia uma deusa.

-Harry?! – a ruiva o chamou – Por quanto tempo mais pretende que fiquemos aqui?

-Ne... Ne... Nenhum. Vamos nos sentar, o jantar já está pronto – espalmou uma mão nas costas da ruiva e a conduziu à mesa. Escutou Ginny rir, curioso perguntou – Do que está rindo?

-De você, ora! Na verdade de sua gagueira – respondeu divertida.

-Mas eu não sou gago! – falou emburrado.

-Mas gaguejou, e eu achei muito bonitinho – disse enquanto beliscava a bochecha do moreno.

Harry resmungou alguma coisa e afastou a cadeira para que a namorada pudesse se sentar, ofereceu a ela a rosa que descansava no prato e ela lhe agradeceu com um leve beijo nos lábios. Pediu que ela esperasse um instante enquanto ele ia a cozinha pegar a comida. Voltou do local levitando uma travessa fumegante e uma garrafa de vinho. Colocou os dois sobre a mesa e se sentou de frente para a ruiva.

Enquanto servia vinho nas taças, viu que a ruiva, com os cotovelos na mesa e o queixo apoiado nas mãos cruzadas, o observava com um olhar intrigado. Depois de preencher as taças, serviu macarrão a ele e a Ginny.

-Estou aqui imaginando, o que você está aprontando? – perguntou a ruiva que mantinha a mesma pose.

-Como é? – fingiu não saber o que ela dizia.

-Você fica uma gracinha com essa cara de “não-estou-entendendo”, mas eu sei que você entendeu muito bem o que eu disse, meu amor. Fez meu prato favorito, arrumou esse cenário romântico, não que eu esteja reclamando, mas sei que você quer alguma coisa.

-Fiz porque você merece. Pense que é uma comemoração pela sua formatura – de certa forma não era mentira, Ginny realmente merecia aquilo e muito mais.

-Me formei há três meses Harry, por que comemorar agora? – o seu tom não era raivoso, ela parecia se divertir ao inquirir o namorado.

-É por que só agora tivemos uma chance de comemorar sozinhos.

-Me lembro de comemorarmos sozinhos – deu um sorrisinho malicioso – no dia do baile, quando você dormiu na Toca.

-Bem..Erm.. – tinha enrubescido com o comentário – Hoje nós vamos comemorar com mais calma.

-Entendo, sem termos que nos preocupar com algum dos meus irmãos ou meus pais entrando no quarto, se bem que isso nunca foi realmente um empecilho... – adorava ver Harry, sem graça.

-Ginny! Não é isso. Merlin! Você esta me fazendo parecer um tarado – devolveu levemente indignado.

-Calma, meu amor, eu só estou brincando – a ruiva ria da maneira ofendida do namorado.

-Você é terrível! Não nega ser irmã de Fred e Jorge – ele também ria.

-Tento honrá-los sempre que posso – a ruiva fingia seriedade. Pegou as mãos de Harry e sorrindo continuou – Como é bom te ver assim!

-Assim como?

-Atencioso, carinhoso, tímido, enfim, como o verdadeiro Harry – deu um aperto nas mãos do namorado e depois as soltou – Agora vamos comer, estou morrendo de fome e o macarrão parece estar delicioso.

Harry sentiu um aperto no peito, tinha consciência que não vinha tratando Ginny do mesmo jeito de antes da Guerra. Não que a amasse menos, pelo contrário, a cada dia a amava mais. Ela era decidida, inteligente, companheira, leal, corajosa, forte e ao mesmo tempo meiga, bem humorada e pra completar, era linda, como não amar uma mulher assim?!

Ele se sentia tão indigno dela, mas ao mesmo tempo tão dependente, tinha uma necessidade gritante de estar sempre perto, mas quando estavam juntos, o maldito sonho vinha lhe atormentar, ficava tão ocupado tentando combate-lo, que não prestava atenção em nada a sua volta, nem mesmo em Ginny.

Tinha que admitir que quando terminou a escola foi um alívio, como não ia vê-la constantemente o tormento ia ser menor. Só que agora ela tinha terminado a escola, ia fazer o mesmo curso que ele, provavelmente se veriam todos os dias, e ele não agüentaria ver o sofrimento nos olhos dela, ele via o quanto ela sofria com a distância dele, e infelizmente, ele não tinha conseguido acabar com a causa daquilo, por isso tinha resolvido ir embora e ia contar pra ela hoje.

Durante o jantar conversaram sobre o curso de auror. Harry indicou os melhores professores, as matérias que ele mais gostava e as que ele achava que ela ia gostar. Riram muito das brigas e reconciliações de Ron e Mione; falaram da felicidade do Sr. e da Sra. Weasley ao ver a família aumentando; Ginny fez uma retrospectiva com as estórias mais engraçadas de seu último ano em Hogwarts. O sonho, felizmente, não tinha vindo o atormentar, e ele aproveitou para se deliciar com cada gesto e expressão diferente que ela fazia, pois essa seria a última vez que a veria em muito tempo.

Se levantaram da mesa e foram se sentar no sofá, Ginny pediu que ele ligasse o som e colocasse o CD com a música que ela gostava. Harry obedeceu. Quando a música começou a tocar, ela se levantou e o moreno entendeu que ela queria dançar.

Talk to me softly
Fale comigo suavemente
There's something in your eyes
Há algo em seus olhos
Don't hang your head in sorrow
Não baixe a cabeça de tristeza
And please don't cry
E, por favor, não chore

Ele se aproximou dela e a enlaçou pela cintura, enquanto ela posicionava as mãos cruzadas na sua nuca.

I know how you feel inside
Sei como você se sente
I've been there before
Já passei por isso
Somethin's changin' inside you
Algo está mudando dentro de você
And don't you know
E você não sabe

Se mexiam suavemente de um lado para o outro, ela o olhava profundamente, como se estivessse tentando ler seus pensamentos, ele na expectativa de que a garota conseguisse, susteve o olhar dela,se ela visse o que ele queria dizer, ele não precisaria dizer as palavras de Adeus que tinha planejado.


Don't you cry tonight
Não chore esta noite
I still love you baby
Ainda a amo, amor
Don't you cry tonight
Não chore esta noite
Don't you cry tonight
Não chore esta noite
There's a heaven above you baby
Existe um paraiso sobre voce amor
And don't you cry tonight
Não chore esta noite

Durante aquele ano, ele havia tentado superar o seu tormento, mas não conseguiu. Por mais que tentasse evitar, aquele sonho em que Voldemort se sentia orgulhoso, que dizia que os dois eram iguais, teimava em surgir em sua mente.

Give me a whisper
Dê-me um sussurro
And give me a sigh
E dê-me suspiro
Give me a kiss before you tell me goodbye
Dê-me um beijo antes de me dizer adeus
Don't you take it so hard now
Não leve isso tão a sério
And please don't take it so bad
E, por favor, não se magoe
I'll still be thinkin' of you
Continuarei pensando em você
And the times we had...baby
E nos nossos momentos…amor


Ginny encostou sua testa na dele, ele viu os lábios dela se movendo num “eu te amo” mudo, ele repetiu o gesto e a beijou delicadamente. Apertou o abraço aproximando mais o corpo esguio dela do seu, queria sentir aquele calor ao menos uma última vez.

Don't you cry tonight
Não chore esta noite
Don't you cry tonight
Não chore esta noite
There's a heaven above you baby
Existe um paraiso sobre voce amor
And don't you cry tonight
Não chore esta noite

Ele aprofundou o beijo e ela o correspondeu, subiu as mãos, que antes estavam pousadas na cintura da moça, e passou a acariciar as costas dela com as palmas em movimentos levemente bruscos como se assim pudesse dissipar o seu desespero por ter que deixá-la.

And please remember that I never lied
E, por favor, lembre-se eu nunca menti
And please remember how I felt inside now honey
E, por favor, lembre-se de como eu me senti querida
You gotta make it your own way
Você tem que trilhar seu caminho
But you'll be alright now sugar
Mas você estará bem docinho
You'll feel better tomorrow
Amanhã você se sentirá melhor
Come the morning light now baby
A luz da manhã está chegando amor

Ginny agarrou seus cabelos com uma das mãos e passou a puxá-los suavemente, sabia que ele gostava disso, fazia uma leve carícia com as unhas da outra mão em sua nuca, o que eriçou todos os pêlos do seu corpo e o fez esquecer o objetivo de tê-la chamado ali àquela noite. Sem pensar, levou uma das mãos ao zíper na parte de trás do vestido da ruiva... Ele não conseguia resistir a ela.
Fim do Flashback

Foi a última noite em que estiveram juntos, no outro dia ele foi embora sem dizer nada e nem ao menos deixar um bilhete, ela ainda dormia quando ele saiu do quarto com a chave de portal que o levaria a Academia, uma meia velha, segura na mão.

Com certeza ter a deixado daquele jeito tinha a magoado profundamente, era como se ele a tivesse usado uma última vez, o cenário que pareceu romântico à noite, deve ter parecido uma armadilha bem armada na manhã seguinte, quando a ruiva acordou e viu que ele não estava. Ao pensar nisso, a vitória na luta pelo amor de Ginny lhe parecia impossível, ela era orgulhosa demais para aceitá-lo de volta depois de tudo.

Levantou da cama, a dor nas costas tinha melhorado um pouco. Olhou para o seu relógio, provavelmente Hermione estaria mais descansada, resolveu voltar ao hospital, que dessa vez estaria sem uma horda de ruivos com ganas de esganá-lo.

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Bateu na porta do quarto, segundos depois Rony o atendeu, parecia estar um pouco irritado. Olhou na direção da cama de Hermione e viu que a amiga tinha o rosto voltado para o outro lado, provavelmente, eles tinham brigado. Se aproximou mais da amiga e viu que Anne repousava em uma espécie de berço, postado ao lado da cama da mãe.

-Mione?! – a amiga tinha uma expressão emburrada no rosto quando se virou para olhá-lo, mas depois deu um sorriso forçado.

-Harry! – falou com uma animação exagerada – Ainda bem que chegou, mamãe saiu faz uma hora, eu já estava cansada de ficar sozinha.

-Ei! Eu fiquei o tempo todo aqui com você – disse Ron indignado

-Harry, você ouviu? – o amigo sacudiu a cabeça confuso – Tenho a impressão de ter escutado um zumbido irritante.

-Mione, só escutei a voz de Ron – ao terminar se sentiu uma anta, era claro que para a amiga este tinha sido o zumbido irritante. Talvez os anos em que esteve afastado o fizeram perder a prática em achar respostas as implicâncias que os amigos faziam um ao outro quando estavam brigando.

-Então, com certeza ouviu um zumbido irritante – disse a amiga, sarcástica.

-Até quando você vai ficar me ignorando? Eu já pedi desculpas – Ron parecia levemente desesperado.

-Sabe o que o seu amigo fez, Harry?! – olhou de soslaio para o marido – Preferiu apoiar uma qualquer do que a mim, a esposa dele.

-Não é bem assim Mione!

-É, é assim sim! Você concordou com ela ao invés de concordar comigo.

-Mas, Mione, ela é uma curandeira especializada em crianças, você não.

-Continua insistindo com essa estória – fez uma expressão ultrajada – além de ser curandeira formada, sou mãe, eu sei o que é melhor para minha filha!

-Meu amor, ela trabalha com isso há anos e você é mãe há menos de um dia – uma coisa não tinha mudado, pensou Harry, Ron continuava com a capacidade de piorar a situação quando discutia com a morena.

-Você concorda com ele Harry? – a amiga se dirigiu a ele com uma expressão que claramente indicava que ele deveria dizer não, porém, Rony fazia uma que indicava o sim como resposta. Tentou ganhar tempo.

-Não sei o que está acontecendo, não posso opinar – disse rapidamente sem encarar nenhum dos dois, que deviam estar lhe lançando olhares assassinos.

-Acontece que a Curandeira Marvel, queria levar Anne para ser examinada, Mione não queria deixar, então eu disse que achava melhor que ela fosse, só isso – concluiu o ruivo com simplicidade.

-Só isso não, você esqueceu de dizer que eu já tinha examinado Anne, que tinha dito que estava tudo bem, você não confiou na minha capacidade. Harry, você acha que eu não saberia se minha própria filha está bem ou não? – cruzou os braços e ficou esperando a resposta do amigo.

E ele pensando que se fosse para lá teria mais sossego. Conseguiu pensar em uma resposta que satisfaria os dois amigos

-Sim, acho que você tem capacidade – Hermione sorriu vitoriosa, Ron parecia querer matá-lo, por isso acrescentou depressa – Mas entendo Ron, ele só está preocupado, não falou por mal – viu quando Rony fez um sinal de positivo com o polegar.

-Isso mesmo, é que eu sou muito preocupado, Mione, jamais duvidei de sua capacidade, meu amor – se aproximou da mulher, segurou as mãos dela e as beijou – ainda acho você a mulher mais inteligente do mundo bruxo – se inclinou e encostou os lábios nos da mulher – desculpe, não pensei que dizer aquilo fosse te ofender.

-Tudo bem, me desculpe, eu exagerei – o marido a beijou de novo, dessa vez mais do que só encostando os lábios e ela correspondeu.

-Hum, Hum – Harry pigarreou, chamando a atenção dos amigos – Ainda estou aqui, não quero ver essa cena.

-Está com inveja? – Rony perguntou desdenhoso.

-Não é nada disso, você gostaria de ver sua irmã beijando alguém? Além disso, tem uma criança aqui – viu que o amigo abria a boca e então completou – não estou falando de mim Ron, falo de Anne – o amigo voltou a fechar a boca.

Hermione se emocionou com o que o amigo falou, mas não deixou de perceber que algo o incomodava.

-Harry, O que está acontecendo? – o conhecia muito bem, ele queria falar alguma coisa.

-Nada – Hermione apertou os olhos, duvidando do que ele tinha dito.

-Harry, será que você ainda não aprendeu que deixar de falar certas coisas podem lhe trazer problemas futuros? – Harry a olhou emburrado, ela sempre sabia o pegar no ponto fraco.

-Quando saí daqui mais cedo tive um problema com Carlinhos.

-Que tipo de problema? – perguntou já desconfiada da resposta.

-Nós brigamos... – disse receoso com a reação da amiga.

-Eu já previa isso...

-Ele quer dizer que brigaram do jeito trouxa, Mione – Ron acrescentou.

-É claro que não! Não é Harry? – viu que o amigo fez uma careta e logo em seguida afirmou com a cabeça – Eu não acredito que vocês se atracaram feito dois moleques. Mas por que? Com certeza Carlinhos não brigaria com você de graça, ele não é disso.

-Foi por eu ter falado de Matt – disparou e esperou a reação dos amigos.

Hermione e Ron se entreolharam, feições assustadas nos rostos, voltaram a olhar para o amigo, mas pareciam não pretender falar nada.

-Sim, eu sei que Matt é meu filho.

-Como descobriu? – a amiga voltou a falar.

-Eu o vi no Ministério com Ginny, achei que ele me lembrava alguém, fiquei tão intrigado que resolvi procurar Ginny na Toca.

-E... – Hermione fez um gesto com a mão para que ele prosseguisse.

-Depois de uma pequena confusão, ele me convidou para jantar – sorriu ao se lembrar – fiquei o observando, vi que ele se parecia demais comigo.

-Parece mesmo, não é? – disse a amiga animada – sempre disse isso a Ginny.

-Chega a ser ridículo – completou Ron –Exceto pela cor dos olhos e do cabelo, o resto é o mesmo que estar lhe vendo.

-Não sei como as pessoas não dizem nada sobre isso – Harry estava intrigado com aquilo.

-Foi como eu disse a Ginny, as pessoas só reparavam nos seus óculos e na sua cicatriz, como Mathew não tem nenhum, nem outro, as pessoas não perceberam. Acham que ele é filho de um trouxa – declarou a amiga.

-Como Ginny reagiu? – perguntou, Ron em tom sério.

-A princípio disse que eu não tinha direito sobre Matt, que era só o genitor dele, não o pai. Mas depois, quando fui avisar na Toca que Mione tinha vindo para o hospital, ela disse que conversaríamos. Espero que ela não me impeça de ver Matt.

-Se ela se propôs a conversar com você, ela não vai fazer isso – afirmou Ron – Se fosse fazer diria que não e pronto, não o chamaria para conversar.

-Ron, tem razão Harry.

-Tomara que sim – se virou para olhar pela janela e continuou - É tão engraçado, só sei que Matt é meu filho há algumas horas, mas já o amo. Sinto tanta vontade de estar perto dele.

-É o que eu disse para Ron há pouco. Não é preciso conviver anos com um filho para amá-lo, é só olhar para ele uma vez e você se apaixona – concordou a amiga.

-Ele é tão esperto, tão vivo, é muito carinhoso com Ginny e com os avós, fiquei impressionado quando ele me disse que jogava xadrez. Me contou que foi você quem ensinou Ron.

-É verdade e diferentemente de você, ele tem tudo para ser um bom jogador.

-Me disse também que vocês são os padrinhos dele, fiquei muito feliz com isso, Ginny não poderia ter escolhido melhor.

-Foi o que eu disse a ela – Ron disse sem modéstia.

-Ron, não comece, daqui a pouco Harry vai ter que fazer como Fred, senão não caberemos todos aqui – brincou Hermione.

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Percebeu que ele mais uma vez olhou para ela, tinha passado a manhã assim. Quando chegou lhe desejou bom dia, ao que ela respondeu cordialmente, se dirigiu a sua mesa e se pôs a mexer em papéis. Por mais de uma vez levantou a cabeça, chegava a levantar a mão para chamá-la, mas desistia no meio do caminho, tornava a abaixar a cabeça e resmungava alguma coisa.

Ela observava tudo com o canto dos olhos. Agora ele parecia executar alguma técnica de relaxamento. Tinha se recostado no espaldar da cadeira a ponto de fazê-la ficar inclinada para trás, olhos fechados, pernas balançando inquietamente, as palmas das mãos unidas, com os dedos entrelaçados, foram posicionadas em frente a boca e ele estava soprando o espaço entre elas.

Mudou de posição. Um dos cotovelos apoiado na mesa, a cabeça sustentada pela mão com que apertava os olhos, as pernas, ainda num movimento nervoso. Ele estava ansioso, ela sabia disso, e também sabia o porque. Provavelmente, ele queria perguntar se poderiam conversar, mas não queria se precipitar, e fazia de tudo para se segurar.

Tinha que admitir que ele estava irresistivelmente adorável. Viu que ele se levantou e decidido vinha a sua mesa, ao chegar, virou delicadamente a cadeira dela, para que ficassem de frente um para o outro, se agachou para ficar com os olhos na altura dos dela, mantendo o olhar fixo, pegou suas duas mãos, ela estremeceu, mesmo que não quisesse, o toque dele ainda surtia efeitos sobre ela.

-Me desculpe! – ela estava confusa, será que ele se referia ao fato de tê-la abandonado?

-Do que está falando, Harry? – conseguiu perguntar com o tom formal que vinha dispensando a ele nos últimos dias.

-Dos problemas que causei desde que cheguei. Me excedi na Toca e no St. Mungos também – sentiu alívio por ele estar falando desse e não do outro assunto.

-Tudo bem – tencionou voltar a cadeira à posição inicial, ele não permitiu.

-Você sabe que eu não sou violento, foram dois atos de desespero. Espero que isso não influencie na sua decisão sobre minha aproximação com nosso filho – o som da voz dele quando se referiu a Matt, soou agradável aos seus ouvidos.

No início, quando ainda estava tomada por mágoa, o fato de ele querer participar da vida do filho era quase uma ofensa para ela, não achava que ele tivesse direitos sobre o menino que nem sabia existir. Porém, agora era diferente. Depois de refletir e ver que estava sendo egoísta, negando ao filho o direito de ter um pai, e concluir que afinal de contas Harry não sabia do filho, ver o moreno lutando pelos seus direitos paternos, e tratando Matt por filho, a fez vê-lo com bons olhos.

Tinha decidido que se Matt quisesse conviver com o pai, ela não poria empecilhos, mas SÓ se o menino quisesse.

-Não se preocupe, isso não me influenciou – Harry arregalou os olhos ao ouvir sua fala.

-Quer dizer que você já se decidiu? – viu que ele engoliu em seco.

-Já! – percebeu que ainda tinham as mãos unidas, imediatamente retirou as suas das dele.

Se levantou da cadeira e foi se postar encostada a mesa dele, Harry permaneceu no mesmo lugar por alguns instantes, depois se levantou e sentou na mesa da ruiva, tinha uma expressão triste.

-Escute, Ginny... – passou a mão nos cabelos os arrepiando – ...Sei que acha que não tenho direitos sobre Matt, que não mereço vê-lo e talvez seja verdade que eu não o mereça. Decidi que se você não me quiser por perto, não vou forçar nada, não quero que o nosso filho cresça nos vendo brigar. Mas eu te peço, te imploro uma chance de mostrar que eu posso ser um bom pai para ele, eu sei que posso ser.

-Harry, se acalme, não seja precipitado, ainda não lhe disse minha resposta – declarou suavemente.

-Mas é que você se afastou de mim, e quando faz isso e cruza os braços, como esta fazendo agora, é porque não vou ouvir algo que goste, sempre foi assim – disse exasperado.

-Eu mudei Harry... – descruzou os braços - ...não pense que pode interpretar meus gestos como antes.

-Me descul...

-Isso não interessa... – o cortou e acrescentou – ...Estamos falando de Matt.

-OK – não queria irritá-la.

-Ao contrário do que pensa, decidi que você pode ver Matt – viu que ele abriu um sorriso e os olhos estavam marejados – Só que tem algumas condições – ele murchou um pouco.

-Quais? – perguntou em tom cansado.

-Você só conviverá com Matt se ele quiser, não vou forçá-lo se ele não tiver vontade.

-Está certo, também não quero forçá-lo a nada – a voz tinha um tom nervoso e ansioso.

-Não quero que o mime para ganhar sua confiança.

-De jeito nenhum, não vou fazer isso.

-Quando ele estiver na sua casa... quer dizer, você tem uma casa?

-Me mudo depois de amanhã, vou morar na mesma rua que Ron e Mione.

-Pois bem... Quando ele estiver com você, terá que obedecer às mesmas regras que ele segue na Toca. Nada de doces, banhos ou cama fora de hora.

-Claro, você está certa – ele concordava com tudo, qualquer coisa para poder estar perto do filho.

-E Harry... pense bem, se você acha que existe a mínima possibilidade de você ir embora outra vez, desista agora de Matt, não quero o meu filho se sentindo abandonado pelo próprio pai – encarou o moreno esperando uma resposta.

-Não vou desistir dele. Nada nesse mundo pode me afastar do meu filho, Ginny, pode ter certeza. Voltei para ficar, não vou a lugar algum!

-Que bom que pense assim, pois caso fosse, não iria muito longe. Prefiro que meu filho tenha um pai morto, a um pai que o abandonou, se é que me entende – declarou em tom tranqüilo.

-Sim, eu entendo – respondeu em tom divertido – Quando poderei vê-lo?

-Ainda não sei. Ele ficou assustado aquele dia, disse que não queria mais ver você, e quando cisma com uma coisa é difícil voltar atrás, definitivamente não sei de quem herdou isso – disse e fez um sinal de negação com a cabeça.

Harry sorriu sem que ela visse, sabia muito bem de quem o menino tinha herdado isso, mas achou melhor não falar, era melhor não abusar da boa vontade da ruiva.


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N/A: Oi pessoinhas, não vou me demorar muito, estou morrendo de sono, mas achei que vocês mereciam uma atualização.

Sem comentários individuais dessa vez, mas saibam que agradeço a atenção de todos, valeu mesmo.

Aproveitem o capítulo e até o próximo e COMENTEM!!!!!!!!

BJÃO.

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